A realidade por trás das câmeras
Publicado em 03 de outubro de 2010 por Lays Pederssetti
Por Lays Pederssetti
Aluna do primeiro ano de Jornalismo da Unicentro
"Mostrar aquilo que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo naquele dia com isenção, pluralidade, clareza e correção".
Esse é o objetivo, segundo William Bonner, dos jornalistas que trabalham no Jornal Nacional que é contado sucintamente no livro Jornal Nacional ? Modo de Fazer.
Começo enfatizando a clareza com que o livro foi escrito. As 248 páginas trazem um vocabulário de fácil compreensão que se volta, muitas vezes, para o leitor que não conhece as palavras técnicas usadas no meio jornalístico, com explicações e exemplos precisos.
Em 18 capítulos, que se desdobram em vários assuntos complementando-os, William Bonner escreve as situações mais incríveis pelas quais um jornalista pode passar. Além de contar um pouco sobre o que acontece por trás das câmeras, na redação, o papel de cada pessoa dentro do enorme grupo que forma o Jornal Nacional.
O primeiro capítulo, intitulado O que é o JN, aborda assuntos como o furo jornalístico, descrito pelo escritor como "o alimento da alma dos jornalistas" por ser um fato escasso, valioso e muito simbólico. A cobertura da Rede Globo de Televisão também tem espaço nesse capítulo, nenhuma rede de rádio possui esse mesmo alcance. O objetivo da produção do jornal é exposto em vários parágrafos: o dever de mostrar o que de mais importante aconteceu naquele dia.
A estrutura do Jornal Nacional é o assunto do segundo capítulo. Descreve o relacionamento de trabalho com as afiliadas espalhadas pelo Brasil: da RBS TV, no Rio Grande do Sul, à Rede Amazônica, no norte do país; um depoimento tirado do Memória Globo de Edney Silvestre sobre 11 de setembro de 2001, fala sobre o reportariado da Rede Globo; a estrutura de produção que é sempre baseada em assuntos factuais; a estrutura de edição que conta um pouco sobre como é o trabalho dos editores de texto e, finalmente, o segundo capítulo encerra com o fechamento e direção do jornal que mostra que o trabalho precisa ser feito em grupo e o quanto cada pessoa precisa da outra para ter bom desempenho.
Um dia no JN típico é o título do terceiro capítulo. Começando das sete horas da manhã até o final do dia, fala sobre pautas, retrancas, VTs, a ronda que é realizada através de telefonemas feitos pela "mesa de produção" a produtores de jornalismo das 121 emissoras integrantes da rede, a comparação de uma reunião de caixa feita há anos atrás e atualmente, explica em detalhes como é composto o "espelho" feito pelo editor-chefe. Enfim, o terceiro capítulo mostra como são feitos os "scripts", que compreende os elementos citados acima e mais um bocado de coisas.
A abrangência e a gravidade das implicações dos fatos estão presentes no quarto capítulo: Critérios Primários. O drama vivido em 11 de setembro de 2001 é contado por Jorge Pontual em uma descrição que revela os momentos de pavor de centenas de pessoas que estavam próximas ao World Trade Center.
O peso do contexto que será exibido tem o dever de conter as informações mais importantes daquele dia. William Bonner fala sobre a situação complicada de quando surge uma notícia de última hora que precisa ser publicada, fazendo com que o roteiro do jornal seja mudado no ar, por ele mesmo, enquanto os telespectadores assistem a algum VT.
O quinto capítulo fala sobre os critérios secundários: complexidade das notícias e o tempo nos dias em que existem muitas notícias importantes e precisam de pessoas para selecioná-las "mais obsessivamente", como Bonner explica.
Reunião de Espelho: A Hora dos Cheirosinhos. O sexto capítulo fala sobre o trabalho dos editores que chegam pela manhã e explica o motivo do apelido "editor cheirosinho" para aqueles que chegam ao trabalho pela tarde.
