O fato de corrermos algum risco, ou de sermos muito conservadores ou muito liberais, nos faz ter  em mãos um fato importante, que nos ajuda  a compreender a problemática das drogas na escola. Logo, a gente fica na dúvida a pensar, de qual lado devemos ficar do mocinho, aquele que nunca usa ou do bandido. A questão da droga vem sendo compreendida de duas maneiras diferentes: o bem e o mal, o certo e o errado. Partindo deste pensamento, os Programas de Prevenção priorizam a abstinência total ao uso de drogas, o que está representado em campanhas "diga não as drogas." Este tipo de programa pretende formar e informar o indivíduo para que nunca experimente qualquer tipo de drogas. Vendo por este lado, fica fácil entender porque tantos professores apóiam e trabalham com este tipo de programa. Qual educador  defenderia ou acreditaria nos benefícios do uso de drogas? No entanto, pesquisas têm comprovado que os projetos que priorizam a abstinência total, não estão conseguindo alcançar seu objetivo,  que é evitar que os jovens não experimentem as  drogas.

A  concepção dupla destes  projetos, vem sendo apontadas como entraves para que seus objetivos sejam alcançados. Tentarei desenvolver algumas idéias para uma melhor compreensão deste fato, para que possa servir como subsídios para os educadores, na escola. Em primeiro lugar, precisamos repensar alguns conceitos, que pode esclarecer enganos. Falamos muito em drogas. Mas, o que são as drogas? Aqui usaremos o conceito usado pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, "drogas, são substâncias que provocam algum tipo de alteração no Sistema Nervoso Central." Assim, entendemos que quando falamos em drogas, estamos falando das drogas ilícitas (as proibidas) como a maconha, o lança-perfume, a cocaína e o crack, entre outras; e as lícitas (as liberadas), como o  álcool, o tabaco, a cafeína, os remédios anti-depressivaos, anabolizantes, entre outros.Há uma  diferença entre a prevenção ao uso e a prevenção ao abuso de drogas, Quando o trabalho é preventivo  em relação ao uso de drogas, o objetivo principal é para que o jovem sequer experimente uma droga, a idéia é fazer com que numa festa, o jovem não experimente o álcool. Já no trabalho preventivo ao abuso de drogas,  aqui o objetivo é conscientizar o jovem a não fazer uso abusivo de uma droga, como por exemplo, numa festa beber até se embriagar.

As duas posturas preventivas,  tem uma importante diferença na forma de lidar com o problema, a primeira, a prevenção ao uso, não leva em consideração a realidade vivida pelo jovem, já a segunda, a prevenção ao abuso, trabalha ativamente levando em consideração a realidade do usuário. O trabalho de prevenção ao uso de drogas considera o fato do jovem está sujeito a experimentar e usar eventualmente uma droga, desta forma este trabalho consiste em educar os usuários a fazer uso desta droga com moderação  e responsabilidade.O que não se sabe ainda é se isto é possível.

As dificuldades no trabalho do ensinante, Diante de toda esta discussão, são evidentes os receio  em lidar com a prevenção ao uso e abuso das drogas na escola, estes receios compreendem desde a questão prática, de não saber de fato como trabalhar estes entraves com os aprendentes, até o medo de sofrer alguma forma de violência; como por exemplo receber ameaças de algum traficante. Outro fato importante é que alguns ensinantes acham que esta prevenção deve ser trabalhadas por profissionais especializados e que eles,não são os profissionais indicados  para  realizar esta tarefa. Devemos considerar que a prevenção ao uso e abusos de drogas, deve está fundamentado em conhecimentos científicos, com divulgação de informações claras e corretas, que reduzam o preconceito. Só as informações não são suficientes para um eficiente trabalho preventivo.  Longenecker(1988), já afirmava que um trabalho preventivo, deve fazer o jovem pensar e refletir de maneira crítica sobre sua vida, suas escolhas e seu futuro; o que concluímos que o um trabalho preventivo nada tem a ver com proibições e sim, com pensamentos e reflexões positivas que venham a influenciar no comportamento do aprendente, levando-o a pensar diferente sobre suas escolhas  no sentido de melhorar sua maneira de viver.

