• Introdução

A pesquisa foi desenvolvida no ambiente escolar, através de entrevista com dois gestores, de diferentes escolas, e com resultados totalmente diferentes no IDEB apesar de estarem situadas no mesmo município, diferenciando apenas na forma que desenvolvem seu trabalho e nos programas educacionais que as escolas aderiram.

De acordo com estudos desenvolvidos por pesquisadores educacionais, a avaliação é um dos componentes de suma importância para a evolução da prática educacional, a partir dela podemos medir a real aprendizagem dos alunos, e assim desenvolver novos meios de apresentar os conteúdos. Mas nem sempre assim ele é vista.

Diante do exposto entrevistamos dois gestores, bem como observamos o cotidiano desta escola por alguns dias e levantamos alguns dados que seguem a seguir no desenvolvimento deste.

A partir de dados levantados através de entrevistas a dois gestores de escolas municipais participantes da Prova Brasil, que é realizada a cada dois anos, nos anos finais do ensino fundamental, percebe-se a intensidade de problemas que este exame causa nas instituições de ensino. Principalmente naquelas em que não se tem noção do real objetivo da prova, que serve para melhorias do ensino brasileiro como previsto em lei:

[...] VI- assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com o sistema de ensino objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade de ensino (BRASIL, 1996)

Diante disto as escolas tentam a todo custo obter resultados satisfatórios, muitas vezes gerando um clima estressante de ensino-aprendizagem e resultando negativamente em suas avaliações. O primeiro gestor a ser entrevistado alcançou a meta instituída pela Secretaria de Educação Municipal que era de 3.5, fazendo formações direcionadas às provas, mensalmente com os professores, repassando os conteúdos das provas anteriores durante todo o período preparatório para a mesma. Já o segundo gestor não conseguiu atingir a meta esperada que era também de 3.5, alcançando apenas 2.5, ambos são do mesmo município, porém de programas educacionais diferentes, o mesmo justificou que em sua escola há condições inadequadas para o trabalho, as salas estão superlotadas não havendo assim um bom rendimento, até porque os professores estão desestimulados e os alunos fatigados pela rotina cansativa.

Porém uma situação comum destas duas escolas, apesar de a primeira ter atingido uma meta considerada por eles satisfatória, não há um Projeto Político Pedagógico construído pela comunidade escolar, estes são ilusórios e engavetados, não existindo objetivos que enobreçam o conhecimento nestas instituições. Nem tão pouco havia uma forma de currículo para se trabalhar, na primeira escola trabalhavam-se os conteúdos das provas anteriores, e na segunda os professores desenvolviam seus próprios planos de aula sem direcionamento algum.

Como sugestões de mudanças para melhoria das metas deste ano o segundo gestor recomendou a divisão de salas, e a contratação de novos professores, e maior participação dos pais e dos alunos no cotidiano escolar. Para articulação destes resultados não houve nenhuma ação por partes de nenhum dos entrevistados apenas viram e colocaram os cadernos de resultados novamente engavetados, e alguns professores interessados tiveram acesso, porém os mesmo não compreenderam muito bem os gráficos, e não houve qualquer estimulo para que a comunidade soubesse dos fins desta avaliação e nem para que se envolvesse na própria futuramente.

Diante disso vemos que o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) não é bem trabalhado neste município, e os gestores não sabem bem como utilizá-lo de forma positiva e significativa dentro da escola e no dia a dia da sala de aula. Não há interação da comunidade como um todo, nem articulação dos resultados da prova para melhoria do ensino-aprendizagem. As avaliações são um reflexo do que acontece no cotidiano escolar que pelo jeito continua se arrastando em sua burocracia e esquecendo o principal, que é dar condições dignas de formação para estes estudantes que estão sendo negligenciados por um sistema que continua ainda com o passar dos séculos “metendo os pés pelas mãos” sem saber qual o papel fundamental da educação na vida de todos nós, tornando a escola uma máquina pública de lucratividade financeira.

  • Considerações Finais

 No Brasil de hoje enfrentamos divergências de estudiosos, para definir um currículo, a função da escola, o papel do professor, a valorização dos mesmos, ambientes adequados para a aprendizagem dos alunos, são fatores que interferem nos resultados obtidos pelos exames desenvolvidos pelos sistemas educacionais brasileiros.

Há algumas décadas estudos da Educação vem tentando modificar essa realidade, porém poucos são os avanços no meio, afinal é complicada a evolução num ambiente em que nem mesmo o gestor sabe o que está fazendo, ou para que sirvam simples paradigmas instituídos nas escolas. O IDEB vem para avaliar e mostrar como está a qualidade do ensino no Brasil, no entanto no cotidiano quando ocorre esta avaliação as escolas preparam seus alunos para a prova, como se programassem robôs sem preocupação em fazer valer o ensino aprendizagem adequada e com uma educação de qualidade realmente para todos.

Obter resultados satisfatórios não garante que a escola vá bem, porém a formação continuada não só de professores como também de toda a equipe pedagógica e administrativa, ou seja, todos que façam parte da comunidade escolar colaborando, alunos motivados, bem como educadores, uma escola com objetivos definidos, regras e metas a serem seguidas, e que até nem chegue a um patamar estipulado pelo governo, mas que crie um ambiente escolar de aprendizado contínuo, de solidariedade e valores humanos, já faz valer seu papel de escola na vida de todos.

  • Referenciais Bibliográficos

BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília : 1996.