A reunião de pauta é relatada no sétimo capítulo. Ela recebe o apelido de "peneira", pois é neste momento "esquizofrênico", como William Bonner descreve, que acontece a seleção das notícias que nós veremos às 20h15min no Jornal Nacional.
O oitavo capítulo recebe o título de Edição e Fechamento: As Tarefas. Neste, Bonner fala sobre um acontecimento no dia 2 de julho de 2008 onde prova que para ser um bom jornalista é preciso saber tomar decisões e também voltar atrás e reconhecer as falhas. Os títulos "Correção" e "Sobre a Natureza dos Erros" são as duas vertentes desse capítulo que falam sobre a busca do "erro zero" e também sobre o erro individual e em grupo que possuem seus recursos para serem reparados de forma que o telespectador tenha sempre uma informação completa e correta.
O JN no Ar é o nome do nono capítulo que ressalta alguns dados técnicos que acontecem por trás das câmeras no momento em que o Jornal Nacional está no ar e sobre os truques do assistente de estúdio que tem como um dos papéis principais anunciar aos apresentadores, em tom grave, dez segundos antes de terminar a exibição de qualquer reportagem.
No dia 11 de maio de 2006, quinta-feira, três dias antes do Dia das Mães, começou uma operação de transferência dos bandidos do PCC para o presídio de Presidente Venceslau. No décimo capítulo intitulado o JN Atípico, William Bonner conta detalhes sobre essa notícia que ele mesmo afirma ter sido um fato histórico. Esse capítulo também trás os apuros vividos no dia em que a Rede Globo levou ao ar uma edição histórica do Jornal Nacional. Entre 2002 e 2008 o JN foi quatro vezes finalista do Emmy International, a Caravana JN e o acidente no aeroporto de Congonhas em julho de 2007 foram algumas das edições que levaram a esse prêmio.
Um dos capítulos mais emocionantes é O Adeus de Grandes Personalidades. Em seis páginas Bonner conta a trajetória da cobertura jornalística feita para o Papa João Paulo II que começa em outubro de 1996 e depois de ter recebido ajuda de freiras brasileiras para conseguir realizar sua reportagem, ele encerra, ao vivo no Vaticano, com o adeus do Papa mais estimado que o mundo já teve.
O décimo segundo capítulo nos mostra como a profissão de jornalista pode ser desafiadora. As histórias sobre a Copa que fizeram William Bonner repetir inúmeras vezes a frase: "Onde está você", a cobertura das eleições presidências dos Estados Unidos e as coincidências que deixavam os repórteres e as transmissões com um clima de determinação são exemplos de desafios enfrentados pelos repórteres do jornal.
Grandes Eventos e o Objetivo do JN. Nesse capítulo aparecem algumas críticas comuns, feitas pelos telespectadores, colocadas pelo escritor em relação à programação do Jornal Nacional em épocas de Copa do Mundo e Eleições, por exemplo. O aspecto de que o telespectador espera que o Jornal Nacional seja uma espécie de diário de certo evento também é mostrado, fazendo com que vejamos o lado positivo de se dar maior importância e cobertura aos eventos que envolvem outros lugares além do Brasil.
Apresentar o jornal, ao vivo, de outro lugar do mundo deixou de ser novidade pelo menos desde 1992 ? durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. No décimo quarto capítulo, que recebeu o nome de JN Fora do Estúdio: Da Ousadia à Normalidade, é contada a trajetória das transmissões feitas em várias partes do Brasil e do planeta, como o JN na Estrada, onde uma equipe afiliada a Rede Globo ia de Fortaleza para Porto Alegre e a outra vinha de Porto Alegre para Fortaleza, registrando pontos positivos e negativos de cada trecho percorrido, uma espécie de diário de viagem. A Caravana JN também tem seu espaço nesse capítulo, realizada por Pedro Bial, ela conta várias histórias de diferentes partes do Brasil.
