A Proclamação da República é um dos fatos históricos mais pesquisados pela historiografia brasileira. A respeito disso para que possamos entender é importante sem duvida analisar o que levou a ser proclamada a república no Brasil. O fim de um regime não ocorre de uma hora pra outra, ao acaso, o império já vinha perdendo prestigio há algum tempo. A relativa estabilidade politica do império, no Brasil, veio ser abalada a partir da década de 1870. A cerca disso a Guerra do Paraguai influenciou para que ocorresse o tal fato.  Em 1870 quando a guerra chegou ao fim, o exército não obteve dos políticos do Império qualquer tipo de reconhecimento pelo trabalho realizado durante o confronto. Pelo contrário, a classe política imperial desejava que os negros que haviam lutado pelo país na guerra, retornassem a sua antiga condição de escravo. Sendo assim houve reações por parte dos militares contra o Império. A guerra do Paraguai foi um momento crítico da história do Brasil, tanto pelas dividas contraídas, quanto pelas vidas perdidas. Com o término da Guerra do Paraguai, as bases da monarquia brasileira começam a ruir. Inúmeros fatores concorreram para isso e embora seja difícil mensurar qual dos fatores teve maior peso, o fato é que a monarquia não suportou as dificuldades que se apresentaram a partir de 1870.

                Desde o início do Império, os militares tiveram pouca participação política, limitando-se a apoiar o governo e manter a ordem no país. Porém, depois da Guerra do Paraguai, surgiu como força política e organizada. A questão religiosa a Constituição de 1824 estabelecia que a religião católica fosse oficial, mas que a Igreja deveria respeitar o governo. Além de determinar que todas as decisões do papa dever ser aprovadas por ele, para serem obedecidas pelo Clero brasileiro. Isso provocou o descontentamento da Igreja e ressaltou os aspectos negativos do poder político sobre o religioso, destacando os ideais republicanos que defendia liberdade de culto e a separação entre a igreja e o Estado.  Outro fator que contribuiu, foram à abolição da escravidão em 1888, que fez com que a monarquia perdesse o apoio dos seus aliados, os cafeicultores do vale do Paraíba. Em 1889 um ano depois da assinatura da Lei Aurea o sistema que mantinha o IMPÉRIO, cedia lugar à REPÚBLICA. A revista Ilustrada, por exemplo, importante no periódico publicado na corte, a época, publicava muitas caricaturas explorando a idade de D. Pedro II. As caricaturas sempre traçavam um paralelo entre a velhice do imperador e do império, procurando relacionar a suposta impossibilidade de D. Pedro II, para governar, devido a idade e a doença. O embate entre republicanos e monarquistas, principalmente após 1880, ganha as ruas. Diversas manifestações republicanas, organizadas pelos membros do partido, procuraram desmoralizar o regime. Esses movimentos republicanos foram integrados, sobretudo por fazendeiros, profissionais liberais, jornalistas, professores, estudantes de curso superiores e oficiais do Exercito.  Antes do fim derradeiro dessa história, a monarquia ainda teve tempo para festividades, aliás, em grande estilo.

               A crise do império brasileiro foi o resultado de vários fatores de ordem econômica, social e política que, somando-se, conduziram importantes setores da sociedade a uma conclusão: a monarquia precisa ser superada para dar lugar a outro regime político, mais adequado aos problemas da época. Em suma, tratou-se de uma independência negociada entre a alta burocracia da colônia com a metrópole.

