JANAINA CARVALHO ALVES













A RECREAÇÃO COMO AUXÍLIO NO TRATAMENTO DA OBESIDADE INFANTIL


Artigo científico apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu da AUPEX, como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Educação Física com ênfase em Saúde, Recreação e Fisiologia.

Professora Orientadora: Ms. Maria Fernanda Villena Castro










ITAJAÍ
AGOSTO 2008
FOLHA DE APROVAÇÃO


JANAINA CARVALHO ALVES

A RECREAÇÃO COMO AUXÍLIO NO TRATAMENTO DA OBESIDADE INFANTIL


Artigo científico apresentado ao Curso de Pós-Graduação Latu Sensu da AUPEX, como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Educação Física com ênfase em Saúde, Recreação e Fisiologia, e aprovado pelos seguintes professores:





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ITAJAÍ
AGOSTO 2008
TÍTULO: A RECREAÇÃO COMO AUXÍLIO NO TRATAMENTO DA OBESIDADE INFANTIL
AUTOR: Janaina Carvalho Alves
PROFESSORA ORIENTADORA: Ms. Maria Fernanda Villena Castro

RESUMO

Atualmente a obesidade infantil é considerada uma das doenças mais comuns entre crianças pelo crescente número de casos no mundo. É considerada pela OMS a primeira causa de morte evitável no mundo e uma das mais difíceis de tratar. Para o tratamento da criança obesa faz-se necessário uma equipe multidisciplinar, e para que o educador físico tenha sucesso sugiro neste trabalho uma proposta de proporcionar à criança uma tarefa ativa em que ela possa participar espontaneamente com alegria e motivação das atividades físicas, consequentemente, melhorando seu estado físico, emocional, de saúde; ou seja, sua qualidade de vida. Os fatores externos são as principais causas da obesidade infantil e os mais difíceis de serem tratados, pois são de origem comportamental e cultural, por isso é necessário que saibamos identificar as causas da obesidade de cada criança para indicar o tratamento mais correto. A atividade física deve ser "lúdica", prazerosa e um artifício para que a criança atinja um estilo de vida mais saudável, a partir do momento em que a criança aprende novas brincadeiras e atividades, que lhe chame atenção e que lhe dê mais prazer do que simplesmente comer, ou permanecer sentada em frente a uma televisão ou um computador.



PALAVRAS ? CHAVE: Obesidade infantil, atividade física, recreação.













Introdução

Atualmente a obesidade infantil é considerada uma das doenças mais comuns entre crianças pelo crescente número de casos no mundo inteiro. É considerada pela OMS a primeira causa de morte evitável no mundo e uma das mais difíceis de tratar.
Um dos principais motivos que levam uma criança a se tornar obesa é a inatividade física ou o sedentarismo. E para o tratamento da criança obesa faz-se necessário uma equipe multidisciplinar, ou seja, um médico, um nutricionista, um psicólogo e um educador físico.
E para que o educador físico tenha sucesso sugiro neste trabalho uma proposta para proporcionar à criança uma tarefa ativa em que ela possa participar espontaneamente com alegria e motivação nas atividades físicas em forma de brincadeiras, consequentemente, melhorando seu estado físico, emocional, de saúde; ou seja, sua qualidade de vida.
Por isso, sugere-se neste trabalho uma investigação de como a atividade física recreativa pode auxiliar no tratamento da obesidade infantil.



















1. CONCEITOS

1.1 OBESIDADE

A obesidade é uma das patologias nutricionais que mais tem apresentado aumento em seus números, não apenas nos países ricos, mas também nos países industrializados (CABRERA, 1994 apud PERON, GALISA, ROBLEDO, s/d).
Acúmulo de gordura corporal. A obesidade ocorre basicamente quando a quantidade de energia ingerida excede o gasto energético por um tempo considerável (sem referência).
Segundo o Consenso Latino Americano em Obesidade, obesidade é uma enfermidade crônica que se acompanha de múltiplas complicações, caracterizada pela acumulação excessiva de gordura em uma magnitude tal que compromete a saúde.
"Conceitualmente, a obesidade pode ser considerada como acúmulo de tecido gorduroso, regionalizado ou em todo o corpo[...]" (FISBERG, 1995 apud BORBA, 2006).
E segundo NAHAS (1999 apud FRANCO, s/d) "a obesidade é definida como um determinado número de quilos acima da média para certa idade e altura", referindo-se as pessoas que possuem elevadas taxas de gordura corporal.

