A PRÁTICA DOCENTE E A INTERDISCIPLINARIDADE Aparecida Roseli Pereira da Silva Celia Paula Luperini Elizete da Silva Paulo RESUNO Os conhecimentos que a escola trabalha com os alunos no cotidiano educacional é organizado através das disciplinas cientificas. Estas, por sua vez são tentativas escolares de organizar campos demarcados pela produção de conhecimentos e definidos pelos objetos e métodos específicos de cada investigação. As disciplinas são divisões estabelecidas arbitrariamente e transformada em matérias ou conteúdos escolares, as quais estão vinculados a um conjunto de conhecimentos que são assegurados e validados por pesquisas cientificas, pelos vários campos de investigação, assim a interdisciplinaridade vem como um meio de contribuir, unindo as áreas do conhecimento em prol de dar significados e relevância a todas as disciplinas em determinados temas, trabalhando juntos enfatizando a necessidade de um conhecimento em campo maior. Esse trabalho discutira os conceitos de alguns autores sobre a interdisciplinaridade para tentar tornar operacional para as atividades de aprendizagem em sala de aula. A PRÁTICA DOCENTE E A INTERDISCIPLINARIDADE A interdisciplinaridade pode ser caracterizada como uma tentativa de estabelecer relações de trabalho associadas entre o conjunto de disciplinas, buscando uma aproximação entre conceitos, para analisar problemas específicos e concretos que por sua vez, criam-se condições objetivas de criação de novos conceitos a partir de diálogos disciplinares. Para Morin: “a uma inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes, pois estão separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas que se hiperespecializam, impedindo-se de ser global e o essencial em problemas que estão cada vez mais polidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários.”(MORIN, 2000, p. 36) Essa superação da fragmentação das disciplinas talvez seja o principal objetivo da interdisciplinaridade, pois ela traz então uma proposta de articulação sistemática que exige a superação de fragmentação, a navegação em possibilidades conceituais de reflexão sobre as contextuais, a organização de saberes agregadores que desenvolvam e orientem competências, um olhar de totalidade e de interação. Trata-se de uma postura de interação docente, discente, de contextos, de objeto do saber, de saberes e competências, que interroguem e questionem, que iluminem e estabeleçam patamares de enriquecimento e emadurecimento às pessoas e a suas ações profissionais e pessoais. Para Salomé: “Uma das razões dessa política de fragmentação disciplinar é resultado da tendência dos pesquisadores a perfilar os problemas a serem estudados de uma maneira muito precisa, para resolvê-los com maior rapidez. O forte peso da cultura do positivismo, com sua ênfase na precisão, e a imposição de determinadas metodologias de pesquisa e, portanto, de forma de legitimação do conhecimento favoreceram a caminhada em direção a disciplinares mais reducionistas; ganhavam-se nos níveis de precisão nos quais se trabalhava, mas em geral perdia-se nas questões relativas à sua relevância.”( SANTOMÈ, 1998, p. 06) A interdisciplinaridade tem grande possibilidades de ser efetiva se não forem esquecidos os pressupostos filosóficos que orientam e fundamentam as disciplinas, e os que dão consistência a elas. As praticas interdisciplinares estão sempre em construção, são provisórias e necessitam de constantes aprimoramentos, exatamente por se constituírem em redes de trabalho atravessadas por um conjunto de filosofias especificas que dialogam, confrontam-se, associam-se e compartilham problemas. Para o teórico, a interdisciplinaridade é fundamentalmente um processo de uma filosofia do trabalho. Nesse sentido, Santomé complementa que: “A interdisciplinaridade não se produz a partir das disciplinas. Ela se produz a partir das meta-disciplinas. Eu converso com os outros colegas a partir da minha filosofia e da deles. Mas não da minha disciplina. Se eles não tiverem a filosofia, se eles não forem capaz de produzir-la, não há possibilidade de dialogo. Outro problema é que a filosofia não esta sendo capaz de ajudar na produção das filosofias particulares. Os filósofos me ajudaram, mas nenhum deles foi capaz de me entregar um esquema. E não podiam. Imagine um filosofo se preocupar com coisa tão boba como a geografia! Mas cada disciplina, olhando a realidade a partir de um prisma, tem ela própria, sua rede e seus e seus pontos nodais, que formam a rede. E a teoria é uma rede. A teoria não é um conceito solto, é um sistema de conceitos. Então, os filósofos acabam sendo os inspiradores e depois, La adiante, os fiscais. Mas cada disciplina tem que elaborar a sua filosofia.”( SANTOMÈ,1998, p. 18) A interdisciplinaridade apresenta grandes dificuldades para ser implementada como pratica cotidiana nas escolas, dada a natureza disciplinar que tem organizado e orientado o trabalho pedagógico. A escola moderna se estruturou a partir da lógica das ciências clássicas, que individualmente aparentam possuir uma homogeneidade interna, principalmente em relação a objetos, técnicas, instrumentos e regras. O trabalho pedagógico interdisciplinar antes de qualquer processo de implantação requer uma reflexão sobre a formação dos professores para esse tipo de atividade e a interdisciplinaridade é uma alternativa para a educação escolar contribuir para que as novas gerações tenham processos de escolarização mais conectados com o mundo da vida. A interdisciplinaridade provoca e convive com a complexidade porque deve incorporar as novas leituras, linguagens, formas e concepções de multiculturalidade, de vida em comunidades, de ambientes educativos diferenciados; somente quando há espaço para o pensamento complexo, ou seja, quando há lugar para o dialogo, entre visões distintas e diferentes, trazendo o entendimento e o convívio ético, é que se pode permitir uma forma interdisciplinar. BIBLIOGRAFIA MORIN, Edgar. A inteligência da complexidade. São Paulo: Petrópolis, 2000. SANTOMÉ, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artmed, 1998.