O salário de um médico, de um advogado, de um engenheiro, comparado a de um professor, é muito diferente. A regra é que os educadores recebam bem menos; afinal de contas, estes profissionais que cuidam da educação podem trabalhar três turnos, cumprir jornadas de 60 ou, até mesmo, 70 ou 80 (aulas por semana), aos sábados e domingos podem dar mais algumas "aulas extras". Se tiverem problemas de saúde serão substituídos!São descartáveis.

Hoje, é comum formar professores por correspondência eletrônica, já que manter uma faculdade à distância é bem mais lucrativo do que manter uma instituição com bibliotecas, pesquisadores, professores para formar educadores. Assim, se desestimulam os que querem ser mestres e doutores em educação! Sucateamento em todos os níveis. Investir em educação é um viés para o lucro fácil na base do investimento mínimo.

Os profissionais da educação, de cabeça baixa, partem do pressuposto de que ser um desempregado ou profissional de nível superior mal pago, é bem melhor do que ficar com a primeira opção. Por que isto acontece? Qualquer pessoa pode trabalhar como professor, mesmo que não tenha se quer passado perto de algum curso de formação específica, "ser professor é vocação", isto é, não exige formação, preparação, aprimoramento e desenvolvimento da melhor técnica, da melhor arte. Será que isto é verdade? Alguém pergunta se a pessoa que dá aula é um professor diplomado?

Um piso nacional para os professores foi aprovado este ano, peço ao leitor que o compare com o que preconiza um CREA( Conselho de Engenheiros e Arquitetos), CRM (Conselho Médico), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), dentre outros. Não basta conquistar um diploma em uma universidade renomada. Estes devem provar aptidão para o exercício profissional. Fato que não ocorre com os professores!Qualquer faculdade pode expedir um diploma! Quem faz o controle de qualidade dos profissionais da Educação? Ninguém, porque não é função dos sindicatos e nem mesmo do governo!Será que estes profissionais(médicos, engenheiros, advogados) aceitariam o piso salarial dos professores, recentemente aprovado, por uma jornada de trabalho de 40 horas semanais? Isto não seria considerado um desprestígio à profissão? Quando é do interesse destes profissionais evocam o conselho ou a ordem.. e nós,professores? Como podemos discutir uma questão que a todos, indistintamente, nos toca?Qual é a solução viável?

Os sindicatos, as entidades de defesa dos interesses da categoria profissional e os próprios profissionais é que devem se unir e constituir um Conselho Profissional para que possamos administrar, regulamentar e cuidar muito bem da profissão de professor. Somente quando isto ocorrer, na minha visão, é que teremos o reconhecimento de fato e de direito! A profissão de professor deverá existir e ser regulamentada pelos próprios profissionais. Vamos, independentemente das filiações ideológicas, fundar um estatuto ético. Criar uma grande coorporação capaz de resgatar a dignidade da profissão e dos educadores. Professor, de fato e de direito, somente diplomado e certificado pelos próprios profissionais.
Orlando Hanusch