O caminho para uma reforma agrária no Brasil, que seja justa e que de fato resolva o problema antigo da má distribuição de terras, passa primeiramente pelo levantamento do número de famílias sem-terras que estão ociosas, na iminência de produzir.

O passo seguinte seria a União assentar essas famílias em áreas produtivas, e estimular a produção, fornecendo assistência técnica, organizando cooperativas com o objetivo de profissionalizar a produção e estimulando o acesso ao crédito. Tudo isso são ferramentas indispensáveis para os produtores produzirem, mas é preciso que os governantes entendam que, além disso, é preciso ter mercado consumidor para esses produtos. E a solução para isso seria no momento de assentar as famílias, a União propiciar a contratação de parcerias com grandes indústrias que ficariam incumbidas de comprar a produção dessas famílias. Dessa forma, os novos produtores rurais não correriam o risco de não ter mercado consumidor para sua produção.

É preciso que os governantes entendam que o Brasil possui uma vasta dimensão territorial, além de uma diversidade climática e de solo, observando as peculiaridades e a vocação de cada região do país para produzir determinadas culturas, com o objetivo de potencializar a produção.

Por exemplo, regiões com vocação para a produção de frutas, a União poderia estimular fábricas de sucos em caixa como parceiros na absorção da produção de frutas das famílias assentadas. Esse é só um exemplo que poderia ser replicado em outras culturas, sempre observando a vocação produtiva de cada região. Nesse sentido, a união ficaria responsável, através do INCRA, em detectar possíveis distorções nos valores praticados, de forma que houvesse sempre um valor justo de mercado praticado por ambos os lados.

Esse seria o caminho a percorrer, diferentemente do que é visto hoje em dia em que a União assenta as famílias, em áreas pouco produtivas, não oferece assistência técnica efetiva para essas famílias, e cria enormes burocracias na concessão de crédito, ocorre que os produtores também não têm mercado para comercializar sua produção, nesse rumo elas acabam vendendo a terra, e voltando a se juntar aos acampamentos novamente.