A POLÍTICA E OS POLÍTICOS

Há muito tempo que a política faz parte da vida das pessoas individualmente e em conjunto. Desde as pequenas formas de organização familiar, aliás é nela onde se exercitaram a gestão organizacional e decisorial até às mais complexas e modernas em sociedades humanas.

Actualmente e para muitos, a politica é para os políticos, a politica e os políticos são mentirosos, incumpridores de promessas e que só se importam com os seus privilégios e não para o interesse colectivo. Porém, a política é uma actividade pura e imaculada como qualquer outra actividade profissional, todavia, os seus agentes e sujeitos esses sim pela sua natureza e interesses, degeneram os métodos, técnicas e instrumentos de fazer politica em seu proveito.

A política é uma competição entre homens ou grupos sociais e tem por objecto o governo dos povos. Na verdade a política é de todos e para todos, aliás, o célebre politólogo Aristóteles dizia que “ o homem é naturalmente um animal político” e justifica que “ o homem é um animal político porque é feito para viver em sociedade” fim de citação. Os indivíduos que não participam nas tarefas de crescimento e desenvolvimento, construção material e imaterial no seu tempo na sua sociedade, é uma pessoa que está à margem da sociedade, como refere o politólogo acima citado” aquele que não pode pôr nada em comum na sociedade, ou que não sente necessidade de nada, não faz parte da cidade, não pode deixar de ser um bruto ou um deus”.

Desde os tempos remotos que o homem interessa-se em influenciar os pensamentos, opiniões, decisões, tarefas e sobretudo dirigir as comunidades, começa com essas atitudes a manifestação de práticas políticas e consequentemente o exercício do poder. Segundo o professor doutor Diogo Freitas do Amaral na sua obra História das Ideias Politicas, define política como sendo “actividade humana de tipo competitivo que tem por objecto a conquista e o exercício do poder” e, acrescento, não é somente a conquista e exercício do poder mas sobretudo a “manutenção” é muito importante que os políticos e a sociedade saibam que na política se ensina a conservar o poder político uma vez conquistado, naturalmente obedecendo às regras definidas pelo jogo ou competição política.

Os políticos angolanos devem envolver mais as populações nas suas acções de modo a que todos possam efectivamente corresponder a perspectiva apresentada pelo Aristóteles, sob pena de este elemento fundamental de cidadania pertença apenas e somente só aos letrados. O historial dos políticos angolanos tem a sua base desde a década de 1950 altura em que e no auge do nacionalismo africano, o exercício da actividade política se confundia com a actividade castrense, pois, nesse momento os principais movimentos de libertação eram comandados por seus líderes que dirigiam as operações militares no teatro das operações e, também jogavam um papel político preponderante lançando várias frentes diplomáticas para atrair apoios necessários à causa nacional, que é o bem maior alcançado a 11.11.75.

Sem qualquer formação específica no campo das ciências políticas e diplomáticas (muito por culpa do sistema colonial), estes nacionalistas aprenderam rápido as questões da negociação político diplomática, concertação política e económica, as implicações sócio demográficas e patrimoniais, etc bateram-se nos ideais do povo com honestidade. Hoje, com o planeta terra transformado numa aldeia global deve-se e, isso sim, exigir-se àqueles que aspiram entrar no governo, parlamento, tribunais e outros entes públicos, quer através dos partidos que lhes sejam no mínimo exigido tais conhecimentos como requisito ou fora dos partidos. Até porque em Angola já há várias instituições de ensino superior que ministram cursos como relações internacionais, ciência politica, direito, o que conferiria maior qualidade do discurso politico, retórica e naturalmente o maior conhecimento sobretudo dos negócios da “polis”, o respeito e honra de suas promessas públicas quer em actos eleitorais ou não.

Infelizmente ainda se verifica na praça politica angolana políticos sem escrúpulos que sem noção do que é o negocio da polis, entram na cena politica para dela suprir suas deficiências económicas e sociais. Pior ainda nesta sociedade, é a falta da cultura do “assessor político”. Seria bom que os políticos olhassem para os cientistas políticos ou politólogos como profissionais que ajudam a construir uma carreira brilhante ao interesse de seus chefes, fazendo estudos constantes e acompanhado de inquéritos sobre vários assuntos de interesse nacional e internacional, escrever discursos, analise e interpretação de factos políticos, aconselhar atitudes e comportamentos de seus responsáveis, evitando assim os descalabros que se verificam nos políticos, pois, essa actividade pelo mundo a fora é normalíssima.

É evidente que qualquer profissional pode ser um político no verdadeiro sentido da palavra, porém, precisa adquirir conhecimentos adicionais inerentes a vida política, do combate político, e neste particular os politólogos, juristas, sociólogos e outros, se apresentam em melhores condições.