REAL SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA


Falar da educação no Brasil é coisa mais complexa do que se possa imaginar. Grandes investimentos são feitos na atualidade, sobretudo no governo do presidente Luis Inácio, as propagandas são também fortes. Mas será que os resultados estão justificando os gastos? Os gastos são suficientes? Estão sendo eficientemente direcionados?
Para responder a estes questionamentos e produzir um diagnóstico superficial, mas que reflita uma paisagem real da educação em nosso país precisamos conhecer melhor a história da estrutura educacional brasileira.
Em primeiro lugar devemos perceber que a educação brasileira é elitista em seu surgimento. A grande maioria dos brasileiros de quase todos os tempos e em até um período muito próximo de nós não teve acesso à escola. Isso fez com que o Brasil desenvolvesse uma enorme dívida educacional com a maioria de sua população. Médicos, engenheiros advogados sempre saiam das classes sociais mais privilegiadas ou de um ou outro persistente que insistia em prosseguir com estudos em um mundo que não era o seu. O sistema de cotas atuais pretendem compensar um pouco desta dívida , mas acabam produzindo um efeito mais agravante ? tornam flagrante o fato que as Escolas públicas são piores que as particulares e que a excelência da aprendizagem está diretamente relacionada com a questão socioeconômica o que não é uma notícia boa para um país que quer levantar a bandeira da igualdade social.
Um dos efeitos colaterais desta dívida educacional é exatamente uma difusão social de pouca importância para educação. Sobretudo nossos jovens que podem até ter consciência que em um mundo globalizado em que se é exigido muito para inclusão no mercado e que a mão de obra especializada é de grande valor o que torna por conseqüência e educação ao mesmo patamar, não desenvolvem o interesse necessário para esta formação. Isto faz com que, mesmo que as oportunidades educacionais sejam insuficientes, eles não consigam assimilar o pouco que lhes é repassado. Não conseguem assimilar a mediocridade do ensino que lhes é proposto. O que fariam com a excelência?
Para ilustrar como essa "cultura social voltada para educação" é importante é só observar o exemplo da Coréia do Sul, que à três décadas estava arrasada, mas descobriu que a solução para o país estava no investimento maciço em educação, não só por parte do governo, mas de toda sociedade. É redundante, falar que os resultados foram os melhores.
O "Consenso de Washington" também é parte importante no desenvolvimento da educação mundial e implicações diretas no Brasil. A partir do monitoramento que começou a ser feito desde então pelo FMI que se tornou um critério decisivo para a ajuda do órgão financeiro internacional e responsável por financiar o desenvolvimento de países pobres e emergentes, fez com que muitos países, apesar de aumentarem consideravelmente o orçamento para a educação e, mesmo assim incapazes de melhorarem significativamente seus resultados, passassem a maquiar os mesmos.
Isso ocorreu no Brasil da seguinte maneira:
O sistema educacional brasileiro não contempla os regionalismos. Prova disto é que o Exame Nacional do Ensino Médio tem uma única prova para todas as Unidades da Federação. O problema é que, como já vimos, a excelência educacional se encontra diretamente atrelada aos níveis sociais. Assim nos estados mais pobres a educação é muito diferente que nos estados mais ricos (exceto nos bolsões de miséria desses estados). O que ocorre é que metas são estabelecidas para cada ano e se elas não são cumpridas existe uma maquiagem para que elas "melhorem". Quem trabalha em educação sabe exatamente o que está sendo falado aqui. As metas são hierarquizadas verticalmente e acabam pesando mesmo nas costas de quem vive o processo educacional diretamente e , na maioria das vezes, sem condições ideais de trabalho ? o professor.
Segundo Rafael Targino em reportagem no UOL Educação (2010) o relatório do PISA O (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) 2009, a valorização dos professores em forma de melhores salários tende a melhorar mais a educação do que diminuir o número de alunos por sala. Isso nada tem de novo a não ser contrapor uma vontade dos profissionais de educação que se veem esgotados para conseguir domar salas superlotadas. Mas isso já é um objeto de discussão, pois notadamente o problema de esgotamento do professor seria a excedente carga horária que o levaria a uma condição de impotência (muitos afligidos pelo desenvolvimento da síndrome de Burnout) diante de si mesmo como profissional e de seus alunos. Na lógica a equação é simples ? melhores salários implicariam em menos empregos, maior condição de desenvolvimento acadêmico e preparo para o desempenho em sala de aula, ,e nos impotência, menos estresses e melhor educação. Por que não importa o quanto pareça ser figura obsoleta nos tempos modernos, o professor (talvez em uma nova roupagem) é fator crucial no desenvolvimento de uma educação de qualidade.
Muitas outras variáveis podem ser pensadas sobre o quanto nosso processo educacional pode ser melhorado. O que não podemos é deixar de pensar nisto. Devemos cobrar de nossas autoridades, mas devemos levar seriamente em consideração que o processo de evolução da educação no Brasil e no Mundo não é uma responsabilidade exclusiva dos governos. Ela é responsabilidade de todos a partir da família. Não podemos deixar que frases como que a veremos a seguir se tornem verdades bem palpáveis (mesmo que a maioria as neguem) ? "O Estado finge que paga, o professor finge que ensina e o aluno finge que aprende"

REFERÊNCIAS

TARGINO, R. PISA: melhores salários a professores dão mais resultados que turmas menores. UOL Educação, São Paulo, 13 de dezembro de 2010 disponível em: < http://educacao.uol.com.br/ultnot/2010/12/13/pisa-melhores-salarios-a-professores-dao-mais-resultados-que-turmas-menores.jhtm.>. Acesso em: 13/12/2010