1.2 ATIVIDADE FÍSICA

A atividade física é definida como
qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética (portanto voluntário), que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso. Este comportamento inclui as atividades ocupacionais, atividades da vida diária e atividades de lazer (NAHAS, 1999 apud FRANCO, s/d).

BARBOSA (2004 apud FRANCO, s/d) define atividade física como qualquer movimento do corpo. Já CASPERSEN (1989) citado por TAKEDA (1995 apud FRANCO s/d) define atividade física como "qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que se expressam em dispêndio de energia".
Ou seja, a atividade física possui diferentes enfoques e apresenta diferentes modelos de explicação para sua análise, porém, existe um consenso e podemos dizer que atividade física é qualquer movimento corporal que resulta em gasto energético.

1.3 RECREAÇÃO E BRINCADEIRA
Segundo CAVALLARI e ZACARIAS (2003) a recreação é "o fato, ou o momento, ou a circunstância que o indivíduo escolhe espontânea e deliberadamente, através do qual ele satisfaz (sacia) seus anseios voltados ao seu lazer".
Já PIMENTEL (2004 apud FRANCO s/d) diz que é uma forma lúdica de recuperar as forças para o trabalho. Movimento social voltado a ensinar atividades lúdicas julgadas convenientes à população; uma espécie de tutela do lazer. Lazer ativo escolhido livremente. Atividade de lazer conduzida por um animador.
Brincadeira, para PIMENTEL (2004 apud FRANCO s/d) significa o lúdico em ação. E para AWAD (2004 apud FRANCO s/d) brincadeiras são atividades lúdicas que levam os seus praticantes ao entretenimento. Já para LARIZZATTI (2004 apud FRANCO s/d) brincadeira é alguma forma de divertimento típico da infância, isto é, uma atividade natural da criança, que não implica em compromisso, planejamento ou seriedade e que envolve comportamentos espontâneos e geradores de prazer.




















2. CAUSAS E FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A OBESIDADE INFANTIL

Existem diversas causas e fatores que podem contribuir para a obesidade infantil, entre elas a influência genética, fatores psicológicos, a desnutrição intra-uterina, um mal acompanhamento alimentar durante a infância, disfunções hormonais, inatividade física e má alimentação.
Os fatores externos, ou seja, a inatividade física e a má alimentação são as principais causas da obesidade infantil e os mais difíceis de serem tratados, pois são de origem comportamental e cultural. O indivíduo necessita modificar seus hábitos de vida, como, hábitos alimentares mais saudáveis, inserindo em sua alimentação alimentos leves, e diminuindo a quantidade de gordura; uma vida mais ativa, substituindo sua vida sedentária, inserindo no seu cotidiano exercícios físicos, trocando a televisão, por exemplo, por um passeio de bicicleta, entre outras opções.
É necessário que saibamos identificar as causas da obesidade de cada criança para indicar o tratamento mais correto, pois, por incrível que pareça, não é nada fácil descobrir o que desencadeou a obesidade na criança, porque a alteração no seu peso pode ter várias causas e não apenas uma. Normalmente fatores externos e internos estão em constante interação.
Por isso a melhor estratégia para se controlar a obesidade infantil é diagnosticar precocemente e prevenir, por isso as pessoas e/ou profissionais que convivem com crianças diariamente devem estar sempre alertas, pois quanto antes identificar o sobrepeso, mais fácil poderá ser tratado os fatores causadores e, realizado um trabalho de prevenção e manutenção com essas crianças.











