A PSICOPEDAGOGIA FRENTE AO FRACASSO ESCOLAR

 

MARIA MÁRCIA XAVIER DE QUADROS

ELEITE XAVIER DE QUADROS

EDINEIA ELAINE CARDOSO SANTANA

RESUMO

A educação é um valor básico e necessário para a justiça social e que infelizmente, no Brasil há uma grande defasagem educacional por falta de profissionais qualificados, que muitas vezes não tem a assessoria necessária para desenvolver um trabalho crítico, voltado para a necessidade do aluno, ou seja, um trabalho integrado, construtivo e principalmente motivador. Sabendo-se que é neste cenário que se situa o papel do psicopedagogo e que a psicopedagogia é uma área de conhecimento e atuação dirigida para o processo de aprendizagem e que o seu objeto de estudo é o ser cognoscente, a questão central deste trabalho são as ações de aprender e ensinar, pois que a criança ao nascer traz consigo o potencial de aprender que se desenvolverá de acordo com os estímulos oferecidos pelo ambiente. Partindo desse princípio surge a questão: Quais seriam as causas do fracasso escolar nas séries iniciais?São objetivos desta pesquisa: realizar um estudo prático e teórico sobre os implicadores que levam ao fracasso nas séries iniciais, observar os trabalhos nas séries iniciais, tentando traçar um paralelo entre a prática e os objetivos não atingidos, pontuar possíveis conseqüências emocionais e psicológicas resultantes do fracasso escolar. O tema aqui sugerido é de fundamental relevância, pois para um psicopedagogo é importante perceber os problemas de aprendizagem, atentando para questões relativas ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, pois com a investigação é possível não apenas sanar problemas já existentes, mas também preveni-los.

Palavra-chave: Fracasso escolar; Psicopedagogia; Aprendizagem.

 

INTRODUÇÃO

A educação é um valor básico e necessário para a justiça social e que infelizmente, no Brasil há uma grande defasagem educacional por falta de profissionais qualificados, que muitas vezes não tem a assessoria necessária para desenvolver um trabalho crítico, voltado para a necessidade do aluno, ou seja, um trabalho integrado, construtivo e principalmente motivador.

Sabendo-se que é neste cenário que se situa o papel do psicopedagogo e que a psicopedagogia é uma área de conhecimento e atuação dirigida para o processo de aprendizagem e que o seu objeto de estudo é o ser cognoscente, a questão central deste trabalho são as ações de aprender e ensinar, pois que a criança ao nascer traz consigo o potencial de aprender que se desenvolverá de acordo com os estímulos oferecidos pelo ambiente. Partindo desse princípio surge a questão: Quais seriam as causas do fracasso escolar nas séries iniciais?

São, portanto, objetivos desta pesquisa:realizar um estudo prático e teórico sobre os implicadores que levam ao fracasso nas séries iniciais, observar os trabalhos nas séries iniciais, tentando traçar um paralelo entre a prática e os objetivos não atingidos, pontuar possíveis conseqüências emocionais e psicológicas resultantes do fracasso escolar.

O tema aqui sugerido é de fundamental relevância, pois para um psicopedagogo é importante perceber os problemas de aprendizagem, atentando para questões relativas ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, pois com a investigação é possível não apenas sanar problemas já existentes, mas também preveni-los.

Primeiramente nesse estudo serão relatadas as causas do fracasso escolar em que a seqüência dos estudos nas salas de repetentes é enfatizada pelo trabalho diferenciado e individualizado e ao final, um breve relato sobre a estima pessoal do aluno que fracassa e as conseqüências desse fracasso em sua vida pessoal e profissional.

Posteriormente apresentaremos a importância de uma postura reflexiva diante da prática docente abordando o papel da psicopedagogia não só como solução para problemas já existentes, mas com a vertente da intervenção preventiva do fracasso escolar, analisando a avaliação da aprendizagem dos alunos de forma contínua e progressiva.

1. AS CAUSAS DO FRACASSO ESCOLAR

É bastante cômodo acreditar que há crianças dotadas e outras não e que não há nada a fazer. Toda criança é capaz de aprender, precisando apenas de estimulação e acompanhamento adequado. O professor deve acreditar apostar no aluno, e para isso é necessário conhecê-lo bem. Cada um aprende de um jeito. Cada pessoa tem uma história particular, única, formada por sua estrutura biológica, psicológica, social e cultural. É assim na vida, é assim na escola.

