Maria Augusta  Lima das Neves

 

No Brasil, ao longo dos anos, a educação vem passando por mudanças gradativas e significativas que dizem respeito à sua organização estrutural, administrativa e funcional, pois as lutas travadas pela sociedade civil, no intuito de uma educação digna e de qualidade a todos, fez com que as conquistas fossem legalizadas através de leis, decretos, pareceres, reformas educativas e planos de ação que a fundamentam como um processo de inclusão social.

Dessa forma, essa realidade permite uma tramitação da educação elitista, onde poucos eram favorecidos, para um sistema de ensino de massa, no qual todo cidadão tem o direito à educação. Todas essas mudanças sociais se refletem também na postura do professor frente ao desenvolvimento tecnológico, científico, econômico, social e político do qual o sistema educacional faz parte e influencia diretamente os rumos que a sociedade vem tomando e a vida do homem de modo geral, haja vista a educação ser considerada a base de transformação de uma dada realidade em prol de um futuro melhor. Portanto, deve-se primar pela formação e valorização do professor como agente de transformação e mediador entre o conhecimento e o homem.

Por outro lado, partindo do princípio de que a formação continuada de professores seja um elo para a construção de uma identidade profissional e promoção da mudança nas práticas educacionais, percebemos sua importância enquanto formação dialética, ou seja, que priorize o professor em seus aspectos humanos e profissionais. No entanto, para que ocorra uma formação salutar, faz-se necessário não só investimento técnico profissional, mas também pessoal, os quais possibilitarão ao professor uma reflexão mais ampliada acerca de seu “ser” enquanto sujeito histórico-social, inserido em um espaço educativo, construtivo e transformador, que é a escola.

Neste sentido, durante todo o século XX, educadores vêm buscando alternativas para tornar mais efetiva e significativa a aprendizagem escolar, pois desde a primeira metade do referido século, a preocupação com atividades mais dinâmicas, participativas e coletivas tem pontuado a história dos esforços realizados na busca de uma educação de qualidade pelas diferentes instituições de ensino.

Segundo essa nova visão, a forma de aprender se mostra tão importante quanto as áreas do conhecimento, porque se aproxima da forma como o homem deve atuar na vida real agindo positivamente na solução de seus problemas e participando ativamente da construção da sociedade e da cultura. Além do mais, é inegável a necessidade de alimentarmos uma educação próxima dos educadores e educandos, capaz de aguçar a criatividade, de despertar o gênio inventivo, de aperfeiçoar o temperamento e o caráter, bem como a capacidade de resistência e adaptação dos mesmos. É necessário levantar possibilidades e alternativas viáveis, articulando e colocando em ação conhecimentos, habilidades e valores, democratizando o saber para reconstruirmos a visão de mundo que levamos cinco séculos para sedimentar, mas que já não mais atende às exigências do mundo atual.

Diante do exposto, vale ressaltar que a Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – Anfope – estruturada e organizada em meados da década de 80 como Comissão Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação, no movimento de reformulação dos cursos de formação do educador, muito vem contribuindo com as discussões sobre o currículo na formação de professores de forma a aproxima-lo de uma prática mais centrada no chão da sala de aula, elaborando coletivamente uma acepção sócio-histórica de educador em contraposição ao caráter tecnicista, conteudista e academicista que caracterizavam, até então, as políticas de formação de professores no Brasil.

Isto posto, é nessa esteira de luta que a Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA vem defendendo também uma política de formação dos profissionais da educação e valorização do magistério, em condições de igualdade, sólida tanto na formação inicial quanto na continuada, abrindo espaços à criatividade, à busca pelo novo, pelo inusitado. É fundamental que ofereça também inúmeras possibilidades de construção e reconstrução de saberes necessários ao convívio desses atores sociais, em interação com o meio em que vivem, favorecendo a transposição dos conteúdos aprendidos em sala de aula para o contexto de vida e ampliação do universo cultural dos educandos em formação através da pluralidade de espaços sócio-educacionais.

Neste sentido, a UVA vem desenvolvendo na sua estrutura curricular, através de inovações no que diz respeito à Prática e à Atividade Acadêmica Científica e Cultural - ATACC - um trabalho mais consistente e integrado, visto que o processo de formação do educando perpassa por conhecimentos significativos que dão suporte ao futuro profissional, já que as experiências vivenciadas no âmbito escolar e na sociedade de modo geral contribuem para um fazer pedagógico mais eficiente e eficaz.

Reforçando o explicitado, o Parecer 09/2001 elucida que a Prática deve ser entendida como “situações didáticas em que os futuros professores coloquem em uso os conhecimentos que aprenderam, ao mesmo tempo em que possam mobilizar outros de diferentes naturezas e oriundas de diferentes experiências, em diferentes tempos e espaços curriculares”. Assim, as práticas pedagógicas são conteúdos trabalhados didaticamente em sala de aula e transpostos para o contexto social, através da implementação de projetos, fazendo deste momento, uma oportunidade de resignificação e extensão acadêmica visando atender a problemas de responsabilidade social.

Dessa forma, as Atividades Acadêmico Científico Culturais complementam e enriquecem a formação acadêmica do aluno universitário, visando incentivar o desenvolvimento de sua autonomia no gerenciamento de seu próprio processo de formação e enriquecimento pessoal e cultural. Além disso, contribuem para construção de um diferencial de qualidade do currículo profissional do futuro educador.

Assim sendo, a UVA, dentro de sua proposta curricular, vem estimulando não apenas o conhecimento cognitivo, mas também a ampliação do universo sócio-cultural a partir de uma visão crítico-reflexivo de mundo, permitindo que esse homem ao realizar a leitura de seu contexto, descubra suas raízes e se perceba enquanto homem local capaz de construir sua identidade como cidadão global.

                Nesse contexto, enquadram-se atividades que favorecerão a ampliação do universo cultural dos alunos através da pluralidade de espaços sócio-educacionais, da implantação de grupos formados por profissionais de áreas e disciplinas diferentes e da possibilidade de execução de projetos integrados voltados para o social.

Sendo assim, a profissão educador, enquanto agente de transformação no processo de mudanças e responsabilidade social, é fundamental para formação de gerações futuras capazes de contribuir com as mudanças e atuar no mundo, num diálogo franco e aberto com ele.