1 – INTRODUÇÃO

Antes mesmo de ingressarmos na universidade já era notório que determinados cursos de graduação, devido à sua alta complexidade, estabelecem em seu currículo o estágio curricular supervisionado.

No transcorrer do curso, ouvimos vários comentários por parte de outros acadêmicos acerca do estágio supervisionado. Diante deste fato, resolvemos pesquisar o assunto para levantarmos dúvidas e procurar obter respostas que traduzissem a verdade, e não apenas nos fundamentarmos em opiniões.

Iniciamos nossa busca pela verdade, procurando referências em diversos artigos que citam o assunto questionado. Temos a percepção da importância do estágio curricular supervisionado na formação do futuro Enfermeiro (a).Vários autores reconhecem a importância dos estágios na formação profissional e pessoal dos profissionais de Enfermagem para o desenvolvimento de atitudes, comportamentos e habilidades, para a interação com a equipe multiprofissional de saúde, familiares e pacientes e, principalmente, para a possibilidade de analisar crítica e reflexivamente as interfaces do conhecimento teórico e prático (1).

Um autor chama a atenção para o aspecto relacionado com as responsabilidades dos profissionais nas unidades de cuidados, na medida em que nem sempre os profissionais de Enfermagem consideram que é seu dever contribuir para a formação clínica dos alunos. Ou, por outro lado, apesar de existirem disposições e motivações para a colaboração na formação dos alunos, os serviços não dispõem dos recursos suficientes para que isto seja uma realidade (2).

1.1 – Justificativa

Procuramos com este trabalho obter informações que contribuam para o desenvolvimento dos acadêmicos durante sua permanência no estágio supervisionado. Sabemos da importância do estágio prático na formação do futuro Enfermeiro (a) e que, dentro em breve, estará exercendo sua função no mercado de trabalho. Faz-se necessário termo profissional com competências específicas inerentes à sua classe para um atendimento de qualidade no serviço de enfermagem.

1.2 – Problema / hipótese

Será que o conteúdo teórico ministrado em sala de aula tem subsídio suficiente para o desempenho do acadêmico durante o estágio supervisionado?Quais serão as condições encontradas na instituição onde ocorrerá estágio supervisionado e como se dará à recepção dos acadêmicos pelos colaboradores? Qual a autonomia dada ao acadêmico para propor melhorias do serviço ao seu supervisor e ao Enfermeiro (a) assistencial quanto à solução de um problema?

A hipótese é que, pelo fato das disciplinas teóricas não são sempre conduzidas pelo mesmo professor no estágio, as diferenças no método didático podem interferir no desenvolvimento do acadêmico. O fato de não haver um vínculo de empatia estabelecido com profissionais da instituição onde será realizado o estágio pode dificultar o exercício prático, pois os acadêmicos de certa forma são visitas temporárias.Sabendo que cada instituição tem seu protocolo próprio, o estagiário de Enfermagem poderá ser visto como aquele que veio para mudar as rotinas da equipe de Enfermagem, devido o seu olhar crítico e pela reflexão que faz sobre atitudes adotadas por profissionais na realização de procedimentos.

1.3 – Revisão da literatura

1.3.1 – Os três personagens

O processo de ensino-aprendizagem no estágio curricular exige o envolvimento de três personagens: o aluno, o docente e o enfermeiro do campo (3).

A cada um dos personagens, compete um papel específico:

Ao aluno, cabe participar ativamente do processo de transição do ser estudante para o ser profissional, sendo considerado como um enfermeiro iniciante, executando as ações que competem ao enfermeiro no campo da prática onde está alocado.

Ao docente, cabe fornecer suporte para garantir a qualificação do aprendizado do aluno, acompanhando e avaliando o desenvolvimento do mesmo em sua transição do ser estudante para o ser profissional, bem como em sua inserção nos processos investigatórios. Ministra aulas, coordena seminários, planeja as atividades a serem desenvolvidas juntamente com o aluno e o enfermeiro de campo, estimula a autonomia do aluno no contexto de trabalho, realiza a supervisão do trabalho discente, e orienta o desenvolvimento da monografia. A supervisão é realizada na própria unidade de ensino através de reuniões planejadas com os alunos e de visitas do docente ao campo de estágio. Nesta perspectiva, ao professor cabe ainda ocupar-se com o conteúdo de aprendizado do aluno no seu processo de educação, que não consiste apenas em ministrar aulas diante de um papel passivo do aluno. Agora, nesta disciplina professores e alunos trabalham em aliança, onde o conteúdo é a matéria-prima da aprendizagem, e o que é feito depende do processo experienciado pela pessoa do aluno.

Ao enfermeiro, cabe participar ativamente deste processo no campo de prática, acompanhando e avaliando, junto com o docente, o desenvolvimento do aluno, bem como facilitando e intermediando a integração do aluno ao serviço e à equipe de saúde(3).

1.3.2 – Responsabilidade docente na formação

Quando se analisa a formação do futuro Enfermeiro observa-se vários fatores que implicam no seu desenvolvimento. Um deles é a responsabilidade depositada sobre o docente.

Os docentes de Enfermagem têm diante da sociedade a responsabilidade de formar profissionais críticos, analíticos e com competência para prestar uma assistência de Enfermagem de qualidade. Para isso, devem rever constantemente sua atuação e conhecimento com relação ao ensino.

O processo ensino-aprendizagem deve ser contextualizado no momento histórico, político, econômico e social de um grupo. Ele é dinâmico, exige do docente constante reflexão e avaliação de postura.

Embora seja o professor o responsável pela formação geral do aluno e propicie seu desenvolvimento crítico, percebemos que a maioria dos docentes de Enfermagem não está suficientemente preparada para oferecer aos alunos um ambiente que favoreça o desenvolvimento do pensamento crítico, uma vez que os próprios docentes não tiveram essa formação nos bancos acadêmicos (4).

