A PLURALIDADE DAS EXISTÊNCIAS

 

O conceito da reencarnação remonta aos primórdios da raça humana. Os Vedas, cujos quatro textos escritos em sânscrito por volta de 1.500 a.C. e que formam a base do sistema de escrituras sagradas do hinduísmo, já pregavam a imortalidade da alma em seus rituais de iniciação dos seus adeptos.  Sidarta Gautama, chamado de Buda, que significa “o iluminado”, afirmou que “uma vida curta, uma vida longa, um estado mórbido, uma boa saúde, o poder, a fraqueza, a fortuna, a pobreza, a ciência, a ignorância... tudo isso depende de atos cometidos em anteriores existências.” O Bramamismo, religião predominante na Índia, tem como crença a união do corpo e da alma. Krishna ensinou que o corpo é o envoltório da alma, que nele faz sua morada, sendo o corpo uma “coisa” finita e a alma, invisível, imponderável e eterna. Taoísmo, Confucionismo, Janinismo, Zoroastrimos, Sikhismo, Xintoísmo, Islamismo esotérico, Cabala, Esoterismo, Eubiose, Gnose, Maçonaria, Sufismo, Mahaísmo, Xamanismo, Teosofia, Igreja Messiânica Mundial, Martinismo, Rosa-Cruzes, Ordem dos Templários, Candomblé, Santo Daime, Judaísmo Ortodoxo, Seicho-no-Ie, são exemplos de outras religiões e/ou seitas que aceitam a reencarnação.

 

Na antiga Grécia, Pitágoras e Platão, tomando por base filosofias orientais, já referenciavam a reencarnação: “as almas bebem as águas do rio Leteo, rio do esquecimento, antes de se prepararem para sua próxima encarnação” - livro : A república). Num papiro Anana – 1.320 a.C., do antigo Egito, está escrito “O homem retorna à vida várias vezes, mas não se recorda das suas pretéritas existências exceto algumas vezes em sonho. No fim todas essas vidas lhe serão reveladas.”

 

Jesus explicou a Nicodemos: “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do espírito é espírito”.

 

Algumas correntes doutrinárias, no entanto, preferem defender a teoria da unicidade das existências. Muitas religiões afirmam que Jesus, em morrendo na cruz, já teria pago pelos nossos pecados. Mais dia, menos dia, o ser humano não conseguirá conciliar as diferenças da evolução e as divergências sociais frente à inverossímil possibilidade da alma encarnar uma só vez.

 

Kardec, no tocante à pluralidade das existências, formulou as seguintes questões:

 

I – Por que a ama revela aptidões tão diversas e tão independentes das idéias adquiridas pela educação?

II – De onde vem a aptidão extra normal de algumas crianças de pouca idade para esta ou aquela ciência, enquanto outras permanecem inferiores ou medíocres por toda a vida?

III – De onde vêm, para uns, as idéias inatas ou intuitivas, que não existem para outros?

IV – Por que alguns homens, independentemente da educação, são mais adiantados que outros ?

V – Se a existência presente deve ser decisiva para a sorte futura, qual é, na vida futura, respectivamente, a posição do selvagem e a do homem civilizado? Estarão no mesmo nível ou estarão distanciados no tocante à felicidade eterna?

VI – O homem que trabalhou toda a vida para melhorar-se estará no mesmo plano daquele que permaneceu inferior, não por sua culpa, mas porque não teve o tempo nem a possibilidade de melhorar ?

 

Veja ainda o que diz a questão 222 de “O Livro dos Espíritos”: “Há uma doutrina que possa resolver essas questões ? Admiti as existências sucessivas, e tudo estará explicado de acordo com a justiça de Deus. Aquilo que não pudemos fazer numa existência, faremos em outra. É assim que ninguém escapa à lei do progresso. Cada um será recompensado segundo o seu verdadeiro merecimento, ninguém é excluído da felicidade suprema a que se pode aspirar, sejam quais forem os obstáculos que encontre no seu caminho.”

 

Caminhamos todos rumo à perfectibilidade e Deus nos faculta os meios de alcançá-la por meio das diversas vidas corpóreas onde estaremos em busca do objetivo para o qual fomos criados.

 

«...Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a Lei » (Allan. Kardec)