A PATERNIDADE E SUA INFLUÊNCIA SOBRE
O CARÁTER DOS FILHOS

Luciléia Rocha de Souza
Pedagoga pela UNIR ? Universidade Federal do Estado de Rondônia
Psicopedagoga Clinica e Institucional pelo UNASP ? Campus de Engenheiro Coelho.
Conselheira Educacional e Familiar pelo UNASP ? Campus de Engenheiro Coelho
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Resumo: Este artigo contemplará a paternidade focando sobre a influência desta no caráter dos filhos. O estudo está voltado ao papel do pai, observando as mudanças que sofreu ao longo dos anos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que serve de instrumento primariamente para todo homem que se torna pai ajudando-o nesta difícil missão de contribuir para a edificação do caráter de um ser humano. No entanto esta pesquisa não se limita apenas aos pais, servindo também de estudo para mães, educadores e demais pessoas ligadas à educação do ser humano.

Palavra-chave: paternidade, caráter, criança

Abstract: This article will address paternity focusing on the influence of father's role on the character of children. The study is focused on the father's role, noting the changes that have suffered over the years. It is a bibliographical research that serves primarily as an instrument for every man who becomes a father helping him in this difficult mission to contribute to building the character of a human being. However this research is not limited to parents, also serves as a study for mothers, educators and others involved in education of human beings.

Key-words: paternity, character, children.


Introdução

A palavra pai (do latim patre, também chamado de genitor, progenitor, ou ainda gerador) é a figura masculina de uma família que tenha um ou mais filhos e assume o primeiro grau de uma linha ascendente de parentesco. A paternidade dá-se pela ancestralidade biológica (isto é, a partir da fertilização), proveniente do casamento, da união estável e/ou da relação monoparental como estado de parentesco. Ainda há também a possibilidade legal de paternidade a partir da adoção ou técnicas de reprodução assistida.
A paternidade é um dos grandes pilares de nossa sociedade, embora não se dê a devida atenção a este importante fato. Durante muitos anos, estudos, pesquisa foram feitos sobre a relação mãe-filho. Grandes descobertas foram feitas e essas até hoje continuam contribuindo à nossa sociedade levando as mães a se conscientizarem de seu relevante papel como aquela que gera uma nova vida. Tal conscientização também fortaleceu a compreensão da necessidade do cuidado e educação materna para a formação do caráter no ser humano. Contudo com o passar dos anos e principalmente na atualidade, observa-se que não somente o papel da mãe é importante, mas também do pai, para que haja segurança, equilíbrio emocional e os filhos alcancem o sucesso diante dos desafios do viver.
Os tópicos foram escolhidos de modo a proporcionar ao leitor uma sequencia lógica e um crescendo no conhecimento da temática. No final, como parte deste estudo há uma proposta para se alcançar o sucesso na paternidade, embora exista, por parte da autora, a pretensão de não ser dona da verdade. Este estudo apresenta conceitos e propostas que servirão de orientação para aqueles que deles se apropriarem, deixando o caminho aberto para que novas pesquisas sejam feitas e novas conclusões apresentadas.
Sem desmerecer o importantíssimo papel materno e desaprovar os muitos livros e pesquisas produzidos que enaltecem a importância da mãe, este artigo, de natureza bibliográfica visa trazer à tona a relevância da figura paterna em nossos dias, a colocando em seu devido lugar e apresentando-a como relevante dentro da sociedade.


A responsabilidade social do homem no papel de provedor

Em virtude do caráter de permanência da família humana e das consequências que isso traz para as organizações socioculturais, todas as culturas tem se desenvolvido sobre a base de um marido-pai como principal protetor e provedor do grupo familiar. Homens e mulheres inserem-se na vida familiar segundo referenciais de gênero, apreendidos ao longo da vida. Essas referências determinam funções socialmente legitimadas. Homem, masculino e pai são qualificações que definem um modo de inserção do sujeito na cultura da qual ele faz parte e esses termos juntos definem um padrão de comportamento a ser seguido pelos homens (REBECA GUEDES, 2009).
Por outro lado, a reprodução social dos modelos masculino e feminino tem em sua base a maternagem (atitude em relação aos bebês e o cuidado a eles dispensado), cujo valor cultural tem um sentido ideológico na produção das desigualdades entre os sexos. Entende-se por maternagem e paternagem os cuidados maternos e paternos, respectivamente. As mulheres, como mães, são agentes decisivos na esfera da reprodução social, pois são as que mais participam da formação do caráter da criança, transmitindo-lhes as ideologias vigentes na sociedade.
Ao homem, o modelo patriarcal outorgou-lhe o poder de estabelecer o diálogo com a família quando lhe convém, cabendo às mulheres a responsabilidade de manter a harmonia das relações parentais no âmbito privado. Todavia, as transformações sociais que vêm ocorrendo no espaço público e privado, sobretudo a partir da década 60, afetaram a forma de viver e de construir a identidade de gênero. Ao abordar sobre esta temática Guedes (2009, p. 04) nos comenta:

