A Prevenção ao uso das drogas na escola
Publicado em 11 de setembro de 2009 por Francisco Costa
Conforme estudos realizados os níveis de prevenção ao uso das drogas são classificados em três: A Prevenção primária, a Prevenção secundária e a Prevenção terciária.A Prevenção Primária; deve acontecer antes do surgimento do problema drogas, é o caminho trilhado pela família e pela escola no sentido de orientar e encaminhar as crianças, adolescentes e os jovens a realizarem atividades prazerosas como: musicais, sociais, literárias e artísticas; que incentivem á auto-estima, da ação das famílias que em elogiar, confiar, estimular a crítica, treinar as habilidades para lidar com as frustrações, fracassos e ansiedades, bem como espaço e treino para lidar com autoridades.
Prevenção Secundária; ocorre com o surgimento do uso das drogas, é uma fase muito difícil para a família, que muitas vezes não quer aceitar o problema.Para a escola também é difícil pois, se sente só e impotente sem o apoio das famílias, a única saída é, com muita coragem buscar apoio nos profissionais especializados, oferecer ao usuário ajuda concreta, evitar fazer mau juízo de valores e agir com coerência e bom senso. A escola deve reunir a família com a autorização dos aprendentes, realizar reuniões periódicas para discutirem o tema, procurar entender o que está motivando aquele comportamento, compreender as dificuldades pessoais, e com muita habilidade convencer da necessidade da terapia. Conversar com argumentos lógicos e respeitar as opiniões dos aprendentes usuários é tarefa de responsabilidade dos ensinantes.
Prevenção Terciária; acontece quando os aprendentes já se tornaram dependentes químicos, implica no incentivo aos usuários a buscar as terapias adequadas, devemos contar com pessoas de confiança dos mesmos, para convencê-los da importância da terapia, encontrar ajuda especializada e incentivar o diálogo com as famílias, acreditar na recuperação, colaborar na reintegração social, oferecendo condições alternativas de lazer, arte, esporte e profissão, são atribuições desta etapa..
Lima(1992), diz que seria ideal se a escola acrescentassem em seu currículo, programas que preparassem seus alunos pra enfrentar não só o problema das drogas, mas, os problemas da vida como um todo. Tal afirmação foi feita por se perceber que muitos gestores escolares negam a existência do uso de drogas em seus estabelecimentos. Mas, sabemos que existe sim, e que pensar que não vai acontecer com a gente, apenas com os outros só facilita mais o aumento do consumo. Entendemos também que Lima, quis chamar a atenção para outros problemas existentes na sociedade, além do uso das drogas, e alertou para a necessidade dos ensinantes se prepararem, para a convivência diária com o problema e da necessidade da realização da prevenção primária, evitando palestras com grandes públicos,e que de preferência as palestras devem ser realizadas com a comunidade escolar, ou seja os envolvidos no processo e as autoridades competentes.
A escola deve está atenta para detectar o inicio do uso, já que as famílias se negam por falta de conhecimentos, por envolvimento emocional e por falta de coragem para enfrentar o problema. A escola tem mais condições de detectar as modificações no comportamento dos aprendentes e de agir com bom senso e coerência, sem atitudes levianas, como é o caso de colocar culpa de todos os problemas apenas no uso das drogas. Sabemos que não compete a escola o tratamento contra drogas, mas, é de sua responsabilidade o encaminhamento adequado dos aprendentes usuários, aos profissionais de saúde. É muito grande a preocupação dos ensinantes que trabalham com a prevenção ao uso das drogas, as vezes não sabem como atuar, se sente sozinhos pois, a direção e a equipe pedagógica da escola, não se sensibiliza com o problema, fazendo uso da cegueira psíquica, a mesma que ocorre nas famílias, a escola prioriza busca de soluções para outros problemas, adiando a atuação na prevenção as drogas.
A Prevenção ao uso das drogas nas escolas deve ser decisão política e conjunta, prevenir drogas é falar de educação de filhos, de adolescência, de relação social e de convivência afetiva. Um Projeto de Prevenção nas escolas deve abordar um projeto de valorização da vida e inclui programas: Culturais, de consciência ecológica e de educação afetiva.Os Programas culturais, recreativos e educacionais oferecem alternativas, sadias em substituição á sedução das drogas. Os Programas de consciência ecológica incentivam um estilo de vida saudável, em contraposição á poluição ambiental, sonora, alimentar e a busca excessiva de automedicação.
São três as etapas de um projeto de prevenção na escola, envolvendo os profissionais da escola, os pais e os aprendentes: Na primeira etapa, "a escola" realiza estudos, debates e treinamentos com o corpo técnico-administrativo e o corpo docente pra trabalharem o tema drogas, não só intelectualmente, mas, com todas as implicações afetivas e sociais. Na segunda etapa, envolve "os pais", esta etapa tem o objetivo de fortalecer o contato com as famílias, promovendo encontros, reuniões para trocas de experiências, informações e orientações, evitando alarmismos ou minimizações das questões referentes ás drogas e priorizando trabalhar as dificuldades nas relação pais e filhos.Na terceira etapa, "Os aprendentes," compreende as formas de abordar o assunto, de forma sutil, desde o espaço de discussão aberta, oferecida pela orientação educacional, ao espaço interdisciplinar, planejado ou não no currículo escolar, com ensinantes das diferentes disciplinas, atentos e sensíveis para captar as necessidades dos aprendentes, para usarem formas criativas de trabalhar seus conteúdos, quando possível, correlacionando-o com temas da vida prática como adolescência, sexo e drogas.
