A PRÁTICA DOCENTE EM EDUCAÇÃO SEXUAL NAS SÉRIES INICIAIS
Sidnéia Ribeiro Pereira
Ilenirce Alonso Fenali
Silvani Boni
Marilda de Morais Maximiano
Ana Claudia Peres
Orientador: Ms. Orestes Zivieri Neto
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RESUMO:O artigo funda-se na preocupação de revelar práticas de educação sexual na família e na escola. Inicialmente aborda a descoberta da sexualidade nos limites do próprio corpo das crianças e a percepção delas sobre as diferenças anatômicas que biologicamente existem entre meninos e meninas. Discute ainda a responsabilidade da família, que em muitos casos se exime, por ser ainda por muitos, considerado um tabu passando então, para a escola a total responsabilidade. A escola por sua vez tenta transversalmente orientá-los, a fim de se evitar a estgmatização da criança, porém sem muita preparação para tal tarefa.

Palavras-chave: sexualidade, cognição, educação, família, criança.

Introdução

O presente artigo classifica-se em uma investigação teórica com uma observação realizada no período de maio a julho de 2006 em uma escola pública no município de Rolim de Moura, interior de Rondônia, desvelando o objetivo inicial que era de verificar como os professores estariam trabalhando a sexualidade na escola.
Dada a importância da aprendizagem sexual, buscou-se compreender formas, métodos, valores, conceitos e preconceitos que cercam o tema, bem como o significado na formação docente e conseqüentemente na prática educativa.
Num primeiro momento abordaremos o assunto da descoberta da sexualidade nos limites do próprio corpo e a formação cognitiva. Em seguida falaremos da educação sexual na família. E por fim, falaremos sobre a questão da sexualidade na escola como uma necessidade de um aprendizado mais estruturado e menos transversal, em que, a individualidade entre gêneros busca a independência.
Com a visão de levantar a questão a partir do conhecimento biopsicossocial é necessário que haja uma conscientização geral, em toda sociedade para que não mais exista a predominância da inibição na transmissão da educação sexual.
A ousadia de conhecer o próprio corpo é fruto de uma cultura que é transferida promovendo a inominável "vergonha" de desvendar - se e de conhecer a si mesmo. Mas geralmente essa descoberta é feita por acaso (através de amiguinhos, animais cruzando, beijos em novelas, etc.).
Essa é uma experiência saudável e fundamental para o desenvolvimento da sexualidade, pois estudos e a literatura científica apontam melhorias na abordagem do ensino de educação sexual, atendendo as expectativas dessas crianças, para que as mesmas consigam aprender sem distorções as verdades sobre a sexualidade. Contribuindo assim para que estas construam os seus próprios pontos de vista e os seus valores, tendo uma conscientização do respeito mútuo, da aceitação das diferenças e aquisição da sua autonomia, havendo um crescimento integrado com a sociedade.
O que requer que professores, pais e responsáveis tenham conhecimento dessa verdade para que possam lidar melhor com as indagações e situações problemáticas da criança.
Os valores sexuais e estilos de vida mudam de pessoa para pessoa. Para tanto, esses devem ser respeitados numa sociedade, dada à diversidade e pluralidade de valores e crenças, sendo um direito garantido a cada cidadão.
Por fim a vivência e o exercício da cidadania plena se manifesta também nas fases da sexualidade infantil, adolescente e adulta, apesar de nem sempre ser compreendida. Cabe então, aos educadores na sua prática pedagógica, desenvolver sistematicamente um trabalho de orientação sexual infantil, buscando uma forma eficiente de construção de conhecimento sem estereótipos e preconceitos.

DESCOBRINDO A SEXUALIDADE NOS LIMITES DO PRÓPRIO CORPO


O universo cognitivo é individual e as imagens e reações, se formam através da maneira como as vemos; pensamos que a nossa perspectiva do universo é a única possível, que outras pessoas devem ver e até vêem o universo como nós o fazemos, isto é uma suposição egocêntrica, porque a sua imagem é o produto da natureza do ambiente físico e social em que está inserido, dessa forma configura-se a diferenciação no processo cognitivo. A existência da diferenciação em processos cognitivos entre os sujeitos, não os impedem de terem aspectos comuns nas imagens por elas obtidas em seu processamento cognitivo sobre sexualidade.
A criança na sua formação cognitiva assimila o que a ela é transmitido como verdadeiro, cria uma maneira particular de concepção da sexualidade. Mas, se lhe transmitem a informação de forma incorreta, o cognitivo da mesma assimila de forma distorcida, produzindo sistematicamente um conceito errôneo sobre sexualidade, pois o cognoscente de cada um é responsável pelo conhecimento e aprendizagem adquirido do meio em que vive.
A criança, quando descobre o próprio corpo, sente-se atraída em perceber as diferenças anatômicas que biologicamente existem entre meninos e meninas, surge então, uma curiosidade espontânea, tornando-os conscientes das diferenças sexuais, é como nos diz Paulo Freire,
A curiosidade como inquietação indagadora, como inclinação ao desvelamento de algo, como pergunta verbalizada ou não, como procura de esclarecimento, como sinal de atenção que sugere alerta faz parte integrante do fenômeno vital. (1996, p. 32).

