A PRODUÇÃO DE SENTIDO NO COTIDIANO A RESPEITO DA SEXUALIDADE

 

 

Keven Wiliam Silva Rodrigues[1]

Laís Silva Novais¹

Rayanne Junqueira de Menezes¹

Sabrina Pereira Gomes¹

Staell Inácio de Moraes Mello¹

Fernanda Cubas de Paula[2]

RESUMO

Trabalhar com produção de sentido é extremamente importante para interpretar e entender as singularidades dos seres humanos a respeito de um determinado assunto, produzir sentido é dar significado às coisas e entender o significado que os sujeitos dão à sexualidade enriquece o âmbito do estudo da psicologia, tendo em vista que cada ser é portador de uma subjetividade ímpar, assim percebendo qual a influência de tal quesito no cotidiano. A sexualidade é um tema que está em constante movimento e que tem causado grandes conflitos sociais, os quais poderiam ser resolvidos com uma explicação científica, pesquisar sobre isso, então, pode trazer respostas á algumas perguntas que a própria ciência atual ainda não conseguiu responder. Objetivar a descrição desse sentido para adultos jovens é fundamental para tal interpretação, realizar essa pesquisa através de oficinas deve-se ao fato de que é importante que os sentidos sejam produzidos de forma livre, sem que o sujeito da pesquisa seja submetido a nenhuma pressão e possa pensar e relatar da maneira que quiser. Os resultados como era o esperado foram satisfatórios e nos deram um parecer da significação que os indivíduos participantes dão à sexualidade. Pode-se perceber então, que a sexualidade é realmente fator presente no cotidiano dos participantes, e que, falar sobre isso é fundamental para o entendimento das representações sociais que relacionam-se a tal fato.

PALAVRAS-CHAVE: Produção de sentido. Sexualidade. Subjetividade.

 

ABSTRACT

Working with the production of meaning is extremely important to interpret and understand the uniqueness of human beings about a particular subject , to produce meaning is to give meaning to things and understand the meaning individuals give to sexuality enriches the scope of the study of psychology, and in order that every being is the bearer of a unique subjectivity, thus realizing the influence of such Question in everyday life. Sexuality is a topic that is constantly moving, and that has caused major social conflicts, which could be solved with a scientific explanation, research on this, so you can bring some responses to questions that science today has yet to respond. Targeting the description of this sense for young adults is critical to such an interpretation, conduct this research through workshops due to the fact that it is important that the senses are produced freely, without the research subject is subjected to any pressure and can think and report the way you want . The results were as expected were satisfactory and gave us an opinion of the meaning that individuals give participants sexuality. It can be seen then, that sexuality is really a factor present in the participants' everyday, and that talking about it is fundamental to understanding the social representations that relate to this fact.

KEY WORDS: Production of sense. Sexuality. Subjectivity.

                                                     


  1. 1.      INTRODUÇÃO

 

Esse trabalho busca mostrar a produção de sentido no cotidiano a respeito da sexualidade, que é o tema deste estudo, Muito se fala sobre sexualidade na atualidade, principalmente em qual é seu significado para as pessoas, a todo o momento são levantados e derrubados muitos tabus sobre tal assunto, então é de suma importância descobrir qual o significado da palavra sexualidade no contexto do cotidiano do adulto jovem, que é o problema apresentado em nossa pesquisa.

Temos como justificativa social que o adulto jovem vê a sexualidade ativa como uma condição primária para um bem-estar físico e mental, dando assim, extrema importância ao sexo, ainda podemos justificar essa pesquisa academicamente partindo do pressuposto de que a sexualidade é um assunto que encontra-se nos altos dos assuntos da Psicologia atual, então, pesquisar sobre pode responder questões que estão sendo levantadas atualmente e por último e não menos importante podemos expor a justificativa pessoal que é de que tendo em vista as grandes polêmicas envolvendo a sexualidade, percebemos a necessidade de buscar respostas em relação a esse assunto, tanto para a sociedade quanto para nós mesmos.

Esse estudo tem como objetivo geral descrever o sentido dado por um adulto jovem à palavra sexualidade. Como objetivos específicos temos como intenção investigar a produção de sentido no cotidiano em relação à sexualidade na realidade do adulto jovem heterossexual e descrever a visão familiar, segundo os participantes,  em relação a sexualidade e identificar de que maneira a visão familiar influencia na construção de sua identidade sexual.

