A PARCERIA FAMÍLIA-ESCOLA EM PROL DAS AÇÕES CONTRA O BULLYING

Autores:
Alessandra de Fátima Borges Gomes
Ana Cristina Dybax
Miriam Dorneles


RESUMO

A constante problemática de bullying que envolvem crianças, professores e famílias chamaram a atenção de um grupo de pedagogas e professora de uma escola municipal de Curitiba. Ações pontuais como conversas, bilhetes em agendas e telefonemas aos pais, se mostraram recursos insuficientes para sanar as brigas, ameaças e agressões, mesmo entre as crianças dos primeiros anos do Ensino Fundamental. Neste sentido, as profissionais elaboraram um Projeto de parceria entre escola-família, por entender que as duas instituições têm em comum a formação humana, e só podem alcançar melhorias no comportamento dos educandos se caminharem juntas. Assim sendo, reuniões, rodas de conversas, trabalhos em grupos, debates reflexivos, informativos via solicitações de comparecimento aos pais via agenda, aulas expositivas no laboratório de informática, entrega de materiais sobre o bullying para os docentes com posteriores reflexões, palestra e afinamento das relações escola-família foram o lastro para as primeiras melhorias e conscientização sobre o bullying. Conclui-se também que os resultados evidenciaram uma necessidade de continuação e refinamento das práticas desenvolvidas na escola, pois enviesaram novos encaminhamentos que não se esgotam ao período de aplicação, embora paulatinamente, se observe transformações nos envolvidos: professores, famílias e educandos.

Palavra-chave: bullying, família, escola.

2 INTRODUÇÃO

Quando se fala de bullying, logo se remete a escola, como se ele fosse um problema exclusivo que nascesse e se esgotasse neste espaço. A escola enquanto instituição social, microcosmo, um subsistema de diferentes relações de ensino-aprendizagem, amizades e disputas entre adultos e crianças, crianças-crianças e adulto-adultos pertence a uma teia social, um macrocosmo de formação cultural, econômica e políticos. Desta maneira, reduzir o problema do bullying ao âmbito escolar é insuficiente e compromete a compreensão deste fenômeno.
No site da UEMS ? Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, há uma citação, nesta perspectiva, sobre o bullying, da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva (2010) "Hoje cada estado tem a sua como se fosse um problema local. Não podemos pensar no bullying como um fenômeno particular. As crianças que batem e humilham crescem e viram adultas".
Diretores, pedagogos, professores e familiares se preocupam com a violência tanto física quanto emocional e percebem que divagações em torno dos "agressores", "castigos" e sermões não diminuem a prática que cada vez mais ocupa espaço no debate acadêmico e na mídia.
Não é raro os noticiários exibirem ocorrências de brigas, agressões entre crianças e adolescentes nas mais diversas regiões do país, independente da classe social ou regional.
Algumas ações locais e isoladas são notificadas como a do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que desenvolveu um material dirigido à comunidade e escolas voltadas para a problemática do bullying.
Os permanentes desentendimentos, acometidos de ofensas e brigas que deixam marcas físicas e emocionais, chamaram a atenção das pedagogas Alessandra de F. B. Gomes, Ana Cristina Ross Dybax e da professora Miriam Dorneles, o que as levou a desenvolver o projeto intitulado: "A parceria família-escola em prol das ações contra o bullying". As profissionais compreenderam a necessidade de envolvimento dos pais, haja vista, que ambas as instituições: escola e família são responsáveis pela formação integral da criança. Na Carta de 88, no artigo 205 apregoa educação como direito de todos e no artigo 208, como dever do Estado, o qual se efetiva de várias maneiras, principalmente, na escola.
Compreender que hoje a família passa por uma série de reestruturações é fundamental na problemática sobre o bullying. Este fenômeno apesar de acontecer em diferentes espaços onde há relacionamentos sociais, se fez sentir prioritariamente nas escolas. A importância delegada a família se fez sentir pelo esgotamento de argumentos, combinados não cumpridos pelos educandos, haja vista as constantes "recaídas" das crianças as velhas práticas de agressões e enfrentamentos na escola. Neste sentido, buscaram-se possíveis respostas na literatura. A relevância do assunto para Vieira, Mendes e Guimarães são prioridade, em suas considerações denotam que,

alguns autores têm chamado a atenção para o fato de que problemas comportamentais apresentados na infância podem podem persistir na adolescência e na vida adulta, e que os pais e cuidadores têm grande participação neste processo. [...]. A ausência de interações saudáveis entre pais e filhos pode afetar o desenvolvimento das crianças e sua preparação para a vida social nos anos posteriores. (2009, p. 494).

