Ás vezes retraídos e encabulados, como se escondêssemos uma vergonha inimaginável.
Outras, traiçoeiros e ousados como um espinho arisco do mato.
Como um nó cego, fechados em casulos vivendo apenas na casca.
Na aparente aparência da reminiscente imagem de si projetada para fora.
Um sinistro arremedo de algo que não ainda não deu certo? Assim rasteja acintosamente, capengando rumo ao encontro fatal com a sua triste realidade.
Não percebe que é apenas uma imagem reflexa de um eterno breve reflexo.
Vivendo uma realidade rala, opaca, com gosto e cheiro de farsa, falsa e forçada.
Forjada detalhadamente, minuciosamente pensada em cada mínimo nuance.
Para que propósito? Este é o único enigma que tem que se descobrir. O resto é conseqüência disto.
Vendo o que acha que realmente vê, vê esse mundo holográfico e nada mais? Simplesmente sem entender que não há como viver apenas como um reflexo.
Tendo como uma única fé uma certeza clara que anuncia a extinção.
Porque se acha um profeta é que nesses dias sombrios, doloroso e amargo que começou do nada a pensar diferente, imaginar algo que não existia antes.
Vem na lembrança algo que já foi inocente e puro, mas o que tudo aquilo significava? Pensa que manter os olhos fechados é mais sábio. Lembra-se que mudando de idéia tudo se complica de uma forma inversa.
É que neste mundo de cabeça para baixo caçando sorrateiramente sombras, em um oceano de luz que cega conscientemente.
Sempre à procura de alguma coisa, mas já que não acha fica com o que tem mesmo.
Uma soma de tudo jogado aleatoriamente no nada. Um nada que contem tudo vaga incessantemente á volta de tudo contido num nada.
Parecendo mesmo mais um arranjo de palavras zen?
Uma parte a mais de uma única parte. Uma parte aparentemente aparte de um todo também aparte da parte?
Oposto a si mesmo, semeando e colhendo discórdias, juras de amor e ódio.
Cheio de rancor e um eterno desprezo pelo correto e valoroso.
Solenemente incrustado em sua própria face toda uma miríade de mentiras e falcatruas.
Encolhendo e rastejando, arruma um jeito de passar nas trincheiras fétidas da realidade.
Enfeitiçado enfeitiçando, manobra tudo de um jeito especial e no fim não sobra nada.
Julgado e condenado, o juiz e o carrasco e ao mesmo tempo a vitima desesperada. Suplicando a cada instante que passa brada forte e alto que é o senhor da vida e o pai da morte, enquanto se morde com o mero esboço de uma mínima eminente transformação de sua pequena e inevitável forma.
Aparentemente tudo aparenta uma preciosidade fora do normal pela normalidade.
Mas é só aparência mesmo, o anormal é não perceber a anormalidade aparente da aparência, por mais estudada ou relaxada que essa possa parecer.
Mas um pouco mais à frente as aparências desaparecem e o obvio sobressalta até a vista mais cansada.
Simplesmente oposto à luz imutável que transborda em tudo, emanada do movimento próximo, um passo sempre à frente ao destino irremediavelmente inalterável.
Á deriva boiando sob a magnetizada crosta terrestre fica a alma esperando ainda ser capturada, resgatada... Pura, mas ao mesmo tempo manchada.
Intransponível e sólida como uma rocha, previsível como o ponteiro de um relógio, mas temporal como o tempo e o espaço.
Cheia de fissuras por onde a vida paulatinamente vaza, não sobrando nada nas palmas das mãos enrugadas.
Não consegue distinguir o verdadeiro do falso, saboreia-se apenas o doce e o amargo.
O doce do verdadeiro e o amargo do falso quando não é tudo isso combinado.
É de onde tiramos as conclusões mais obvias.
Quando estamos doces mesmo nas situações mais amargas...
Quando estamos amargos mesmo nas situações mais doces...
Tudo isso não passa de mais um escrutínio oriundo deste mundo.
Que poderia ser sobre a verdade e o falso, ou, luz e as trevas...
E mesmo isso já está no fim, nem doce nem amargo, apenas árido.
Um corpo deserto de tudo até dos seus anseios mais básicos.
Pisando em ovos enquanto desfila patético e pálido pelo gélido calabouço.
Sem urgência nenhuma com a espiritualidade, desfruta apenas de seus frutos, mas a verdade é que os saboreia às escondidas e às pressas.
Ignorante da fonte viva que o cerca se envenena primeiramente nas águas turvas e passageiras da histeria humana coletiva e finalmente depois como uma ancora velha e pesada afunda irremediavelmente no lodo escuro de seu vasto mundo subterrâneo.
Prefere às mais patéticas futilidades e só dá valor ao falso esplendor que jorra de suas ações infundadas ao vazio do acaso. Age como uma criança rebelde e termina como um filho ingrato e esquecido.
Vive como um boneco ou um robô pré-programado segue direitinho as instruções de cima abaixo.
Programado para se autodestruir não pestaneja segue a rota mais fácil de colisão.
Fazendo uso capeao da vida, se apropria, e só larga quando a fatalidade invade a área.
Como faz com tudo, apenas "algo" a mais em seu mundo frio e calculado, religiosamente calculado, perigosamente estranho e alienado.
Recebe o prazer com gosto e avidez, enquanto simula que retorna o recebido, não dando nada em troca de volta, acaba não sentido o prazer que lhe é devido.
Mas a verdade é que suga com parcimônia passividade a suprema essência da vida lhe roubando a cada gota o sumo sagrado do alento único. Fazendo tudo não valer à pena? Desdenha da força que o alimenta e o criou com todos os atributos e qualidades, esmerado espelho da mais clara verdade.