Ivany Ehrhardt
Junho 2008.

RESUMO

O processo ensino-aprendizagem no século XXI difere do ensino tradicional, pois conta com a tecnologia da educação, por meio de recursos tecnológicos e da informática na renovação dos novos saberes. A autoria e a pesquisa devem fazer parte do cotidiano dos trabalhos do professor que utiliza o computador como parceiro de trabalho, gestando a infopedagogia.

PALAVRAS CHAVE: ensino-aprendizagem, tecnologia, informática, infopedagogia, trabalho docente.

A escola no contexto atual


A escola, em menos de vinte anos, tempo para que uma geração de alunos passa por ela, teve uma modificação substancial em sua estrutura e propósitos. Com a disseminação da tecnologia e da informática e suas ferramentas que enriquecem e propiciam o uso de novas formas de trabalhar as informações, resulta em outras formas de trabalho na promoção das aprendizagens a na construção de saberes propondo uma nova didática, uma nova pedagogia.

Nosso pensamento é a expressão de nossas vivências, de nossos estudos, de nossas reflexões e a manifestação de nossos saberes.

A escola do século XXI deve ter o propósito de se renovar, apresentar um novo olhar para o mundo em que vivemos na buscar de novas alternativas de conhecimentos tendo por base: novos instrumentos, novas pesquisas que quebrem paradigmas tradicionalmente irraigados. A escola de quadro negro e giz se transformou em quadro branco e pincel, deixando de lado o pó e aderindo à outra tecnologia mais limpa, mais interessante, mais atual.

Os livros hoje convivem com os computadores, com a internet, com a informação em tempo real. Vivemos num mundo globalizado onde o fluxo de conhecimentos formais e informais povoa o mundo do estudante.

Analisar, comparar, observar, classificar, interpretar, resumir, criticar, imaginar, sistematizar dados, organizar novas situações pressupõe a tomada de decisões, o levantamento de hipóteses, a construção de pesquisas. O professor deixa de ser informante para ser participante do processo apresentando situações problemas, encaminhando raciocínios, proporcionando momentos de descoberta e criatividade.

A escola deixou se ser o espaço segmentado, para ser interdisciplinar, os conhecimentos estanques abrem espaço para o dialogal com outras ciências. Estamos num momento mágico de transformações na escola: sair de tradicional e buscar o conhecimento compartilhado inovador. Devemos construir a autonomia e dessa forma construir a cidadania.


A função do professor muda: de transmissor, para mediador.


O professor como ser político, deve permitir reconstruções e aprendizagens flexíveis, valorizando as descobertas pessoais. Ser democrático sem perder o poder, ser o condutor sem ser o ditador, ser o mediador e ter como dogma a construção do aprendizado significativo.

Pensar é uma forma de aprender, segundo Raths (1977). O aluno que é desafiado a pensar, resolver situações problemas exercita seu potencial criativo, apura sua observação, descobre alternativa, desvenda universos antes desconhecidos. Trabalhar a curiosidade é despertar o gigante adormecido que vive no aluno, valorizar suas descobertas é reconstruir sua auto-estima, transformar a rotina deve ser uma atitude cotidiana e representativa. O companheirismo e as tocas de experiências farão com que o indivíduo seja mais sociável e afável. A produção intelectual quando valorizada, resulta em melhores ações e promovem a construção de valores socialmente aceitáveis.

A avaliação escolar toma novos contornos: da cobrança de reprodução de estudos, para a construção significativa e contextualizada dos conhecimentos, na busca de correções de novos de rumos, na descoberta de novos saberes.

A grande proposta da escola e do professor deve ser o ensinar a pensar, para que tenhamos como resultado habilidades e competências que garantam a aprendizagem.

A escola de hoje necessita seguir novos rumos: deve investir nos mediadores de aprendizagem e ferramentas atualizadas que possibilitem a convivência com a informação em tempo real, com a globalização.


A infopedagogia na escola

Para essa nova escola é preciso que tenhamos mediadores de aprendizagem qualificados, reeducados para novos contextos de ensino aprendizagem, novos paradigmas, nova estrutura escolar, novas formas de gestão.

Valente (2002) apresenta, com propriedade, essa nova realidade: a escola e o uso da tecnologia.


Freqüentemente eu penso que nossas sociedades estarão em pouco tempo (ou elas já estão divididas) em duas classes de cidadãos: aqueles que apenas assistem televisão, que receberão imagens pré-fabricadas e, portanto, definições do mundo também pré-fabricadas, sem nenhum poder para escolher criticamente o tipo de informação que eles recebem, e aqueles que conhecem como utilizar o computador, que estarão habilitados para selecionar e para elaborar informação. (Umberto Eco, 1996)

O computador usado como meio de passar a informação ao aluno mantém a abordagem pedagógica vigente, informatizando o processo instrucional e, portanto, conformando e fossilizando a escola. Na verdade, tanto o ensino tradicional quanto sua informatização prepara um profissional obsoleto.

Usar o computador com a finalidade de redimensionamento dos conceitos básicos já conhecidos requer a análise cuidadosa do que significa ensinar e aprender demanda rever a prática e a formação do professor para esse novo contexto, bem como mudanças no currículo e na própria estrutura da escola.