1.3.3 – Dicotomia

Dicotomia é o mesmo que dividir em dois ou bipartir (5). Uma das dicotomias encontrada na formação do acadêmico é a de que a prática nem sempre corresponde ao que foi ensinado na teoria. Percebe-se em trabalhos científicos a preocupação dos mais variados autores com a separação existente na formação dos alunos em todos os seus níveis de aprendizado, seja ele prático ou teórico. Não podemos esquecer que o aluno de hoje será o Enfermeiro educador permanente e, no seu dia a dia, enfrentará situações formais e informais de ensino, necessitando, assim, de educação continuada que lhe dê o suporte para enfrentá-las, e favoreça o desenvolvimento de suas possibilidades individuais (4). Não nos esqueçamos que a teoria e a prática estão intimamente ligadas com a finalidade de construir o saber.

Outra bipartição se dá no processo avaliativo. Concordamos com o autor no que menciona a prática avaliativa como classificatória e seletiva e que a internalização cultural da prática avaliativa tradicional, presente nos professores, favorece a manutenção dessa prática. Mesmo que em uma menor recorrência, há tentativas de renovação de produção de sentidos para a superação da prática avaliativa voltada à inclusão e comprometida com a formação.O reconhecimento e a identificação dos limites, das incompletudes, por parte dos professores, estudantes e instituição formadora, ousando na co-construção em processo e propondo – se à reflexão coletiva permanente possibilidade de superação das dificuldades e da construção de uma prática avaliativa na formação por competência dialógica, mais comprometida com a emancipação social, a formação de um profissional crítico e reflexivo, competente e ético, e que interaja politicamente com os processos de transformação do cuidar em saúde, considerando o proposto pelo Sistema Único de Saúde (6).

2 – OBJETIVOS

2.1 – Objetivo geral

Verificarmos as percepções dos acadêmicos do 8º semestre de Enfermagem sobre o desenvolvimento do estágio curricular supervisionado.

2.2 – Objetivos específicos

Correlacionarmos às atividades desenvolvidas no estágio curricular supervisionado aos conteúdos ministrados nas aulas teóricas.

Verificarmos os fatores que favorecem ou dificultam o aprendizado no estágio curricular supervisionado.

3 – MATERIAL E MÉTODO

3.1 – Tipo de pesquisa

Realizamos uma pesquisa descritiva exploratória. A forma de tratamento se fez presente de maneira qualitativa, com delineamento não-experimental. A opção por este método buscou descrever a relação entre causa e efeito na formação acadêmica, avaliando o aprendizado durante o estágio supervisionado.

A pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo trabalho científico. São finalidades de uma pesquisa exploratória, sobretudo quando bibliográfica: proporcionar maiores informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de um tema de trabalho; definir os objetivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que tem sempre em mente.Na pesquisa descritiva os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles. (7)

O método qualitativo apresenta entrevista aberta onde está é material privilegiado no sentido de que ela evidência um discurso dinâmico. O método descritivo procura descrever as características de um determinado fenômeno para estabelecer as reações entre variáveis e fatos, cujos resultados permitirão uma visão global sobre o tema. (8)

3.2 – Local do estudo

A pesquisa foi realizada em uma instituição de ensino superior privada na cidade de Santos, na qual o curso de Enfermagem pertence ao instituto de ciência da saúde.

3.3 – População e amostra

A amostra da pesquisa foi constituída de 10 acadêmicos do 8º semestre do curso de Enfermagem, maiores de 18 anos, de ambos os sexos e que aceitaram participar de maneira voluntária.

3.4 – Coleta de dados

3.4.1 – Procedimentos

Após a aprovação pelo comitê de ética e pesquisa da Universidade Paulista (APÊNDICE A), os dados foram coletados em dia e hora estabelecidos pela coordenação do curso.

3.4.2 – Instrumento de coleta de dados

A coleta de dados ocorreu mediante entrevista gravada previamente agendada, apoiada pelo instrumento de coleta de dados (APÊNDICE B), constituído de duas partes, sendo a primeira voltada para caracterização dos atores envolvidos e a segunda parte corresponde às questões norteadoras as entrevistas foram transcritas na íntegra e depois transformadas em categorias de análise.

3.4.3 – Aspectos éticos

Aos participantes foram dadas garantias do sigilo e anonimato, podendo desistir a qualquer momento e em qualquer fase da pesquisa, além de serem informados constantemente sobre o desenvolvimento do projeto de acordo com a resolução 196 de 10/10/1996 do Conselho Nacional de Saúde. Utilizar-se-á o termo de consentimento livre esclarecido (APÊNDICE C), o qual se destacou o objetivo e conseqüência da pesquisa.

3.4.4 – Critérios de exclusão

Os critérios de exclusão desta pesquisa se basearam nos seguintes itens: verbalização do sujeito, quanto à interrupção de sua participação e o não-entendimento do objetivo da pesquisa pelo mesmo.

4- RESULTADOSE DISCUSSÕES

Após a coleta de dados, através de entrevistas gravadas com 10 acadêmicos de Enfermagem do 8° Semestre, os quais foram aleatoriamente escolhidos. Percebemos que está amostra caracterizou-se de ambos os sexos, idade variada entre 20 a 40 anos, com estado civil variado, predominando solteiro, origem escolar prévia tanto de escola pública como privada. Caracteriza-se amostra predominante de trabalhador da área da saúde de nível auxiliar e técnico de Enfermagem.

Para melhor entender as narrativas dos entrevistados optamos por utilizar categorias de análise.

