A OPACIDADE DA CANÇÃO SECULAR ANTE O RESPLENDOR DE HINOS SACROS

 

A benquista música CANÇÃO DE NATAL DO BRASIL, muito em voga por estas plagas, conhecida também como FIM DE ANO, entoada sempre por ocasião das Festas Natalinas, despertou-me o desejo de fazer a presente análise, à luz das Sagradas Escrituras, obviamente. E eu a faço objetivando encontrar nela valores espirituais, tendo em vista a mesma envolver o ensejo natalino e gozar de plena aceitação popular.

São seus compositores os cariocas Francisco de Morais Alves (1898–1952), Felisberto Martins (1904–1980), e o paulista David Nasser (1917–1980); e foi gravada originalmente pelo cantor paulista João Dias Rodrigues Filho (1927–1996), em 1951 (Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira – Instituto Cultural Cravo Albin).

Diz assim a música: “Adeus, ano velho! Feliz ano novo! / Que tudo se realize no ano que vai nascer! / Muito dinheiro no bolso, / Saúde pra dar e vender! / Para os solteiros, sorte no amor, nenhuma esperança perdida; / Para os casados, nenhuma briga, paz e sossego na vida.”

ADEUS, ANO VELHO! FELIZ ANO NOVO!: Eu penso que a melhor forma de nos despedirmos de um ano findo e começarmos outro realmente novo, é atentarmos para o que nos diz a Palavra de Deus: “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2Co.5:17). Aqui, o Apóstolo Paulo ensina que, se alguém está em Cristo, isto é, intimamente ligado a Ele, unido com Cristo em Deus (Jo.17:21), nova criatura é; as coisas velhas, e não somente o ano velho, já passaram, já ganharam o seu adeus; e tudo, mas tudo mesmo, e não apenas uma parte, se fez novo.

QUE TUDO SE REALIZE NO ANO QUE VAI NASCER!: Nas viradas dos anos temos visto, através da mídia, durante o estrugir e a policromia dos fogos de artifícios, as pessoas postas às margens dos lagos, rios e mares, ao sabor de suas mandingas, lançando nas águas as suas oferendas às hostes espirituais das trevas, na ânsia de realizações dos seus projetos pessoais, mormente os de ordem financeira e sentimental; porém, a maior realização que uma pessoa deve almejar, para os trezentos e sessenta e cinco dias do Ano Nascente, é fazer suas as palavras do Salmista, colocando-as diante de Deus em oração: “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos CORAÇÕES SÁBIOS.” (Sl.90:12). Sim, corações sábios porque “A sabedoria é a coisa principal; adquire, pois, a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o entendimento.” (Pv.4:7). Porque “Feliz é o homem que acha sabedoria, e o homem que adquire entendimento; pois melhor é o lucro que ela dá do que o lucro da prata, e a sua renda do que o ouro. Mais preciosa é do que as joias, e nada do que possas desejar é comparável a ela.” (id.3:13-15). E quem não a possui, é só pedir a Deus: “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não censura, e ser-lhe-á dada.” (Tg.1:5). Porquanto “Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com Ele mora a luz.” (Dn.2:22)

MUITO DINHEIRO NO BOLSO,: Cercado de muitos milhares de pessoas (Lc.12:1), quando lhes entregava a sua terna e doce Palavra, o Senhor Jesus Cristo “Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância; e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos. Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens; e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te. Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.” (id.vv.16-21). E, no versículo anterior à proposta desta Parábola, lemos: “E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.” (id.v.15)

E por que este ensino do Divino Mestre? “Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores.” (1Tm.6:10)

A Palavra de Deus fala-nos sobre os que querem ficar ricos a qualquer custo: “Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição.” (id.v:9)

E o Senhor Jesus Cristo ensina-nos ainda: “Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntais para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.” (Mt.6:19-21)

Diz mais a Palavra de Deus: “Seja a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes; porque Ele mesmo disse: Não te deixarei, nem te desampararei.” (Hb.13:5). “Tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes.” (1Tm.6:8)

SAÚDE PRA DAR E VENDER!: A saúde é um dos bens mais preciosos, uma das maiores riquezas que Deus concede ao homem. Ora, se nós a recebemos de Deus – e de graça! – podemos também dá-la, doá-la a alguém: “Curai os enfermos, (...) de graça recebestes, de graça dai.” (Mt.10:8)

E como podemos fazer isto?

