Adilson Motta, 2007

A expressão genérica "povos indígenas" refere-se a grupos humanos espalhados por todo o mundo, e que são bastante diferentes entre si. Apenas no Brasil, há mais de 200 desses povos.
É apenas o uso corrente da linguagem que faz com que, em nosso e em outros países, fale-se em povos indígenas, ao passo que, na Austrália, por exemplo, a forma genérica para designá-los seja aborígines. Indígena ou aborígine, como ensina o dicionário, quer dizer "originário de determinado país, região ou localidade; nativo". Aliás, nativos e autóctones são outras expressões usadas, ao redor do mundo, para denominar esses povos.

População Indígena Mundial

Estima-se que existam hoje no mundo pelo menos 5 mil povos indígenas,
somando cerca de 350 milhões de pessoas, representando 5% da população mundial.
A população indígena mundial vive em zonas que contém 60% dos recursos naturais do planeta".Não admira, portanto, que surjam inúmeros conflitos pelo domínio das terras. (...) A exploração de recursos naturais (petróleo e minas) e o turismo são as principais indústrias que ameaçam os
territórios indígenas na América". (Organização Internacional do Trabalho ?OIT). (Pesquisa realizada na Internet em 12/2004). Estudo das Nações Unidas afirmam também que 80% dos indígenas da América Latina vivem na pobreza.


POVOS INDÍGENAS

A ORIGEM DOS POVOS AMERICANOS
Os habitantes do continente americano descendem de populações advindas da Ásia, sendo que os vestígios mais antigos de sua presença na América, obtidos por meio de estudos arqueológicos, datam de 11 a 12,5 mil anos. Todavia, ainda não se chegou a um consenso acerca do período em que teria havido a primeira leva migratória.
Os povos indígenas que hoje vivem na América do Sul são originários de povos caçadores que aqui se instalaram, vindo da América do Norte através do istmo do Panamá, e que ocuparam virtualmente toda a extensão do continente há milhares de anos. De lá para cá, estas populações desenvolveram diferentes modos de uso e manejo dos recursos naturais e formas de organização social distintas entre si.
Não existe consenso também, entre os arqueólogos, sobre a antigüidade da ocupação humana na América do Sul. Até há alguns anos, o ponto de vista mais aceito sobre este assunto era o de que os primeiros habitantes do continente sul-americano teriam chegado há pouco mais de 11 mil anos.

No Brasil, a presença humana está documentada no período situado entre 11 e 12 mil anos atrás. Mas novas evidências têm sido encontradas na Bahia e no Piauí que comprovariam ser mais antiga esta ocupação, com o que muitos arqueólogos não concordam. Assim, há uma tendência cada vez maior de os pesquisadores reverem essas datas, já que pesquisas recentes vêm indicando datações muito mais antigas.


Panorama histórico da população indígena no Brasil

Comemorado pela primeira vez no Brasil em 1944,o dia 19 de abril tornou-se o dia do índio. A data foi instituída por Getúlio Vargas e, desde então, dificilmente tem passado despercebida. O dia 19 de abril, ao colocar em pauta a questão indígena, nos questiona hoje sobre as possibilidades de convivermos, de forma respeitosa, digna e construtiva, com os mais de 210 povos indígenas que existem no país, falando mais de 180 línguas e dialetos próprios, espalhados em inúmeras aldeias em praticamentetodos os estados do Brasil (só no Piauí e no Rio Grande do Norte não há índios). Os índios brasileiros estavam divididos em tribos, de acordo com o tronco lingüístico ao qual pertenciam: tupi-guaranis (região do litoral), macro-jê ou tapuias (região do Planalto Central, arauaques (Amazônia) e caraíbas (Amazônia).

Ao chegar a esta terra que hoje chamamos Brasil, os portugueses encontraram uma população estimada em mais de 3 milhões de pessoas. Eram muitos povos diferentes que se distribuíam por todo o território. Que por um equívoco, foram identificados como "índios". Hoje essa população é de apenas 734 mil habitantes, ou seja, 0,4% da população total do Brasil. Cabe esclarecer que este dado considera tão-somente aqueles indígenas, que vivemem aldeias, havendo estimativas de que, além destes, há entre 100 e 190 mil vivendo fora das terras indígenas, inclusive em áreas urbanas. A maior parte dessa população distribui-se por milhares de aldeias, situadas no interior de 582 terras indígenas,de norte a sul do território nacional (onde estão).
A população indígena ocupa área que corresponde à quase 11% do território nacional
Segundo o antropólogo Darcy Ribeiro, como resultado de uma pesquisa encomendada pela UNESCO, a respeito de índios e brancos no Brasil ? 87 grupos indígenas haviam deixado de existir entre 1900 e 1957. A incorporação do índio à sociedade brasileira fez com que estes perdessem suas peculiaridades culturais.
O processo de colonização levou à extinção muitas sociedades indígenas que viviam no território dominado, seja pela ação das armas, seja em decorrência do contágio por doenças trazidas dos países distantes, ou, ainda, pela aplicação de políticas visando à "assimilação" dos índios à nova sociedade implantada, com forte influência européia.
Números que servem para dar uma ideia da imensa quantidade de pessoas e sociedades indígenas inteiras exterminadas ao longo desses 500 anos, como resultado de um processo de colonização baseado no uso da força, por meio das guerras e da política de assimilação e do processo de aculturação que ocorre(-u) no intercâmbio de relações com o mundo civilizado (o qual prevalece nas relações).