               A república foi proclamada em 1889, pelo Marechal Deodoro da Fonseca.  A Proclamação da Republica é vista como um golpe contra a monarquia brasileira, não houve participação efetiva do povo e os poucos populares que ali se encontravam não tinham ideia do que seria tal movimento, talvez um desfile militar ou coisa parecida, mas não um golpe de Estado, o qual mudou drasticamente a forma de governo brasileiro. A surpresa da proclamação entrou para a história, pois o povo do Rio de Janeiro, até então sede do Império, segundo Aristides Lobo “assistiu bestializado” [1], ao acontecimento sem entender o que se passava, julgando tratar-se de parada militar. A única manifestação popular no dia 15 de novembro deveu-se ao renegado José do Patrocínio, que proclamou a Republica na Câmara Municipal. Segundo Carvalho, A participação popular foi menor do que na proclamação da independência. Não houve grande movimentação popular nem a favor da República, nem em defesa da monarquia. Era como se o povo visse os acontecimentos como algo alheio a seus interesses. Os diversos fatores que levaram a um pequeno número de homens brasileiros formadores de uma elite a instaurar tal golpe foram essencialmente econômicos, religiosos e sociais. Entretanto tais elitistas não sabiam das proporções de tal fato para o povo brasileiro e muito menos conscientizaram a população acerca dessa importância. “as ideias republicanas fizeram parte de diversos movimentos brasileiros, como a Inconfidência Mineira, a Conjuração Baiana, a Revolução Pernambucana, a partir de 1870 o movimento republicano ganhou uma formação mais sólida e concreta”. Os movimentos anteriores influenciaram de forma eficaz o sentimento republicano, a sede por instaurar uma república fora tanta, que tais elitistas conseguiram executar o plano e alcançar o objetivo desejado.  

                Em comparação com os outros países da América Latina, a independência do Brasil foi relativamente pacífica. A cidade que mais sofreu com as mudanças provenientes do golpe, sem dúvida, foi à cidade do Rio de Janeiro e seus cidadãos, que naquela época era a capital do então novo país e ex-colônia portuguesa. Como coloca Carvalho (2009), grande parte dos fluminenses foi pela primeira vez envolvida nos problemas da cidade e do país. Ainda segundo Carvalho, o Rio de Janeiro sofreu profundas transformações, como por exemplo, transformações demográficas, o número de habitantes cresceu de forma assustadora, bem como a proporção de mulheres para homens, havia mais homens que mulheres e menos da metade da população era nascida na cidade. 

              Com a proclamação da república no ano de 1891 fica pronta a nova Constituição Brasileira. Com a mudança da bandeira de império para a mudança do nome do país: Estados Unidos do Brasil e por fim a mudança da bandeira onde foi influenciada pelo positivismo, no slogan: “Ordem e Progresso”. Os conflitos entre os novos donos do poder, que seguiram à proclamação, permitiram alguma participação popular durante os primeiros quinze anos do novo regime[2]. Canudos, naturalmente, foi movimento puramente popular. Houve choques entre civis e militares, entre militares da Marinha e do Exercito, entre republicanos presidencialistas e parlamentaristas, entre brasileiros e portugueses, entre monarquistas e republicanos, entre jacobinos e liberais. Daí a sequencia de golpes, revoltas militares, guerras civis, greves e assassinatos políticos que agitaram os anos seguintes à proclamação. 

 Referencias Bibliograficas

DORATIOTO, Francisco Fernando Monteoliva. Maldita Guerra do Paraguai: nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

CARVALHO, José Murilo. Os bestializados. O Rio de janeiro e a República que não foi. São Paulo, Cia das Letras, 1987.

CARVALHO, José Murilo. A formação das almas. O imaginário da República no Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1990.

CASTRO, Celso. A Proclamação da República. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

FAUSTO, Boris. História Concisa do Brasil. – 2ª. Ed., 6. reimpr. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2014. 

PRIORE, M. L. M; VENANCIO, Renato. Uma breve História do Brasil. São Paulo: Editor Planeta do Brasil, 2010.

CARVALHO, José Murilo. Os três povos da República. Revista USP, São Paulo, 2003.

GOMES, Laurentino. 1889: Como um imperador cansado, um marechal vaidoso e um professor injustiçado contribuíram para o fim da Monarquia e a Proclamação da República no Brasil. 1ª ed. – São Paulo: Globo, 2013.



[1] CARVALHO, José Murilo. Os bestializados. O Rio de janeiro e a República que não foi. São Paulo, Cia das Letras, 1987.

                                                                 

[2] CARVALHO, José Murilo. Os três povos da Republica. Revista USP, São Paulo, n. 59, p. 96-115. 2003.