Nesta fase de descobertas intrigam sobremaneira as diferenças e curiosidades e as dúvidas acontecem simultaneamente levantando oralmente este questionamento pelo corpo um do outro, implicando em brincadeiras do tipo, médico e doente, papai e mamãe, mamãe grávida e outras, dessa forma distinguirão as diferenças de sexo entre ambos, desse modo a criança explorará o próprio corpo, tentando conhecer e promover os sentimentos que ele produz, descobrindo assim o prazer. É a fase do reconhecimento de seu sexo, do toque e da observação. É como nos diz Carmem Barroso,

(...) a criança brinca com seu próprio corpo desde pequenina. Explora cada parte dele e por vezes, e se detém nos genitais. Descobre que o corpo é fonte de prazer e gosta das sensações que obtém. Estas experiências precoces serão a base de uma sexualidade sadia no futuro. (1991, p. 31).




Terá assim toda uma relação ligada às carícias, ao toque, aos sentimentos de segurança e de reações afetivas, que se tende a respostas dadas às necessidades que a criança manifesta mantendo assim, o contato corporal, estimulando o cognitivo e a capacidade de comunicar-se e de desenvolver sentimentos associados à confiança, estruturando e equilibrando o desenvolvimento psicossexual e educativo.
No período denominado por Freud de latência, as energias sexuais infantis são canalizadas para o desenvolvimento social, através da sublimação. Neste período a busca pelo prazer é centrada em outra área, a criança passa a dedicar-se mais a trabalhos educativos e sistematicamente descobre suas habilidades sociais. É quando normalmente a criança perde o interesse pela sexualidade ou os anseios pela descoberta sexual diminuem, surge a desvalorização e repulsa pelo sexo oposto. Resultando na aversão à sexualidade, os meninos não gostam das meninas e vice-versa, não querem ouvir falar de namoradinhas (os), beijos e tudo que envolva relacionamento amoroso, a criança passa a ver o colega do sexo oposto como seu principal rival, forma-se então os famosos grupos: o clube do Bolinha composto por meninos; e da Luluzinha composto por meninas. Aflora a rivalidade e a competitividade entre gêneros e suas atenções são voltadas para seu crescimento pessoal, pois sua libido está voltada para seu próprio crescimento na sociedade, ela passa a se colocar no mundo e vê-lo como apenas seu. Começa então uma etapa social, onde há uma grande conquista nas relações de socializações e intelectualidade. Porém ainda que este período constitua uma pausa na evolução da sexualidade, este fato não significa necessariamente que a criança não tenha nenhum interesse sexual até chegar à puberdade, mas não se desenvolverá nesse período um grande interesse pela sexualidade.
De acordo com Piaget, o crescimento orgânico, a maturidade neurológica e fisiológica geral contribui para que seja um dos determinantes fundamentais do desenvolvimento psicológico da criança, e é ela quem irá construir seu próprio crescimento cognitivo (OLIVEIRA e TEIXEIRA, 2002) mesmo porque quando se pensa em educação sexual na infância, automaticamente, tem que se pensar também em desenvolvimento emocional. Apesar de a sexualidade ser de vital importância para o ser humano, é um tema que nossa sociedade ainda trata com muita discrição.
Dessa forma, responder de forma coerente e simples, clara e objetiva satisfaz a curiosidade da criança. A satisfação dessas curiosidades contribui para que o desejo do saber seja impulsionado ao longo da vida, enquanto que a não satisfação ou o excesso de informação gera ansiedade e tensão e bloqueio emocional.

