A Psicopatologia no trabalho é um tema que vem crescendo muito no ambiente organizacional, mas que ainda é pouco discutido perto da emergência em que se encontra. Há tempos que as patologias derivadas do excesso de trabalho aparecem num nível somente somático. Com a soma de diversos componentes presentes no ambiente de trabalho tornou uma doença que antes, em sua grande maioria, eram derivados de acidentes no trabalho aparece em seu aspecto psicológico, emocional.

A grande competitividade e o modelo capitalista veem transformando o trabalhador numa máquina de produção, fazendo com que o mesmo viva em função do trabalho a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida e de status. As promoções, aumentos, agrados e uma série de outros benefícios incentivam o trabalhador a produzir cada vez mais, se esquecendo de uma vida saudável, visando sempre uma felicidade e um consumismo material que mesmo alcançado, muita das vezes não é desfrutado.

Em sua grande maioria o ambiente de trabalho e as formas de se relacionar tanto com colegas do mesmo setor, o chefe ou até mesmo com funcionários no geral determinam a espécie de trabalhador que está sendo constituído numa organização.

Segundo Dejours, o que antes, no século XIX, era a luta pela sobrevivência, hoje dá lugar a luta pela saúde do corpo. A todo o momento o trabalhador abre mão de sua subjetividade em favor da organização, guardando pra si o seu Eu e fundindo um novo empregado, o que tem boas ideias para a empresa, ainda que estas vão contra si mesmo. Estamos falando aqui o que Dejours denomina como Sofrimento Patogênico, que faz com que o indivíduo produza soluções desfavoráveis a sua saúde.

A noção de sofrimento define um estado de luta do sujeito contra o que o direciona a doença mental. Podemos citar aqui a questão do prazer no trabalho, ou seja, quanto mais prazeroso o ambiente e a função do trabalhador, melhor é o rendimento do mesmo – tendo em vista uma perspectiva lógica. Podemos então discutir a seguinte questão: O desprazer e o desconforto podem gerar um trabalhador doente? Existem fortes razões para acreditar nisso. O Stress depressão e tantas outras doenças psicológicas e emocionais são doenças que advém, crescem e se desenvolvem por meio de relações interpessoais e de relações com o próprio ambiente, neste caso um ambiente organizacional.

“A consulta médica termina por disfarçar o sofrimento mental: é o processo de medicalização, que se distingue bastante do processo de psquiatrização, na medida em que se procura não somente o deslocamento do conflito homem-trabalho para um terreno mais neutro, mas a medicalização visa, além disso, a desqualificação do sofrimento, no que este pode ter de mental.” (DEJOURS,1992, p.121)”. Entendemos assim que de nada adianta uma medicalização sem uma transformação no ambiente e na jornada de trabalho. Não desmerecendo o atendimento do especialista ao doente, mas é extremamente necessário identificar os problemas do trabalhador a fim de evitar o adoecimento do mesmo.

O sofrimento patogênico diminui e imobiliza as defesas psíquicas, o indivíduo se sujeita as regras da empresa e com isso, por muitas vezes se sente incapaz e desmotivado a realizar suas tarefas (obrigações). Um trabalhador doente é totalmente prejudicial (economicamente) para a empresa e mais ainda pra si, quando se trata da sua saúde.

Podemos concluir que a “Patologia Trabalhista” é mais séria do que podemos imaginar, a questão que deve ser discutida é a possibilidade de uma melhora nas condições de trabalho numa organização e o empenho do próprio trabalhador em reivindicar uma melhora na qualidade trabalhista. Por parte da empresa podemos propor que a mesma identifique, selecione e desenvolva o candidato correto pra cada vaga designada pela empresa a fim de contratar um profissional que tenha prazer e gere ideias inovadoras para a organização, proporcionando um ambiente agradável de trabalho e incentivando uma competitividade saudável entre os empregados, permitindo que o mesmo apresente suas ideias para não mais interioriza-las, mas que estas sejam fundidas com a proposta da empresa, fazendo com que haja certa transversalidade na organização. Com certeza, essa pode ser uma maneira de aumentar o prazer no trabalho e pelo o trabalho, fazendo com que o trabalhador aumente o seu rendimento beneficiando a empresa (vestindo a camisa) e garantindo seu bem-estar.

Referências Bibliográficas.

http://www.portalsocial.ufsc.br/publicacao/sofrimento_humano.pdf

 http://www.scielo.br/pdf/psoc/v21n2/v21n2a06.pdf

 http://portalteses.icict.fiocruz.br/transf.php?script=thes_chap&id=00005104&lng=pt&nrm=iso

http://cac-php.unioeste.br/projetos/gpps/midia/seminario1/trabalhos/Saude/eixo2/68karinamilanesi.pdf
 

Revista Científica Eletrônica de Psicologia – ISSN: 1806-0625

Ano IV – Número 7 – Novembro de 2006 – Periódicos Semestral

SOFRIMENTO NO TRABALHO NA VISÃO DE DEJOURS.