No mundo do trabalho, as conquistas do movimento feminista são facilmente observáveis com a inserção das mulheres em atividades antes reconhecidas como exclusivamente masculinas. A participação feminina no mercado de trabalho remunerado representa uma drástica reformulação da identidade masculina tradicional enquanto provedor da família. Essas mudanças não se limitaram ao universo feminino, pelo contrário, influenciou também a paternidade.

A visão engessada da paternidade que impedia o homem de participar da vida doméstica passa a ser vista dentro de um contexto social que gerou modalidades diversas do ser pai, além de indicar o declínio do patriarcado e as mudanças nas relações parentais.
A crise da masculinidade tem levado, desde a década de 1970, um coletivo de homens a refletir sobre sua própria experiência no patriarcado e seu papel no cenário doméstico e nas relações familiares. Há perspectiva que se ampliem as mudanças quanto a maior participação do homem no espaço familiar.
Assim, para que os homens vivenciem a paternidade de modo satisfatório, diante das novas exigências é preciso que homens e mulheres repensem seus atributos sociais em meio à complexidade dessa vivência, reconhecendo que a paternidade constitui uma oportunidade de os homens ampliarem suas dimensões internas e renovarem sua relação com a vida.
Em seu estudo de caso com algumas pessoas (GUEDES, 2009), a autora demonstra que homens e mulheres apresentam posições sociais reveladoras de algumas transformações ocorridas no âmbito das responsabilidades masculinas. No entanto, mantém-se a hegemonia do modelo patriarcal. O homem continua a entender seu papel de pai predominantemente como provedor material e moral da família, contrapondo-se à necessidade da divisão de responsabilidades emergentes das mulheres e ao princípio de que a educação dos filhos deve ser permeada pela proximidade física e afetiva igualmente de pai e mãe.
Todavia, as concepções de paternidade mais envolvida em sua intensidade afetiva e nos cuidados também estiveram presentes entre os homens entrevistados, indicando que a relação familiar vivida na atualidade tem modificado qualitativamente o significado do ser pai. Assim, a pluralidade de formas de viver a paternidade, indica mudanças possíveis na vivência da masculinidade e no modo de exercer a paternidade na atualidade.
Nesse sentido, o "novo pai" visita o pai tradicional, dotando a paternidade de sentido mais amplo, para além do papel de provedor material. Esse movimento dialético indica as possibilidades de mudanças na qualidade das relações parentais. O próximo tópico abordará um pouco mais sobre estas mudanças, apresentando o perfil no novo pai e seu impacto sobre a educação dos filhos.