A pesquisa qualitativa em saúde trabalha como universo de significados, motivações, aspirações, crenças, valores, e atitudes; o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variável. O campo da saúde constitui uma realidade complexa que demanda conhecimentos distintos integrados e que coloca de forma imediata o problema de intervenção. Sua abrangência multidisciplinar e importância estratégia integram seu caráter peculiar. Assim, o campo da saúde requer uma abordagem dialética que compreende para transformar e cuja teoria desafiada pela prática, a repense permanentemente (8).

Nesta pesquisa utilizamos quatro categorias de análise para melhor exemplificar os pontos que se direcionam para a hipótese desta pesquisa.

Categorias de análise 1: Percepção sobre Integração entre teoria, prática e estágio:

Nesta categoria agruparam-se as narrativas que direta ou indiretamente apontaram para percepção dos acadêmicos sobre o estágio curricular supervisionado direcionado a teoria, prática e estágio.

"Sim, com certeza é questão de você tentar interagir com seu estágio e logo você vai perceber que o que você aprendeu na classe (sala de aula) está realmente sendo administrado no estágio, ou seja com o passar do tempo no campo de estágio você vai notando que o conteúdo teórico vai se enquadrando no mesmo". E 1

"Pouca integração, normalmente a integração depende muito do professor que está no campo de estágio e do local de estágio, então nem sempre o que você vê teoricamente na sala de aula vai conseguir aplicar no local, devido o professor que está em estágio, muitas vezes não tem noção da teoria aplicada nasala de aula".E 2

"Não, na maioria das vezes, o estágio feito por mim neste semestre e a maioria das vezes o que foi nos falado na classe, na sala de aula não tinha a ver com o que nós estávamos fazendo no estágio e as poucas vezes que foi falado talvez foi porque os alunos cobrassem aprendizado da sala de aula no estágio".E 3

"O que nós observamos é que pelo menos na minha opinião é que você tem a chance é é na sala de aula de ter a matéria na integra só que no estágio o que modifica é a localização de onde você ta porque nem sempre você consegue fazer os procedimentos que você viu sala de aula então isso dificulta. Nem sempre você consegue essa integração". E 4

"Depende da matéria que foi desenvolvida, igual pediatria teve um bom desenvolvimento, obstetrício também, saúde do adulto fizemos algumas coisas eu não era do nosso decorrer da atividade do enfermeiro, mas deu uma boa noção do cuidado". E 5

"Sim, as aulas teóricas servem de base para que possamos desenvolver nossas habilidades em campo de estágio". E 6

"Sim, mas nem tudo que é ministrado aqui na classe pode ser aproveitado no estágio, mas grande maioria das partes que é dado em aula sim". E 7

"Em parte porque sim quando eu fiz estágio os primeiros estágios que não entravam no estágio curricular eu achava muita diferença pra matéria que dava na faculdade e o que tinha no estágio, agora eu to sentindo que tem mais a ver com que a gente aprendeu neste estágio agora". E 8

"Sim, eu percebi sim bastante integração devido a um embasamento já da aula em sala com material, foi exigido no estágio pra que a gente desenvolvesse". E 9

"Ultimamente ele estão deixando a desejar porque nós não temos. Eu acho que deveria os professores estar integrado diretamente com os alunos durante hora aula no estágio para os alunos estar tirando as dúvidas, ministrada ali no decorrer do estágio. É difícil às vezes o aluno estar na ativa pegar coisas que ás vezes profissionais que lá estão trabalha no não querem estar auxiliando os estagiários e tirando algumas dúvidas que eu acredito que eles devem achar que não é responsabilidade deles ta ajudando os alunos nesta questão". E 10

Percebemos nas falas acimaque apesar de haver integração a fala doentrevistado deixa claro que com passar do tempo à ansiedade e a insegurança ocasionada pelo "novo, desconhecido" passa e o acadêmico começa a refletir sobre a teoria e a prática, todavia existe relato dos acadêmicos que evidencia o aprendizado.

Ligado a duas condicionais: sendo a primeira o enfermeiro supervisor deestágio e a segunda é a localidade onde será realizado o estágio e, afirma que a falta de integração tem causado preocupação. 
 Existem sentimentos positivos e negativos na percepção dos acadêmicos sobre estágio, pois em uma narrativa um acadêmico verbaliza indignação e um sentimento de falta de interesse por parte do professor, para não dizer falta de comprometimento com o ensino – aprendizagem. Transparece que o Enfermeiro supervisor é inacessível e soberano.

Fica claro a falta de continuidade entre o que acabou de se ver na teoria e o local onde será realizada a prática. Falta seqüência na prática do que foi ministrado em sala de aula perdendo-se o foco principal. 
 Existem "pistas" nesta amostra da pesquisa que sugerem um descontínuo entre os estágios iniciais e o estágio curricular nos dois últimos semestre, pois na fala de um acadêmico "... quando fiz estágios os primeiros estágios que não entravam no estágio curricular eu achava muita diferença pra matéria que dava na faculdade... agora eu to sentindo que tem mais a ver com que a gente aprendeu neste estágio de agora.", isto posto faz considerar que o acadêmico desconhece as fases do estágio curricular supervisionado, sendo a primeira prática clínica e o segundo gerenciamento de Enfermagem, ficando claro o equívoco na sua percepção sobre estágio curricular supervisionado.  

A aprendizagem mobiliza toda pessoa de maneira orgânica. É um processo qualitativo, e não quantitativo de conhecimentos; é uma mudança na estrutura da inteligência da pessoa. (9)

De modo geral, ensinar designa a atividade do professor e o conceito de ensino refere-se à interação professor e o conceito de ensino refere-se à interação professor-aluno, tendo como produto final à aprendizagem. O aluno, para aprender, precisa realizar um trabalho cognitivo de análise e revisão de seus conhecimentos, a fim de que os conhecimentos sejam realmente significativos e propiciem um nível mais elevado de competência. A influência do professor e da sua intervenção pedagógica é que torna significativa a atividade do aluno. O ensino na área da saúde e, mais especificamente, no curso de graduação em Enfermagem, deve propiciar aquisição de conhecimentos e mudanças comportamentais, sem perder de vista a vinculação entre teoria e prática. Estagiar, desenvolver ensino clínico, praticar, eis o momento de junção teoria/prática, ou seja, possibilita aplicar conceitos abstratos em situações concretas. (1) 

Categoria de Análise 2: Fatores que favorecem ou dificultam o aprendizado no estágio curricular supervisionado.

