Exacerbando do direito de ser pragmático, pergunto aos irmãos de fé: até quando brincaremos de fazer política?

                Talvez sejamos o único segmento da sociedade (é sim, nós fazemos parte dela) que não tem nenhum tipo de representatividade nas casas legislativas do país, sejam nas Câmaras de Vereadores, Assembléias Legislativas e Congresso Nacional.

                Até o chamado crime organizado tem os seus representantes, menos nós!

                Somos tão alienados politicamente que quando surge qualquer novidade em termos de projetos de lei que versam contra nós, nos desesperamos!

                A penúltima é sobre a questão da proibição de sacrifícios de animais em cerimônia religiosa. Foi um Deus nos acuda!

                Neste caso específico temos duas situações:

  1. Falta de representatividade política nas casas legislativas que propuseram as PL’s e
  2. Falta de informação sobre o que é sacrifício, sacrifício religioso, Constituição, direito constitucional, cidadania e a própria religião.

 

Da primeira falo depois, nos atentamos à segunda.

Os frigoríficos que exportam carnes para os países islâmicos, quando matam os animais, o fazem em sacrifício religioso, comandado por um sheik. Se não for dessa forma os países islâmicos não consomem a carne, eles seguem rigorosamente a sharia (espécie de constituição religiosa), que é o que norteia e regula o mundo islâmico.

Logo, o estado ou cidade, que aprovar tal lei estará diretamente prejudicando um segmento econômico do país, colocando em risco empregos diretos e indiretos, que poderá afetar a economia do país.

                Tenho certeza que não é intenção dos legisladores, sem dizer que, se a proibição apenas afetar o nosso segmento religioso, como já deixou claro o advogado, Ogã Dr. Hédio Silva, é crime de racismo!

                E eu nem citarei os judeus, que também sacrificam seus animais para consumo, como nós fazemos, afinal a carne que deveria ser servida no “ajeum”, deveria ser dos animais sacrificados, como forma de comunhão com os presentes distribuindo o AXÉ contido nelas, afinal os animais são imolados, no sentido de sacrifício e passam por um processo de sacralização, por intermédio de rezas e cantigas.

                A primeira é a mais importante, pois ela vem de dentro pra fora, representa uma mudança de postura perante a sociedade e talvez seja a mais difícil.

                Todos os segmentos da sociedade têm o seu representante nas casas legislativas, e nós? Temos quem?

                Ninguém!!!!

                A cada legislatura aparece um legislador com uma diarréia cerebral diferente, criando proposições que surgem para proibir a prática da nossa religião.

                Nós entramos em polvorosa, nos organizamos em marchas (que pouca gente vai), em fóruns, congressos, reuniões em casas de candomblé, enfim, nos movimentamos. Depois, vimos que é mais uma bobagem e...nos desarticulamos novamente!

                Mais importante do que eleger candidatos majoritários, é eleger quem faz as leis, ou seja, os nossos representantes (pelo menos deveriam)nas casas legislativas brasileiras. São eles que regularão a sociedade por meio de propostas de leis, protegendo determinado segmento em algumas vezes em detrimento de outro.

                Sem termos representantes nestas casas ficaremos sempre à mercê de quem nos odeia, para legislar ao nosso favor. Vejam que absurdo!!!! Nós estamos na mão do nosso inimigo e de quem tem medo deles!!!

                Muitos se elegem com os votos deles, logo, jamais os contrariarão, pondo em risco o Estado laico, transformando o Brasil abertamente (pois,  é nos bastidores) num Estado cristão.

                Uma República Cristã, do contrário que pregava Cristo, será uma república preconceituosa e discriminatória e, em alguns momentos racista. Principalmente no que se referem a nós, adoradores de orixás, que eles insistem em dizer que somos adoradores do diabo, existente somente na religião deles.

                Precisamos aprender a convergir naquilo que é de interesse mútuo, interesse comum, mesmo que as pessoas não sejam do nosso agrado, da nossa amizade, do nosso convívio, mas é, do nosso segmento religioso, óbvio, que sério, honesto e íntegro, temos que votar nele!

                Precisamos parar de votar nos caras que bancam as festas de Cosme e Damião, prometem ajuda nas nossas questões e que depois nos viram às costas, vencendo ou perdendo.

                Organização política é do que precisamos, vamos pensar nisso!

                Meus respeitos a todos!