A Primeira República e o Movimento Anarquista

 

 Maria Aparecida Coutinho Miranda Souza.

 

A primeira república foi um período marcado pela presença do movimento anarquista que trouxe uma contribuição importante para reflexão sobre a educação brasileira. Este movimento além de se fazer presente na organização dos trabalhadores através dos sindicatos, federações, uniões classistas, ele também atuou nas atividades culturais e educacionais.

Esta proposta de atuação anarquista pode ser apresentada como uma estratégia para a mudança dos valores tradicionais da sociedade para a transformação das relações sociais e econômicas, visando uma sociedade baseada nos princípios da solidariedade, cooperação, igualdade e liberdade, defendendo um ideário racional e libertário.

 A educação era vista como um dos meios importantes para a mudança de valores e princípios, que são necessários para a instituição de um novo tipo de sociedade. A criação de escolas que adotasse a pedagogia racional libertária era um mecanismo utilizado na luta para a transformação radical da sociedade.

 A pedagogia libertária adotada como pressuposto para mudança de valores confrontou-se diretamente com os princípios tradicionais da igreja católica e do ideário capitalista, uma vez que os anarquistas procuravam se libertar de todo tipo de opressão, indo diretamente para o confronto com a política social, cultural e econômica vigente no país.

 Desta forma, o movimento anarquista disseminava a idéia de se implantar escolas com uma nova proposta pedagógica que barrasse a manipulação da consciência das classes populares, que impedisse a subordinação intelectual. Para o movimento a abertura de escolas com esta proposta diferenciada era uma estratégia para que as instituições desenvolvessem mentes livres e racionais.    

Assim, a partir de 1912 são criadas as escolas modernas no Brasil, baseadas nas idéias do pensador anarquista catalão Francisco Ferrer Guardia, criador da Escola Moderna, um projeto prático de pedagogia libertária, que deveria tratar a criança respeitando seu desenvolvimento natural, sua personalidade, independência, espontaneidade, seu espírito.

A pedagogia racional libertária não era direcionada só as crianças e jovens, ela também influenciava no ensino profissional dos adultos. O movimento anarquista organizava conferências, palestras, peças teatrais nos Centros de Cultura Social, escreviam periódicos voltados à formação da consciência libertária dos operários, sendo este movimento ligado às escolas libertárias e as uniões classistas. 

Diante do exposto, podemos perceber a importância que o movimento libertário anarquista deu a educação, e a contribuição deste, para a formação da consciência crítica do homem como ator do processo de transformação social, proposta esta, que ainda é disseminada por muitos educadores.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

 

LUIZETTO, Flávio Venâncio. Presença do Anarquismo no Brasil: um estudo dos episódios libertário e educacional. USP, São Carlos, 1984 (a). (Tese de Doutorado)

GALLO, Silvio; MORAES, José Damiro de. Anarquismo e educação – a educação libertária na Primeira República. In.: STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Câmara (org.) História e memória da educação no Brasil, Vol. III: século XX.. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

MARTINS, Angela Maria Souza. A educação libertária na Primeira República. Campinas: HISTEDBR: UNICAMP. Disponível em: < http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/artigos_frames/artigo_015.html>. Acessado em: 14 de abril de 2009.