Tomamos como hipótese a fundamentação de que o adulto jovem vê a sexualidade ativa como uma condição primária para um bem-estar físico e mental, ou seja, para tal, ter relações sexuais é fundamentalmente importante para ter uma vida, enquanto jovem, sadia e assim podendo ter a impressão de completude proporcionada pelo sexo, tomando como base que a sexualidade é fator essencial para a promoção da felicidade, um bem-estar que faz com que o jovem adulto acredite em sua virilidade, em sua vivência como tendo um significado sumariamente importante, sentindo-se vivo todos os dias, pode-se pensar que essa é uma das fundamentações inerentes da grande importância que ele dá ao sexo.

  1. 2.      REFERENCIAL TEÓRICO

 

O sentido pode ser definido como uma construção social, algo que ocorre de forma coletiva, ou melhor, interativa, através da qual as pessoas, em sua dinâmica de relações sociais historicamente datadas e culturalmente localizadas, levantam os termos segundo os quais entendem e lidam com ocorrências e fenômenos ao seu redor (SPINK; MEDRADO, 2004 apud SILVA, 2009).

A produção de sentidos, idealizada como um artifício interativo mostra que os sujeitos não produzem sentidos sozinhos, de forma individualista, na verdade, o sentido é uma construção social, que acontece numa situação atravessada por quesitos históricos e culturais e, essa construção promove a possibilidade de lidar com circunstâncias e fenômenos do mundo social. A produção de sentidos e as práticas discursivas botam em ênfase o valor da linguagem na interação social (SILVA, 2009).

Não se pode falar sobre produções de sentido sem antes falar da representação social inerente dos adultos jovens. Segundo (ARRUDA, 2002) a representação social na verdade opera uma transformação da pessoa e do objeto no momento em que os dois são transformados no processo de preparar o objeto. A pessoa expande sua classificação e o objeto se encaixa no repertório da pessoa, repertório que também se altera ao auferir mais um habitante. A representação, então, não é cópia da realidade, nem uma instância intermediária que carrega o objeto para perto/dentro do nosso espaço cognitivo. Ela é um processo que torna conceito e percepção equivalentes, uma vez que se produzem mutuamente.

Pode-se entender que a sexualidade envolve rituais, linguagens, fantasias, representações, símbolos, convenções, processos profundamente culturais e de vasta pluralidade. Nessa perspectiva, nada há de "natural" no meio das produções de sentido, a começar pela própria concepção de corpo, ou mesmo de natureza. Através de processos culturais, definimos o que é — ou não — natural; produzimos e transformamos a natureza e a biologia e, consequentemente, as tornamos históricas.  Os corpos ganham sentido socialmente.  A inscrição dos gêneros — feminino ou masculino — nos corpos é feita, no contexto de uma apontada cultura e, portanto, com as marcas dessa cultura. As possibilidades da sexualidade de expressar os desejos e prazeres também são sempre socialmente estabelecidas e codificadas. As identidades de gênero e sexuais são, portanto, feitas e definidas por relações sociais, elas são moldadas pelas redes de poder de uma sociedade (LOURO, 2000).

Os distintos grupos sociais fazem uso da representação para tecer a sua identidade e as identidades dos grupos sociais alheios. Ela não é, portanto, um campo equilibrado de jogo.  Pela representação se amargam batalhas com grande poderio decisivo de criação e  significados particulares de imposição: esse é um campo atravessado por relações de poder. O poder delibera a maneira como se aciona a representação; a representação tem efeitos específicos, conectados, sobretudo, à produção de identidades culturais e sociais, reforçando, assim, as relações de poder (SILVA, 1998 apud LOURO, 2000).

A narrativa da sexualidade é segundo Foucault (1993) apud Louro (2000), uma história de nossos discursos sobre a sexualidade, discursos pelos quais  a  sexualidade  é  edificada  como  um  corpo  de conhecimento  que padroniza  as  configurações  como  pensamos  e  conhecemos  o  corpo.  A experiência ocidental da sexualidade, não é a da repressão do discurso.  Ela não pode ser caracterizada como um "regime de silêncio", mas, ao contrário, como uma constante excitação mutável e historicamente relevante ao discurso sobre o sexo. Esse estouro discursivo sempre em ampliação é componente de um complexo aumento do controle sobre os sujeitos, controle não através de negar e/ou proibir, mas por meio da produção; pela determinação de uma grade de definição sobre as possibilidades do corpo, através da ostentação da sexualidade.