É responsabilidade do educador, preparar os jovens para as futuras escolhas  e um bom trabalho preventivo deve incluir as maiores preocupações dos adolescentes como, a iniciação sexual, o uso de drogas, a escolha profissional, entre outras. O objetivo deste trabalho deveria coincidir com os projetos pedagógicos de qualquer escola, sendo assim, o ensinante, o profissional mais indicado para a  tarefa preventiva. A atividade do ensinante deve ser aberta, compreensiva e tolerante, sem utilizar de práticas autoritárias. O ensinante não pode se apresentar aos aprendentes como uma pessoa boa demais, permissiva e inconseqüente, mas,  deve ser cordial e afetivo. E havendo um clima de empatia, qualquer adolescente deve ser indagado sobre uso de drogas, tabaco e outras substâncias, principalmente aqueles que foram ou estão sendo investigados obre  o uso e abuso de drogas. Nestas indagações podem ser incluídos outros temas que venham a ser útil no seu desenvolvimento psico-social; como sexualidade, a busca por uma profissão, entre outros. Deve-se começar perguntando sobre sua vida, onde mora, em que trabalha, se tem pai e mãe, quantos irmãos tem, como é seu relacionamento com familiares e amigos, suas atividades preferidas de lazer,  o uso de medicamentos, e então sobre hábitos de fumar, usar álcool, maconha ou outras substâncias.O ensinante  deve que ser honesto  e demonstrar interesse pelo aprendente,daí a necessidade de conhecimentos mais aprofundados. Os  usuários, percebem logo, quando o ensinante não conhece muito sobre os efeitos das substâncias e os  problemas a elas associados.A confidência ou a confiança ambos, é necessária e muito difícil na prática, variando conforme os estilos vivenciais e experimentais do ensinante. Embora a promessa do segredo possa render maiores conhecimentos sobre o comportamento do usuário, isso pode trazer sérios riscos. Se souber de alguma atitude  do aprendente, que atente contra sua própria vida ou sua integridade, por exemplo dirigir bêbado, o ensinante deve comunicar de imediato aos pais. Neste caso, a ruptura da confidência é justificada. Um fator que complica o trabalho do ensinante, é  o fato do álcool, do fumo e das drogas em geral serem ameaças a saúde do adolescente, mas, não se tratar de um risco imediato, nem implacável. O que significa que o trabalho ensinante/aprendente  deve ser na base da tomadas de decisão  de forma pensada, segura e decidida.Vale lembrar que existem outras atividades que contribuem para a superação ou prevenção do vício. Infelizmente, o tema drogas ainda é tabu, se nó educadores, não nos esforçarmos para discutir esta questão de forma aberta e sem preconceito ela vai continuar a existir por muito tempo.

A Psicopedagogia atua de forma preventiva e terapêutica, posiciona-se para compreender os processos do desenvolvimento e das aprendizagens humanas, recorrendo a várias áreas e estratégias pedagógicas, objetivando se ocupar dos problemas que podem surgir nos processos de transmissão e apropriação dos conhecimentos (possíveis dificuldades e transtornos), o papel  do Psicopedagogo é o de ser mediador em todo esse movimento. Se for além da  junção dos conhecimentos da Psicopedagogia e da Pedagogia, o Psicopedagogo pode atuar em diferentes campos de ação, situando-se tanto na saúde como na educação, já que seu fazer visa compreender as variadas dimensões da aprendizagem humana, que ocorrem em todos  os tempos e espaços sociais. Sabemos que a prevenção as drogas é possível  pela ação integrada dos educadores e que a escola tem obrigação de promover esta ação, ensinando a verdade cientifica conforme seu Projeto pedagógico inserido na política de ensino.

O Psicopedagogo deve ser consciente da importância de sua capacitação, para saber lidar com as dificuldades  encontradas no decorrer de sua ação . De posse deste conhecimento, deve abordar não apenas o tema drogas, mas, procurando valorizar a pessoa, levantando sua auto-estima, destacando as necessidades, procurando produzir  uma verbalização dos sentimentos dos aprendentes  e destacando as influências para o desenvolvimento da personalidade e da maturidade. O Psicopedagogo deve ter muito cuidado com as noções científicas e farmacológicas, para evitar especulações, curiosidades próprias das crianças, adolescentes e jovens, quanto aos efeitos  das drogas e cuidar para que sua ação não se transforme numa simples propagação. Nesta ação deve ser abordada a questão das seqüelas do uso e abuso das drogas, deixadas no dependente químico, que mesmo em abstinência, deixarão seus efeitos por resto da vida. São muitas as influências negativas deixadas pelo uso das drogas na vida dos jovens e dos adolescentes, o Psicopedagogo deve conhecer bem esta realidade, para com base em suas investigações, fazer seu diagnóstico e  realizar a Intervenção Psicopedagógica. O Psicopdagogo  deve atuar no sentido de restaurar a relação aprendente/ensinante, pois, devido a forma de agir  comprometida pelos efeitos das drogas, os usuários não se relacionam bem nem com os ensinantes, nem com os colegas da escola.

A Prevenção ainda é o melhor caminho para o enfrentamento desta situação problema, sentimos que está mais do que na hora dos governantes pensarem com seriedade sobre este assunto e executarem ações em maiores escalas, pois, sentimos as dificuldades, a tristeza e a impotência das famílias dos usuários, em busca de tratamentos para os dependentes químicos, o que só encontram em clínicas particulares, e como a maioria dos viciados são de classes sócio-econômicas desfavorecidas, ficam sem tratamento por não terem condições financeiras para bancar o mesmo. Solicitamos aos governantes do nosso Brasil, para que analisem com carinho e com rapidez  esta questão, pois, é muito triste ver nossos jovens se acabando no vício, deles que poderiam até serem curados com a ajuda das famílias, mas, que não sabe como, nem onde buscar soluções e acabam morrendo na marginalização. Precisamos unir nossas forças para transformar esta triste realidade.E  vamos orientar nossas crianças, nossos adolescentes e nossos jovens,para ficarem longe deste mal, pois, os mesmos serão o futuro do nosso País.

Referências Bibliográficas:

LONGENECKER, Gercina. Como agem as drogas: O abuso das drogas e o corpo humano. 5 ed. São Paulo: Quark. 1998.