Está categoria agrupou as opiniões dos entrevistados em fatores que favorecem ou dificultam o aprendizado no estágio curricular supervisionado. Para melhor entendimento subdividimos está categoria em outras duas subcategorias:

Subcategoria 1 - Fatores que favorecem:

"É a abertura entre os amigos da classe e o conhecimento que todos obtiveram o conhecimento dos professores que nos ajudam..." E.5

"Os fatores que favorecem talvez seja a divisão de trabalho do Enfermeiro por ele ser sobrecarregado..." E.6

"...agora favorece para quem já trabalha e conhece alguma coisa sobre o hospital". E.7

"Então os fatores que eu considero que favorece, é o campo de estágio que é sempre bem vindo né, todo campo de estágio tem que ter mesmo, independente se é na área hospitalar se é em posto de saúde, eu acredito que tem que ser, tem que ter pra que o graduando ele veja na prática como que funciona o que a gente aprende em aula, então os fatores que favorecem é você ter o campo de estágio e você ter o número de paciente pra você poder analisar individualmente paciente, você ter alguma habilidade, você por em prática com uma forma de administração eu acredito sim que são fatores que favorecem. O campo de estágio favorece bastante". E.9

"...o campo é favorecido..." E.10

Os sujeitos da pesquisa demonstram estar satisfeito com o desenvolvimento do ensino-aprendizagem, ainda com alguma ressalva, observa-se que os referidos têm a noção de que não se podem assimilar cem por cento do que lhes foi exposto em sala de aula, mas tiveram um aproveitamento que aos seus entendimentos são satisfatórios para o futuro Enfermeiro desenvolver suas atividades.

Não podemos deixar de considerar também os fatores que contribuem positivamente para o aprendizado na prática do estágio supervisionado, dentre as quais os acadêmicos entrevistados relatam o convívio harmonioso entre professor e aluno, o contato com a realidade e a vivência do campo de estágio. 
 Nesta transformação, o estágio curricular supervisionado pode trazer importante contribuição, tendo em vista ser uma atividade acadêmica bastante rica para a formação profissional, momento em que o estudante entra em contato direto com a realidade de saúde da população e do mundo do trabalho, possibilitando o desenvolvimento pessoal e profissional, e a consolidação de conhecimentos adquiridos no transcorrer do curso, através da relação teoria – prática. (10)

O Estágio Curricular Supervisionado deve ser contemplado como um procedimento didático que oportuniza situar, observar e aplicar criteriosa e reflexivamente, princípios e referenciais teórico-práticos assimilados através do curso, sendo imprescindível o inter-relacionamento multidisciplinar entre teoria e prática, sem perder de vista a realidade na qual está inserido. (11)

Nele o estudante tem a oportunidade de desenvolver as quatro competências do Enfermeiro: cuidar, gerenciar, educar e pesquisar. Além de vivenciar o contexto de inserção na realidade do mundo do trabalho, algo que se configura como estímulo ao desenvolvimento da autonomia, responsabilidade, liberdade, criatividade, compromisso, domínio da prática e de seu papel social, aprofundamento e contextualização dos conhecimentos e à assunção de uma práxis transformadora, quando integrado às atividades de pesquisa e extensão. (12,13).  

Subcategoria 2 - Fatores que dificultam:

"O que tenho notado o que dificulta é o seguinte, é a falta de interação com os acadêmicos e os funcionários do hospital". E 1

"Um dos fatores que na minha opinião dificulta o aprendizado é justamente o que acabei de falar os professores que vão pra estágio grande maioria deles não tem a menor idéia ou noção do que é passado em sala de aula, e às vezes também o campo de estágio dificulta, nós não temos oportunidade de aplicar o que a gente aprende devido o lugar ou a instituição que a gente se localizar". E.2

"Fatores que dificultam na minha opinião é o local onde estamos fazendo o estágio, o setor e até o próprio professor. Na verdade muitas vezes onde é disponível para gente o local de estágio é um local aonde nós não temos aprendido ainda a matéria e por ser vários alunos e um professor só somos dispensado em vários setores e acaba dificultando um pouco e como experiência tenho um centro cirúrgico aonde fui fazer estágio e não tinha passado ainda pelo centro cirúrgico e não tinha tido esse aprendizado teórico e acabou dificultando esse estágio supervisionado". E.3

"O que a gente encontra são as dificuldades. O setor do qual você vai ta fazendo estágio nem sempre corresponde aquilo que você aprendeu na faculdade ou seja os procedimentos nem sempre estão acessíveis para você poder fazer". E.4

"...a dificuldade é o tempo curto que a gente encontra em termo de estágio". E.5

"...a dificuldade maior é a falta de recurso quando o hospital é público e não poder executar o trabalho for privado". E.6

"Os fatores que dificultam acabam sendo aquele para quem não trabalham na área e que não dá para exercer alguma técnica na hora de alguma sondagem ou alguma outra coisa, podendo ficar mais complicado pra quem ta meio perdido no ramo..." E.7