3. CONSEQUÊNCIAS DA OBESIDADE NA VIDA DE UMA CRIANÇA

VIUNISKI (1999 apud FRANCO s/d) afirma que hoje a obesidade constitui um importante problema de saúde pública, tanto pelo seu impacto na expectativa de vida como pela piora que causa na sua qualidade. Já é a principal causa de morte evitável ao lado do tabagismo. E o problema da obesidade em crianças é muito sério, pois elas se sentem discriminadas por serem gordas e, porque a chance delas serem futuros adultos obesos é enorme.
A obesidade iniciada na infância, segundo NAHAS (1999) é mais grave do que surgida na idade adulta, pois decorre do aumento do número de células adiposas determinada na infância, ao contrário daquela do adulto, causado pelo aumento do tamanho e da quantidade de gordura nas células.
Ela está associada a conseqüências negativas para a saúde da criança e do adolescente, incluindo dislipidemias, inflamações crônicas, aumento da tendência a coagulação sanguínea, disfunção endotelial, resistência a insulina, diabetes tipo 2, hipertensão, complicações ortopédicas, alguns tipos de cânceres, apnéia do sono, estatohepatite não alcoólica, entre outros problemas psicológicos, como a depressão, diminuição da auto-estima e distúrbio da auto-imagem.
Anualmente as doenças cardíacas e derrames causam 17 milhões de mortes em todo o planeta, em indivíduos com tendência em adquirir essas enfermidades, até mesmo graus menores de sobrepeso podem levar ao aumento dos fatores de risco (VIUNISKI, 1999 apud FRANCO s/d).
A gordura localizada na região do tronco está associada às doenças cardiovasculares, derrames, diabetes, hipertensão e; a perda (mínima) de peso já representa melhoras significativas na pressão arterial, quanto no diabetes tipo 2.
Além dos problemas ortopédicos como a artrite degenerativa e a osteoartrite, causada pela sobrecarga excessiva e contínua sobre as articulações, que não foram projetadas para tal peso, afetando principalmente joelhos, coluna, quadril e tornozelos.






4. COMO A ATIVIDADE FÍSICA RECREATIVA PODE AUXILIAR NO TRATAMENTO DA OBESIDADE INFANTIL

Como já observamos anteriormente, a inatividade física e a má alimentação são as principais causas da obesidade infantil e os fatores mais difíceis de serem tratados, pois são de origem comportamental e cultural. E quanto mais cedo existir uma mudança deste comportamento e uma alteração no estilo de vida das crianças, mais fácil será mudar hábitos não saudáveis.
Segundo ALVES (2003, apud BORBA, 2006) ser fisicamente ativo desde a infância apresenta muitos benefícios, não só na área física, mas também nas esferas social e emocional, e pode levar a um melhor controle das doenças crônicas da vida adulta; além de melhorar o desenvolvimento motor da criança, ajudar no seu crescimento e estimular a participação futura em programas de atividade física.
O exercício físico também contribui quando tira as crianças da frente dos computadores, vídeo games e televisores, pois uma criança que permanece muito tempo sentada na frente de uma televisão, por exemplo, alem de estar numa postura totalmente incorreta e prejudicial, ainda sofre influencias das propagandas, que promovem a ingestão de alimentos não saudáveis, como gorduras, doces, entre outros.
Uma criança só conseguirá voltar ao seu peso normal e saudável após combinar duas coisas fundamentais: a alimentação saudável e balanceada e a prática de atividade física, e para que isto seja alcançado com êxito, acredito que a atividade lúdica seja o primeiro passo, se não o melhor.
A atividade física deve ser "lúdica", prazerosa e um artifício para que a criança atinja um estilo de vida mais saudável, a partir do momento em que a criança aprende novas brincadeiras e atividades, que lhe chame atenção e que lhe dê mais prazer do que simplesmente comer, ou permanecer sentada em frente a uma televisão ou um computador.
Segundo OLIVER (2003 apud BORBA, 2006) diz que: "reconhecer o lúdico é reconhecer a especificidade da infância: permitir que as crianças sejam crianças e vivam como crianças". E em acordo com Oliver, penso que se temos como fazer com que crianças mudem seu estilo de vida, praticando atividade física, por meio de uma atividade lúdica, porque não o fazer?
A ludicidade é uma poderosa ferramenta para estimular a criança, por isso vários profissionais podem e utilizam deste instrumento para incitar as crianças. E segundo CARVALHO (2003, apud BORBA, 2006) a utilização técnica da atividade lúdica pode variar de acordo com os objetivos específicos de cada área, com as necessidades de cada criança e a formação de profissionais.
TROMBETTA e COL (2002, apud BORBA, 2006) dizem que um programa de treinamento físico deve constar de exercícios aeróbicos, cíclicos e contínuos, que envolvam grandes grupos musculares, tais como caminhada, ciclismo, natação, entre outros. E por isso, o papel da atividade lúdica será transformar tudo isso em algo prazeroso e gostoso de praticar. As crianças gostam de brincadeiras e jogos, e podemos utilizar isso como estratégia para estimular uma criança obesa a fazer atividade física, superando o prazer de assistir televisão. E com o passar do tempo a criança mudará seu comportamento não sendo mais seduzida pela televisão ou um pote de guloseimas, e sim preferir pular corda com os amigos, jogar bola na rua ou simplesmente dançar na sala de casa.
VIUNISKI (2000, apud BORBA, 2006) complementa: "é mais provável que vamos conseguir aumentar a atividade física de uma criança por meio de mudanças comportamentais e ambientais, sendo essas incorporadas ao dia-a-dia", ou seja, conseguiremos crianças mais saudáveis se mostrarmos pra elas as diversas possibilidades de atividade física lúdica, para que possam escolher a sua, numa hora de lazer com os amigos, com a família ou sozinhas.
E o maior benefício não é a criança simplesmente mudar de hábitos, mas sim, continuar com essa postura mais saudável pelo resto de sua vida.