Não se trata de responsabilizar as famílias por todas as mazelas contemporâneas, nem tão pouco, enfatizar a família nuclear parental de pai, mãe e filho, mas compreendê-las como primeira instância referencial de socialização da criança. Sobre este aspecto ponderam Ferrari e Kaloustian, para os quais família,

[...] é o espaço privilegiado de socialização, de prática de tolerância e divisão de responsabilidades, de busca coletiva de estratégias de sobrevivência e lugar inicial para o exercício da cidadania sob o parâmetro da igualdade, do respeito e dos direitos humanos [...] independente do arranjo familiar ou da forma como vem se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e, sobretudo, materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos componentes.[...] tem uma dinâmica e vida própria, afetada pelo processo socioeconômico e pelo impacto da ação do Estado (2004, p. 13).


Ainda que não se defenda um único padrão de organização familiar, não se pode deixar de reconhecer que a ausência de referencial diluiu valores, ora tidos como repressivos, moralizantes e em seu lugar apresentou um excesso de permissividade e individualismo e busca pela "felicidade". Tais constatações são reiteradas por Meira, para quem,

percebe-se que as mudanças ocorridas no seio familiar estão levando a uma rápida perda das tradições como em nenhuma outra época da história. Ao estudar a história do desenvolvimento da família, verificou-se que questões preestabelecidas nas famílias patriarcais (como o casamento, o trabalho, a sexualidade e o amor) transformaram-se em projetos individuais (2004, p. 16).

Foi partindo deste pressuposto que ações que visem o bem estar social (coletivo) e não de indivíduos precisam fazer parte das ações tanto familiares quanto escolares.
A escola não dá conta de resolver questões que são do âmbito familiar, muito se cobra dos professores: que não exponham as crianças, que sejam exemplos, e certamente, não se nega a importância de tais aspectos. Todavia, far-se-á mister invocar um resgate as funções socializadoras da família. Por esta ótica, explana Silva sobre o bullying,

muitas vezes o fenômeno começa em casa. Entretanto, para que os filhos possam ser mais empáticos e possam agir com respeito ao próximo, é necessário primeiro a revisão do que ocorre dentro de casa. Os pais muitas vezes não questionam suas próprias condutas e valores, eximindo-se da responsabilidade de educadores. O exemplo dentro de casa é fundamental. O ensinamento de ética, solidariedade e altruísmo inicia ainda no berço e se estende para o âmbito escolar, onde as crianças e adolescentes passarão grande parte do seu tempo. (p.11, 2010).

Ainda que o senso comum evidencie uma tendência ao bullying nas camadas sociais de menor poder aquisitivo, o que é uma falácia. Sabe-se que este fenômeno ocorre em todas as escolas do mundo, independente da classe social pesquisada, o que o reafirma como uma conseqüência de valores sociais.
Assim, ambas as instituições carecem apregoar objetivos comuns na educação das crianças em prol da solidariedade e formação humana visando à constituição de um cidadão equilibrado, crítico.
Neste contexto, inquiriu-se indagar por parte do grupo de pesquisa deste projeto: quais ações são possíveis para reverter, atenuar, diminuir ou sensibilizar as crianças, famílias e educadores quanto às conseqüências danosas do bullying?
Como colaborar na conscientização do papel formador da escola e família na educação das crianças? Como sensibilizar os alunos diante do sofrimento do "outro", mediante práticas de bullying e propiciar aos educandos uma visão crítica em relação aos apelos da mídia no que concerne aos conceitos de estética, consumismo e desvalorização com a dor alheia?; e ainda, aproximar família e escola em prol das ações em favor da melhoria da qualidade de atendimento às crianças? Foi partindo destes pressupostos que se desenvolveu o projeto.

