A PRESENÇA DO HOMEM LIGHT NA SOCIEDADE BRASILEIRA

 

Diuslene Aparecida Grigolo ¹

 

 

Resumo

O artigo em tela discute acerca da situação lamentável em que os setores político e educacional brasileiro se encontram. A cada ano o número de “líderes” descomprometidos com a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro aumenta em função dos acordos sujos feitos no período eleitoral e assumidos sem qualquer preocupação. A esse tipo de pessoa o autor Enrique Rojas dá o nome de Hombre Light ou homem light para nós brasileiros. É o tipo de sujeito oportunista e que ocupa determinados cargos para o qual não está preparado e acaba por prejudicar uma grande quantidade de pessoas que dependem daquele setor no qual ele – homem light – está inserido.

Palavras-chave: político. educacional. homem light. oportunista

 

Abstract                                                                                               

The article in cloth argues about the regrettable situation in that the political sectors and educational Brazilian find. Each year the number of “leaders” uncompromised with the improvement of the quality of life of the Brazilian increases in function of the dirty agreements facts in the electoral period and assumed without any worry. To this type of person the author Enrique Red gives the name Of Man Light or man light for us Brazilian. It is the type of opportunist subject and that occupies determined charges for which is not prepared and finish to
prejudice a big quantity of people that depend of that sector in which he – man light – it is inserted.

Key-words: political. educational. man light. opportunist

 

 

Introdução

O presente artigo pretende discutir alguns pontos da atual situação política educacional no Brasil, pois dentre as diversas personalidades visíveis na sociedade, há sempre um lugar de destaque para o tipo light de viver a vida. Tal tipo de pessoa traz em seu bojo características do tipo despreocupado, sem compromisso, sem opinião própria, sem objetivos ou metas a serem alcançadas. É até bem informado, mas não tem capacidade para refletir sobre aquilo que sabe e construir um pensamento particular e concreto, está totalmente entregue ao materialismo. Na política, por exemplo, essa cadeira nunca fica desocupada.

            Assim como na obra de Enrique Rojas, o que se caracteriza como light no Brasil abrange praticamente todos os aspectos sociais e culturais da sociedade. Porém, é na Política que o verdadeiro homem light se concretiza. São inúmeros parlamentares engravatados que raramente estão preocupados com a realidade do país e da população carente. Passam a maioria de seus dias viajando, conhecendo novos e belíssimos lugares com direito a tudo pago e da melhor qualidade. Em função disso é que a cada ano aumenta a ambição de muitos a quererem entrar no ramo da política. Acredita-se que tudo é moleza e sempre em primeira classe. Às vezes aprovam leis ou projetos que nem mesmo eles sabem para que vá servir ou a quem vai beneficiar. Estão totalmente alienados pelo poder e só pensam em ganhar mais e mais dinheiro, comprar belas casas, bons carros e grandes fazendas. Hora estão a favor de algo, hora estão contra. Mudam de opinião e de voto no Congresso com muita facilidade. São falsos em suas teorias e facilmente se deixam “vender” a troco de algum montante a mais em suas contas bancárias. São hipócritas em seus discursos, contudo, ainda conseguem convencer uns e outros com falsas promessas.

            Em meio a esse ambiente extremamente light, a população é que sofre com o descaso e com a falta de atendimento. Como principal setor atingido, pode-se citar a Educação brasileira, pois esta, a pesar de ter muito recurso destinado a sua manutenção e aperfeiçoamento em busca de melhor qualidade, não conta com profissionais sérios e comprometidos com a construção de uma sociedade bem informada, independente e com opinião própria formada.

            Se a febre light já começa no setor mais alto da política e dos Ministérios, isso não é diferente nos Estados e Municípios do país. Quanto menor a cidade ou a localidade de modo geral, maior a facilidade de se passar por homens lights e fingir que nada está acontecendo. Ou pior, se aproveitar da situação e usufruir de todas as formas possíveis para aumentar suas fortunas particulares.

            Já está claro que todo setor administrativo, seja da saúde ou da educação está diretamente ligado e dependente da política. Assim, a moda é contagiante e deixa a sociedade cada dia mais a mercê do vácuo, do vazio, do alheio. Ou seja, ninguém se dedica no que faz e impede que a população adquira conhecimento para cobrar seus direitos. É comum se ouvir falar que hoje em dia todo mundo sabe dos seus direitos e não cobra porque não quer, só não denuncia quem não quer, mas infelizmente ainda há em nosso país, localidades em que a carência é tamanha que qualquer agrado pode fazer calar. Além disso, mesmo quando sabem seus direitos, ficam presos aos comentários e ameaças de uns e outros e acabam sem saber por onde começar o processo de denúncia, a quem procurar sem correr o risco de dar de cara com mais um integrante do grupo light.

            Da política para a educação é um pulo e os vícios são os mesmos. Os chefes de departamentos ou secretarias são discípulos de uma mesma doutrina: a ambição. A vontade de estar no poder, administrando principalmente o dinheiro é algo maior do que qualquer tentativa de manter um caráter idôneo.