O novo papel do Pai

O atual perfil da figura paterna, desenhado nas últimas décadas, não lembra em nada aquele modelo autoritário e ausente do passado. Até os anos 60, a sociedade era patriarcal, ou seja, o homem ocupava a posição de "provedor do lar". Já a mulher era incumbida dos cuidados com a casa e com os filhos, sendo esta considerada uma função inferior. Em geral, os homens não demonstravam seus sentimentos em relação aos filhos, pois isso era sinal de fragilidade. Eles acabavam se tornando muito ausentes e sua participação na educação dos pequenos se limitava apenas a dar ordens e impor disciplina.
Hoje em dia essa realidade mudou. O homem tem percebido que criar vínculos afetivos fortes com seus filhos é extremamente positivo, não só para as crianças, mas para eles mesmos. Essa mudança se deve, entre outros fatores, à redefinição do papel do homem e da mulher em todos os setores da sociedade, que teve início a partir da luta feminina por direitos iguais aos dos homens e da entrada da mulher no mercado de trabalho. O novo pai está mais preocupado com a educação e o caráter dos filhos. Pouco a pouco ele está descobrindo que amor, carinho e atenção são coisas que não devem ser delegadas apenas à mãe. Eles estão percebendo que não devem absorver-se de tal maneira nos negócios da vida, uma vez que é necessário dedicar tanto tempo quanto possível aos filhos, familiarizando-se com seus diferentes caracteres, para que possam educá-los. Pouco a pouco estão se tornando amorosos, e bons e afetuosos para com sua prole. Estão entendendo que é necessário combinar afeto com autoridade, bondade e simpatia com a firme restrição. (WHITE, 2010, p. 222)
É importante salientar que todas essas mudanças quando não bem administradas afetam a figura paterna que agregou a si novos valores. No mundo moderno, para o homem não basta apenas prover; é importante superprover. Não basta ser homem, é necessário ser super-homem. A paternidade é algo amedrontador e uma tarefa extremamente complexa. Nas palavras de Canfield (1992, p. 04):



Os deveres de alguém como pai se tornam ainda mais complexos devido ao mundo em que vivemos. Um mundo onde as expectativas e exigências aumentam a cada dia. Crises econômicas e a da pressão competitividade assolam a todos e muitas vezes o pai se perde em meio a todo esse emaranhado porque não teve um modelo de paternidade na infância. Seu pai estava ausente ou pelo menos, emocionalmente distante.

Contudo, deve nos chamar atenção o fato que nem tudo é negativo no perfil do novo pai. Os pais de hoje choram no dia do parto dos filhos, ajudam a trocar a fralda, contam histórias, brincam, participam da escolha e se emocionam com cada pequena conquista da criança. E fazem isso sem nenhum constrangimento, sem achar que estão perdendo a masculinidade. É claro que muitos homens ainda mantêm distancia dos filhos, principalmente os que foram criados em um ambiente machista, mas isso já não é a regra geral.
Podemos ver que Malcolm Montgomery julgou corretamente o futuro quando em 1993 afirmou que no contexto do novo pai: no plano afetivo, a necessidade de ser dominador e poderoso daria espaço à importância por ser uma pessoa equilibrada e firme com uma independência relativa; o desejo por sucesso financeiro seria amenizado pela necessidade de uma melhor qualidade de vida; as ações seriam moderadas, havendo um cuidado maior com a saúde e corpo, sem obsessões radicais e usufruindo de seu tempo e lazer de modo gratificante. O modelo estereotipado do herói seria substituído por figuras perseverantes, dedicadas e espontâneas. Os valores da aparência cederiam lugar aos valores de essência (MALCOLM MONTGOMERY, 1993, p. 203). Quando olhamos para os pais de nossos dias percebemos que de certo modo as previsões do escritor estão se cumprindo em nossos dias.
Nos Estados Unidos um número crescente de pais já está optando por ficarem em casa cuidando dos filhos, enquanto as mulheres se tornam a provedora e mantenedora do lar. Esses pais começam já a exercer influência no futuro papel do gênero e expectativas. Eles estão se tornando cada vez mais visíveis na comunidade. Este aumento da visibilidade desafia diretamente como os outros veem esses homens e de forma mais ampla o papel de pai. O doutor Rochlen (2009, p. 207) que conduz uma pesquisa com estes pais afirma:


Em essência, a atitude de permanecer em casa representa uma mudança considerável na forma como os homens observam suas funções, responsabilidades e até mesmo sua identidade. Frequentemente esta decisão, é baseada principalmente na escolha pragmática, incluindo o tempo quando terão os filhos, transições entre empregos e a realidade de a parceira ganhar mais dinheiro no mercado de trabalho. Esses fatores muitas vezes levam a uma decisão coletiva que faz sentido para o homem se tornar aquele que dará os cuidados primários à criança.