É tudo uma questão de saber respeitar as diferenças, valorizando assim, o aluno que muitas vezes se sente diferente e que tem a auto-estima fragilizada devido à reprovação. Adotar uma postura positiva e incentivar o desenvolvimento das habilidades dos alunos é passos importantes para que eles comecem a se conhecer e perceber o que tem de bom e do que são capazes.

O que o aluno precisa não é começar tudo de novo, mas ser ajudado em sua dificuldade específica. O que geralmente não acontece na maioria das vezes, quando uma criança fracassa na aprendizagem. A escola lhe oferece uma segunda oportunidade: recomeçar o processo de aprendizagem, ou seja, passar pelas mesmas experiências tudo novamente. A meu ver é convidar o aluno para repetir seu “fracasso”.

Para enfrentar as dificuldades de aprendizagem de uma criança, muitas vezes é preciso sair dos caminhos conhecidos, distanciarem-se do programa e da didática, para reconstruir suas noções básicas, cobrar confiança, reconciliá-la com a escola. Às vezes diferenciar é assumir riscos, afastar-se das normas, trabalhar prioritariamente com os alunos que tem dificuldades. Nem sempre eles são cooperativos, simpáticos, educados, limpos, no entanto, o essencial é saber conviver e entender essas diferenças culturais tão comuns nas salas de aula.

Precisamos encontrar um sistema de trabalho individualizado, que permita a esses alunos longos momentos de atividades autônomas e úteis, focalizando suas dificuldades específicas. Isso pressupõe um plano de trabalho, um material diversificado, um ambiente agradável. Criar uma classe efetivamente especial, e não uma classe para alunos atrasados. Essa classe deve receber recursos adicionais em tempo oportuno; o professor tem que ser apoiado com treinamentos e supervisão durante todo o ano; o aluno deve receber materiais próprios com avaliação contínua durante o ano e avaliação externa, ao final.

O problema da repetência é político. Sua solução, portanto, requer que se altere a política educacional e que a política da repetência deixe de ser aceitável. Essa nova política pode ser expressa em duas frases: a escola só é boa quando o aluno aprende. O professor só é bem-sucedido quando o aluno dá certo e é feliz. (OLIVEIRA, 2004, p. 13)

Cabe a escola, na sua autonomia pedagógica, desenvolver os meios para fazer o aluno dar certo. Isso se alcança por meio de tarefas motivadoras e simples, que tenha significado para o aluno e que ele seja capaz de aprender. A elevação da auto-estima se dá através de atos concretos, de trabalhos que o aluno faz e percebe, por si só, que dá conta de fazer.

O professor deveria ser condicionado a ser criativo quando dos estudos na sala de repetentes. Isso significa fazer coisas diferentes, sobretudo fora da sala de aula. A criatividade é essencial para o êxito na aprendizagem dos alunos. Materiais especiais para o aluno, caixa de materiais para classe, atividades interessantes que chamam a atenção de todos..

Aquilo que pensávamos ser uma “bomba” está sendo excelente, principalmente pelo interesse e comprometimento do professor e dos alunos. E isso nos faz ver que é possível acelerar em educação, basta acreditarmos em nós, e principalmente, investir em nossos alunos. (OLIVEIRA, 2004, p. 121)

Precisamos transformar a escola em um lugar onde toda criança tenha sucesso e proporcionar, sobretudo às mais carentes, uma esperança de vida.

1.2 – A estima pessoal dos alunos que fracassam

A destruição do auto-conceito do aluno é a mais grave conseqüência da repetência. Não é preciso nenhum resultado de pesquisa para avaliar o nível de auto-estima de um aluno que é visto, percebido e tratado diariamente pelos professores, escolas, familiares com os seguintes adjetivos: “lerdos”, “burros”, “retardados”, “ruins de cabeça”, “fracos de idéia”. Qualquer que seja a definição que se selecione, o certo é que a manutenção de altas taxas de fracasso escolar provoca graves conseqüências nos alunos e na sociedade.

Os jovens que abandonam prematuramente o sistema educativo ou que não alcançam a qualificação mínima necessária têm pouca confiança em suas possibilidades e uma baixa motivação para se incorporar a programa de formação. A probabilidade de encontrar trabalho manter-se estável no mesmo é menor que nos casos de maior nível educativo. Há dificuldade de se adaptar as crescentes exigências profissionais, por isso se incrementa o risco de marginalização econômica e social.

O problema do fracasso escolar não é somente um problema educacional. É também um problema com enormes repercussões individuais e sociais.