5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acredito que a obesidade infantil, e também a obesidade adulta pode ser combatida, tratada, e até mesmo extinguida, por meio de um trabalho árduo, sério e persistente. Porém, acredito também que o lúdico poderá auxiliar demais neste trabalho, desde a criança até o idoso, pois trás de volta o prazer de brincar, de reviver coisas do passado, de esquecer ou distrair os problemas do dia-a-dia.
Além de ser um problema de saúde grave e afetar o organismo e o corpo físico, atinge também o psicológico e emocional das pessoas e, adultos e crianças tornam-se depressivos, tristes e sem desejo de continuar a vida.
Por isso penso que nós, profissionais da educação física, e outros profissionais da área da saúde ou não, devemos nos preocupar sim com estas pessoas e lutar até o fim para que tudo se renove, e que hábitos mais saudáveis de vida sejam tomados, por todos.
Precisamos descobrir os motivos reais que levaram a criança a se tornar obesa, e buscar encontrar um tratamento adequado, de preferência multidisciplinar, para que esta criança não se torne um adulto doente, e/ou cheios de problemas psicológicos por conseqüência da obesidade.
Penso que uma investigação mais abrangente na área da atividade física lúdica e da obesidade infantil ajudaria num trabalho de prevenção e de tratamento, pois os materiais encontrados não são poucos, porém são de conteúdos as vezes ultrapassados, ou repetitivos. Precisamos de inovação, motivação, incentivo e força de vontade para que mudanças sejam realizadas e para que possamos colaborar para a construção de um mundo melhor.












6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORBA, Patrícia de C. S. A importância da atividade física lúdica no tratamento da obesidade infantil. JAN/06.
Disponível em: www.artesdecura.com.br/REVISTA/medicina_integral/atividade_infantil_patricia.pdf. Acessado em 10/01/2008.

CAVALLARI, Vinicius Ricardo; CAVALLARI, Vany Zacharias. Trabalhando com recreação. 6.ed.rev. e ampl. São Paulo: Ícone, 2003.

FRANCO, Rodrigo Ap. Del. A importância da prática de atividades físicas, recreativas e de lazer como fator de prevenção à obesidade infantil.
Disponível em: http://www.tiochoquito.com.br/textos_e_artigos.asp. Acessado em 10/01/2008.

MELLO, Elza D. de; LUFT, Vivian C.; MEYER, Flávia. Obesidade Infantil: como podemos ser eficazes?
Disponível em: www.scielo.br/pdf/jped/v80n3/v80n3a04.pdf. Acessado em 21/01/2008.

RAMOS, Alexandre T. Atividade física ? Diabetes, Gestantes, Terceira idade, Crianças e Obesos. 3 ed. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.

PERON, Alessandra P. de O. Nunes; GALIsA, Mônica S.; ROBLEDO, Luciana D. e KOHLER, Andrea. Obesidade infantil. Disponível em: www.saudenainternet.com.br. Acessado em 7/3/8.

VILLARES, Sandra M. F.; RIBEIRO, Mauricio M.; SILVA, Alexandre G. da. Obesidade infantil e exercício. Revista eletrônica ABESO. 13 ed. Disponível em: www.abeso.org.br. Acessado em 7/3/8.

A obesidade infantil já atinge cerca de 10% das crianças brasileiras. Notícia disponível em: www.boasaude.uol.com.br. Acessado em 7/3/8.