Esta decisão, na maioria das vezes ocorre ao longo de tempo, envolvendo muitas discussões francas e abertas, combinada com uma forte crença compartilhada por ambos os pais da importância de um dos dois ficarem em casa com a criança, não permitindo que creches, babás ou outros assumam esta responsabilidade tão importante na formação do caráter.
Os homens envolvidos nesses estudos expressaram ter várias características e habilidades bem mais adequadas para o cuidado dos filhos, se dizendo mais caseiros, mais pacientes e ter muito de criança em si próprios. Embora mais pesquisas sejam necessárias, três fatores parecem ter um papel significativo: (1) Conformidade com as tradicionais normas da masculinidade; (2) Necessidade de apoio social e; (3) Eficácia na educação filial. Um fator crítico no trabalho desses pais é o reconhecimento da sociedade.
É importante reconhecer a identidade única que os homens esculpiram para si mesmos, em termos de definição de auto-identidade e masculinidade. Uma vez que a identidade de um homem frequentemente esta conectada com sua carreira e a carreira relacionada com o sucesso, os homens que escolhem ficar em casa com os filhos devem escolher seus próprios marcadores de sucesso como os homens. Outro tema que surgiu nas entrevistas do doutor Aaron Rochlen foi uma significativa mudança que tinham acontecido.
Muitas destas mudanças pareciam associadas mais tradicionalmente características femininas, tais como: ser mais carinhoso, expressar mais emoção, orientar-se mais pelos sentimentos, maior consciência interpessoal, mais responsabilidades, carinho e maior conexão à ações comunitárias (Aaron Rochlen, 2009, p. 2010) "a redefinição do papel do Provedor também é um tema comum nesta discussão.Por exemplo, a noção de homens como "provedores" ou "fornecedores" é um estereótipo masculino comumente aceito. Os homens trabalham e sustentam financeiramente a família."
Talvez o tema mais claro que foi observado é uma maior flexibilização nas definições de masculinidade, e o reconhecimento de percepções estereotipadas do papel da paternidade que agora são pouco a pouco quebradas, dando lugar ao nascimento de um novo pai. Mais livre mais aberto e melhor preparado para se relacionar com a sociedade, a esposa e principalmente com os filhos.

O relacionamento Pai e Filhos: uma prioridade

Na atualidade a família se encontra em deterioração, existindo muitas forças que concorrem para o enfraquecimento de sua coesão. Um dos aspectos mais relevantes nesta questão são as circunstancias que estão minando seriamente o amor paterno, privando as crianças da liderança e do carinho de que precisam para sobreviver.
Uma dessas circunstancia é o estilo de vida agitado e competitivo que se leva hoje. O emprego exige do homem além das horas normais do dia, o horário do almoço, as noites e às vezes até o fim de semana. Muitas vezes ele precisa viajar muito ou é forçado a se mudar para outro lugar a fim de conseguir uma promoção na empresa ou simplesmente garantir a posição atual. No final das contas os filhos passam mais tempo com uma babá, que não relaciona de fato com eles. Para Jim Hohnberger (2009, p. 100):

A verdade é que os homens de hoje estão confusos, porque não são mais os patriarcas no lar. Às vezes, nem os protetores e provedores. Na realidade em muitos lares, o pai simplesmente está ausente. Um homem que falha nessas funções básicas se torna um fracassado, independente de suas realizações políticas e ou profissionais.

Se o pai deseja que seus filhos assimilem bons princípios de vida deve comunicá-los pessoalmente. Se há práticas que o pai acredita como certa ou errada deve ensiná-los com clareza. Eles podem até rejeitar o sistema paterno de valores, no entanto, esses princípios, por serem importantes devem ser ministrados pessoalmente (ROB PARSON, 1997, p. 84). Ellen White (2010, p. 221) nos observa que:


O pai pode exercer sobre os filhos uma influência que será mais forte que os atrativos do mundo. Ele deve estudar a disposição e caráter dos membros de seu pequeno círculo, a fim de poder compreender suas necessidades e perigos, e assim estar preparado para reprimir o erro e encorajar o direito. Seja qual for o caráter de sua atividade, não é de tão grande importância que lhe sirva de desculpa para negligenciar a obra de educar e preparar seus filhos.