3 DESENVOLVIMENTO

Um dos grandes desafios da escola no mundo moderno são as diferentes formas de violência que ocorrem dentro de seus muros, entre elas, o bullying, o qual conforme definição da ABRAPIA compreende,
[...] todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder. Portanto, os atos repetidos entre iguais (estudantes) e o desequilíbrio de poder são as características essenciais, que tornam possível a intimidação da vítima.[...] colocar apelidos, ofender, zoar, gozar, encarnar, sacanear, humilhar, fazer sofrer, discriminar, excluir, isolar, ignorar, intimidar, perseguir, assediar, aterrorizar, amedrontar, tiranizar, dominar, agredir, bater, chutar, empurrar, ferir, roubar, quebrar pertences. (ABRAPIA,2010).
A escola é um direito da criança e precisa se configurar num local de segurança e prazer aos alunos em sua relação com o conhecimento. Todavia, para muitas crianças torna-se um local de práticas constantes de humilhações e perseguições. O bullying se reflete, assim, como alvo de pesquisas que preocupam muitos estudiosos pelas conseqüências que pode acarretar a vítima.
As ações que combatem este tipo de violência na escola não podem abrir mão da participação das famílias, Carvalhosa relaciona as ações violentas na escola com a família dos agressores. Para este autor,
Os provocadores tendem a pertencer a famílias que são caracterizadas como tendo pouco calor/carinho ou afecto , com problemas em partilhar os seus sentimentos e normalmente classificam-se como sentindo que existe uma maior distância emocional entre os membros da família (DEHAAN, 1997 apud CARVALHOSA et al, 2001, p.).
Não se infere a uma culpabilização das famílias, mas procura-se compreender sua esfera de influência na vida das crianças, pois de acordo com a ABRAPIA (2010) que ratifica as considerações de Carvalhosa et al,os agressores geralmente têm pouca empatia, pertencem às famílias cujos membros têm precário relacionamento afetivo e além disso, os praticantes têm grandes chances de se tornarem adultos violentos.
Família e escola são diretamente influenciadas pelas transformações culturais, econômicas e políticas da sociedade hodierna. Ambas as instituições são acusadas de estarem em decadência. Contudo, a primeira é o lócus prioritário de formação educativa das crianças e a segunda, responsável pela transmissão do saber acumulado pela humanidade. Vale ressaltar ainda outros grupos sociais que influenciam a educação das crianças: a igreja, a mídia, clubes e internet.
Os meios de comunicação de massa ao mesmo tempo em que noticiam e se escandalizam com o tráfico de drogas, brigas em escolas e agressões aos professores ?vendem? e articulam uma visão consumista da vida em detrimento de uma formação humana, enfatizando o "ter" em detrimento do "ser", colaborando, de certa forma, para agudizar a alienação.
A escola como instituição educativa precisa respeitar as diferentes visões de mundo da clientela que atende, priorizando, instrumentalizar o aluno a se apropriar do conhecimento científico a fim de superar uma visão mitificada da realidade. Em relação à família, o artigo 227 da Carta Magna de 88 expressa que esta divide com o Estado e a sociedade o dever de "assegurar a criança e o adolescente o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização [...]".
Assim a parceria escola-família é imprescindível para que haja conscientização e clarificação dos papéis destas instituições na vida da criança, a fim de que ambas disponham de mecanismos que colaborem para uma formação cidadã, baseada na autonomia e criticidade frente à frieza e exclusão que desafiam o mundo moderno.
Segundo estudos da ABRAPIA (2010), quando as instituições escolares não combatem as ações de bullying toda a escola se contamina, principalmente, se os agressores não sofrerem nenhum tipo de conseqüência. Já para as vítimas, podem-se constatar alguns efeitos desta prática, conforme a associação,
As crianças que sofrem BULLYING, dependendo de suas características individuais e de suas relações com os meios em que vivem, em especial as famílias, poderão não superar, parcial ou totalmente, os traumas sofridos na escola. Poderão crescer com sentimentos negativos, especialmente com baixa auto-estima, tornando-se adultos com sérios problemas de relacionamento. Poderão assumir, também, um comportamento agressivo. Mais tarde poderão vir a sofrer ou a praticar o BULLYING no trabalho (Workplace BULLYING). Em casos extremos, alguns deles poderão tentar ou a cometer suicídio.(ABRAPIA, 2010).
De acordo com fragmento acima, há necessidade de se colaborar na construção de uma sociedade mais humana. Assim, aos educadores, profissionais da educação, é mister disseminar a cultura da não violência nas escolas como um pólo de resistência à desumanização das relações entre os homens e conforme salientam as Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba (2006, p. 16) [...] criar possibilidades para que o estudante compreenda o seu cotidiano e supere interpretações ingênuas sobre a realidade vivida.
Neste contexto, mesmo crianças que convivam com famílias que apresentem dificuldades de relacionamento entre seus membros podem encontrar na escola uma alternativa de pensar diferente.
Para Szymanski,