Socialmente a repetência reforça o círculo vicioso das baixas expectativas, do baixo rendimento, da baixa auto-estima e do fracasso escolar. Os pais interpretam as baixas qualificações de seus filhos como um sinal de sua incapacidade de aprender. Dessa forma a repetência reforça as piores expectativas dos pais em relação aos filhos, seu futuro e sua própria condição familiar. (Marchesi, 2004, p. 39)

Na medida em que o fracasso escolar cria indivíduos fracassados, está se distribuindo uma credencial negativa que pesará em sua vida. Uma pessoa com o rótulo de fracassado escolar está a caminho de ser uma pessoa biograficamente fracassada e, é muito provável que seja uma pessoa desmoralizada, alguém a quem tirou todo o seu lado positivo para destacar sua pior imagem. Enfim, fere-se o indivíduo e cria-se um problema para a sociedade.

A distribuição da auto-estima leva a comportamentos indesejáveis e, freqüentemente, propaga-se para outros aspectos da vida do indivíduo. A repetência não cria apenas um aluno fracassado, pois reflete em todas as dimensões da cidadania como eleitor, consumidor, contribuinte e ser produtivo.

Essa destruição cria um círculo vicioso de expectativas negativas: o aluno se achando burro e o professor que vê o aluno como incapaz, acaba tratando-o dessa maneira ou simplesmente relegando-o ao fundo da sala. Resultado: o aluno passa a acreditar que a escola não foi feita para ele, que ele não tem condições de dar certo.

Não há pior fracasso escolar que produzir alunos com tão baixa auto-estima. Faltam treinamento e qualificação de professores, principalmente nos primeiros anos da educação fundamental. Não adianta grandes campanhas, planos, discursos contra o fracasso escolar se na convivência diária, não mudamos nossa prática. Se só de olhar o professor já deduz que, este ou aquele não vai aprender.

A forma como o aluno é visto e tratado por quem deve ensiná-lo pode virar uma bola de neve que influenciará por toda a vida. Ao acreditar que o aluno é incapaz, o professor provoca nele uma adaptação às baixas expectativas. Feito isso o aluno não aprende, desanima e perde todo o interesse pelos estudos; a sua auto-estima vai à zero, pois na escola a pessoa em quem ele deposita confiança, não acredita nele.

Para que todos tenham a mesma oportunidade de se desenvolver na escola, é essencial refletir sobre a sua postura diante da turma. Depois, convencer-se de que todos são capazes de avançar. Quando mudamos nosso olhar sobre o educando, tudo muda; muda o conteúdo muda a didática.

Assim nós não só combateremos o fracasso escolar, mas evitaremos que futuros talentos sejam destruídos. “Reconheço, meus alunos têm direito à cultura, ao conhecimento, à sua memória e identidade, mas minha primeira obrigação é lhes dar competências básicas para o emprego e a sobrevivência. (ARROYO, 2004, p. 68)

2. O PAPEL DA PSICOPEDAGOGIA

Para entender a significação do problema de aprendizagem, faz-se necessário descobrir a funcionalidade do sintoma dentro da estrutura familiar e realizar uma aproximação da história do sujeito e da análise dos níveis que operam. Para buscar a missão dessa problemática, deve-se apelar a um tratamento psicopedagógico clínico que se oriente para a libertação da inteligência  e mobilize a circulação patológica do conhecimento.

A intervenção psicopedagógica veio introduzir uma contribuição mais rica no enfoque pedagógico. O processo de aprendizagem da criança é compreendido como um processo abrangente, implicando componentes de vários eixos de estruturação: afetivo, motor, social, econômico, político, etc.

A causa do processo de aprendizagem e as dificuldades de aprendizagem deixam de ser localizadas somente no aluno e no professor, passando a serem vistas como um processo maior com inúmeras variáveis que precisam ser apreendidas com bastante cuidado pelo professor e psicopedagogo.

Portanto, a intervenção psicopedagógica procura ver a maneira como as pessoas aprendem e se desenvolvem com as dificuldades e os problemas que encontram quando levam a cabo novas aprendizagens, tentando ajudá-las a superar essas dificuldades com atividades pensadas, planejadas e executadas para que elas aprendam mais e melhor.

2.1 – A Psicopedagogia frente ao fracasso escolar

A psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo da aprendizagem humana para assim, estar resolvendo as dificuldades da mesma, ou mesmo previndo-as, visando o interesse e o prazer, do aluno e do professor, pelo processo de ensinar e aprender o sucesso escolar para todos.