"Pra mim o que dificultou foi o fato de eu não ter feito Enfermagem antes e a maior parte do meu grupo já ter feito então eles deixam passar muitas atividades, pra eles e o que pra eles é desnecessário pra mim ainda é necessário, que eu ainda não tive aquele contato não tive vivência, pra mim então fica difícil relacionar o que agente aprendeu com a prática porque eu nunca vi e às vezes os colegas já viram, eles querem deixar passar e então em consenso como são maioria ai agente acaba deixando de ver alguma coisa por conta disso". E.8

"Bom comoeu já até comentei, eu acho que dificulta e a não permanência do professor ao lado do aluno durante o período de estágio, acho que tem muita coisa a ser vista... só que isso deixa a desejar a falta de permanência durante todo período do professor". E.10

Dentre os fatores que dificultam o aprendizado no estágio os acadêmicos apresentaram-nos várias percepções, entretanto, chama-nos atenção à narrativa de um acadêmico que diz "... o local onde estamos fazendo estágio, o setor e até mesmo o próprio professor...", isto posto, nos faz considerar até que ponto os acadêmicos expressam seus descontentamento e frustrações pelo fato de se sentirem abandonados, largados em um local ao qual não mantém nenhum vínculo e, impedidos de desenvolverem suas técnicas, querem seja por falta de condições materiais do local ou por falta de orientação docente, sem levar em conta a incompatibilidade do que foi visto em sala e aula e o que se encontra para a prática. 

Cujo estudo alerta que os estudantes de Enfermagem acabam por se dessensibilizar face às necessidades dos doentes quando estão em contato permanente com práticas de Enfermagem que não atendem a padrão de qualidade. Insistir em utilizar as unidades de cuidados nessa situação é um erro que coloca em risco a qualidade global da formação dos alunos. (14)

Inserir o aluno em atividade prática, bem como supervisioná-lo nesse processo, sem dimensionar a realidade sociocultural e as relações humanas dos elementos por ele permeados, podem predispô-lo a graves erros, podendo colocar em risco a base da formação profissional. (1) 
Categoria de Análise 3 – Ideal e real do desenvolvimento do estágio curricular supervisionado.

Nesta categoria foram sistematizados os conceitos e percepções dos acadêmicos sobre o ideal e o real do desenvolvimento do estágio curricular supervisionado, mediante a qualidade do campo de estágio cedido.

"Fica difícil rotular como ideal porque nos temos excelentes professores e o campo de estágio é perfeito para desenvolver o estágio de enfermagem, fica difícil para definir..." E.1

"O campo ideal seria o campo que abrangesse, conseguisse com que os alunos, permitisse desse oportunidade para os alunos aplicar o direcionamento daquele estágio que eles estão vivenciando naquele momento..." E.2

"O professor que tivesse administrado essa aula teórica na classe fosse o mesmo que tivesse no estágio supervisionado, porque ele sabe o que passou na sala de aula e ele poderia cobrar da gente o que foi passado e desse jeito a gente teria um grande êxito no estágio. Como nós temos um professor somente para vários alunos às vezes não seria possível esse professor esse professor estar em estágio então ter uma integração desse professor com os professores de estágio pra que eles soubessem o que deve cobrar da gente no estágio. O campo ideal, ir para clínica correta, aprendi pediatria ir para pediatria, se foi maternidade ir para maternidade..." E.3

"Campo ideal: seria muito bom se nós pudéssemos realmente estar interagindo e modificando algumas coisas que a gente visualiza que a gente passa diariamente no hospital..." E.4

"Ideal acredito que não exista porque nada se tem como perfeição, mas o que pode se chegar próximo ao ideal seria um estágio bem aberto em todos os setores do hospital tanto em centro cirúrgico, pronto socorro, centro de terapia intensiva e cetro obstétrico um pouco de cada, experiência prática vivida..." E.5

"Seria aquele em que o aluno possa desenvolver plenamente suas habilidades e tirar suas dúvidas em campo de estágio, possa dar oportunidade de aprendizado..." E.6

"Campo de estágio ideal seria aquele que não, a vou falar de acordo com meu campo de estágio é superlotado tem várias faculdades, tem vários alunos então a gente não consegue desenvolver as atividades porque muitas vezes você chegano paciente ele já está cansado de tanto aluno e isso não é culpa nem do hospital nem da faculdade porque tem muita gente mesmo em cima do paciente e o paciente acaba se sentindo invadido então isso dificulta muito pra gente e até mesmo questão de espaço físico é muita gente no mesmo lugar pra no caso pouca atividade". E.8

"É meio que complexo a pergunta, mas eu acho que o campo ideal seria o hospital, né, onde a gente atua..." E.10

O ideal seria que o aluno encontrasse apoio durante o seu estágio supervisionado bem como o Enfermeiro da unidade tendo a sua disposição uma estrutura técnica para o desenvolvimento necessário a sua formação.

Partindo do ideal para o real ficam evidentes os conflitos que os acadêmicos vivenciam no desenvolvimento da prática do estágio curricular supervisionado, bem como exacerba a importância do professor supervisor de enfermagem que deve atuar como facilitador desta diferença.

No decorrer da disciplina a articulação prossegue através de reuniões periódicas em que docentes Enfermeiros e alunos trocaram percepções a respeito do prejudicando o estágio do aluno. Ainda nestas reuniões, em alguns campos os Enfermeiros discutem desenvolvimento do aluno e acerca de intercorrências que poderiam estar com o aluno questões a respeito da monografia, com base na realidade prática vivenciada. (3) 

Categoria de Análise 4 – Existência de integração entre o docente e o Enfermeiro (a) responsável da unidade.

Nesta categoria tentou-se pontuar se o acadêmico de Enfermagem tem percepção da importância da integração entre o Enfermeiro docente o Enfermeiro responsável da unidade.