O esforço de relativização da sexualidade é concordante com a antropologia da ‘construção social da pessoa’. Partindo dessa perspectiva admitimos que  a cultura  é que delimita o  sentido de masculino e  feminino,  também o  reconhecimento do que vem a ser um ser humano, falando subjetivamente e socialmente depende  das  representações coletivas  que existem  numa  sociedade  sobre  o  que  significa,  como  se demarca  e  se  atualiza  uma pessoa (HEILBORN, 2003)[3].

"Construcionismo social” delineia, que estaremos adotando, relativamente  aos corpos e à sexualidade. A expressão pode ter um tom áspero e mecânico, mas tudo o que ela pretende fazer é questionar a possibilidade de compreendermos as atitudes em analogia ao corpo e à sexualidade em seu contexto histórico específico, explorando as  condições historicamente  mutáveis  que  dão  procedência  à  relevância destinada  à  sexualidade  num momento particular, compreendendo as várias relações de poder que modelam o que vem a ser visto como um  comportamento  normal  ou  anormal;  aceitável ou inaceitável. O construcionismo social distingue-se do "essencialismo" sexual, na postura expressa na definição de Krafft-Ebing  e  dominante  na  maioria  das  discussões  sobre  sexualidade  até  o momento recente. O "essencialismo" tenta explicar as propriedades de um todo complexo por referência a uma desconfiante verdade. Essa abordagem reduz a vasta complexidade do mundo ao pressuposto de simplicidade imaginada de suas partes constituintes e tenta explanar os sujeitos como produtos automáticos de impulsos internos (LOURO, 2000).

  1. 3.      PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

3.1.  A PESQUISA QUALITATIVA

Essa pesquisa tem caráter qualitativo que segundo Turato (2005) apud Silva (2009) é um método que nas Ciências Humanas busca entender a significação individual ou coletiva que um grupo de pessoas dá a um certo fenômeno no cotidiano dos sujeitos e a influência de tal em suas relações.

Segundo Turato (2005), o pesquisador que resolve fazer uma pesquisa de caráter qualitativo tem como objetivo buscar o significado das coisas, essas “coisas” são os fenômenos, manifestações que interferem na vida dos sujeitos. A busca pelo significado das coisas visa apresentar os tais culturalmente mostrando o valor social existente neles, na pesquisa qualitativa é considerável como fator relevante o ambiente natural no qual os sujeitos se encontram e o pesquisador é o próprio instrumento de pesquisa, assim o método tem maior força de validade assim levando o pesquisador a ficar bem próximo da essência do que é estudado.

Existe um rigor inerente da pesquisa qualitativa na área das Ciências Humanas pelo fato de investigar fatos individuais e pessoais. É de extrema relevância que o objeto de estudo na pesquisa científica seja entendido de maneira completa, pois isso proporcionará um entendimento mais interino do fenômeno estudado (CALIL; ARRUDA, 2004 apud SILVA, 2009).

A pesquisa alinha-se com características investigativas nas quais são apresentados que de acordo com Spink; Menegon (2006) funciona como uma exteriorização das ideias internas das pessoas participantes da pesquisa, agora o que antes era interno e desconhecido pela sociedade pode ser mostrado a todos através da significação dada por cada um e à coleta de dados.

3.2.  LOCAL DA REALIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no Instituto Luterano de Ensino Superior – ILES/ULBRA, situado à Avenida Beira Rio, 1001, Bairro Nova Aurora na cidade de Itumbiara – Goiás, que é uma instituição de ensino privada, de caráter confessional. A universidade oferece cursos superiores em modalidade presencial, semipresencial e a distância.

A instituição tem como missão construir, com excelência, o conhecimento e o saber, por meio do ensino, pesquisa e extensão, formando indivíduos e profissionais capazes de promover a transformação e o desenvolvimento do contexto em que estão inseridos e como visão ser referência em educação de qualidade e serviços prestados buscando, com base em princípios éticos e humanísticos, a integração entre comunidade e instituição.