Alguns filhos receberam ordens para agir respeitosamente, sem ter ideia do que realmente é respeito, uma vez que seus pais nunca o definiram para eles. Mostrar respeito inclui tratar os filhos com respeito. Alguns adultos consideram o respeito uma via de mão única. A estrada para o respeito começa aos pés dos pais. Ela começa quando o pai trata o filho com honra. Significa pedir a opinião de nossos filhos e ouvir suas respostas. Significa dizer, "por favor" e "muito obrigado" a nossos filhos, como faríamos com qualquer outra pessoa (JOSH MCDOWELL, 1999, p. 131).
O pai que deseja exercer verdadeiro impacto positivo sobre os filhos deve ser presente em casa, lembrando-se sempre que o exemplo deve falar mais alto. Os filhos muito mais do que belos discursos, precisam de modelos, exemplos a seguir. Diante dessa realidade, vale a pena lembrar que o lar é tanto o campo de testes quanto a escola. A conduta no lar revela quem realmente o homem é. Por isso é necessário encarar com seriedade e honestidade esta questão. A pessoa que você é em casa é quem você é realmente. O jeito como você trata a esposa e os filhos quando ninguém está olhando é a verdadeira avaliação de seu caráter (JIM HOHNBERGER, 2009, p. 106).

Alcançando o sucesso diante da paternidade

Em seu livro The 7 secrets of effective fathers (Os sete segredos dos pais eficazes), Ken Canfield apresenta sete elementos básicos para todos os que desejam alcançar o sucesso diante da paternidade, exercendo uma excelente influência sobre os filhos, ajudando-os na edificação de seu caráter.
Em sua ótica o primeiro elemento é o compromisso. O comprometimento para com os filhos é demonstrado pela prontidão, boa vontade com a qual as atividades paternas são realizadas. Ao receber os cuidados de alguém interessado e comprometido a criança fortalece o senso de afirmação, sentindo-se amada dentro do seio familiar. É de vital importância que haja diariamente (mesmo que por poucos minutos) momentos de contato, de alegria, de passar tempo juntos.
O segundo elemento focado pelo autor é conhecer seu filho. Isto envolve reconhecer os gostos, as preferências, a escola, os amigos, enfim todos os aspectos ligados à prole. No entanto, os pais não devem se limitar apenas a observação própria e ou intuição. É necessário também (o tanto quanto possível, dentro das limitações de cada um) se tornar um especialista em pessoas. O que é possível eles desenvolverem em cada idade, o que necessitam para crescerem física, emocional e espiritualmente bem. Na visão de Norm Wakefield (1997, p. 87):

É necessário que o pai desenvolva com os filhos a intimidade em vários aspectos: intelectual, que é a troca de ideias e valores importantes para ambos; emocional, os sentimentos que são importantes; social, passando tempo juntos; alvos, envolvendo os sonhos e as ambições perseguidas juntos e por fim a física que envolve o contato através do sentar-se perto um do outro, abraço e outras formas.

O terceiro item envolve a estabilidade. Nela há traços de regularidade e previsibilidade. Quando a criança interage com pai, não há surpresas desagradáveis. Ele sempre se preocupa em dominar seus ânimos, não é extremamente afetivo em um momento e dominado pela raiva em outros. Pais estáveis se preocupam com as necessidades dos filhos e as priorizam. Estão sempre atentos à sua presença na família, mantendo seus compromissos ligados à mesma. Também eles se preocupam com seu comportamento moral e ético, mantém uma produtiva agenda diária e o equilíbrio entre seus hobbies e a família.
Aprender a lidar com as crises é o quarto segredo dos pais eficazes. Quando as crises ocorrem, eles assumem seu papel de líderes, com calma, efetividade lutando pela volta da segurança e estabilidade para toda família. Em se falando de proteção o autor estabelece seis coisas que os pais devem fazer para protegerem seus filhos:

(1) Adotar uma atitude saudável diante das crises, reconhecendo que mais cedo ou mais tarde elas virão e desta forma não sendo pegos de surpresa;
(2) Recuperar, depois da crise, a confiança aceitando de bom grado o apoio de outros pais, uma vez que estes (por já terem passado por crises) podem ensinar grandes lições que levarão a melhor administração das circunstâncias diante de outra situação adversa;
(3) Identificar seu modelo paterno e aprender deste por semelhança e ou por contraste;
(4) Entender seus próprios desafios como homem, lutando para estar a altura da missão tão importante que é ser pai;
(5) Conversar sempre com os seus filhos, deixando-os a par dos problemas (se eles já tiverem maturidade para o entendimento);
(6) Manter intenso diálogo com a esposa, ouvindo-a e aceitando sugestões que ajudem no lidar com os problemas (KEN CANFIELD, 1992, p. 103).

