Laudiceia Lisboa Correa Fazollo

De acordo com o site Tudo sobre TV, a televisão chegou ao Brasil em meados de 1950, onde neste mesmo ano era inaugurada a TV Tupi. Sua programação até então estava disponível apenas para as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde esta passou a ser vista como símbolo de "status".

Circo Bombril foi um dos primeiros programas infantis da televisão brasileira, como Club do Papai Noel, Sitio do Pica-Pau Amarelo, Poliana. Em seguida surgem programas como o Capitão Aza (1965), Topo Gigio (1969), Cirquinho do Arrelia (1951), Clube do Guri (1955), Teatrinho Trol (1956), Capitão Furacão (1965), entre outros.

De objeto de luxo para muitos, hoje a televisão está inserida na maioria dos lares como algo indispensável. Esta porém, é um dos meios de comunicação que mais prende a atenção das pessoas, sejam elas adultas ou crianças. Isso se dá pelo fato de se tratar de algo mágico, onde é só apertar o botão e pronto, um mundo novo e cheio de fantasias surge lá dentro prendendo nossa atenção, talvez seja por isso que quase toda a sociedade tem um aparelho desses em casa, na maioria do tempo ligado.

Ao contrário do que se pensa, não são só as crianças que se deixam "levar" por esta máquina mágica, os adultos também em sua grande maioria se deixam influenciar por este aparelho hipnotizador, pois quando ligamos um televisor em casa torna-se difícil o diálogo, pois acabamos prendendo a nossa atenção naquilo que estamos assistindo, e não nos preocupamos em saber do marido/mulher/filhos como foi o seu dia, se há algo os incomodando. Nada disso mais acontece, pois estamos totalmente hipnotizados pela tela mágica. Segundo Silva (2007, p.23):

quando o televisor está ligado, o que acontece na maioria do tempo, é que o diálogo é totalmente esquecido no meio familiar, e se por acaso há um grito de criança ou uma pessoa falando alto, logo são repreendidos por pedidos de silêncio, ou seja, as pessoas não sentem mais falta de um diálogo apenas se contentam em ouvir, não se tem mais aquela necessidade de uma troca real, física, mas se sentem satisfeitas apenas em ver e ouvir.

Sabemos porém, que a TV em alguns casos é de suma importância para nós, pois através dela ficamos bem informados com as notícias daqui e de outros países, e é através dela que chega a primeira notícia, boa ou ruim. Nesse sentido, Michaud (1989, pág.49) diz:

como podemos constatar, num dia calmamente banal fica difícil fazer um jornal ou um noticiário de TV para anunciar que não aconteceu nada. A mídia precisa de acontecimentos e vive do sensacional. A violência, com a carga de ruptura que ela veicula, é por princípio um alimento privilegiado para a mídia, com vantagens para as violências espetaculares, sangrentas ou atrozes sobre as violências comuns, banais e instaladas.

Apesar dela ser "útil" para nós, na maioria das vezes, nos deixa alienados quanto a sua programação pois o apelo para ligarmos o aparelho e assistirmos a determinados tipos de programas é grande, mesmo sabendo que aquilo não nos trará nenhum conhecimento científico, apenas senso comum, pois uma grande parte dos programas de TV trazem muitas informações e conteúdos inapropriados para o horário e para o público em questão. Mesmo assim seu domínio sobre nós é grande, por isso continuamos na frente dela as vezes sem nem notarmos o quanto ela nos aliena.

Um cuidado que se deve tomar é com o descontrole total das crianças frente a televisão. Esse descontrole se dá justamente por elas passarem boa parte de seu tempo sozinhas e terem livre acesso ao aparelho televisivo, dessa forma, acabam por vez, não tendo noção do que é bom ou ruim, elas assistem de tudo sem se preocupar com o conteúdo, e consequentemente, elas estão mais expostas à influência que a TV tem sobre os hábitos, comportamentos e modo de pensar das pessoas, sem contarmos no consumismo desenfreado e supérfluo que atinge o público infantil. E o que é preocupante, é que na maioria das vezes os pais acabam sendo complacentes com isso e não se preocupam com o que seus filhos estão assistindo.

Segundo Rezende (1998) "alguns pais pelo fato de trabalharem o dia inteiro e não terem tempo para ficar com as crianças, vêem na televisão um 'meio' para distrair os mesmos enquanto eles não estão em casa, ou até mesmo quando chegam cansados do serviço e não querem que os filhos os incomodem, mandam eles assistirem TV sem se preocupar com os conteúdos escolhidos pelos pequenos, como se a TV fosse uma babá eletrônica".

Ainda de acordo com Rezende (1998, p.72):

numa modernidade carregada de mandos e exigências fora do círculo familiar, pais e mães trabalhadores podem ter na televisão um recurso para "distrair" os filhos em casa enquanto eles estão fora, ou quando retornam exauridos de suas lutas do dia-a-dia profissional. Assim, a TV passa a ser justificada como um meio eficaz.

Sempre que deixamos nossas crianças expostas à influência da mídia, quer seja para ocupar o seu tempo ou para não nos incomodar, acabamos não nos dando conta de que para a criança aquilo é apenas uma fonte de entretenimento e com isso não percebemos que dessa forma estamos perdendo o ponto de referência de nossos filhos. Para Train (1997, p. 53) "assistir a cenas e mais cenas de agressividade e violência diminui a inibição e as crianças começam a aceitar que são permitidas soluções violentas para os problemas". Diante disso, torna-se necessário observarmos com mais atenção que tipo de programas nossas crianças estão assistindo.

Nota-se que a televisão apresenta formas estereotipadas dos valores, normas e modelos de comportamentos que são considerados certos para a sociedade em geral. De acordo com Silva (2007, p.23),

hoje, o que pudemos perceber é que a televisão está no seio das famílias, pois uma coisa muito comum é que antes as famílias se reuniam em volta da mesa nos horários de refeição, e hoje, elas passam a se reunir em volta da televisão, não se tem mais o diálogo de outrora, pois a televisão passou a ser a única coisa a ser ouvida.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

A História da Televisão no Brasil. Magia Comunicações. 1998 – 2002. Disponível em: http://www.tudosobretv.com.br/histortv/historbr.htm.

MICHAUD, Yves. A violência. Tradução de L. Garcia. São Paulo – SP: Editora Ática, 1989.

REZENDE, Ana Lúcia Magela. Televisão: babá eletrônica? In: PACHECO, Elza Dias (org.). Televisão, criança, imaginário e educação: dilemas e diálogos.Campinas – SP: Papirus, 1998.

SILVA, Laura Beatriz. A influência da TV na falta do hábito da leitura. TCC – 48 f. Trabalho de conclusão de curso, graduação em Pedagogia – UNEMAT, Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus Universitário de Sinop. Sinop – MT, 2007.

TRAIN, Alan. Ajudando a criança agressiva: como lidar com crianças difíceis. Tradução: Lúcia Reily. Campinas - SP: Papirus, 1997.

Graduanda do 7° semestre do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia pela Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT / Campus de Sinop.