Autor: José Patrocínio de Souza

A pintura brasileira acadêmica e a superação do academicismo. 

Em meados do século XIX, o Império Brasileiro conheceu certa prosperidade econômica, proporcionada pelo café, e certa estabilidade política, depois de Dom Pedro II assumiu o governo e denominou as muitas rebeliões que agitaram o nosso País até 1848. Além disso, o próprio imperador procurou dar ao Brasil um desenvolvimento cultural e mais sólido, onde incentivava as letras, as ciências e as artes. Estas ganhariam impulsos nas tendências nitidamente conservadoras, que refletiam nos modelos clássicos europeus.

Mesmo os conflitos que o Brasil teve com o Paraguai, que custou aos dois países um grande numero de vidas e um desgaste econômico incalculável, não foi motivo para um declínio das artes. Pelo contrário serviu como tema artístico para que alguns pintores exaltassem a ação do governo imperial.

São neste contexto histórico que se situam as obras de Pedro Américo e Victor Meireles, os famosos pintores brasileiros que estudaram na academia de belas artes.

Pedro Américo de Figueiredo e melo (1843-1905) nasceu na cidade de areia, estado da Paraíba. Em 1854 passou a morar no rio de Janeiro onde frequentou o colégio Pedro II e, depois, a academia de belas artes, entre os anos de 1864 estudos na escola de belas- artes em paris, sob o patrocínio de Dom Pedro II.

A sua pintura abrangeu temas bíblicos e históricos, mais também realizou imponentes retratos, como o de Dom Pedro II na abertura da assembleia geral, hoje fazendo parte do acervo do Museu Imperial de Petrópolis. Entre os quadros históricos mais famosos estão Batalha do Avaí e o grito do Ipiranga.

Esse último quadro, atualmente esta no museu paulista, é a obra mais divulgada de Pedro Américo. Trata-se de uma enorme tela retangular que mostra Dom Pedro I proclamando: á direita e á frente do grupo principal, num grande semicírculo, estão os cavaleiros, esta um longo da comitiva; à esquerda, e em contraponto aos cavaleiros, esta um longo carro de boi guiado por um homem do campo que olha a cena curioso. Movimento e imponência fazem do gesto de Dom Pedro I, na concepção do pintor, um momento privilegiado da historia do Brasil.

A pintura de Pedro Américo é sem duvida acadêmica e esta ligada ao Neoclassicismo. Mesmo tendo estado na Europa numa época em que já começavam as manifestações impressionistas, sua produção manteve-se fiel aos princípios da Imperial Academia de belas- artes.

Vitor Meireles de lima (1832-1903) nasceu na cidade de Desterro hoje a atual Florianópolis, a capital do estado de santa Catarina. Ainda jovem foi para o rio de janeiro onde se matriculou na academia Imperial de belas- artes. Nesta escola, obteve como premio uma viagem pela Europa. Esteve no Havre, depois em paris, Roma e Veneza, onde o colorido dos pintores venezianos o impressionou particularmente.

Em 1861, produziu em paris sua obra mais conhecida, A primeira Missa no Brasil. No ano seguinte, já em nosso País, pintou Moema, que é uma famosa personagem indígena do poema caramuru, de santa Rita Durão.

Os temas preferidos de Vitor Meireles eram os históricos Ex; (Juramento da princesa Isabel), os bíblicos (Flagelação de Cristo) e os retratos (Imperatriz Teresa Cristina e Pedro II).

Além destes dois pintores, outro que merece destaque é José Ferraz de Almeida Junior (1850-1889), considerado por alguns críticos como o mais brasileiro dos pintores nacionais do estado de são Paulo, em 1869 Almeida Junior começou a frequentar a academia de Belas-Artes, no rio de janeiro, onde foi aluno de Vitor Meireles. Mais tarde, depois de concluído o curso, ganhou uma bolsa de estudos do imperador e viveu em paris entre os anos de 1876 e 1882.

De volta ao Brasil, fez uma exposição no rio de janeiro e retornou a sua cidade natal, onde produziu as obras que se tornaram mais famosas, como Leitura, e as telas de inspiração regionalista, como Picando Fumo e C Violeiro.

Sua obra pictórica é grande e de temática variada, pois inclui quadros históricos, religiosos e regionalistas. Alem disso, produziu ainda retratos, paisagens e composições como Descanso da Modelo, pintado na Europa, por ocasião de sua viagem.