A relação do cuidar e educar na Educação Infantil 

           A criança é um ser social que necessita do adulto para sobreviver e compreender o seu mundo. Sua interação dependerá do ambiente em que está inserida. Este contexto social e histórico vem diariamente sofrendo mudanças e influências culturais. Neste movimento de transformações tanto do ser criança como da sociedade a qual está inserida a Educação Infantil assume um papel de grande responsabilidade quando passa a ser considerada fundamentalmente importante para o desenvolvimento integral da criança.

Com o passar dos anos e as mudanças ocorridas nas políticas públicas com a criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que define a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica com a finalidade de desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social complementando a ação da família e da comunidade. Tem sido estabelecido um parâmetro no qual o professor de Educação Infantil tem a função de não mais ter só o dever de cuidar, promovendo hábitos de higiene, alimentação e recreação sendo estes cuidados indispensáveis para uma vida saudável. Mas também o dever de educar uma criança com um olhar pedagógico, preparando sua inserção no mundo globalizado. Promovendo situações para o desenvolvimento da autonomia e de suas habilidades oferecendo uma qualidade de experiências considerando as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas.

No início a Educação Infantil era denominada de creche e tinha uma conotação assistencial, no qual, eram apenas espaços oferecidos para garantir o cuidado de seus filhos enquanto os pais trabalhavam durante a maior parte do dia. Segundo Aranha (1996), a história da Educação Infantil foi caracterizada pelo assistencialismo aonde as crianças iam para escola para serem cuidadas e disciplinadas por adultos. Com o passar dos tempos ocorreram algumas mudanças na concepção destas escolas, ora a preocupação era de cuidar, ora de educar. Deste modo, às instituições passam a ser pensadas como espaço de educação para as crianças e deixam de ser vistas apenas em sua concepção assistencialista. Segundo Becker (2005), essas concepções têm suas bases em uma nova visão acerca da infância, que concebe a criança como um sujeito de direitos, de voz própria e ativa e que entende a infância como uma etapa importante. Nesse cenário, não há dúvidas de que, seja a etapa educativa, por excelência, para o desenvolvimento total do ser humano.

Devido estas mudanças ocorridas no ambiente escolar passou a se pensar em uma educação contextualizada para a criança em desenvolvimento que tem como base o cuidar e o educar de forma associada, pois esses âmbitos de trabalho fazem parte da vida de qualquer criança. Quando se propõe em trabalhar com crianças pequenas deve-se ter como princípios conhecer suas necessidades e seus interesses. Conhecer as características de cada faixa etária, a fase do desenvolvimento, o meio familiar da criança, tendo em vista o desenvolvimento integral da criança. O trabalho articulado entre o cuidar e o educar abrangendo a formação pessoal e social, o conhecimento do mundo por meio das diversas linguagens, a formação do indivíduo crítico e cidadão participativo deverão integrar as áreas e fortalecer a aprendizagem. A criança como todo ser humano tem sua formação ao longo de toda a vida. Porém percebe-se que as crianças adquirem suas maiores aquisições, em termos de aprendizagem, por volta de seus três anos de idade. Nesse processo de desenvolvimento infantil o cuidar e o educar na prática pedagógica do professor da infância são algo primordial, pois proporcionam situações de cuidados e aprendizagens, que contribuem de forma integrada para o desenvolvimento infantil.     

 Tendo em vista o desenvolvimento integral da criança, o cuidar possui o significado de auxiliar a criança em seus primeiros passos. Não se restringindo apenas em atender somente as necessidades biológicas, mas também está associado à dimensão afetiva, pois a criança precisa de segurança, apoio, incentivo e envolvimento por parte do professor. Segundo Montenegro (2001), o cuidar implica em atender o outro em ação de cuidar é muito mais do que simplesmente atender suas necessidades básicas de sobrevivência humana.

            Já o ato de educar significa propiciar cuidados, brincadeiras e aprendizagens que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros e ter acesso aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.           

Pensando em um profissional de educação infantil espera-se que o mesmo seja capaz de exercer bem suas funções de educador, que tenha consciência de que a escola é uma instituição instrutiva, educativa e socializante, onde todas as crianças deverão estar em condições de desempenhar bem suas potencialidades.

Portanto, para a escola de educação infantil conseguir acompanhar as mudanças e enfrentar as exigências do novo século, é preciso investir na formação profissional, nas propostas pedagógicas, nos espaços educacionais e na qualidade do ensino.    

 

 

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda.  História da Educação. 2 ed. São Paulo: Moderna, 1996.

BECKER, Fernanda da Rosa. Educação infantil no Brasil: a perspectiva do acesso e do financiamento. 2005.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional. Brasília: MEC,1996.

MONTENEGRO, Maria Thereza T. A educação moral como parte da formação para o cuidado na educação infantil. São Paulo, 2001. 177 p. Tese (Doutorado em Psicologia Social)-Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2001.

           

 

Artigo escrito por: Carina Manuela da Rocha de Oliveira e Letícia Guerra de Oliveira.