São em diversos e diferentes fatores que se baseia a psicopedagogia para tentar explicar eventuais entraves no processo de aprendizagem, passando a assumir um papel mais abrangente, cujo principal objetivo é a investigação para identificar as possíveis defasagens no processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, as necessidades individuais de aprendizagem não podem ser definidas por apenas um fator, estando ele próprio – aprendiz – no meio familiar ou no ambiente escolar.

Mesmo que a escola passe a se preocupar com os problemas de aprendizagem, nunca conseguirá amenizá-las na sua totalidade. Algumas crianças com problemas escolares apresentam um padrão de comportamento mais comprometido e necessitam de um atendimento psicopedagógico mais especializado.

Assim, à escola cabe o papel de ensinar, garantir a aprendizagem de certas habilidades e conteúdos que são necessários para a vida em sociedade, oferecendo instrumentos de compreensão da realidade local e, também, favorecendo a participação dos educandos em relações sociais diversificadas e cada vez mais amplas.

A vida escolar possibilita exercer diferentes papéis em grupos variados, facilitando ma integração maior. Para cumprir sua função social, a escola precisa considerar as práticas de nossa sociedade, sejam elas de natureza econômica, política, social, cultural, ética ou moral.

As escolas existem para agir no mundo, na sociedade e na história. Agir, planejadamente, intencionalmente e, por isto, com direção. A escola constitui-se em uma organização sistêmica aberta, num conjunto de elementos que interagem e se influenciam mutuamente o meio em que insere.

O papel da psicopedagogia é também acompanhar e criar os aspectos objetivos e os subjetivos. É o momento da criatividade, da possibilidade da expressão de sentimentos, de se estar atento às trocas que efetuam um com os outros. Ainda que o educador e o psicopedagogo dirijam sua atenção para as chamadas funções ecóicas, mas ao considerar o sujeito da aprendizagem, tem que se levar em conta a existência do inconsciente.

Nos dias atuais muito se tem falado sobre as dificuldades de aprendizagem que as crianças enfrentam na escola, os motivos que levam as mesmas a fracassarem e o papel fundamental da família. Mas e a escola? O que ela pode fazer para ajudar o aluno?  E o professor, a coordenação pedagógica e outros membros da equipe da escola?

A escola deve ser um lugar onde as crianças sintam vontade de ir, que peçam aos pais para levá-las e, acima de tudo, um lugar que possibilite o conhecimento e a aprendizagem.

2.2 A Psicopedagogia Preventiva

A psicopedagogia preventiva é responsável pelo desenvolvimento cognitivo enquanto normatizador do comportamento. O modo de prática preventiva deve desenvolver-se seguindo alguns critérios: recorrer de maneira clara e objetiva como a aprendizagem se processe e basear-se na importância da verificação das inferências afetivas. Em contrapartida, fazer também um trabalho paralelo com a família e a comunidade traçando objetivos e metas para um novo modelo educacional.

Normalmente se as dificuldades são detectadas precocemente evita-se que elas se intensifiquem ou que se alastrem para outras áreas.

No ambiente escolar as dificuldades de comunicação entre a relação professor-aluno resultam de problemas de inter-relação e, podem ser minoradas, inclusive, com procedimentos metodológicos e didáticos, sendo necessário, contudo, a sua diferenciação dos procedimentos e meios utilizados para a transmissão de conhecimento, pois, sem essa distinção, não podemos intervir no sintoma.

O professor deve observar o tratamento de certos problemas relacionais atuando na orientação do aluno com mau comportamento ou desmotivado, para uma integração das diferenças individuais, através da percepção do modo de viver de cada um e de focar o problema onde ele se encontra.

A intervenção psicopedagógica tem início no diagnóstico de um olhar alimentado pelo campo do conhecimento onde é possível identificar as dificuldades, os obstáculos, as relações e possibilidades dos sujeitos envolvidos na instituição.

A psicopedagogia escolar tem de distinguir e identificar qual o diagnóstico da escola, definindo assim os papéis da dinâmica relacional e funcional no ato de aprender e qual o instrumento necessário ao professor, coordenador pedagógico e ao diretor.

Percebe-se que a psicopedagogia como prática e intervenção, nasce de um modelo clínico e se direciona a um modelo preventivo, onde a inclusão social está disposta em todo o seu proceder.

