Analisando a sociedade industrial observamos que ela vem exigindo modificações profundas na forma de encarar a educação do povo. Educação esta que vem atender as exigências da produção capitalista que aumenta a cada dia, procurando formar indivíduos capazes tecnicamente para a geração de capital do país, eliminando o analfabetismo e dando o mínimo de qualificação para o trabalho ao máximo de pessoas.
Pois a necessidade do consumo cresceu acarretando no aumento da produção. A necessidade da leitura e da escrita é um dos pré-requisitos de uma melhor condição para a concorrência no mercado de trabalho. Segundo Marx (1972), a divisão social do trabalho dentro da manufatura está condicionada na divisão do trabalho na sociedade, pressupondo seu aumento e densidade. Isto, por sua vez, representa um crescimento constante na demanda social da educação.
A intensificação do capitalismo social determinou no aparecimento de novas exigências educacionais. Se antes, as necessidades de instrução não eram sentidos nem pela população, nem pelos poderes constituídos, a nova situação implantada veio modificar profundamente o quadro das aspirações sociais em má ter de educação e, em função disto, ação do próprio Estado.A educação passa a ser uma mercadoria cuja produção deve atender às precisas especificações do sistema capitalista.Pois segundo Silva, Nessa perspectiva, não se problematizam nem a natureza do trabalho capitalista, nem a concepção de educação daí derivada.
Dada a proclamada inevitabilidade da organização social exigida pela forma capitalista de organização da produção, é, na verdade, essa própria organização que se torna inquestionável.
É então que a demanda social de educação cresce numa pressão cada vez mais forte de expansão do ensino
A expansão capitalista trouxe também a luta de classes. As expansões escolares, que se verificou a contar de então, foi afetada por esta luta, porque oscilou entre necessidades sociais decorrentes do desenvolvimento das relações capitalistas e temores vinculados à luta de classes que se aprofundou na mesma época em ligação dialética com o referido desenvolvido, uma luta em que grupos diferentes defendiam idéias diferentes. Da luta pela hegemonia e pelo consenso atravessando tanto a sociedade civil quanto o sistema de organização da cultura onde a luta é pelo mesmo sentido.
Essa luta assumiu no terreno educacional características assaz contraditórias, uma vez que o sistema escolar, ao contrário de então, passou a sofrer, de um lado, a pressão social de educação, cada vez mais crescentes e cada vez mais exigentes, em matéria de democratização de ensino e, de outro lado, o controle das elites mantidas no poder, que buscavam por todos os meios disponíveis, conter a pressão popular, pela distribuição limitada de escolas, e, através da legislação do ensino, manter o seu caráter eletrizante.
O que se verificou, a partir daí, foi o fato de a expansão do sistema escolar, inevitável, ter ? se processado de forma atropelada, improvisadas, agindo o estado mais como vistas ao atendimento as pressões do momento do que propriamente com vistas a uma política nacional de educação. È por isso que cresceu a distribuição de oportunidades educacionais, mas esse que cresceu a distribuição de oportunidades educacionais, mas esse crescimento não se faz de forma satisfatória, nem em relação à quantidade, nem em relação à qualidade.
O tipo de escola que passou expandir foi à mesma até então educará as elites e essa expansão, obedecendo, como já se disse a pressão da demanda e controlada pelas, jamais o correu de forma que tornasse universal de forma gratuita e elementar adequada e suficiente de educação, obedecendo às normas de instabilidade própria de uma sociedade heterogênea profundamente marcada com uma herança cultural.
O sistema escolar da elite, por sua vez, satisfazia, em certo sentido, as demandas escassas, cujos horizontes culturais não iam além da necessidade da conquista rápida de uma profissão.
O sistema escolar da classe dominadora, por sua vez, satisfazia em certo sentido à demanda eletiva também restrita a educação, que quando à quantidade, quer quando à qualidade, por quanto sempre foi próprio das aspirações da classe dominante o ilustrasse simplesmente, através da preparação para carreiras liberais. Tal sistema revalidou o individualismo privado, cujas regras já estão dadas pelo mundo da burocracia e da organização, que vem sustentando um discurso que ensinarão a cada um como se relacionar com o mundo e com os demais homens.
A divergência entre valores reais e proclamados pode ser patenteada, assim, pela desigualdade de acesso das várias classes sociais às escolas. Na verdade o direito de educação não passou, na vida rale da sociedade, no direito de todos aqueles que se mostrassem capazes, segundo os padrões ditados pelos valores das classes dominantes.
E essa seletividade adquire caráter de uma verdadeira discriminação social. Neste caso, a educação é encarada diferentemente conforme os interesses das camadas sociais.