No planejamento, na execução e na avaliação de um projeto de prevenção as drogas, algumas técnicas devem ser excluídas, como exemplo: concentrar todas as informações num só encontro ou reunião, pedir pesquisas sem conhecer o material a ser consultado, oportunizar depoimentos de ex.drogados, ou desenvolver um trabalho isolado, isto, é um único profissional realizar um trabalho de prevenção numa escola. Os profissionais da escola devem se sensibilizar no sentido de rever seus posicionamentos, para se sentirem preparados afetivamente e cognitivamente para realizarem em conjunto, um projeto. Segundo Arantangy(1991), o treinamento de professores, permitem dar ao tema drogas, uma perspectiva mais realista e isenta de preconceitos, com a finalidade de buscar um entendimento de que não há escolas sem drogas e que o professor, deve adquirir segurança para abordar o tema e os problemas que surgirem e a auto-estima dos alunos devem ser valorizadas.
Desta forma o jovem se convence da responsabilidade de suas escolhas, por ser estabelecido um clima de confiança e ajuda mútua, entre ensinantes e aprendentes. Se a equipe escolar preparar e construir um Projeto de prevenção executável com sua proposta pedagógica, com atividades construtivas que valorizem os aprendentes, estimule a autonomia, encorajando-o a fazer um exame crítico de suas escolhas, a prevenção deixa de correr o risco de ser um incentivador ao uso de drogas. Aquino(1998), afirma que é de suma importância que o professor se capacite no assunto, para adaptar a sua disciplina as informações que se relacionem.O que quer dizer que os ensinantes deve relacionar os conteúdos de sua disciplina, integrando-os com o tema prevenção ao uso de drogas de forma coerente, clara e objetiva.
Já que a prevenção ao uso das drogas, é possível pela ação integrada dos educadores, num processo somatório de forças, a escola tem a responsabilidade de ensinar a verdade cientifica dentro de um projeto pedagógico. Os trabalhos sobre drogas devem abordar as conseqüências do uso e as seqüelas deixadas nos dependentes químicos. As palestras feitas por profissionais que não sejam do corpo docente da escola são muito úteis para a sensibilização do corpo docente, dos funcionários, dos pais e dos aprendentes, porém, a escola deve ser responsável por um processo contínuo e pedagógico.
Os ensinantes das séries iniciais (1º ao 5º ano),deve produzir uma estratégia preventiva sem despertar a curiosidade, mostrando as qualidades do corpo e da mente, além do prazer de viver a vida com saúde ao lado da família e dos amigos.
O ensinante do 6º ao 9º ano deve está mais atento, já que trabalha com um grupo de risco; deve abordar o tema de forma segura, evitando falar sobre as drogas em si, e sim deve incentivar a pesquisa sobre os problemas advindos do uso das drogas, causados a nível bio-psico-social. Uma idéia interessante seria discutir com os usuários, as notícias divulgadas na atualidade, sobre o problema. Isso incentiva o interesse e desperta o senso crítico dos aprendentes, desde que o ensinante, com suas reflexões críticas, leve o aprendente a seguir este caminho.
No ensino médio, o aprendente deve receber incentivo, no sentido de estimular o desenvolvimento de estudos referentes a problemas psicológicos, reflexos na personalidade e na formação do id, ego e superego; contribuindo para que aprendam mais sobre si mesmos. Nos cursos de Pedagogia, deve ser incluídos estudos sobre abordagens técnicas pedagógicas, terapias para o tratamento de dependentes químicos, aspectos jurídicos, entre outros. A escola deve oferecer orientações ás famílias, como palestras, debates, trocas de experiências, em reuniões específicas, como forma integrar as famílias e a escola. Os funcionários da Escola também devem ser orientados para contribuir com a política da proposta preventiva. Os gestores escolares têm a responsabilidade de tomar as medidas necessárias na prevenção do tráfico, devendo avisar a polícia da presença de algum traficante atuando nas proximidades da escola, caso algum aprendente, esteja se envolvendo com o tráfico, a escola deve comunicar a família.
Espero que este artigo possa contribuir com os trabalhos dos ensinantes e dos gestores escolares, no que se refere à prevenção ao uso das drogas pelas crianças, adolescentes e jovens na escola. E que o poder público ofereça tratamentos gratuitos em clínicas especializadas para os dependentes químicos, para que assim possamos continuar a luta contra este mal que tanto compromete o futuro do nosso País, já que atinge diretamente os adolescentes e a juventude.
Referências Bibliográficas:
AQUINO, Júlio Groppa(org).Drogas na Escola.4 ed. São Paulo.: Summus Editorial.1998.
ARATANGY, Lídia Rosenberg. Doces venenos: Conversas e Desconversas sobre drogas. 3 ed. São Paulo: Editora Olho Dágua.1991.
LIMA,Elson Silva. Drogas nas Escolas: Quem consome o quê? Dissertação (mestrado em saúde coletiva) – Instituto de Medicina Social.Universidade do Estado do Rio de Janeiro. 1992.