Quando o aluno interage com o computador passando informação para a máquina se estabelece um ciclo - descrição-execução-reflexão-depuração-descrição - que é o propulsor do processo de construção do conhecimento. Por exemplo, para programar o computador para resolver um problema o aluno deve ser capaz de passar a idéia de como resolver o problema na forma de uma seqüência de comandos da linguagem de programação. Valente (2005)

Segundo Pereira e Peruzza (2002), a implantação do computador na educação teve três gerações, sendo que uma quarta começa a surgir com a realidade virtual. São elas:

- Primeira Geração: teoria comportamentalista, com aplicações tradicionais;
- Segunda Geração: preocupa-se com a forma de apresentar o conteúdo aos educandos;
- Terceira Geração: preocupa-se com a interação entre o educando e o conteúdo transmitido;
- Quarta Geração: o conhecimento é construído pelos próprios educandos, sendo que o mesmo interage com os recursos de aprendizagem.

A realidade virtual, que chamaremos de infopedagogia, propõe a aplicação pedagógica das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), isto é, o uso de conhecimentos tecnológicos com propósitos educacionais.
Fabián Jaramillo Campana (1994) com pós graduação pedagógica em Informática aplicada as Ciências da Educação, na Universidade Livre de Bruxelas, Bélgica (1991-1993), vem investigando, formando recursos humanos docentes e fazendo propostas no campo das aplicações pedagógicas das novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), contextualizadas na realidade educacional equatoriana, em particular, e latino-americana, há quinze anos.

É autor do enfoque que batizou de Infopedagogia a integração da TIC ao processo pedagógico com sentido humano, social e pedagógico.

A partir da experiência realizada em Quito, no Peru, o termo infopedagogia se expandiu para os países das Américas, em particular em Honduras, República Dominicana, Cuba e outros paises iberoamericanos.

A infopedagogia está baseada no emprego da TIC como ferramenta de apoio ao processo ensino aprendizagem, tendo a função de ajudar o professor nas atividades docentes. Essa é uma nova forma de abordar estudos pertinentes ao currículo de maneira ampla e integradora, em um novo contexto e próximo da realidade do aluno. É uma nova forma de integrar a tecnologia e a pedagogia.

Artigo publicado por Vital Rodrigues (2006), - A infopedagogia ? nos diz:

É muito importante para todo docente consciente da necessidade da utilização da tecnologia neste tempo do ponto com (.com). É necessário precisar o uso das TICs, pois elas não são as substitutas do docente, mas ferramentas que tem a função primária de ajudá-los em sua missão no processo de ensino aprendizagem.

Essa forma de ensinar consiste na integração entre os procedimentos pedagógicos e os tecnológicos, que de maneira inter-relacionada, se complementam fortalecendo a viabilização do currículo de forma dinâmica, integrada, atual e contextualizada. Abre possibilidades metodológicas diferenciadas das convencionais utilizando novas ferramentas de trabalho, abrindo possibilidades para o desenvolvimento de novas formas de ensinar e novas formas de aprender, construindo saberes, aportando possibilidades de planejamentos diferenciados, criativos e que promovam a construção do saber do educando em consonância com o professor.

Estabelecer a relação ensinar e aprender mediada pela infopedagogia deve fazer parte do cotidiano da escola na busca de qualidade.

REFERÊNCIAS



EHRHARDT, Ivany. Infopedagogia. Brasília: Mediateca e NT Educação, 2008.

RATHS, Louis E., JONAS, Arthur., ROTHSTEIN, Arnold M. e WASSERMANN, Selma. Ensinar a pensar. Trad. Dante Moreira Leite. 2.ed. São Paulo: EPU, 1977.


SITES CONSULTADOS

Disponível em: <http://eprints.rclis.org/archive/00007037/01/0469-Lee-F.2006-Curso-Info-Pedagogia-UASD-Fundamentos-Info-Pedagogia.pdf.> Acesso em 25/1/2008
Disponível em: <http://www.se.gob.hn/index.php?a=Webpage&url=mapa> Acesso em 20/1/2008.
Disponível em:
<http://sca2006.tic-educa.org/materiales_taller/presentaciones/Martes%2026/Presentacion%20-%20Honduras.pdf.> Acesso em 15/1/2008.
Disponível em: <http://csgabriel.edu.ec/pub/curso/manual.pdf> Acesso em 25/2/2008.
Disponível em: <http://eprints.rclis.org/archive/00007037/01/0469-Lee-F.2006-Curso-Info-Pedagogia-UASD-Fundamentos-Info-Pedagogia.pdf>. Acesso em 01/02/2008.
Disponível em: <http://200.88.113.180/Members/vidal_rodriguez/publicaciones/?searchterm=None>. Acesso em 25/2/2008.
Disponível em: <http://www.nte-jgs.rct-sc.br/valente.htm> Acesso em: 29 maio 2008.

Disponível em:< http://www.ricesu.com.br/colabora/n9/artigos/n_9/id03c.htm> Acesso em 2 jun.2008.