"...eu acredito que com o Enfermeiro da unidade teria que interagir mais com os acadêmicos dando mais autonomia e deixando os acadêmicos mais a par do que acontece na sua unidade". E.1

"...professor ideal seria aquele que acompanhasse os alunos por um tempo maior não que deixasse o aluno na sala e ele acabasse desenvolvendo sozinho. Nem sempre eles conseguem manter uma supervisão ideal e o aluno acaba adquirindo conhecimentos e conceitos que não é verdadeiro e acabam às vezes os vícios da própria ala. Enfermeiro da unidade ideal. O líder o enfermeiro que tem visão globalizada de todos os problemas e todos aspectos gerais não seja só Enfermeiro direcionado só para parte burocrática ou só assistencial, uma pessoa mais humana e tivesse uma visão geral de todos os aspectos". E.2

"...o Enfermeiro da unidade sendo aquele que pudesse ficar conosco sempre e não fazendo assim como é feito do Enfermeiro ficar somente supervisionando e não está acompanhando diretamente nosso trabalho nos deixando sozinho já como um supervisor futuramente, mas nos dificulta porque às vezes pegamos vícios das pessoas que estão lá trabalhando ou até mesmo do próprio Enfermeiro que está no setor que acaba não fazendo coisas muito corretamente, um estágio mais supervisionado diretamente seria ideal". E.3

"...o professor integrado com aluno ao ponto de a gente estar vendo ao leito mesmo com paciente, traduzindo um pouco daquilo que a gente tem em sala de aula pro estágio mesmo, vivenciar o que a gente já aprendeu em sala de aula. Com relação aos Enfermeiros das unidades estarem mais disponíveis, gostarem da presença do estagiário e não vê-lo como um obstáculo como alguém que vai empatar a forma da qual eles já trabalhava". E.4

"...o professor na medida do possível sempre aberto como os anteriores e o Enfermeiro sempre na possibilidade. Depende da unidade, tem Enfermeiro que é mais aberto a nos ajudar, tem Enfermeiro que não é tão aberto, mas todas as unidades que eu particularmente passei tivemos uns bons Enfermeiros". E. 5

"...o professor ideal seria aquele da área específica à disciplina que se está ensinando". E.6

"O Enfermeiro supervisor ideal teria mais participação que nem agora que fica cada um em cada ponto do hospital e o Enfermeiro da unidade ideal às vezes é muito fechado com nós que estamos fazendo estágio e o campo ideal é um hospital, qualquer hospital". E.7

"...o professor ideal é aquele que cumpre os horários e o roteiro. Eu tive problema em alguns estágios por conta disso, o professor entrava mais tarde e sai mais cedo e eu acho que a carga horária já é pouca e já acho pouco tempo que a gente passa no hospital então eu acho que tem que ser cumprida e tem que ter um cronograma de atividades desenvolvido e não chegar à unidade e falar hoje você faz isso e a semana que vem a gente vê o que vai fazer. Acho que tem que ter um roteiro um cronograma isso é o ideal e a unidade ai a unidade acho que não existe uma unidade ideal o Enfermeiro da unidade porque a gente nunca sabe qual tipo de. A gente tem que ta preparado pra trabalhar com qualquer tipo de Enfermeiro. Acho que neste ponto não existe Enfermeiro ideal acho que o ideal seria adequar os professores e a atividade ministrada, agora o Enfermeiro que tiver na unidade vai ser um desafio a ser encarado porque vai ser assim lá fora depois que a gente se formar". E.8

"Eu acredito que tem que ser assim, o bom profissional né, se tem um bom Enfermeiro no setor, ele ajuda muito, pra ele dar informações do paciente pra enriquecer as informações que o estudante adquiriu, então é muito bom a gente vê o Enfermeiro na unidade como um colega pra gente ta interagindo com ele. O professor ele vai supervisionar, eu acredito que ele esteja supervisionando isso né, ele vai ta avaliando o aluno se ele ta interagindo com o Enfermeiro, se ele ta interagindo com a equipe, então eu avalio um bom supervisor ele vendo que você está se identificando no setor, que você está se está tendo habilidades pra desenvolver no setor, você vai ter as dificuldades porque é um local desconhecido, mas você escolheu pra estudar Enfermagem, então eu acredito que o supervisor vai ta avaliando isso se você tem contato com paciente, se você ta tendo contato com os colegas na unidade. E o aluno tem que sempre ter bom senso que cada professor tem suas características, tem a sua experiência, ele precisa conhecer o aluno pra gente pode mostrar o que a gente sabe, o que a gente não sabe, o que a gente quer aprender no setor, então o aluno tem que sempre ter o bom senso, o respeito com professor, ta sempre vendo o professor, sempre ta escutando o que o professor ta querendo da gente. Eu considero isso que vai do bom senso do aluno, que ele ta num ambiente do campo de estágio, num ambiente com o Enfermeiro pra apreender ". E.9

"...o professor Enfermeiro supervisor ideal é aquele que permanece e tira as dúvidas do aluno sem ta questionando porque ele aprendeu ou não aprendeu. Porque às vezes nós alunos temos muitas dúvidas que são várias, e alguns professores quando vai tirar dúvidas eles não querem responder por que eles acham que é obrigação nossa estar sabendo, sendo que estágios anteriores nós não tivemos um estágio rigoroso em relação ao aprendizado. Muitos procedimentos que não foram feitos, então, quando nos próximos estágios, quando isso é cobrado a gente fica sem saber. O Enfermeiro ideal é aquele que tem ética, e nós temos visto que muitos Enfermeiros que não ta tendo ética em relação aos seus funcionários. Não é um bom líder, não tem uma liderança boa, os auxiliares ficam às vezes perdidos na unidade e é isso ai". E.10

Percebemos que o ambiente influência no desenvolvimento das atividades, bem como no aprendizado do acadêmico durante sua permanência no local de estágio. Os Enfermeiros da unidade de certa forma podem contribuir para que haja harmonia e desta forma propiciar um ambiente favorável ao aprendizado, é a importância da união no ambiente de trabalho.   