A responsabilidade familiar: uma questão a ser revista

As famílias ou a maioria delas se abstêm do seu primordial direito e dever quanto à orientação sexual dos filhos e, para que não seja cobrada pela sociedade ou com o intuito de se redimir junto aos filhos, os orienta da forma a que foram ensinadas, se omitem da realidade e ensinam historias no lugar da verdade. Quando aguça na criança a curiosidade em saber de onde veio, há aqueles que ainda se utilizam histórias como: o bebê trazido pela cegonha, bebês comprados em hospitais, bebês trazidos de avião, neném nascido na cabeça do repolho, bebês que veio em bolsa preta... E muitos pais na visão retrógrada querem se esquivar do assunto, levando ao extremo a repreensão afetando inconscientemente os filhos na sua capacidade de sentir, pensar, integrar, relacionar-se.
Os pais não se dão conta que ao esquivar-se, estão deixando os filhos entregues à própria sorte no tocante as respostas para sua natural curiosidade. As crianças, como podemos observar, necessitam que suas ansiedades sejam satisfeitas, lançando assim mão de algo ou alguém que esteja ao seu lado: o coleguinha. Este poderá mesmo sem saber nada sobre o assunto, se achar o máximo inculcando no coleguinha mais novo as suas distorcidas informações, fruto de sua fértil imaginação ou do conhecimento cognitivo errôneo. Como podemos encontrar no PCN,
A criança também sofre influências de muitas outras fontes: de livros, da escola, de pessoas que não pertencem à sua família e, principalmente, nos dias de hoje, da mídia. Essas fontes atuam de maneira decisiva na formação sexual de crianças, jovens e adultos. (PCN ? Pluralidade Cultural e Orientação Sexual ? 1997, p. 112).

Muitas vezes a criança em idade tenra ouve de forma explícita demais as informações sobre sexo, gerando pânico, medo e temor relacionados ao assunto. Constatamos este fato em entrevista com uma adolescente, sobre suas primeiras noções de orientação sexual na infância: "Minhas colegas eram dois anos mais velhas, eu tinha sete. Uma nos contou que a prima havia se casado aos doze anos, e no dia em que foi morar com o rapaz ela acordou com ele em cima dela, ele enfiou o ??pirú?? na ??perereca", era assim que faziam os bebês, logo pensei ? meus pais fizeram isto quatro vezes, como só tinha sete anos, por muito tempo fiquei com medo dos homens... ?? (G. A. S., julho 2006).
Em experiências totalmente explícitas percebemos que a criança não consegue se desenvolver espontaneamente, pois o medo traz retraimento, tornando-a insegura, insatisfeita e muitas vezes com comportamentos agressivos, fruto de insucessos e buscas infrutíferas junto a quem a deveria orientar.
A grande maioria dos pais, ainda hoje, sente dificuldade e às vezes insegurança em questões ligadas à sexualidade, observa-se daí a opção pelo silêncio, o que leva o filho a obter respostas distorcidas quanto às suas necessidades de informações precisas. Mesmo sabendo que as crianças têm outras fontes de informações, cabe aos pais e professores orientá-los de maneira que cheguem à fase adulta com segurança. É como nos diz o PCN, "(...) busca-se considerar a sexualidade como algo inerente à vida e à saúde, que se expressa desde cedo no ser humano. (PCN ? Pluralidade Cultural e Orientação Sexual ?1997, p. 107)".
Finalmente, é inegável a responsabilidade dos pais e educadores em promover desde cedo ajuda a criança para encontrar sua própria identidade sexual, permitindo que ela se veja com é, como pessoa que pertence ao sexo que tem e que esses comportamentos possibilitem o bem estar de ambos, aceitando-os positivamente, facilitando assim, o seu processo de evolução afetiva, sexual e social.


A educação sexual na escola

Por muitas vezes o ser humano prefere deslocar um problema a enfrentá-lo, sendo assim, não é diferente no meio do corpo docente, pois muitas vezes o professor prefere discorrer sobre fatos que ocorreram em sala de aula de seus colegas do que de sua própria sala de aula. Nas observações realizadas com professores do ensino fundamental ?séries iniciais- da rede pública percebemos grande resistência em falar abertamente sobre sexualidade e casos que ocorreram com sua sala de aula, ocultando os problemas ali existentes, preferindo dar exemplos de salas vizinhas.
Percebe-se ai um grande preconceito, diga-se dessa forma, pois não vê a necessidade de relatar casos referentes ao assunto, devido ao constrangimento que sentem ao abordar o tema sexualidade.
A escola vê como fator desnecessário uma preparação relacionada à sexualidade nas séries iniciais, prefere ignorar a idéia de que a criança necessita desse aprendizado desde os seus primeiros anos do período escolar. Quando os professores se deparam com alguma situação relacionada ao tema, sentem-se despreparados para lidar com certas situações, criando assim constrangimento e insegurança. Utilizando muitas vezes de pequenos princípios psicológicos vindos de sua formação pessoal.

A orientação sexual na escola deve ser entendida como um processo de intervenção pedagógica que tem como objetivo transmitir informações e problematizar questões relacionadas à sexualidade, incluindo posturas, crenças, tabus e valores a ela associados, (...) enfocando as dimensões sociológicas, psicológicas e fisiológicas da sexualidade". (P.C.N. Apresentação dos temas transversais, ética, p. 34, 1997).