O quinto segredo envolve amar a mãe dos seus filhos. Os laços maritais não devem se rompidos pelas atividades do dia a dia. Quando o pai se volta para seu filho(a), automaticamente também se voltará para sua esposa numa atitude de carinho e amor.
Ser um ouvinte ativo este é o desafio no sexto segredo. Ouvir não é uma tarefa fácil. Vivemos em um mundo onde todos estão programados para falar, se expressar, expor seu ponto de vista e mostrar que sabem o que querem e onde desejam chegar. Ouvir significa andar na contramão destes conceitos. A pessoa que se coloca para ouvir não está preocupada consigo mesma e sim com a necessidade de outrem. No exercício do seu papel, o pai deve ter tempo para ouvir, conhecer as aspirações da criança e refletir sobre como melhor ajuda-la na formação de seu caráter.
O sétimo e último segredo é ter uma religião. Com alguns escândalos acontecidos no meio religioso brasileiro, muitas pessoas entendem que a religião não é relevante para a família. Todavia, empiricamente se vê que uma religião (é claro que não é regra geral) livra os filhos dos vícios, de uma vida de roubos e de outros males que afetam os jovens, alcançando-os mesmo em sua infância.


Metodologia

Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.


Considerações finais

A presença paterna na família é diferente e complementar à materna. A falta de um modelo na formação do caráter, masculino ou feminino, implica quase sempre um desequilíbrio.
À juventude atual, parece faltar valores que poderiam lhes serem transmitidos pelo pai. Se a educação dos filhos fosse comparada um filme, poderíamos dizer que o pai converte-se no principal protagonista ao chegar o delicado momento da adolescência. Os filhos tendem a prestar-lhe mais atenção, especialmente se são rapazes. Sentem nesse momento certa confusão e desorientação. Necessitam de um apoio firme e seguro. É isso que procuram no seu pai: um modelo com o qual possam identificar-se. Se o pai está ausente, outros modelos virão ocupar esse vazio, com grande probabilidade de não serem modelos propriamente exemplares.
Tal como o conceito de família é dinâmico e está em mudança desde que foi definido, o papel do pai tem vindo a mudar com os anos. Já passou pela fase em que os filhos eram propriedade do pai (com as mães quase sem direitos), passou também pela fase em que o pai era apenas o suporte financeiro da família, já que muitas das mulheres trabalham (para dividir as despesas da família, para gratificação pessoal ou por qualquer outra razão). Ao seu papel de autoridade é agora adicionado o de fornecedor de carinho, sendo que participam na vida das crianças cada vez mais, brincam com elas, atuam na sua educação e formação.
O papel do pai é muito importante no desenvolvimento das suas crianças: não só complementa como reforça o modelo dado pela mãe, no qual os dois assumem os papéis de autoridade (impõe regras e punições) e dos afetos (carinhos e recompensas). As brincadeiras são mais ativas, ajudando a criança a explorar o mundo e a relacionar-se com os outros. Definindo em conjunto como querem educar os seus filhos, os pais reforçam os seus laços enquanto casal e dão aos seus filhos um modelo um crescimento saudável e harmonioso. A relação do pai com a criança é fundamental para o seu desenvolvimento.
Ser pai é um verdadeiro privilégio. Alguns se tornam pais biologicamente; muitos outros assumem o papel de pai em circunstâncias diferentes. Seja como for que alguém se torne pai, é importante assumir o papel seriamente e concentrar-se nas necessidades (físicas, mentais, emocionais) da criança. Os pais precisam investir tempo e esforço para cuidar dos filhos e ajudar a prepará-los para enfrentar os desafios do futuro.
Quando as crianças são pequenas, um bom pai aproveita todas as oportunidades para cuidar delas, confortá-las, e prover a sua subsistência. Ele procura criar laços de amor e interesse com elas. Não é apenas uma questão de satisfazer as necessidades físicas ou financeiras dos filhos. Os pais também devem criar um ambiente bom, afetuoso, seguro e amistoso para a criação dos filhos, disciplinando-os e ensinando-os sobre a cultura e os valores. Um pai deve ajudar os filhos a aprender a escolher o que é certo, a respeitar todos os seres humanos e a se prepararem para serem bons pais para a próxima geração quando chegar a sua vez.

Referências bibliográficas

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WHITE, White. O lar Adventista. Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2010