A época em que vivemos está repleta de banalidades, onde o fútil e o dispensável assolam o espírito de cada pessoa. As mudanças estruturais, a rutura com o passado e o excesso de informação fizeram com que as pessoas não soubessem lidar com o presente. Visivelmente a qualidade de vida melhorou imenso, os cidadãos tornaram-se mais ativos e mais livres na tomada das suas decisões, podendo-se expressar sobre qualquer aspeto da sociedade. Este novo estilo de vida surgiu devido às transformações sociais, económicas e políticas que o mundo sofreu, incluindo Portugal. Esta evolução foi positiva, mas alcançou o limite pois o Homem não se soube adequar, verdadeiramente.

O que se evidencia na mentalidade do povo é o espírito revolucionário, a necessidade de mudança e de se manifestarem. Estas ideias são o reflexo de que a génese da Revolução de Abril ainda se mantém no código genético de cada português. Transversalmente, a consciência democrática levou a que as pessoas levassem uma vida mais liberal e sem tantas preocupações, desvalorizando aquilo que até então tinha caracterizado o povo português. Antes a união, a poupança, o trabalho e a severidade eram pilares de vida para a sociedade portuguesa, mas, agora, com as novas linhagens, surge o sentimento de revolta, existe uma atitude passiva dos jovens face ao seu próximo e pretendem a valorização do individual em detrimento do coletivo. No passado as reformas eram uma miragem, hoje em dia, o povo teme a abolição desse direito adquirido. Outrora as parcimónias eram o trabalho de uma vida, a agricultura era a base da economia e a terra fornecia os alimentos às populações, atualmente, somos quase obrigados a consumir produtos transformados geneticamente e dá-se um interesse generalizado, apenas, pelo setor terciário e pelas indústrias. Os jovens respeitavam os mais antigos, tinham uma educação austera e rígida, presentemente, desrespeitam todas as pessoas e não sofrem as consequências dos seus atos.

Todavia, o que é visível, neste momento mais difícil da sociedade é o renascer do apoio dos homens uns aos outros, da necessidade de exteriorização do povo e da luta pelos direitos do homem enquanto ser humano. As hortas familiares vieram, novamente, ocupar os belos e ornamentados jardins, deu-se um novo interesse pela agricultura que tinha caído em esquecimento e houve a oportunidade para a discussão e crítica pública face ao desaforo dos políticos para com o povo. Mas esta cooperação entre passado e presente necessita de algo mais, como por exemplo, a ordem, o respeito, a solidariedade e a harmonia de maneira a que seja possível a criação de uma sociedade mais unida e próspera em sentimentos positivos. Não nos devemos reger pelas desigualdades sociais, mas teremos de optar pela consciencialização de que todos os grupos etários da sociedade portuguesa são fundamentais para que haja o bem-estar social. Podemos afirmar que a crise trouxe consequências tenebrosas para o ser humano, por conseguinte, promoveu uma maior interligação entre todos os cidadãos portugueses.

Findando a sociedade civil lusitana é caracterizada pelo seu espírito de união e de ligação, por isso, os homens e mulheres do passado deverão ser vistos como verdadeiros heróis, pois diligenciaram o sucesso através do esforço e dedicação. Isso deverá servir de impulso para as gerações atuais, que se intitulam de “geração à rasca”. O português deve alterar o seu modo de cogitar de maneira a abolir a mentalidade “mesquinha” de “coitadinho” e assim tornar-se um verdeiro cidadão do mundo.