A origem dos escravos africanos em Sergipe
Por Hédila Maria Alves dos Santos Santana
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Na maioria das pequenas capitanias, assim como em Sergipe, não há fontes específicas para que possamos aprofundar um estudo sobre a procedência dos africanos que chegaram à Sergipe; embora saibamos que estes vieram pelos portos da Bahia e de Pernambuco.
A captura acontecia no interior do continente africano, em seguida eram trazidos para o ponto de embarque no litoral.

Composição Demográfica dos Escravos de Sergipe
Segundo a Origem e cor (1785)


AFRICANOS

Congo-Angola
Angola: 197
Congo:2
Benguela: 6


Total 276 (34%)

Costa do ouro Golfo Benin
Mina: 67 Gegê: 4

NACIONAIS

Crioulos: 340
Mulatos: 144
Mestiços 33
Cabras:19


Total: 538 (66%)

Fonte: "Sergipe Del Rey. População, Economia e sociedade". Luiz Mott (1986:143/144).

Conforme a maioria dos escravos sergipanos vinha do Congo - Angola, porém havia a presença de sudaneses da costa da Guiné
Percebe-se que foi somente no começo do século XIX que se registrou um número mais significativo de escravos, o que nos faz acreditar que foi a fase de mais rápido crescimento dos engenhos.
Neste mesmo período calcula-se que os escravos chegaram a representar mais de 1/3 dos habitantes de Sergipe. Todavia este índice de negros em comparação aos homens livres ficou numa faixa de 20%.







Crescimento da população Livre e escrava

População Livre População Escrava Total

1707 ? 1802 ___ ___ 3,2
1802 ? 1854 2,7 1,6 2,3
1854 ? 1888 2,8 menos 5,2 2,2

Fonte: Luiz Mott (1986)

Com o fim do tráfico negreiro, a proporção de escravos livres em 1850 havia sido 25,5%. Em 1869, os cativos representaram 17,9% do total da população sergipana.
Com a extinção do trabalho escravo houve uma redução para 5,6% devido a vários fatores, a exemplo das leis que emanciparam algumas classes de cativos.



? O escravismo em Sergipe

No inicio do século XIX, Sergipe tinha sua economia subordinada à Bahia, da mesma forma como aconteceu em outras províncias do Brasil.
A cultura canavieira começou a ganhar importância econômica somente a partir do século XVIII; contudo nesta mesma época a pecuária ainda era o suporte econômico de Sergipe.
De acordo com Santos (1998, p.23)
... o gado cedeu lugar à cana-de-açúcar, penetrando para o interior, invadindo as terras do agreste e do sertão semi-árido, ajudando a fixação do colonizador. Mas, pouco a pouco, os canaviais começaram a ocupar os vales férteis; com eles, emergem e proliferam engenhos. A cana floresceu, sobretudo, nas áreas de solos ricos como o massapé, que compreende a zona drenada pelo rio Sergipe e seus afluentes, Cotinguiba e Jacarecica, constituindo-se na mais tradicional atividade econômica do estado. A cana-de- açúcar exigiu braços, sendo crescente a importância do africano, como mão-de-obra escrava.
Para tanto a entrada dos primeiros cativos em Sergipe para trabalharem como escravos nos engenhos e fazendas aconteceram no século XVIII; estes cativos vinham principalmente do porto de Salvador, em direção à Vila de Estância, lá eram vendidos para os proprietários de engenhos e outros colonos da Capitania.
É importante enfatizar o tratamento dado aos escravos sergipanos. O historiador sergipano Corrêa (2005, p.43), nos diz que: "Os escravos da província de Sergipe eram muito mal tratados e explorados, alguns pareciam cadáveres seminus, magros e abatidos, com os corpos marcados por cicatrizes provocadas pelos castigos dos feitores".
De acordo com os estudos feitos por Luiz Mott (1986), em anuncio de jornais sergipanos, que tratam sobre a fuga de negros ele enfatiza que, Dom Marcos de Souza, na época vigário de Siriri, dizia que os escravos sergipanos recebiam o melhor tratamento dos seus senhores em comparação aos de outras regiões nordestinas, o que era decorrência do capital que significavam para o proprietário prejuízo trazido pela perda de um deles.
Ainda sobre este mesmo assunto retratou em suas pesquisas as historiadoras sergipana Thétis Nunes e Lenalda Andrade (1998).
É evidente que há divergências entre os historiadores e o vigário a cerca do tratamento dos escravos; assim como outros estudiosos do assunto.
Sabemos que os africanos trabalharam duramente nos engenhos e fazendas de gado para o desenvolvimento da Província de Sergipe, que houve a distinção de tratamento entre os senhores de escravos e sergipanos, com relação aos de outras províncias, não significa dizer que estes cativos eram livres, ou mesmo, que sua jornada de trabalho era reduzida. A mão de obra escrava foi largamente utilizada pelos seus senhores, tanto na zona rural como na zona urbana



Referências Bibliográficas

CORRÊA, Antônio Wanderley de Melo: Sergipe nossa História: Ensino Fundamental ? Aracaju: Info Graphic, 2005.
MOTT, Luiz Roberto de Barros, Sergipe Del Rey; População economia e sociedade. Aracaju; Fundesc,1986.
MUSEU do Homem Sergipano ? O Negro em Sergipe. Disponível em http//www.aracaju.com/museu/negrosergipe. Acesso em 20 de fev. 2010.
NUNES, Maria Thétis Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.
NUNES, Maria Thétis Sergipe Colonial II. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1996.
NUNES Maria Thétis Sergipe Provincial II 1820 ? 1840: Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro.SANTOS, Lenalda Andrada; Oliva, Teresinha Alves ? Para Conhecer a História de Sergipe. Aracaju, Opção Gráfica, 1998.