Por falta de um conhecimento mais acurado sobre o assunto, o professor vê o fato de seu aluno descobrir-se interessado pelo sexo oposto como algo absurdo e impróprio para a idade e o ambiente escolar. É como nos mostra o PCN:

As manifestações de sexualidade afloram em todas as faixas etárias. Ignorar, ocultar ou reprimir são as respostas mais habituais dadas pelos profissionais da escola. Essas práticas se fundamentam na idéia de que o tema deva ser tratado exclusivamente pela família (PCN, Pluralidade Cultural Orientação Sexual, 1997, p. 112).

Durante o período de observação, pôde-se perceber as inquietações e mesmo as queixas da professora no tocante a inclusão de deficientes ou crianças com idade superior aos demais, o que torna uma barreira para se falar em educação sexual, resultando em tumulto com o restante da turma devido às diferenças existentes.
Na história de vida da criança, os pais são as pessoas mais importantes na vida e têm responsabilidades sobre sua educação sexual, tanto quanto a escola. Ao ingressarem na escola, os professores passam a ser o responsável pela continuidade de sua educação. Como já citamos anteriormente os pais dialogam pouco ou quase nada a respeito da sexualidade com os filhos, aumentando assim a responsabilidade da escola e dos professores no que diz respeito a sua orientação sexual, é como nos traz a revista Nova Escola,
(...) fingir que as crianças não passam por esse processo é negar a realidade. O sexo é parte da vida das pessoas (aliás, uma parte importante e muito boa) e é por essa razão que a escola e a família devem ajudar a construir nos pequenos uma visão sem mitos nem preconceitos (...) (GENTILLE, p. 22, 2006).

Finalizando, o papel do educador não deve ser restrito a sala de aula, mas sim, atuar também como orientador aos pais e responsáveis no tocante a sexualidade dos pequenos. Segundo Barroso, "Um programa de orientação sexual tem de pensar a importância da sexualidade na vida das pessoas. Seu papel no equilíbrio psíquico, sua significação social, sua função biológica." (p. 85, 1991).


Considerações finais
As dificuldades apresentadas pelas crianças com relação à sexualidade associam-se em grande parte, também, pelas dificuldades na compreensão deste assunto, e, inconscientemente procura uma forma de pedir auxilio diante da relutância de respostas à abordagem no seio familiar.
Por meio deste estudo, pôde-se então, perceber que a criança é por natureza curiosa e sozinha tenta se descobrir percebendo assim, que existem diferenças anatômicas que as distinguem como sendo meninas e meninos. A família com a determinação de se redimir de sentimentos de culpa, opta por zelar pelo seu histórico, tratando a sexualidade de forma velada, escondendo comportamentos ilícitos que possam comprometer quaisquer de seus membros. Inconscientemente a situação é percebida pela criança, que pode em conseqüência disto, adotar a mesma dinâmica familiar vivenciada, resultando daí uma aprendizagem distorcida.
Como podemos notar, as crianças se interessam por questões sexuais, articulam linguagens e práticas sobre sexualidade, mas, em geral os professores naturalizam a sexualidade e as representações sobre o corpo, como mecanismo controlador dos comportamentos das crianças, com discursos científico-biológicos associados à reprodução, anatomia e fisiologia humana. Essas concepções se chocam no processo de socialização da pessoa e da própria construção sobre a sexualidade. Enquanto a escola só reconhece a legitimidade moralizante e institucional que leva o professor-educador a reconhecer e mesmo preferir o "silencio" e tolhimento, meninos e meninas são levados para o lado da criação da fantasia e das brincadeiras erotizadas sem o conhecimento real de respostas às suas buscas e indagações.
Tratar deste assunto com naturalidade facilitará a compreensão da criança e estará garantido o estabelecimento de regras e limites que passarão a ser compreendidos e respeitados pelos educando.





















Referências bibliográficas

BARROSO, Carmem; BRUSCHINI, Cristina. Sexo e Juventude: Como discutir a sexualidade em casa e na escola. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 1991.
BRASIL, Secretaria da Educação Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais: P.C.N. Ética. Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRASIL, Secretaria da Educação Fundamental, Parâmetros Curriculares Nacionais: P.C.N. Apresentação dos temas transversais, Pluralidade cultural orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997.
GENTILE, Pado, Eles querem falar de sexo, Revista Nova Escola. São Paulo: Editora Abril, Abril. 2006.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia, saberes necessários à pratica educativa, 7ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.
FREUD, S. Três ensaios para uma teoria sexual. Obras completas. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
OLIVEIRA, Marta Kohl e TEIXEIRA, Edival. A questão da periodização do Desenvolvimento Psicológico In. OLIVEIRA, M. K; SOUZA, D.T.T. e REGO, T.C. (Orgs.) Psicologia, Educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Moderna, 2002 (pp. 23-46).