3.3.  PARTICIPANTES

Participaram da pesquisa os alunos do 4º período do curso de Bacharelado em Psicologia, no período noturno do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara.

Para a escolha dos participantes foram realizados convites pessoais em forma verbal, no ato do convite foi dada uma prévia do que se trataria o estudo, contou-se que seria realizada uma oficina que contaria com a participação de 10 a 15 pessoas e que todas as pessoas seriam conhecidas tendo em vista que tratava-se da mesma turma.

3.3.1. Critérios de inclusão

 

Para participar da oficina sobre sexualidade era obrigatório estar matriculado no 4º período do curso de Psicologia da instituição de ensino acima citada, ter entre dezoito e quarenta anos, estar disposto a se submeter às regras da oficina, o que foi deixado claro e exposto posteriormente no ato da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

3.3.2. Critérios de exclusão

Não foi permitida a participação no estudo de pessoas que não estavam devidamente matriculadas no 4º período do curso de Psicologia do ILES/ULBRA, que não concordaram com as regras e especificidades das normatizações da oficina e que não se enquadraram na faixa etária de dezoito a quarenta anos.

3.4.  PROCEDIMENTOS DE COLETA DE DADOS

O material obtido nesse estudo foi obtido através de uma única fonte: a oficina de produção de sentido a respeito da sexualidade. A oficina foi realizada em uma sala de aula do Centro de Psicologia Aplicada do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara no dia 30 de setembro de 2013 às 20 horas. As cadeiras foram colocadas em círculo visando promover maior interação entre os participantes.

3.4.1. Metodologia da oficina

A oficina sobre as produções de sentido no cotidiano a respeito da sexualidade é uma adaptação das oficinas de risco desenvolvidas por Spink (2003)[4], no Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Práticas Discursivas e Produção de Sentidos do Programa de Estudos Pós-graduados em Psicologia Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

Para a adaptação dessa oficina foram propostos três momentos:

1) Associação de repertórios com a palavra sexualidade, essa fase da oficina tem como objetivo identificar as palavras com as quais os participantes fazem referência à sexualidade, assim podendo fazer um atacado das diferentes linguagens existentes entre o grupo sobre o assunto. Associando ideias com a palavra sexualidade, foram gastos vinte minutos para isso.  Foi distribuída uma folha de papel e uma caneta para cada participante, solicitando que nela escrevam a palavra sexualidade. Então, foi solicitado que escrevessem todas as palavras e frases que vêm à cabeça quando se fala a palavra sexualidade, ainda foi deixado claro que quando sentirem que as palavras e frases não estão saindo naturalmente poderia parar. Em um segundo momento o condutor da oficina escreveu as frases e palavras de forma aleatória no quadro-branco, fomentando a visualização de todos os participantes, essa parte teve o objetivo de promover uma discussão acerca da variedade de significações que cada um dá à sexualidade.

2) O segundo exercício focalizou as experiências com situações relacionadas à sexualidade na vida em geral, foram gastos 50 minutos para essa etapa da oficina. Foram distribuídas tiras de papel para cada participante e solicitou-se que pensassem em suas vidas, desde quando eram crianças, e evocassem lembranças de situações em que se depararam com acontecimentos relacionados à sua sexualidade. Pedimos, então, que escrevessem essas situações nas tiras de papel (uma situação para cada tira de papel).

Reiteramos sempre que possível que é permitido, a qualquer momento da discussão, reclassificar as situações. Segue-se uma discussão sobre as situações, começando com as situações relacionadas à sexualidade que causaram confusão, seguindo com os que causaram constrangimento, as normais e as preocupantes. Nessa hora o gravador será ligado. No final do exercício os papéis foram recolhidos para análise.

3) A terceira atividade consistiu na resposta dos participantes para a seguinte pergunta: Como vocês lidam com situações adversas a respeito das suas sexualidades? A partir de tal questionamento os participantes foram induzidos pelo coordenador a partilharem com os demais de forma oral as experiências vividas.

3.5.  PROCEDIMENTOS PARA A ANÁLISE DOS DADOS

A maneira como a oficina foi realizada fornece uma estrutura para a coleta de dados. Foram considerados as informações obtidas dos participantes, os registros dos repertórios associados à palavra sexualidade, recolhimento das tiras contendo os relatos das memórias, a discussão em relação às situações adversas a respeito da sexualidade e a gravação das discussões.