A cobertura feita nas eleições presidenciais do Brasil, recortes tirados do Memória Globo, as conversas com o Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva e uma interjeição desagradável de William Bonner que rendeu desculpas à esposa do presidente são fatos que estão presentes no décimo quinto capítulo chamado JN nas Eleições.
Os Desafios do Texto fala sobre a importância que existe em ser entendido por todos os espectadores, o que implica em usar uma linguagem de fácil entendimento. Ao longo do capítulo há também uma série de cartas que foram mandadas para William Bonner. O lide (ou lead, do inglês), a diferença de como dar a notícia em jornal impresso e em telejornalismo, a herança de linguagem, a passividade e livre-arbítrio onde a linguagem usada em telejornalismo deve ser o mais parecido possível com a linguagem que existe entre as pessoas ao conversar e as cinco regras para poder realizar esse tipo de linguagem também são explicadas de uma forma bem completa nesse décimo sexto capítulo.
Feedback. O nome do décimo sétimo capítulo, que significa "retorno" é o tema em que são abordadas as formas que o público dispõe para se fazer ouvir pela redação, uma delas é o site onde o internauta envia mensagens através do "Fale Conosco". A atualização do site do Jornal Nacional é feita após a reunião de espelho e seguem explicações com fotos a respeito deste meio de comunicação.
O décimo oitavo e último capítulo do livro Jornal Nacional ? Modo de Fazer recebe o título de Opinião: Por que Não? Aqui William Bonner explica o motivo pelo qual o JN não é um jornal que expõe sua opinião no ar e faz críticas aos jornalistas que tem essa atitude em frente às câmeras. Bonner encerra o livro com indagações sobre o futuro do Jornal Nacional, mas deixa claro que será mantida a tradição dos 40 anos que passaram: mostrar aquilo que de mais importante se der, a cada dia, no Brasil e no mundo.
Em dezoito capítulos William Bonner resumiu o trabalho de uma das profissões mais desafiadoras: ser jornalista. Um jornalismo muito bem feito e que mostra que ser jornalista não é apenas aparecer em milhares de televisores todas as noites com a postura correta e roupas sociais.
Esse livro revela as experiências mais incríveis com as recompensas mais inesperadas que a profissão de jornalista pode oferecer. Aconselho a leitura deste livro não só para estudantes de jornalismo ou profissionais dessa área, mas para todas as pessoas que tem paixão por aventuras factuais.
Através dessa descrição do livro é possível perceber o quanto o Jornal Nacional participou, participa e ainda participará muito de nossas vidas. Todas as noites, no mesmo horário, ligamos a televisão, como faziam os nossos avós e como farão nossos filhos, para nos informarmos e saber o que de mais importante aconteceu naquele dia, no Brasil e no mundo todo.
O livro é bem ilustrado e diagramado. Há diversas fotos de arquivo para ilustrar os processos de produção de reportagens, dos bastidores e de cenas retiradas da transmissão de imagens. A capa também é bastante bonita, com a fotomontagem de William Bonner e Fátima Bernardes no primeiro plano e ao fundo a redação do JN em azul.
Longe de ser um manual de redação mais completo, como aqueles de O Globo ou da Folha de São Paulo, "Modo de Fazer" fala de decisões mais práticas que o editor-chefe William Bonner e seus superiores já tiveram que tomar, visando ao cumprimento do objetivo primordial do JN.
Não espere encontrar em "Jornal Nacional: Modo de Fazer" uma obra prima literária. Nem é a isso que o livro se propõe. Bonner escreve de forma muito simples e fluida, como se estivesse conversando com o leitor.
Jornal Nacional ? Modo de Fazer é um livro que vale a pena ser lido, principalmente por estudantes de jornalismo, como eu, mas também para quem gosta da profissão ou tem interesse em saber como funciona o principal telejornal do país.
Jornal Nacional ? Modo de Fazer, de William Bonner.
Editora Globo, 2009, 248 p.
Origem: Nacional.
