Thiago B. Soares[1]

[1] Doutorando (PPGL-UFSCar). E-mail: [email protected]

 

A revisão das práticas pedagógicas adotadas em sala de aula é uma das balizas de uma educação sociointeracionista cuja pauta se dá nas mudanças das condições de ensino aprendizagem, ou seja, buscar nas transformações inerentes ao próprio viver uma condição sinequa nondas possibilidades de aprender.

            Diante das dificuldades apresentadas na educação, principalmente a brasileira, se faz mister o desdobramento da aplicação de atividades flexíveis que tragam mais do que somente conteúdo, mas também permitam que o educando demonstre o que já sabe por meio de suas vivências. Contudo, uma pedagogia que se centre no aluno não é uma tarefa fácil, pois além do professor necessitar entender que ele é fundamentalmente o mediador do saber, e, ainda, se autocrítica no sentido de esquadrinhar caminhos para seu próprio desenvolvimento, desse modo, tanto o docente tem que refletir suas práticas como pesquisar sobre assuntos que desconhece ou sabe pouco, sendo que haja uma coesão entre o que se entende por ensino e o que se ensina. Portanto, considerar a educação qual fossilização do saber apenas pode trazer o retrocesso do que os movimentos da pedagogia conseguiram até agora, e, pior, acaba por deixar um contingente de extrema importância da sociedade sem a “iluminação” que o saber traz enquanto práxis.

            Para tanto, o professor precisa ser (e ter consciência disto) um facilitador na perspectiva em que reformula suas aulas à medida que percebe o crescimento dos educandos, nesse sentido diz Britto (1997, p. 101):

 O professor facilitador compreende que os estudantes, que serão incentivados e estimulados pela sua orientação e conhecimentos, possuem um potencial intelectual e afetivo a ser desenvolvido num caminhar inteiramente relacionado com seu desempenho como professor, a fim de que possam juntos crescer e integrar-se no contexto sócio-político-econômico-cultural a que pertence.

A autora sintetiza a influência que o exame das práticas docentes tem no âmbito do ensino-aprendizagem e ainda postula:

O professor consciente da importância de sua atuação no processo de aprendizagem centrada no estudante, vê surgir, através da participação ativa novas significações e apercebe-se de que sua profundidade é melhor do que a princípio supunha, pois ele não só adquire experiência durante as diversas atividades que executa na escola – ou fora dela – mas também as adquire de forma motivadora e enriquecedora pela própria aprendizagem, levando em consideração seu próprio trabalho como pesquisador científico, para desvelar as verdades da Educação, tomando conhecimento não apenas das defasagens como também das pesquisas e novas propostas existentes no contexto sociocultural nacional e internacional(BRITTO, 1997, p. 101).

            A partir dessas ignóbeis reflexões, constata-se que de fato o paradigma tradicional precisa ser revisto em conjunto com suas práticas para que dessa forma se dê lugar a uma educação que compreenda os educandos como seres socioculturais em constante modificação, pois, se os tempos mudaram porque as formas de ensino permaneceriam as mesmas, já quecomo disse Protágoras: “O homem é a medida de todas as coisas”, não poderia ser diferente com respeito na educação.

REFERÊNCIA

 

BRITTO, Sulami Pereira. Psicologia da aprendizagem centrada no estudante. – 2ºed.- Campinas. SP, Papirus, 1997.