[...] as escolas podem criar um ambiente que venha a constituir-se num "espelho" e num "mundo" para as crianças, ajudando-as a caminhar para fora de um ambiente familiar adverso e criando uma rede de relações, fora das famílias de origem, que lhes possibilite uma vida digna, com relações humanas estáveis e amorosas.(SZYMANSKI, 2007, p.100).


Não se apregoa de forma alguma que a escola seja uma instituição substituta da família, uma vez que esta conforme salientado anteriormente, é o lócus de socialização privilegiado da criança. Entrementes, a escola pode e precisa se referenciar como um modelo de relações solidárias e de práticas mais humanas.


4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Situações de confrontos, brigas, ofensas, ameaças, agressões verbais e físicas geram desconforto, tanto a escola quanto as famílias e acabam por refletir a realidade de uma sociedade violenta.
Os argumentos deflagrados pelos educandos frente às agressões não se sustentam e geram desgastes que acabam por distorcer a instituição de sua atuação eminentemente formativa e educativa, haja vista o tempo em que se empenham professores, pedagogos, inspetores, pais em brigas e desentendimentos diários e crônicos.
Os alunos reproduzem em suas brincadeiras e formas de resolver conflitos os modelos vivenciados no grupo social aos quais pertencem. Deste modo, com vistas à melhoria da qualidade educacional ofertada pela escola, este projeto inseriu-se no contexto de formação de professores, alunos e famílias, não se esgotando em si mesmo, pois ações contra o bullying precisam ser constantes prescindindo do envolvimento das famílias.
Aos professores foi oportunizado o preenchimento de questionários a fim de se compreender o que estes entendiam por bullying, sendo que para a 100% dos respondentes o bullying é um fenômeno que não ocorre apenas no espaço escolar , e destes, 36% alegam ter sofrido bullying na infância ou adolescência.
Posteriormente, o grupo de docentes recebeu das pedagogas e professoras deste projeto, uma apostila intitulada "bullying ? cartilha 2010 ? justiça nas escolas", um apanhado de perguntas e respostas para medidas frente ao bullying, enfocando o papel da família e da escola na atuação e prevenção do bullying. Ainda nas permanências foi passado aos professores um texto elaborado pelo CECOVI ? Centro de combate à violência com outras informações inseridas pelo grupo de pedagogas, para leitura discussão e análise da realidade escolar.
Aos pais foi oferecida, além de conversas pontuais, com registros e orientações, uma palestra com profissional experiente na área, com posterior espaço para debate e avaliação. Tal avaliação preenchida pelas famílias após a exposição da palestrante, resultou em 100 % de aprovação das famílias no quesito de pertinência do tema; relevância das informações levantadas pela palestrante e importância da família na vida da criança. Contudo o item relativo aos recursos usados como os materiais e o data show, alcançaram 74% de aprovação devido às dificuldades advindas do manuseio dos equipamentos. Entretanto, a essência das informações e debates atingiu o objetivo de enriquecimento e aprovação dos familiares, como já mencionado.
Vale ressaltar os textos informativos sobre bullying que os familiares receberam via agenda e que fizeram parte da capacitação dos familiares.
Já os educandos participaram de inúmeros momentos de reflexões, rodas de conversas, dinâmicas, laboratório de informática e apreciação do filme "um sonho possível" para debates posteriores.
Outras estratégias de sensibilização importantes foram às redações que os estudantes escreveram, entre a que solicitava a descrição do "o dia mais feliz da minha vida foi...." e "o dia mais triste da minha vida foi...". Também momentos em que os alunos citavam aos colegas, principalmente com aqueles com quem brigavam," o que eu mais gosto em você" e " o que eu menos gosto em você".
As ações desenvolvidas pelas pedagogas e professoras basearam-se no princípio da gestão democrática. Conforme, as Diretrizes Curriculares para a Educação Municipal de Curitiba, infere-se que,
Ao efetivar um ensino de qualidade, instrumento de emancipação, a instituição escolar assume a responsabilidade social em formar integralmente seus estudantes. Desse modo, o desenvolvimento de práticas pedagógicas democráticas é parte da construção de um sistema político que respeita os direitos individuais e coletivos de todos os cidadãos. (CURITIBA, 2006, p.45).
Assim, requer-se a presença dos pais na escola de forma atuante e participativa, não restrita apenas a festividades, entrega de pareceres ou reuniões previstas em calendários (também importantes, claro), mas para além disso: reflexão dos problemas que os afligem, como o bullying.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada vez menos pais usufruem a companhia dos seus filhos e cada vez mais entra em ação o chamado "entretenimento": novelas, desenhos, jogos, computadores onde as crianças passam algumas horas por dia. As novas gerações desempenham notável na apropriação das ferramentas tecnológicas e assim, é inegável a influência que os conteúdos acoplados a estas tão sedutoras formas de passar o tempo.
Adultos também são facilmente envolvidos com as facilidades e comodidades tecnológicas. Observa-se assim que momentos em que os membros de uma família compartilham experiências e gozam da convivência mútua se reduziu.

