A QUALIDADE DA REPRESENTAÇÃO POLÍTICA NO BRASIL
O ambiente político, nos últimos anos, tem se ocupado mais com as disputas internas de poder do que com as reformas das leis, as quais são indispensáveis para o desenvolvimento do país.
Relevante mencionar, que os cargos eletivos ultrapassaram o simples, mas importante, "status", de uma função pública temporária; para, tornarem-se fontes de influência e aquisição financeira. Essa situação acirrou os embates políticos, uma demonstração clara da cobiça de indivíduos na perpetuação de seu poder com a faculdade dada pela vitória nas eleições. Desse modo, tem-se observado, com a corrupção da ética e da moral, o uso indevido do poder, na concessão de cargos aos "apadrinhados políticos", bem como na manipulação do processo legislativo para fins pessoais.
Sendo assim, o Estado mantém sua sina - a de gastar recursos financeiros com a remuneração de políticos; muito deles, não condizentes com as responsabilidades e a importância do cargo. Também, acrescente-se aqui, o elevado montante de verbas destinadas a cada político eleito na formação de sua equipe e gabinete. Além disso, vale ressaltar as relações que envolvem o setor público e o privado, por meio de contratos nas licitações e parcerias, os quais, inúmeras vezes, tem servido como instrumento de corrupção em negócios escusos. Fica evidenciado o abuso e a ilicitude da representação popular, que se vale de uma posição privilegiada para, exemplificativamente, cometer infrações e irregularidades com ajustes ilegais, de editais e contratos, que favorecem determinadas empresas; chegando-se até as ações fraudulentas para desvio de verbas publicas.
De forma complementar, a ausência de criação e alteração das leis impede o desenvolvimento de um Estado (que pretende eficiência), a fim de fazer frente às atuais necessidades para o crescimento e a modernidade estatal. Ainda, deve-se levar em consideração a incompetência técnica de significativa parcela de políticos, os quais, igualmente, inviabilizam soluções aos assuntos burocráticos, desgastantes e morosos da atividade estatal e profissional brasileira; muitos dos quais trazem prejuízo à população. Citam-se, como situações danosas aos cidadãos, entre outros, os seguintes: dificuldade no cancelamento de contratos; responsabilidade na transmissão sobre imóveis; falta de comunicação e informação entre os órgãos públicos por meio de sistema integrado.
Portanto, o Estado vive uma crise de representação, onde as disputas políticas tem preferência e prevalecem sobre a construção de normas uteis à sociedade. Os interesses particulares e a falta de conhecimento técnico acarretam dificuldades na modernização do Estado e na boa qualidade de vida da população. A mudança dessas situações ocorre com a conscientização do político de que o seu trabalho tem como fim a própria pessoa e a sociedade; com a evolução natural do ser humano na desnecessidade de sobrevivência material com a política e com o poder; e também, com uma maior participação popular na reivindicação de condutas compatíveis com a função, assim como, na adoção de um perfil, de político, mais adequado as responsabilidades que o cargo público exige dos seus representantes.