Os dados coletados foram organizados em tabelas que sintetizam as informações, identificando as palavras que os participantes relacionaram com a sexualidade que foi a primeira atividade da oficina.

A atividade 2 foi analisada da seguinte forma, foi feito um atacado de todas as situações que foram escritas nas fitas e verificou-se quais as situações que puderam ser consideradas negativas e quais situações puderam ser consideras negativas.

A atividade 3 foi transcrita através do que havia sido gravado e analisada da mesma maneira da atividade 2.

3.6.  ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa foi realizada com aspectos éticos conforme a Resolução 196/96 que apregoa o respeito ao participante da pesquisa, colocando ponderação entre os riscos que possam ser inerentes do ato da entrevista e/ou no caso oficina, adequando-se aos princípios fundamentais de cientificidade.

Spink e Menegon (2004) afirmam que através de posicionamentos construcionistas, poderá apresentar-se um cenário sumamente adequado para a discussão e a investigação conforme os princípios éticos para o descobrimento de informações que tenham valor social.

  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir de agora apresentar-se-á o processo que permitiu verificar qual a produção de sentido no cotidiano atribuída à sexualidade. Os dados tabulados podem ser entendidos como práticas discursivas, ou seja, são espelho da linguagem, tendo em vista que esse estudo busca produções de sentido, a partir do que foi coletado possibilitou-se a construção de perspectivas acerca da sexualidade. Vale lembrar que o intuito maior é entender as produções de sentido a respeito da sexualidade não somente de uma forma individualista, mas sim, principalmente, em um contexto social, quais são as influências, interferências, modificações que tal quesito provoca no cotidiano de cada sujeito.

Os sentidos produzidos no cotidiano a respeito da sexualidade são resultado das vozes dos participantes do estudo, as atividades e discussões que foram realizadas na oficina serviram para identificar a atribuição que cada participante dá a sexualidade no contexto cotidiano em que se encontra, através disso pudemos identificar a relevância da sexualidade no dia-a-dia de cada sujeito participante da pesquisa.

De forma alguma esse trabalho visa generalizar algo, mas sim entender as singularidades das atribuições de sentido inerentes a cada participante.

4.1. OS SENTIDOS DA SEXUALIDADE

Dar sentido às coisas faz parte de uma característica intrinsecamente humana. Desenvolve-se essa prática no cotidiano, a partir das relações interpessoais e das relações com o próprio ambiente.

A multiplicidade de sentidos em relação à sexualidade deve-se ao fato de que a mesma pode assumir vários sentidos e que cada indivíduo significa tal de uma maneira distinta, podendo destacar que as explicações para a sexualidade não são fixas e sim podem oscilar dependendo do contexto em que é empregada, cada um percebe e significa de um modo diferente.

4.2. OS RESULTADOS OBTIDOS A PARTIR DA OFICINA

Pode-se entender que os participantes da oficina dão sentido à sexualidade como um fator importante em seus cotidianos. Os questionamentos levantados no ato da realização da mesma fizeram com que os participantes relacionassem acontecimentos cotidianos com a sexualidade e relembrassem fatos que marcaram a respeito desse mesmo assunto.

No ato das discussões pode-se perceber a partir da oratória dos participantes que todos já haviam passado por situações envolvendo a sexualidade.

Algumas pessoas relataram situações envolvendo a sexualidade como consideravelmente agradáveis, disseram que o sexo é importante, que é fator fundamental para o bem-estar e que passar por tais experiências foi fundamental para os seus crescimentos e amadurecimentos. No momento em que foi solicitado que escrevessem palavras aleatórias relacionadas à sexualidade as mais ditas foram sexo, amor, paixão e relacionamento, na hora da discussão sobre a menção de tais palavras houve bastante descontração e risos na sala, mostrando que o assunto desperta bastante a curiosidade e interesse dos participantes.

Quando foi solicitado que eles lembrassem de situações que fossem relacionadas ao sexo, todos tiveram facilidade em reconhecer tais situações e a dinâmica foi inclusive menos extensa que o esperado, mostrando assim que o assunto realmente faz parte do cotidiano dos sujeitos da pesquisa.

