A igreja como a comunhão dos crentes

 

 

 

A igreja é em si comunhão, pois, tem como referência a experiência trinitária de Deus e é caridade porque tem como múnus o serviço aos irmãos e irmãs de modo preferencial aos pobres.

 

Quando recebemos o pão consagrado estabelecemos comunhão com Jesus e com os irmãos e irmãs. Esta comunhão acontece porque a igreja é o povo que crê em Cristo, que está batizado no nome de Cristo e que vive a partir do corpo eucarístico de Cristo, no batismo e na eucaristia, se torna ele próprio corpo de Cristo.

 

Em vista da visibilidade desta comunhão a igreja incorporou na missa o rito de paz. Que é uma antecipação da comunhão, ou seja, é uma afirmação por meio do gesto do abraço de que todos que estão reunidos vivem de fato a comunhão sacramental na vivência social.

 

O respeito e o desenvolvimento da vida humana exigem a paz, por isso o magistério da igreja afirma que “A paz não é somente ausência de guerra e não se limita a garantir o equilíbrio das forças adversas”, mas consiste na pratica da justiça e no respeito pela dignidade das pessoas e dos povos.

 

A paz terrestre é imagem e fruto da paz de Cristo, o príncipe da paz messiânica. Pelo sangue de sua cruz, ele matou a inimizade na própria carne, reconciliou os homens com Deus e fez de sua igreja o sacramento da unidade do gênero humano e de sua união com Deus. Ele é nossa paz. Declara bem-aventurados os que promovem a paz.

 

O rito de paz é um meio que a igreja implora a paz e a unidade para si própria e para toda a família humana, e os fieis exprimem uns aos outros a comunhão eclesial e a caridade mútua, antes de comungarem no sacramento.

 

É importante ressaltar que a verdadeira comunhão é aquela que brota de dentro do coração, por isso, não tem sentido se alimentar do corpo de Cristo (que é comunhão) se o individuo guarda dentro de si ódio e rancor. Por isso, é de fundamental importância que o cristão se reconcilie com os irmãos. E um momento oportuno é o rito de paz.

 

 

A paz na bíblia

 

            O conceito "paz" (xalom em hebraico) é muito rico na Bíblia. Ter paz é ser completo; é gozar de prosperidade material e espiritual; é manter boas relações entre pessoas, famílias e povos. Paz é o oposto de tudo quanto perturba a prosperidade e as boas relações. É um dom de Deus, concedido a Israel em virtude da aliança Nm 25, 12[1].

 

            Quando Israel é fiel à aliança, goza de paz; quando é infiel, perde a paz, mas pode recuperá-la pela conversão Lv 26. Em meio a tantas guerras, os profetas anunciam a paz para os tempos messiânicos, paz entre Deus e os homens, e entre os homens e animais Os 2,20[2]; Am 9,13s; Zc 8,9-13).

            Para haver paz é preciso que haja fidelidade à aliança e justiça entre os homens Sl 72,3-7. Cristo veio a este mundo para trazer a paz Lc 2,14; 8,48; Mc 5,25-34, e reconciliar os homens com Deus Jo 14,27[3]. Unindo-se a Cristo, o homem participa desta paz 1Pd 5,14. Por isso o cristão deve não só desejar aos outros esta paz Lc 10,5[4], mas promovê-la efetivamente Mt 5,9[5].

 

 

 

Conclusão

 

Portanto a verdadeira paz é aquela que brota do fundo da alma, e que acontece antes mesmo do rito de paz, pois, se só acontecer nesse momento a nossa paz pode tornar-se hipócrita. Na verdade é o que se percebe nas nossas celebrações em relação a alguns cristãos que apenas lembram-se do outro no momento em que por consciência coletiva oferecem a paz ao seu vizinho.

 

 

 

Obs.: Caro leitor se o presente texto, na sua concepção leva-o a ignorância, eu vos peço, exclua-o do mural e o utilize para fazer carvão, pois pelo menos servirá para alguma coisa.

 

 

Referências bibliográficas

 

CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO. Documento de Aparecida. 5º ed. São Paulo: Paulus, 2008. p. 82-104

 

SCHNEIDER, Theodor. Manual de dogmática. Vol. II, Rio de Janeiro: vozes, 2001. p. 88-91.

 

PAULO, João. Catecismo da igreja católica. 9º ed. São Paulo: Loyola, 2003. p. 599-600

 

 MIGUEL, Luiz. Missa entenda e participe. São Paulo: paulus, 2006. p. 78

 

AQUINO, Felipe. Para entender e celebrar a liturgia. 7º ed. São Paulo: cléofas, 2005. p. 75   

 

Bíblia pastoral



[1] “por isso eu prometo: ofereço para ele a minha aliança de paz”

[2] “nesse dia, farei em favor deles uma aliança com as feras, com as aves do céu e com os répteis da terra. Eliminarei da terra o arco, a espada e a guerra; e, então, vou fazê-los dormir em segurança”

[3] Eu vos deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá.”

[4] “em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: a paz esteja nesta casa!”

[5] “felizes os que promovem a paz, porque verão a Deus”