Nas narrativas dos acadêmicos os mesmos pontuam problemas que ao seu olhar impossibilitam o aprendizado, sendo eles: falta de oportunidade para desempenhar o aprendizado, falta de acessos aos mais diversos setores do hospital sem restrições com relação a uma ala ou outra, tivesse respaldo técnico em momento de dúvidas, com bons profissionais, minimizando assim o aprendizado incorreto "vícios" e que corresponda ao momento específico do aprendizado, havendo coerência entre teoria e prática.

No que se refere ao supervisor Enfermeiro as falas convergem para como o mesmo pode "ajudar" ou "atrapalhar" o acadêmico, pois os entrevistados citam que faltou integração entre professores e alunos, ficando explícito que há contradições entre teoria e prática, quando relatam que determinada matéria é supervisionada por um Enfermeiro que não é especialista na referida área e, que alguns professores que ministram aulas teóricas já haviam estabelecido um vínculo que facilitaria o exercício prático, faltou comprometimento de alguns professores que não respeitavam as limitações dos alunos e não observavam o estabelecido como meta para desenvolver as atividades educacionais e, como não bastasse descumpria a carga horária estipulada, certa parcela dos entrevistados reclama da falta de supervisão e demonstra sentirem-se abandonados a sua própria sorte, nos setores aos quais estavam designados para estagiar.

O profissional precisa estar capacitado tecnicamente para exercer suas funções, mas precisa também ter um desenvolvimento interpessoal, pois ele não trabalha de forma isolada, ele se relaciona com outras pessoas e, para o seu trabalho, ele necessita de habilidades para interagir em situações agradáveis e desagradáveis de forma conjunta. A competência interpessoal é, portanto fundamental para o desenvolvimento do trabalho do Enfermeiro, e na prestação de serviços de saúde, pois nesta o profissional tem que lidar com as emoções dos usuários, dos demais membros da equipe de Enfermagem e multi-profissional. (15)

Esta competência que envolve as relações sociais destaca-se por ser talvez a mais exigida no mercado de trabalho, pela importância da busca de um ambiente de trabalho agradável e de relações harmoniosas entre colegas de trabalho. Considera-se que o desenvolvimento da competência interpessoal pode ser um veículo transformador na prática gerencial do Enfermeiro, uma vez que está permite a formação de um líder que consiga avaliar e dimensionar os problemas de forma mais efetiva e integrada. (16)

Embora a diretriz curricular possa ser facilitadora de uma perspectiva mais consistente na área clínica (filosofia da escola, relação entre a teoria e a prática), o que parece condicionar decisivamente é a política da escola em matéria de acompanhamento da formação (tipo de supervisão das práticas dos alunos, período de tempo em que os alunos se encontram sem apoio direto do docente, qualificação dos professores, acesso a tutores dos serviços). (2)

Assim, é necessário que os educadores compreendam os mecanismos envolvidos na prática clínica, reconheçam os problemas da aprendizagem e dominem métodos de avaliação para promover um bom aprendizado em contexto clínico. Para tanto, é essencial que sejam erigidos programas específicos de formação para os tutores e docentes com a finalidade de desenvolver as suas competências pedagógicas, visando à formação de qualidade dos novos profissionais. (17)

O Enfermeiro atuante na pratica tem papel fundamental no processo de aprendizagem do aluno que desenvolve o estágio curricular em sua unidade de trabalho, pois será uma referência importante de trabalho, o facilitador e o intermediador da integração do aluno ao serviço e a equipe de saúde; muitas vezes, o exemplo do profissional Enfermeiro, e para tanto, é necessário que esteja preparado e seguro para transmitir a sua experiência, a qual permitira ao aluno assimilar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula com pratica que está sendo vivenciada em campo de estágio. Visto que o estágio é um momento de suma importância no processo de formação profissional e pessoal do aluno de Enfermagem é que o Enfermeiro atuante no campo da prática tem significativa influência no desenvolvimento de habilidades, técnicas e atitudes do estagiário de Enfermagem, e percebendo, após a exploração de materiais de pesquisa e estudo sobre o tema, a quantidade escassa de materiais referente à percepção dos Enfermeiros de campo na formação dos alunos de graduação em estágios, acredita que esta pesquisa possa contribuir para melhoria no desenvolvimento dos estágios curriculares e na formação do Enfermeiro. (18)

5- CONCLUSÕES

Concluímos que com relação aos objetivos da pesquisa, esta amostra fornece resultados nos quais as percepções dos acadêmicos do 8º semestre atende aos questionamentos que motivaram a pesquisa. Obtivemos respostas que demonstram que a integração entre teoria e a prática não corresponde totalmente, devido à existência de uma interferência na comunicação entre os professores que ministram aulas em sala e os supervisores de estágio, os entrevistados deixam evidente que tal situação acaba interferindo no seu aprendizado. Verificamos que há fatores que facilitam o aprendizado sendo estes o ambiente harmonioso entre alunos e professores, o companheirismo entre os próprios discente e a capacitação profissional dos docentes, todavia não podemos deixar de mencionar que também temos dificuldades que são expressas, como a sensação de abandono, a recepção fria e indiferente por parte de grande maioria dos profissionais onde foi realizado o estágio curricular supervisionado, falta de materiais quando se trata de instituição pública e a falta de liberdade quando a instituição é privada, havendo restrições, poucos setores do hospital estão abertos para os estagiários da graduação em Enfermagem, nas falas observamos a confirmação de uma autonomia muito restrita no tocante a propor melhorias para o serviço e soluções de problemas. Hipóteses levantadas confirmam-se parcialmente. Uma parcela da amostra declara que pelo fato do professor que ministrou aula em sala não poder estar no estágio, influencia, sim, no desenvolvimento, alegando que a diferença existente no método didático entre os referidos de certa forma dificulta o entendimento; e que o fato de não ter um vinculo com a instituição, e muito menos haver uma empatia com os profissionais que ali desempenham suas atividades, cria-se uma barreira, por várias vezes mencionadas nas entrevistas. Para finalizarmos, confirmamos que alguns acadêmicos em campo de estágio são vistos como obstáculo aos profissionais das instituições e devido aos seus olhares críticos, tidos como aquele que quer mudar a maneira de trabalho já existente.