            Na atual sociedade capitalista, o homem já não considera relevantes os aspectos espirituais que compõem a essência humana e está em constante disputa pelo poder. Os valores morais e éticos são facilmente superados pela ganância e pela indiferença aos mais “fracos”. As amizades só perduram até que os interesses passem a ser individuais e ambos sejam concorrentes de um mesmo cargo.

            Na educação, setor em que se acredita ser o coração de uma sociedade mais culta, há sempre a presença do homem light. Os administradores praticamente dão continuidade aos planos egoístas que veem na política e se esquecem de exercer suas funções trabalhistas de modo coletivo em prol de todos. Em outras palavras, a educação acaba dando mais vida à corrupção gerada na política, pois na maioria das vezes, os melhores cargos ocupados no setor educacional são apenas cumprimento de acordos políticos feitos no ontem.

            Essa prática é um exemplo real que caracteriza o homem light haja vista uma de suas maiores estratégias sempre ter sido o aproveitamento de situações favoráveis. Ele é sempre oportunista e procura estar perto daqueles que detém algum tipo de poder para que possa encontrar alguma forma de se dar bem independente do que tenha que fazer ou de quem tenha que sair do seu caminho.

            Tendo adquirido o poder, o homem light rapidamente fica cercado de pessoas como ele e a educação passa a ser um cabide de empregos. Nas pequenas cidades essa realidade é mais visível ainda e o que se vê são pessoas sem conhecimento algum exercendo cargos tais como secretário de educação, professor, diretor, orientador pedagógico, enfim, funções que exigem formação acadêmica na área educacional e que infelizmente estão a mercê de um amontoado de nada, do vazio.

            São cargos preenchidos fazendo jus às promessas de campanhas e ignorando aqueles que tem potencial e competência educacional para assumir um compromisso de verdade. Os que estão no comando cumprem somente o que é de praxe e recebem suas remunerações avantajadas mensalmente.

            Na escola, mais especificamente, os diretores fingem que dão ordens, os coordenadores pedagógicos fingem que se preocupam com a qualidade do ensino e os professores fingem que estão atuando em prol da melhoria educacional. O pior de tudo, como já foi mencionado, é que a maioria ou quase todos não tem formação nenhuma ou quando tem estão em cargos distintos daquele para o qual se formou.

            Os professores, em especial, que lidam diretamente com a clientela de alunos, são os que cometem, talvez, os maiores pecados quando não possuem formação adequada para o cargo que estão assumindo.

            A verdade é que a febre light da hierarquia política e administrativa acabou contaminando o professor e este por sua vez, está acomodado. O comodismo talvez seja o termo mais completo para descrever a atual situação da educação no Brasil. Certa vez alguém disse em uma de suas palestras que, se um médico de 100 anos atrás fosse designado a realizar uma cirurgia em um paciente, ficaria totalmente perdido ao entrar na sala cirúrgica em meio a tantos aparelhos modernos e utensílios desconhecidos para a sua época. Por outro lado, se um teste similar a este fosse feito com um professor designado a ministrar uma aula, ele simplesmente pegaria um giz e um apagador e certamente conseguiria dar aula normalmente.

            O que se percebe é que a educação não acompanhou a evolução do mundo. O ambiente em que menos se tem atrativos e novidades é a escola. Os alunos não se sentem motivados a ir e ficar sentados em cadeiras desconfortáveis por quatro horas a troco de um conhecimento totalmente desvinculado do seu cotidiano e, pior ainda, desatualizado. 

            Nessas oportunidades o homem light aproveita para se apoderar de uma cargo, pois não se cobra muita coisa para ser um verdadeiro professor. O individuo exerce a profissão como acha melhor e menos trabalhoso. Ministrar aula é visto como um trabalho e não como uma profissão para a qual se precisa estudar, se atualizar e se preparar a cada dia antes de ir para a sala de aula. Os alunos estão totalmente desmotivados diante de um ensino monótono e repetitivo.

Conclusão

            Infelizmente, nesta cena acima citada, o professor é que representa o homem light, pois ele está acomodado com a situação da maioria e acaba se igualando aos muitos que estão ali só por um tempo, isto é, enquanto não aparece algo melhor para fazer. Essa pessoa não pode ser considerada um profissional da educação e nem devia estar ocupando tal cargo. É este que estraga a aparência da classe trabalhadora da educação, dos que realmente assumem um compromisso ao adquirir uma jornada de trabalho.

            E quanto à população, o que falta para a massa brasileira é a informação verdadeira e na linguagem deles. Não adianta falar de leis e projetos parlamentares sem esclarecer o que isso representa para eles ou em que isso pode ajudá-los. Em meio a esses novos candidatos que aparecem de porta em porta, há sempre – e muitos deles – homens light, que veem na política uma saída pela tangente, o que quer dizer, falsas promessas e dinheiro fácil. Acorda meu povo!!!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referências

 

CURY, Carlo Roberto Jamil. Ideias que jogam contra o ensino. Revista Nova Escola. 240ª ed. – São Paulo – SP: Editora Abril, 2011.

 

 

ROJAS, Enrique. El Hombre Light. 1ª ed. – Buenos Aires: Booket, 2004.

 

 

http://portal.mec.gov.br/