A POLÍTICA E A PESQUISA DO IBOPE







Carlos Alberto Diógenes de Castro






Alguma vez você já foi indagada (o) sobre suas pretensões de voto em alguma campanha eleitoral no Brasil? Você já viu ou já foi entrevistada (o), ou tem algum conhecido que viu ou foi entrevistado (a) por algum pesquisador do ibope? Provavelmente você nunca viu e nem nunca foi entrevistada (o) pelo ibope, não é mesmo? Caso tenha sido entrevistada (o) ou não, você acredita no resultado divulgado destas pesquisas? E o que dizer do resultado destas pesquisas durante a atual campanha eleitoral no Ceará? E a nível nacional, você acredita que haverá segundo turno para a escolha do Presidente da Republica?

Sabe-se que a maioria dos políticos brasileiros se apegam a uma grande diversidade de formas, ferramentas e possíveis argumentos, para lograrem êxito em suas pretensões políticas, em todos os níveis e esferas dos entes federativos, seja a nível municipal, estadual e até federal. Os institutos de pesquisas insistiram em divulgar que a eleição presidencial deste ano, seria decidida logo em primeiro turno, menosprezando assim a capacidade de obtenção de voto dos demais candidatos presidenciáveis. Este exemplo também é valido para a maioria dos cargos eletivos como para deputados estaduais, federais e para senadores.

Neste conciso comentário tomo como exemplo as pesquisas de ibope divulgadas no Estado do Ceará, sobre as pretensões ao Senado da Republica de determinado candidato ao pleito de 03.10.2010, cuja vitória era tida como certa pelo Ibope, obtendo inicialmente 69% das intenções de voto no Estado. Saliente-se que o referido candidato é de uma oligarquia tradicional, que se mantém no poder a mais de 20 anos, tendo sido governador por 02 oportunidades e atualmente é Senador.

No entanto 40 dias após o lançamento da campanha o candidato despenca em popularidade, mas o ibope oportunamente divulga nova pesquisa, agora publicando na mídia em geral, que o candidato teria 66% das intenções de voto ao senado, dando a entender que o mesmo teve uma queda insignificante na sua aceitação pelo eleitorado. Nova pesquisa em 01.10.2010 continuava afirmando a vitoria do candidato, agora com 50% das intenções dos votos. Com isso a mídia em geral e o meio político situacionista ainda tinha como certa a sua vitória como o candidato mais votado ao pleito, e que os outros candidatos somente iriam brigar pela 2ª vaga, visto que só se disputam 02 vagas ao senado federal por cada estado brasileiro nas atuais eleições.

O fato estranho principalmente na reta final da atual campanha política ao senado, é que a própria pesquisa de boca de urna, realizada em 03.10.2010, durante a votação, portanto divulgada antes da efetivação total do feito, continuava a apontar como certa a vitória do candidato, mas desta feita dando-lhe como certa a 2ª vaga ao senado, conferindo-lhes 32% das intenções de voto, descrevendo que os demais candidatos obteriam respectivamente 29% e 33% do total das intenções dos votos. Da mesma forma o ibope divulgou que a candidata situacionista que disputava a Presidência da Republica ganharia em 1º turno, com uma margem de 51% do total das intenções dos votos do país.

Fato é que logo após o encerramento das eleições de 03.10.2010, e a conseqüente apuração dos votos, não tive nenhuma surpresa, quando ao final da apuração dos votos, constatei que o tal candidato apontado como eleito pela pesquisa do ibope, foi definitivamente derrotado no pleito, perdendo sua hegemonia política, obtendo somente aproximadamente 23% dos votos ao senado, enquanto os outros 2 principais candidatos obtiveram respectivamente e aproximadamente, 33% e 36% dos votos disputados, e serão os futuros representantes do Estado do Ceará no Senado, contrariando assim os resultados divulgados anteriormente pelas pesquisas do ibope e pela mídia em geral.

Com isso confirmaram-se minhas suspeitas de que as pesquisas de Ibope no Brasil, com raras exceções, não são serias, não são confiáveis, e que muitas vezes objetivam a manipulação das pessoas menos esclarecidas, que procuram influenciar os cidadãos pela divulgação falsa da realidade dos fatos, de um cenário irreal, que através da mídia falada, escrita e televisiva insistem em manter a tradição política de certas oligarquias e de determinados candidatos, debochando da ingenuidade do nosso eleitorado.

Contudo fica a lição de que o povo está aprendendo a exercer a cidadania, a votar, sendo a prova disto o resultado destas eleições, o qual renova a maioria da composição das casa legislativas dos estados e do congresso nacional, evidenciando que o resultado das pesquisas do ibope não são confiáveis, que podem ser manipulados, assemelhadas a um recall quaisquer, fatos que não se coadunam com a nossa realidade e com o exercício da cidadania que queremos exercer.


Carlos Alberto Diógenes de Castro.


















Fortaleza ? Ceará
Outubro ? 2010.