O fazer psicopedagógico como meio socializador de conhecimentos disponíveis implica um procedimento de desenvolvimento tanto cognitivo quanto afetivo e essencialmente social. Portanto, como educadores somos responsáveis socialmente para a elaboração de ditos espaços estruturais.

Todavia, a psicopedagogia preventiva é reflexiva, procurando desenvolver projetos pedagógicos e educacionais. Os professores, os especialistas em educação e os pedagogos são alvos de seu trabalho promovendo a integração afetivo-cognitiva, vínculo professor-aluno.

Sendo assim, a psicopedagogia preventiva trata, antes de trabalhar baseada em variáveis, que a prática já anuncia como fatores de importância na produção do fracasso escolar.

Deve-se ter muito clara que o psicopedagogo orienta seu trabalho para uma intervenção e não para uma interferência, entendendo por intervenção a possibilidade de incluir um novo olhar, vislumbrar novos caminhos.

A intervenção psicopedagógica na perspectiva preventiva não está voltada para o aluno que apresenta um fracasso escolar, ela está voltada para a escuta dos professores, suas angústias, possibilidades e dificuldades, sua responsabilidade de ensinar, visando com isso abrir um espaço de autoria de pensamento nos professores.

Para que isso aconteça é necessário que os professores sejam estimulados a escutar a si próprios, reconheçam-se com importantes e se tornem implicados nesse processo de aprendizagem. Precisam reconhecer o quanto pode ajudar, a partir do momento que olha de maneira diferente para o aluno que apresenta uma reação à situação escolar.

Nesse seara, a psicopedagogia institucional é uma forma de intervenção preventiva, pois participa da elaboração dos conteúdos e da forma como eles são apresentados, tornando-se mais significativos e voltados para a realidade educacional do grupo em questão.

A participação psicopedagógica na complementação da formação e professores consiste em que eles tenham um espaço para discutir as questões de aprendizagem de forma mais ampla e possam assim incrementar sua prática em sala e aula, tais como, a realização de palestras dirigidas a pais discutindo temas do cotidiano da vida escolar e também assuntos polêmicos.

Dentro da prática clínica a realização de avaliações psicodiagnósticas é preventiva na medida em que orientam pais e escolas a lidar com a dificuldade percebida antes que ela esteja instalada. Para tanto seria importante atender ao encaminhamento da escola e estar atento aquilo que cause estranheza aos pais no que diz respeito ao que se passa com seu filho. O processo de orientação vocacional é outro item desta forma, pois previnem desistências, abandono de curso, frustrações e instrumentaliza o jovem a fazer escolhas mais consistentes.

CONCLUSÃO

Adotar uma postura positiva, incentivar o desenvolvimento das habilidades dos alunos são passos importantes para que eles comecem a se conhecer e a perceber do que são capazes.

Nesse contexto é que se insere o papel da psicopedagogia, juntamente com sua intervenção para compreender o processo de desenvolvimento do ensino-aprendizagem e resolver o mesmo, visando o interesse do aluno e do professor pelo processo de ensinar e aprender, porque a psicopedagogia preventiva é responsável pelo desenvolvimento cognitivo, tendo como eixo central a família e a comunidade traçando objetivos e meta para um novo modelo educacional.

A instituição escolar é um espaço de construção do conhecimento para todos que ali estão ficando claro que nela a investigação e a ação psicopedagógica terão como foco a prevenção das dificuldades de aprendizagem, razão por que se discutiu como e porque estudar para conhecer, para intervir no processo de escolarização e, mesmo, para refletir sobre essa intervenção

Hoje, inúmeras experiências apontam neste sentido: que toda criança é capaz de aprender, precisando apenas de estimulação e acompanhamento adequado. É tudo uma questão de saber lidar com as diferenças, valorizar as particularidades individuais e, por fim, resgatar a auto-estima dos alunos.

Transformar a escola em um lugar onde toda criança tenha sucesso é, antes de tudo, proporcionar, sobretudo às mais carentes, uma esperança de vida. Nesse sentido, é que se convoca o psicopedagogo a uma reflexão sobre o seu fazer, fazendo um reconhecimento da autoria de sua história, do seu pensamento, pois é importante para um psicopedagogo perceber os problemas de aprendizagem, atentando para questões relativas ao desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, pois com a investigação é possível não apenas sanar problemas já existentes, mas também preveni-los. Ademais, o papel da psicopedagogia preventiva, consiste, não só em combater o fracasso escolar, mas, sobretudo, evitar que nossos talentos serão destruídos.

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