As novas tecnologias para extração do gás natural vêm aumentando consideravelmente as reservas desse combustível em alguns países, notadamente na China e Europa Oriental. Nos Estados Unidos, as reservas atuais são suficientes para atender às necessidades dos próximos 90 anos. O gás natural é um combustível fóssil e uma energia não-renovável. Em relação à quantidade de dióxido de carbono liberado na atmosfera, a produção de energia elétrica usando gás natural fica a meio caminho entre o grupo das tecnologias "limpas" e o grupo das tecnologias "sujas".
O gás natural é encontrado no subsolo, acumulado em rochas porosas, isoladas do exterior por rochas impermeáveis. A extração do gás requer grandes quantidades de água injetada sob pressão para desobstruir formações rochosas. A quantidade de água envolvida no processo pode não ser o maior problema, mas os resultados da extração na qualidade da água, sim. A água injetada contém uma receita complexa de produtos químicos e dificilmente pode ser re-utilizada. Durante a extração do gás, a água é contaminada por outros produtos químicos, incluindo grandes proporções de sal e, algumas vezes, materiais radioativos. Esses produtos químicos ? além do próprio gás extraído ? podem contaminar as reservas de água existentes nas proximidades.
Nos Estados Unidos, a proporção de energia gerada a partir do gás natural vem aumentando gradualmente, enquanto a proporção de energia gerada empregando carvão diminui rapidamente [1]. Ambientalistas americanos comemoram: "em somente dois anos, reduzimos pela metade a ?taxa? de crescimento da emissão de gases do efeito estufa". Os dados foram publicados pelo Worldwtach Institute, um dos centros de pesquisa de maior credibilidade em assuntos de sustentabilidade.
Nos primeiros anos de operação do gasoduto Brasil-Bolívia, a elevada oferta do produto e os baixos preços praticados, favoreceram uma explosão no consumo do gás natural no Brasil. Após os "apagões" elétricos que ocorreram no Brasil em 2001 e 2002, o governo optou por reduzir a parcela de energia elétrica gerada em nossas hidrelétricas e aumentar a quota de energia gerada em termoelétricas movidas a gás natural. Atualmente, essas termoelétricas somente operam para complementar a geração hidrelétrica em ocasiões onde não há água suficiente nos reservatórios das hidrelétricas.
Nos últimos anos, com as descobertas nas bacias de Santos e do Espírito Santo, as reservas brasileiras de gás natural tiveram um aumento substancial. Existe a perspectiva de que a região subsal ou "pré-sal" tenha reservas ainda maiores. Recentemente, foram descobertas outras reservas de gás natural, dessa vez nas bacias dos rios São Francisco, Solimões e Parnaíba [2]. Trata-se de uma riqueza para o país, mas o processo de exploração é complicado, as políticas de venda de gás para as termoelétricas também... Tudo leva a crer que, nos próximos meses, vamos assistir a debates e audiências públicas sobre os malefícios do "combustível verde"... algo parecido com o que vem acontecendo em Quebeque, Canadá [3]. Os franceses-canadenses, que também têm hidrogeração em abundância, disseram "não" ao gás de xisto.

Referências:
[1]
http://spectrum.ieee.org/energywise/energy/fossil-fuels/gas-up-coal-and-co2-down-sharply
[2]
http://infopetro.wordpress.com/2010/08/16/industria-de-gas-natural-no-brasil-os-desafios-para-o-novo-governo/
[3]
http://spectrum.ieee.org/energywise/energy/fossil-fuels/a-non-in-the-north-to-methane-stain-on-their-green-image