Valor em torno de R$ 25,00.
Aluna do primeiro ano de Jornalismo da Unicentro
"Mostrar aquilo que de mais importante aconteceu no Brasil e no mundo naquele dia com isenção, pluralidade, clareza e correção".
Esse é o objetivo, segundo William Bonner, dos jornalistas que trabalham no Jornal Nacional que é contado sucintamente no livro Jornal Nacional ? Modo de Fazer.
Começo enfatizando a clareza com que o livro foi escrito. As 248 páginas trazem um vocabulário de fácil compreensão que se volta, muitas vezes, para o leitor que não conhece as palavras técnicas usadas no meio jornalístico, com explicações e exemplos precisos.
Em 18 capítulos, que se desdobram em vários assuntos complementando-os, William Bonner escreve as situações mais incríveis pelas quais um jornalista pode passar. Além de contar um pouco sobre o que acontece por trás das câmeras, na redação, o papel de cada pessoa dentro do enorme grupo que forma o Jornal Nacional.
O primeiro capítulo, intitulado O que é o JN, aborda assuntos como o furo jornalístico, descrito pelo escritor como "o alimento da alma dos jornalistas" por ser um fato escasso, valioso e muito simbólico. A cobertura da Rede Globo de Televisão também tem espaço nesse capítulo, nenhuma rede de rádio possui esse mesmo alcance. O objetivo da produção do jornal é exposto em vários parágrafos: o dever de mostrar o que de mais importante aconteceu naquele dia.
A estrutura do Jornal Nacional é o assunto do segundo capítulo. Descreve o relacionamento de trabalho com as afiliadas espalhadas pelo Brasil: da RBS TV, no Rio Grande do Sul, à Rede Amazônica, no norte do país; um depoimento tirado do Memória Globo de Edney Silvestre sobre 11 de setembro de 2001, fala sobre o reportariado da Rede Globo; a estrutura de produção que é sempre baseada em assuntos factuais; a estrutura de edição que conta um pouco sobre como é o trabalho dos editores de texto e, finalmente, o segundo capítulo encerra com o fechamento e direção do jornal que mostra que o trabalho precisa ser feito em grupo e o quanto cada pessoa precisa da outra para ter bom desempenho.
Um dia no JN típico é o título do terceiro capítulo. Começando das sete horas da manhã até o final do dia, fala sobre pautas, retrancas, VTs, a ronda que é realizada através de telefonemas feitos pela "mesa de produção" a produtores de jornalismo das 121 emissoras integrantes da rede, a comparação de uma reunião de caixa feita há anos atrás e atualmente, explica em detalhes como é composto o "espelho" feito pelo editor-chefe. Enfim, o terceiro capítulo mostra como são feitos os "scripts", que compreende os elementos citados acima e mais um bocado de coisas.
A abrangência e a gravidade das implicações dos fatos estão presentes no quarto capítulo: Critérios Primários. O drama vivido em 11 de setembro de 2001 é contado por Jorge Pontual em uma descrição que revela os momentos de pavor de centenas de pessoas que estavam próximas ao World Trade Center.
O peso do contexto que será exibido tem o dever de conter as informações mais importantes daquele dia. William Bonner fala sobre a situação complicada de quando surge uma notícia de última hora que precisa ser publicada, fazendo com que o roteiro do jornal seja mudado no ar, por ele mesmo, enquanto os telespectadores assistem a algum VT.
O quinto capítulo fala sobre os critérios secundários: complexidade das notícias e o tempo nos dias em que existem muitas notícias importantes e precisam de pessoas para selecioná-las "mais obsessivamente", como Bonner explica.
Reunião de Espelho: A Hora dos Cheirosinhos. O sexto capítulo fala sobre o trabalho dos editores que chegam pela manhã e explica o motivo do apelido "editor cheirosinho" para aqueles que chegam ao trabalho pela tarde.