Neste âmbito mercantilista desprestigia-se o vinculo familiar, pelo crivo da emancipação, e a isto, soma-se a idéia de uma vida livresca, divulgada insistentemente pela mídia, cujos valores interferem no modo de viver. São os modelos de comportamentos vendidos nas estantes consumistas. (GOMES, 2010, p.60).

Mais do que pensar em ações e medidas para sanar as práticas de bullying, infere-se um olhar do adulto-educador da criança - adolescente para dentro de si mesmo, será que estas práticas ocorrem apenas nestas faixas etária? Podemos conjecturar que toda vez que alguém se sente repetitivamente insultado, ferido em seus direitos, estará sofrendo bullying. Assim, as famílias, professores e adultos, cabem analisar situações de relacionamentos vivenciados dentro de casa: será que estou sendo um modelo, um referencial saudável para o meu filho hoje?
Antes de brigar com o professor ou tirar satisfação na escola pelas possíveis agressões sofridas pelo meu filho, será que de alguma forma, não colaboramos para a cultura da violência? O que assisto na TV? O modo que falo, como dirijo. Fica um convite a reflexão de todos nós: adultos, os modelos de nossas crianças.
Desta forma, conclui-se que os objetivos propostos neste projeto são ainda uma gota no oceano, mas que é no conjunto das gotas que ele se forma. Neste sentido, conclui-se que as famílias mostraram-se mais sensibilizadas quanto ao seu papel na vida dos filhos: procuraram o setor pedagógico com um olhar mais crítico em relação as suas responsabilidades. Já os educandos passaram a procurar com mais freqüência à intervenção dos adultos em situações de desentendimentos, o que é animador, uma vez que anteriormente, "resolviam" os conflitos com agressões também. Este projeto não teve a pretensão de sanar todas as práticas de bullying da escola, mas abriu um canal para que posteriormente, assim se alcance maiores resultados.

REFERÊNCIAS

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