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como pesquisadores e também "indiretamente" sujeitos da pesquisa, vivenciamos as mesmas situações de ensino-aprendizagem dos demais acadêmicos, percebemos que podemos colocar em prática o conhecimento ministrado em sala de aula, para isso é de suma importância o domínio das técnicas e didática pelo docente. A grande maioria dos docentes serve de referência para os acadêmicos devido à forma segura como eles transmitem o conteúdo a ser ensinado na prática. Com alguns professores podemos estabelecer um vínculo de amizade e confiança, favorecendo o desenvolvimento do ensino, sendo que a falta de liberdade com outros inibe a participação do estagiário, se sentindo retraídos quanto ao questionamento de suas dúvidas no decorrer do estágio. Se houvesse uma maior cumplicidade entre estagiário e Enfermeiro da unidade, onde o acadêmico fosse visto como um aliado, o desenvolvimento do aprendizado bem como os serviços a serem desenvolvidos teria melhor proveito. A vaidade impediu por várias vezes que sugestões de melhorias originárias dos estagiários fossem aceitas. Observamos que a carga horária do Estágio Curricular Supervisionado deveria ser mais ampla, onde poderíamos dar continuidade nas atividades realizadas na unidade. Ficou constatado nas falas dos entrevistados que determinado campo de estágio estava saturado de acadêmicos das mais diversas universidades, o que torna impraticável o atendimento ideal ao cliente, devido ao excesso de manipulação e questionamento, com isso o cliente tem sua liberdade restrita. Enfatizamos a importância do docente, porém muita das vezes professores de outras especialidades acaba supervisionando estágio que não condiz com sua especificidade, por falta de quem o faça. Gostaríamos de ressaltar que novas pesquisas aprofundando a temática se fazem relevantes, no que se refere também à percepção dos docentes.

7 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

(1) Valeschi EASS, Nogueira MS. Fundamentos de enfermagem: Incidentes críticos relacionados à prestação de assistência em estágio supervisionado. Revista Latina – Americana de Enfermagem vol. 10 nº. 6 Ribeirão Preto Nov./Dec.2002.

(2) Laranjeira CA, Aprendizagem pela experiência em enfermagem. Revista de Enfermagem UERJ v.14 nº.2 Rio de Janeiro jun. 2006.

(3) Bousso RS, Merighi MAB, Rolim MA, Riesco MLG, Ângelo M. Estágio curricular em enfermagem: transição de identidade. Revista Escola de Enfermagem USP, v. 34. nº. 2, p. 218 – 225, jun. 2000.

(4) Brasil VV, Alencar CCP, Mucci I. Refletindo sobre a formação e desempenho do docente de enfermagem. Cogitare Enfermagem, Curitiba, v. 1 nº. 2, p. 81 – 85 – jul/dez. 1996.

(5) Luft CP. Minidicionário Luft, São Paulo, editora Ática, 20ª edição. 2001.

(6) Laluna MCMC, Ferraz CA, Revista brasileira de enfermagem. v. 60 nº. 6 Brasília nov./dic. 2007.

(7) Andrade MM. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo, editora Atlas, 6º edição. 2003.

(8) Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 2007.

(9) Bordenave J. D.; Pereira A. M.; Estratégias do ensino-aprendizagem. Petrópolis (RJ): Vozes; 1986.

(10) Costa L.M; Germano R.M. Estágio Curricular Supervisionado na graduação em Enfermagem: revisitando a história. Revista Brasileira de Enfermagem. vol. 60 nº. 6 Brasília Nov./Dez. 2007

(11) Lautert L.; Unicovsky M.; A formação profissional do enfermeiro: reflexão, ação e estratégias. In: Saupe R (org). Educação em enfermagem: da realidade construída à possibilidade em construção. Florianópolis (SC): UFSC; 1998. p.217-41.

(12) Alonso I.L.K.; O exercício de liberdade e autonomia na academia – uma prática pedagógica no estágio curricular supervisionado. Revista Brasileira de Enfermagem 2003; 56(5): 570-3.

(13) Bonetti O.P., Kruse M.H.L.; A formação que temos e a que queremos: um olhar sobre os discursos. Revista Brasileira de Enfermagem 2004; 57(3): 371-79.

(14) Greenwood J. The apparent desensitisation of student nurses deuring their professional socialization: A cognitive perspective. J Adv Nurs. 1993; 18: 1471/79.

(15) Urbanetto. S. J.; Capella. B. B. Processo de trabalho em enfermagem: gerenciamento das relações interpessoais. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasilia (DF) jul./ago., v.57 (4): 447-452, 2004. 

(16) Murani, B. D., Bezerra, Q. A. Inclusão da competência interpessoal na formação do Enfermeiro como gestor. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília (DF). jul./ago., v.57 (4): 484-486, 2004. 

(17) Abreu W. Supervisão, qualidade e ensinos clínicos: que parcerias para a excelência em saúde? Coimbra (Po): Sinais Vitais; 2003.

(18) Ito E.E, Takahashi RT. Percepções dos enfermeiros de campo sobre o estágio curricular da graduação de enfermagem realizado em sua unidade de trabalho. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v.39 nº1, São Paulo (SP). Mar. 2005.