A reunião de pauta é relatada no sétimo capítulo. Ela recebe o apelido de "peneira", pois é neste momento "esquizofrênico", como William Bonner descreve, que acontece a seleção das notícias que nós veremos às 20h15min no Jornal Nacional.
O oitavo capítulo recebe o título de Edição e Fechamento: As Tarefas. Neste, Bonner fala sobre um acontecimento no dia 2 de julho de 2008 onde prova que para ser um bom jornalista é preciso saber tomar decisões e também voltar atrás e reconhecer as falhas. Os títulos "Correção" e "Sobre a Natureza dos Erros" são as duas vertentes desse capítulo que falam sobre a busca do "erro zero" e também sobre o erro individual e em grupo que possuem seus recursos para serem reparados de forma que o telespectador tenha sempre uma informação completa e correta.
O JN no Ar é o nome do nono capítulo que ressalta alguns dados técnicos que acontecem por trás das câmeras no momento em que o Jornal Nacional está no ar e sobre os truques do assistente de estúdio que tem como um dos papéis principais anunciar aos apresentadores, em tom grave, dez segundos antes de terminar a exibição de qualquer reportagem.
No dia 11 de maio de 2006, quinta-feira, três dias antes do Dia das Mães, começou uma operação de transferência dos bandidos do PCC para o presídio de Presidente Venceslau. No décimo capítulo intitulado o JN Atípico, William Bonner conta detalhes sobre essa notícia que ele mesmo afirma ter sido um fato histórico. Esse capítulo também trás os apuros vividos no dia em que a Rede Globo levou ao ar uma edição histórica do Jornal Nacional. Entre 2002 e 2008 o JN foi quatro vezes finalista do Emmy International, a Caravana JN e o acidente no aeroporto de Congonhas em julho de 2007 foram algumas das edições que levaram a esse prêmio.
Um dos capítulos mais emocionantes é O Adeus de Grandes Personalidades. Em seis páginas Bonner conta a trajetória da cobertura jornalística feita para o Papa João Paulo II que começa em outubro de 1996 e depois de ter recebido ajuda de freiras brasileiras para conseguir realizar sua reportagem, ele encerra, ao vivo no Vaticano, com o adeus do Papa mais estimado que o mundo já teve.
O décimo segundo capítulo nos mostra como a profissão de jornalista pode ser desafiadora. As histórias sobre a Copa que fizeram William Bonner repetir inúmeras vezes a frase: "Onde está você", a cobertura das eleições presidências dos Estados Unidos e as coincidências que deixavam os repórteres e as transmissões com um clima de determinação são exemplos de desafios enfrentados pelos repórteres do jornal.
Grandes Eventos e o Objetivo do JN. Nesse capítulo aparecem algumas críticas comuns, feitas pelos telespectadores, colocadas pelo escritor em relação à programação do Jornal Nacional em épocas de Copa do Mundo e Eleições, por exemplo. O aspecto de que o telespectador espera que o Jornal Nacional seja uma espécie de diário de certo evento também é mostrado, fazendo com que vejamos o lado positivo de se dar maior importância e cobertura aos eventos que envolvem outros lugares além do Brasil.
Apresentar o jornal, ao vivo, de outro lugar do mundo deixou de ser novidade pelo menos desde 1992 ? durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. No décimo quarto capítulo, que recebeu o nome de JN Fora do Estúdio: Da Ousadia à Normalidade, é contada a trajetória das transmissões feitas em várias partes do Brasil e do planeta, como o JN na Estrada, onde uma equipe afiliada a Rede Globo ia de Fortaleza para Porto Alegre e a outra vinha de Porto Alegre para Fortaleza, registrando pontos positivos e negativos de cada trecho percorrido, uma espécie de diário de viagem. A Caravana JN também tem seu espaço nesse capítulo, realizada por Pedro Bial, ela conta várias histórias de diferentes partes do Brasil.