Simples: Doando nosso sangue, periodicamente; nossos órgãos, no momento oportuno; e nosso vigor físico. Estes atos são para quem pode e quando possível, obviamente. Outrossim, a oração de um justo a favor de um enfermo é imprescindível (Tg.5:14-16). Todos estes recursos constituem-se verdadeiros exercícios de amor ao próximo!

Destarte, saúde para dar é compreensível e louvável; mas, saúde para vender?

Sabemos que quem vende saúde, ou os agentes (remédios) para prevenção e cura, são os boticários. Então, tirante os profissionais médicos, não consigo entender outras pessoas vendendo saúde. Faz-me lembrar os vendedores de órgãos humanos...

PARA OS SOLTEIROS, SORTE NO AMOR, NENHUMA ESPERANÇA PERDIDA;: Ora, ninguém abarca sorte ou azar no amor, visto que esse sentimento não é um bilhete de loteria. O amor é uma dádiva de Deus, para toda criatura, e o seu cultivo depende do casal, que pode e deve contar com o auxílio de Deus (1Pd.3:1-7). Por sua vez, o Apóstolo Paulo escreve aos solteiros e às viúvas: “Digo, porém, aos solteiros e às viúvas, que lhes é bom se ficarem como eu. Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se. Estás ligado a mulher? não procures separação. Estás livre de mulher? não procures casamento. Mas, se te casares, não pecaste; e, se a virgem se casar, não peca. Todavia estes padecerão tribulação na carne e eu quisera poupar-vos.” (1Co.7:8,9,27,28)

PARA OS CASADOS, NENHUMA BRIGA, PAZ E SOSSEGO NA VIDA.: Divergências e discussões fazem parte de qualquer casamento, pois as pessoas são diferentes umas das outras assim como mutáveis são os sensos de humor e volúveis são as emoções. Mas a briga, coisa feia que muito me lembra o kickboxing, não deve sequer ser mencionada na vida de um casal. Com efeito, socos, pontapés, cabos de vassoura e objetos voadores não podem, de forma alguma, habitar o aconchego familiar. A meu ver, um homem que agride fisicamente uma mulher, qualquer que seja o motivo, é covarde e incapaz de manter um relacionamento conjugal.

Paz e sossego são palavras sinônimas; portanto, não há a necessidade de aditivá-las.

Paz é ausência de lutas, violências ou perturbações sociais, ou de conflitos entre pessoas. E, consoante a Bíblia, neste mundo não existe a menor possibilidade de ausência de lutas e de conflitos entre pessoas. Ouçamos o Senhor Jesus Cristo: “Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. NO MUNDO TEREIS TRIBULAÇÕES; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.” (Jo.16:33). PARA QUE EM MIM TENHAIS PAZ”, nos faz saber que somente nEle, em Jesus, podemos ter paz, a verdadeira paz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo.14:27)

JESUS CRISTO É O PRÍNCIPE DA PAZ!!! (Is.9:6)

Finalizando, anelo dizer ao prezado leitor que o Cantor Cristão (Hinário das Igrejas Batistas da Convenção Batista Brasileira) apresenta-nos o Hino nº 30, intitulado NOITE DE PAZ, de autoria do austríaco Joseph Franz Mohr (11/12/1792–04/12/1848), com tradução do missionário batista norte-americano William Edwin Entzminger (25/12/1859–11/01/1930), e tem o austríaco Franz Xaver Gruber (25/11/1787–07/06/1863) como compositor da sua melodia, sob o título de Stille Nacht. Este Hino fala biblicamente sobre o Nascimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo; e o nº 560, intitulado ANO NOVO, cujo autor é o carioca João Gomes da Rocha (14/03/1861–1947), com uma melodia alemã, de SINGVOEGELEIN.

Estes belíssimos Hinos de Natal, não só para o Brasil, mas para o Mundo todo, transmitem-nos verdadeiros tesouros de bênçãos espirituais, porque totalmente escritos sob o influxo do Espírito Santo. Para quem gosta de apreciar coisas boas, coisas celestiais, tenha certeza das ricas bênçãos de Deus ao conferi-los!

Lázaro Justo Jacinto