Panorama Maranhense da População Indígena

No Maranhão existem 16 áreas indígenas habitadas por aproximadamente 19.000 pessoas pertencentes a 8 povos. São eles:

Awá Guajá
Guajajara
Kaápor
Pukobye
Krikati
Ramkokam
Apaniekiá
KrêpumKatoyê

O total das áreas indígena corresponde a 5,8% da superfície do Estado do Maranhão.
Das 1.908.389 ha. /desse total, 330.000 ha. estão degradadas, invadidas e destruídas, essa área corresponde a 17,2% do total das superfícies das áreas indígenas.
Os índios do Estado do Maranhão falam duas línguas: tupi-guarani e o macrojê.
A educação indígena é destaque no Maranhão. Atualmente, sete dos oito povos são atendidos por ações que vão desde a construção de escolas indígenas e implantação de ensino regular bilíngue. Ao todas são 226 escolas espalhadas pelas Terras Indígenas presentes no estado, atendendo 11.338 alunos indígenas, matriculados em 2006.
(Fonte: Jornal Pequeno ?
redaçã[email protected]) in 2006



A POPULAÇÃO GUAJAJARA


Os Guajajara é um povo que, há centenas de anos, batalha para manter-se vivo, resguardando a essência de sua cultura e conservando a especificidadeque o faz diferente dos outros povos indígenas e da sociedade nacional. Distribuem-se em 10 localidades pelo Estado do Maranhão.
As áreas habitadas por Guajajara, são:
1- Área Indígena Carú
2- Área Indígena Pindaré
3- Área Indígena Araribóia
4- Área Indígena Bacurizinho
5- Área Indígena Cana Brava
6- Área Indígena Geralda/ Toco Preto
7- Área Indígena Lagoa Comprida
8- Área Indígena Morro Branco
9- Área Indígena Rodeador
10- Área Indígena Governador

Os Tenetehara/ Guajajara são em sua maioria bilíngüe, falam o tupi-guarani e o português. Sendo a população indígena do estado em número de 19.000 habitantes, desse número, os guajajara são cerca de 14.000 pessoas distribuídas em dez áreas. Sendo de longe, o povo mais numeroso do Brasil ocupa a região Centro Sul do Maranhão. É o povo que tem um contato secular com a sociedade não-indígena. Isto lhe confere uma enorme capacidade de articular, negociar, reivindicar junto à sociedade como um todo. Tenetehara significa "gente verdadeira". Assim se definem os Guajajara do Maranhão, que habitam as dez áreas, todas regularizadas. Apesar disso, algumas apresentam graves problemas de invasão.



A POPULAÇÃO INDÍGENA DE BOM JARDIM


Em Bom Jardim vamos encontrar duas reservas indígenas, a do Rio Pindaré e a do Carú. É uma população bilíngue em sua maioria, falando o tupi-guaranie o português.
A população indígena dessas duas reservas é de 1.179 habitantes (2005), correspondendo a 3,42% da população bonjardinense. Ainda não possuem um vocabulário escrito (mas já estão trabalhando para este fim). Existem escolas indígenas em Bom Jardim na aldeia. E as aulas são trabalhadas a base do diálogo. As duas línguas (português e tupi)prevalecem na prática pedagógica da educação indígena.

Não sendo diferente do que acontece a nível nacional, a população guajajara de Bom Jardim também passa pelo processo de aculturação, ou seja, pelo intercâmbio culturalentre a língua deles e seus costumes na relação com o mundo civilizado através da televisão dentro das aldeias e os contatos que se processam na língua portuguesa. Isto, ditado pelas necessidades de relações, que acontecem em nossa língua e nossos costumes, eles vão esquecendo seus costumes e sua língua e incorporando os nossos e a língua do mundo civilizado. E para reforçar essa aculturação, segundo Alzenira Guajajara, Professora indígena, as aulas são ministradas com mais frequência na língua portuguesa.
Em 2002, um grupo de índios formandos em magistério de várias aldeias elaborou o dicionário da língua tupi-guarani (os guajajara). Pois há muito tempo são tidos por uma população ágrafa (sem escrita). O dicionário por eles elaborado ainda não saiu sua publicação. O dicionário conserva a língua, e conservando a língua conserva a cultura.
Eles têm total assistência médica e os professores são indígenas.


ÁREA INDÍGENA - PINDARÉ

Localiza-se no município de Bom Jardim e temuma extensão de 15.004 ha. Sendo uma população de 980 habitantes (índios). São compostos por cinco aldeias. A aldeia corresponde a uma aglomeração de pessoas. Esta reserva foi demarcada pela firma PLANTEL, foi homologada e, sucessivamente, registrada no cartório de Bom Jardim em 1982. As aldeias maiores são Januária e sede do Posto da Funai.
ÁREA INDÍGENA ? CARÚ


A área Indígena Carú, limitada pelos rios Pindaré e Carú está também situada no município de Bom Jardim.
Foi demarcada em 1977, homologada e registrada em 1982, com uma extensão de 175.000 ha. E hospeda cerca de 199Guajajaras, que permanecem sob a jurisdição do Posto Indígena do Carú, sediada na aldeia Massaranduba, além de cerca de 100 Guajás, que vivem nas proximidades do Posto Indígena AWÁ, e outros grupos de guajás, espalhados na mata sem ter algum contato com a sociedade.