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas leituras realizadas para a realização da pesquisa, denominada como fundamentação teórica percebeu-se que a sexualidade é fator primordial no cotidiano dos seres humanos, por mais que não seja ativa, esse quesito está presente no âmbito familiar, profissional, no rol de amigos e interesses dos indivíduos.

Sistematizando essas produções de sentido pode-se perceber que existe grande divergência e falta fidedignidade nos relatos sobre sexualidade entre os indivíduos, isso já era de ser esperado, pois tal, é resultante da subjetividade de cada ser e assim não pode ser generalizado e/ou fundamentado como algo igual em todos.

Analisando a estrutura lógica dos resultados da pesquisa, dos dados coletados, pode-se perceber que cada indivíduo é submetido a uma produção de sentido distinta referente à sexualidade e que tais produções influenciam seu cotidiano significativamente. Para alguns participantes a sexualidade está simplesmente ligada ao sexo, para outros, entretanto, é algo ligado à família, religião, identidade e etc.

No que pode-se entender como pesquisas nessa área destaca-se formas de produção inerentes aos seres humanos e que soa fatores do cotidiano dos mesmos.

  1. REFERÊNCIAS
  1. ARRUDA, Angela. Teoria das representações sociais e teorias do gênero. Cadernos de Pesquisa,n. 117, p. 127-147, novembro, Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/n117/15555.pdf
  1. GOLDENBERG, Paulete; MARSIGLIA, Regina Maria Giffoni; GOMES, Mara Helena de Andréa. O Clássico e o Novo:tendências, objetos e abordagens em ciências sociais e saúde [online]. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003. Disponível em: http://www.creasp.org.br/biblioteca/wp-content/uploads/2012/07/goldenberg-8575410253.pdf
  1. LOURO, Guacira Lopes. O Corpo Educado: Pedagogias da Sexualidade. 2. Ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
  1. MATURAMA, Humberto. Cognição, Ciência e Vida Cotidiana. Belo Horizonte: UFMG, 2001.
  1. SILVA, Camila Sichinel. Violência e promoção de saúde no contexto escolar: sentidos e estratégias de gestão. Campo Grande: UCDB, 2009.
  1. SPINK, Mary Jane Paris. Risco e Incerteza na Sociedade Contemporânea: Vivendo na Sociedade de Risco. Parte I: As Oficinas sobre Risco, 2003.

 

  1. SPINK, Peter Kevin. Pesquisa de campo em Psicologia Social: Uma perspectiva pós-construcionista. Psicologia & Sociedade. n. 15 p. 18-42. Jul./dez. 2003
  1. TURATO, Egberto Ribeiro. Métodos qualitativos e quantitativos na área da saúde: definições, diferenças e seus objetos de pesquisa. Revista Saúde Pública. n. 39. Campinas, 2005.

 

                                                          


 



[1] Acadêmicos do 3º período do curso de Bacharelado em Psicologia do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara

[2] Possui graduação em Psicologia pelo Centro Universitário Filadélfia (2004) e mestrado em Psicologia da Saúde pela Universidade Católica Dom Bosco (2009). Atualmente é docente do Instituto Luterano de Ensino Superior de Itumbiara (ILES/ULBRA), Coordenadora na Instituição de Acolhimento para Adolescentes em Risco Social (Casa lar São João Batista). Psicóloga do Centro de Referência Especializado em Assistência Social/CREAS Psicóloga voluntária na Comunidade Terapêutica um Novo Caminho. Além disso, ministra aulas sobre Substâncias Psicoativas sob a responsabilidade do Ministério da Justiça, capacitando profissionais de segurança pública para atuação nas cenas de uso de drogas. Estas aulas são ministradas no curso: Tópicos Especiais de Policiamento e Ações Comunitárias TEPAC que faz parte do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack. Este trabalho é fruto da produção conjunta dos técnicos da SENASP, da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas SENAD, do Ministério da Saúde e do Ministério do Desenvolvimento Social.

[3] In: GOLDENBERG, Paulete; MARSIGLIA, Regina Maria Giffoni; GOMES, Mara Helena de Andréa. O Clássico e o Novo: tendências, objetos e abordagens em ciências sociais e saúde [online]. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, 2003.

[4] Spink (2003) refere-se à oficina primária realizada pelo mesmo, pela qual a oficina sobre sexualidade foi adaptada.