A cobertura feita nas eleições presidenciais do Brasil, recortes tirados do Memória Globo, as conversas com o Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva e uma interjeição desagradável de William Bonner que rendeu desculpas à esposa do presidente são fatos que estão presentes no décimo quinto capítulo chamado JN nas Eleições.
Os Desafios do Texto fala sobre a importância que existe em ser entendido por todos os espectadores, o que implica em usar uma linguagem de fácil entendimento. Ao longo do capítulo há também uma série de cartas que foram mandadas para William Bonner. O lide (ou lead, do inglês), a diferença de como dar a notícia em jornal impresso e em telejornalismo, a herança de linguagem, a passividade e livre-arbítrio onde a linguagem usada em telejornalismo deve ser o mais parecido possível com a linguagem que existe entre as pessoas ao conversar e as cinco regras para poder realizar esse tipo de linguagem também são explicadas de uma forma bem completa nesse décimo sexto capítulo.
Feedback. O nome do décimo sétimo capítulo, que significa "retorno" é o tema em que são abordadas as formas que o público dispõe para se fazer ouvir pela redação, uma delas é o site onde o internauta envia mensagens através do "Fale Conosco". A atualização do site do Jornal Nacional é feita após a reunião de espelho e seguem explicações com fotos a respeito deste meio de comunicação.
O décimo oitavo e último capítulo do livro Jornal Nacional ? Modo de Fazer recebe o título de Opinião: Por que Não? Aqui William Bonner explica o motivo pelo qual o JN não é um jornal que expõe sua opinião no ar e faz críticas aos jornalistas que tem essa atitude em frente às câmeras. Bonner encerra o livro com indagações sobre o futuro do Jornal Nacional, mas deixa claro que será mantida a tradição dos 40 anos que passaram: mostrar aquilo que de mais importante se der, a cada dia, no Brasil e no mundo.
Em dezoito capítulos William Bonner resumiu o trabalho de uma das profissões mais desafiadoras: ser jornalista. Um jornalismo muito bem feito e que mostra que ser jornalista não é apenas aparecer em milhares de televisores todas as noites com a postura correta e roupas sociais.
Esse livro revela as experiências mais incríveis com as recompensas mais inesperadas que a profissão de jornalista pode oferecer. Aconselho a leitura deste livro não só para estudantes de jornalismo ou profissionais dessa área, mas para todas as pessoas que tem paixão por aventuras factuais.
Através dessa descrição do livro é possível perceber o quanto o Jornal Nacional participou, participa e ainda participará muito de nossas vidas. Todas as noites, no mesmo horário, ligamos a televisão, como faziam os nossos avós e como farão nossos filhos, para nos informarmos e saber o que de mais importante aconteceu naquele dia, no Brasil e no mundo todo.
O livro é bem ilustrado e diagramado. Há diversas fotos de arquivo para ilustrar os processos de produção de reportagens, dos bastidores e de cenas retiradas da transmissão de imagens. A capa também é bastante bonita, com a fotomontagem de William Bonner e Fátima Bernardes no primeiro plano e ao fundo a redação do JN em azul.
Longe de ser um manual de redação mais completo, como aqueles de O Globo ou da Folha de São Paulo, "Modo de Fazer" fala de decisões mais práticas que o editor-chefe William Bonner e seus superiores já tiveram que tomar, visando ao cumprimento do objetivo primordial do JN.
Não espere encontrar em "Jornal Nacional: Modo de Fazer" uma obra prima literária. Nem é a isso que o livro se propõe. Bonner escreve de forma muito simples e fluida, como se estivesse conversando com o leitor.
Jornal Nacional ? Modo de Fazer é um livro que vale a pena ser lido, principalmente por estudantes de jornalismo, como eu, mas também para quem gosta da profissão ou tem interesse em saber como funciona o principal telejornal do país.
Jornal Nacional ? Modo de Fazer, de William Bonner.
Editora Globo, 2009, 248 p.
Origem: Nacional.
Valor em torno de R$ 25,00.