O Brasil tem um longo histórico de "inverdades", "jeitinhos", "Fatos questionáveis" e, em ocasiões especiais, alguns fatos que só podem ser definidos como "canalhices descaradas provindas do fogo do inferno tupiniquim". Isso, praticamente, faz parte do cotidiano brasileiro. Infelizmente esquecer e assistir os jogos de futebol no domingo também. Até aqui nenhuma novidade, as pessoas continuam percebendo as coisas apenas quando toda a merda é jogada no ventilador. A única coisa que realmente mudou da velha época para cá é a velocidade do ventilador.
Se alguém escrevesse um livro com todos os crimes da Câmara de Deputados, Senado e Executivo, alguns chamariam de bíblia e provavelmente, alguns anos depois, viraria um filme lindo, cheio de drama, apadrinhamentos, ameaças, chacinas e romance regado a dinheiro do contribuinte. Se tivesse um vampiro então, seria um filme perfeito, pois conseguiria chamar a atenção do publico jovem ? coisa que a política atual não consegue sem envolver bicicletas e cestas básicas envolvidas em laços de seda (falsa). Mesmo apesar da possibilidade desse filme ser feito, eu sei, e posso provar que o Brasil vive, nesse exato momento, o seu melhor momento político que se tem registro.
Como já foi visto durante a ultima batalha travada entre duas certas emissoras, durante a ditadura militar, uma dessas emissoras ? se você não sabe qual é, pergunte a um bispo que use terno, ele vai saber te responder ? se aproveitou para aumentar sua área de operação, poder e controle apoiando os "simpatizantes" do "governo" em exercício ? um excelente exemplo dessa apologia esta na grande publicidade que essa emissora dava a certo musico novato que cantava, em plena época de regime ditatorial, musicas que envolviam "calhambeques" e "brotos legais", sem nenhuma espécie de menção dos direitos civis. Durantes anos esse cantor foi o principal produto de venda da maior emissora do país, que, por sua vez, era amiguinha do mesmo regime que exilava cantores polêmicos que falavam de "liberdade" e "direitos humanos". O mais interessante é que essa mesma emissora ainda detém e usa do contrato vitalício que ela tem com o cantor que se tornou uma espécie de ícone. Com isso, essa emissora deteve o controle do poder jornalístico do país por décadas, tendo, e continuando a abrir, uma larga vantagem sobre suas concorrentes. Até que um dia, certo Bispo-mor em ascendência meteórica ? eu gostaria de falar o nome dele, mas tenho medo do que pode acontecer com a minha conta bancaria amanhã ? compra, de uma forma questionável e com dinheiro vindo de fontes ainda mais "questionáveis", certa emissora em decadência, depois é aplicada nessa emissora uma quantia "Record" de capital, elevando a emissora a um novo patamar (e rebaixando outras a outros patamares). Esse ritmo foi mantido durante anos. Com o passar do tempo, a segunda emissora (pertencente ao bispo) chegou a nivelar com a primeira (pertencente a certo empresário muito amigo de políticos da velha escola), e é nesse ponto que realmente começa o assunto desse maldito texto.
Surge à necessidade de definir quem é o macho-alfa da televisão brasileira e as batalhas por esse titulo são travadas em diversas áreas: noveleira (vencida pela primeira emissora), seriados (vencida pela segunda emissora) e na área jornalística, área qual tem se tornado alvo da maior parte dos esforços de ambas as emissoras devido ao seu fator de desempate. Conforme os assuntos foram se esgotando, a primeira emissora se viu obrigada a citar fatos ocorridos no meio político para poder ? algo que normalmente nunca é feito devido a sua antiga parceria das "velhas raposas" ? e assim, conseguir fornecer informação que possa se passar como "de qualidade" para o telespectador que só assiste o jornal para matar o tempo antes de começar as determinadas novelas das respectivas emissoras ? uma boa metáfora para essa ação é: o mascote do homem de terno fardado decidiu morder a mão que o alimentava para provar que era de confiança para o resto da matilha (que metáfora horrível!). Conforme a primeira emissora despontava na liderança devido a sua ousada iniciativa, a segunda emissora se viu obrigada a também começar a divulgar os podres políticos ocorrentes no país. Isso era relativamente difícil para a segunda emissora, já que alguns de seus representantes religiosos também faziam parte do corpo político do país, mas se esse fosse o custo para o topo, esse seria o preço a ser pago.
A prova de que esse ultimo pensamento foi adotado pela segunda emissora esta sendo visto em diversos canais, normalmente às oito da noite. É bem lógico pensar que, quando as duas maiores emissoras do ramo começam a explorar a sujeira política para obtenção de audiência, as outras menores também as seguiriam para não ficarem para traz. Essa competitividade corporativa pode parecer uma canalhice desgraçada, mas para o povo brasileiro que não possui ações na bolsa dessas emissoras, algo de bom pode vir disso. Diferente de anos atrás, quando a informação era mantida a sete chaves pelo poder que tinha seus contatos e tentáculos em toda parte, hoje, com o avanço da tecnologia que aumentou o poder consciente do cidadão comum, é muito mais difícil se manter uma informação de interesse nacional isolada. As grandes emissoras perceberam isso a tempo e se aproveitaram para tirar sua pequena pepita de ouro desse enorme monte de excremento que algumas pessoas cismam em chamar de corrupção. Porém, as coisas não saíram do jeito que os mais idealistas e intelectuais desejariam.
As pessoas têm um acesso à informação política dez vezes maior do que há quarenta anos, mas o interesse sobre o assunto diminuiu. Ainda existem pessoas que preferem assistir futebol ou novela invés de investigar o passado de um político na internet ? algo que não demoraria nem quinze minutos, dependendo da banda larga ?, independente de quão fácil esse procedimento esteja. Ainda há pessoas que consideram as reportagens que passam na televisão sobre corrupção política algo normal, algo que tinha que acontecer, e essas pessoas nem se preocupam com o que pode acontecer futuramente, pois suas esperanças, ou seu conceito de esperança, ou seja lá a monstruosidade que tomou o lugar dessa palavra, as fazem acreditar que não há a menor possibilidade de algo de bom sair do meio em questão (política). E por mais que o oportunismo televisivo seja útil e as faça pensar e notar a podridão que acontece no meio do país, nada vai mudar a não ser que alguém saia do seu sofá financiado e faça algo de inteligente com o seu voto ou, pelo menos, com seu controle remoto. Infelizmente essa ultima frase é de praxe. Quem sabe se alguém fizer um filme sobre corrupção na política e colocar um vampiro perturbado e uma garota com complexo de inferioridade como protagonista as coisas mudem.
Deve ser reconfortante para as pessoas que lucram e se beneficiam com a ignorância popular, saber que, durante gerações foi passado e enfatizado que tudo que passa na televisão é "bom", e mesmo depois de anos de luta incansável contra a censura, quando a sociedade brasileira está mergulhada até a cabeça em um ápice de coleta de informação, ninguém liga... Isso deve trazer esperança para as gerações futuras de manipuladores e sem caráter ou respeito.