As camadas dirigentes, que vêem nas mudanças uma ameaça à sua estabilidade, importam evidentemente manter o sistema educacional dentro das suas funções conservadoras e controlar a expansão que a pressão das camadas emergentes induz o sistema a criar. Em função disto, as mudanças educacionais exigidas são, portanto, mas no sentido da expansão da oferta da escola existente do que no sentido de se conseguir a substituição dos modelos tradicionais de educação por modelos novos.
Vê-se, portanto, que a luta ideológica travada estava mesclada de aspectos políticos e econômicos. O que também nos parece claro é que o setor moderno, sobretudo a burguesia industrial, sofreu uma cisão com a penetração maciça do capital internacional na economia brasileira.
Dessa cisão resultou uma redefinição das formas de encarar o papel do Estado na direção da economia e do desenvolvimento global.Segundo Ramos e Melo (1992,1994) na prática não se poderá construir um modelo educacional voltado para os interesses dos trabalhadores se não forem reestruturados as próprias relações sociais capitalistas.
Como se sabe, as formas dominantes de produzir, de consumir, de relacionar-se em nossa sociedade neoliberais geram determinadas linhas de socialização, em alguns caos, podem entrar em conflito com o sistema educativo e, em outros, ser reforçada por ele.
Enfim, uma educação deve ser autêntica e útil para o individuo, devem introduzi-los nos estudos, não só no ensino fundamental para sua sobrevivência e sim no estudo dos problemas locais e mundiais que nos afetam. Desenvolvendo nesta forma um pensamento crítico, a autocrítica, processos estes inerentes a uma autêntica educação e uma sociedade livre.
Estamos caminhando na direção de um mundo interdependente, no qual qualquer fato que ocorra em uma determinada região terá influência no restante do planeta. A modernidade experimenta uma progressiva interpretação entre o nacional e o internacional, o global e o local. A sociedade da informação permite articulação, em tempo real, de toda a humanidade e, assim desenvolve uma consciência de planetarização sem precedentes. Por outro lado, a globalização pode ser vista como processo desencadeado pela economia neoliberal que privilegia países e indivíduos econômica e socialmente favorecidos e exclui ainda mais os já marginalizados.
A educação deverá ter como objetivo o poder de direcionar esta tendência de modo que ela beneficie a maior parte da população e não apenas uns poucos. E aí entra outro de seus importantes papéis: será ajudar a transformar de fato a interdependência da sociedade desejada.
Cada vez mais a sociedade e escola precisam estar em interlocução constante, uma e outra interagindo na busca de uma sociedade justa superando os paradoxos ocasionados pela globalização. Ao mesmo em que está conectada com as tendências mundial, a escola deve estar sintonizada com a comunidade na qual está inserida, falando sua linguagem e lidando com as questões próprias deste ambiente.Pois alguns serão beneficiados e outros serão excluídos sem direito a palavras ou benefícios.
Diante deste contexto, a importância de conectar a educação a necessidades básicas da população é visível. Afirmá-la significa questionar que a oferta educacional seja automaticamente a resposta a estas necessidades e que estas últimas sejam de todo evidente.
Uma escola, portanto, que não lhes negue seu saber produzido coletivamente no interior do processo produtivo, nos movimentos de luta por seus interesses, nas diferentes manifestações culturais, mas que, pelo contrário, seja um lócus onde este saber seja mais bem elaborado e se constitua num instrumento que lhes faculte uma compreensão, mais aguda, na realidade e um aperfeiçoamento de sua capacidade de luta.
Trata-se de uma escola cujo conteúdo se elabora tendo como ponto de partida a própria experiência e realidade da classe trabalhadora. Realidade que precisa ser resgatada do interior do senso comum, das visões fragmentadas e das próprias mistificações incultadas pela ideologia dominante, e elaborada e devolvida em sua dimensão de criticidade e totalidade. Pois segundo Lapassade, a instituição escolar deve difundir um novo modo de funcionamento e de relações humanas não burocráticas. A criança torna-se centro de decisão, ou melhor, o grupo assume a sua própria direção e caminha para sua própria autogestão.
Viver em uma democracia requer que assumamos uma postura sempre uma postura sempre reflexiva e crítica, procurando não nos desviar de nossos propósitos em direção a uma democracia condigna.





Bibliografias Utilizadas:

LAPASSADE,G, Para uma pedagogia institucional.
LETTIERI Antonio, A Fábrica e a Escola.
SILVA Tadeu Tomaz, Trabalho Formação e Currículo.
ROMANELLI, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil