O artigo insere-se no campo de conhecimento que estuda a estratégia organizacional e a obtenção de vantagem competitiva e a partir do desenvolvimento de competências estratégicas formadas através da acumulação, combinação e articulação de recursos. O trabalho constata que, apesar das peculiaridades de cada negocio das empresas estudadas, o desenvolvimento das competências apresenta mais similaridades do que diferenças. O entendimento dos fatores que determinam a vantagem competitiva é provavelmente o tema central dos estudos sobre estratégia (PORTER, 1991). Embora diversas áreas, como por exemplo, marketing (HUNT e MORGAN, 1995) e organizações (COLLINS e PORRAS, 1995), façam contribuições importantes para identificar quais são esses fatores, as maiores contribuições provém da própria área de estratégia, destacando-se especialmente os trabalhos de Porter (1980,1986, 1996) e aqueles que se associam à Resource-based View (RBV), tais como o de Wernelfelt (1984); Barney (1991); Peteraf (1993) ou ainda Prahalad e Hamel (1990) com a abordagem das competências. Para enriquecer o estudo e melhor entender o posicionamento competitivo em setores diferentes, um dinâmico e outro maduro, as empresas serão analisadas de forma individual e comparada. Para tanto, apresenta-se inicialmente o referencial teórico, seguido da metodologia de pesquisa e do estudo de caso. Tem como objetivo entender os fatores que são determinantes para a posição de vantagem competitiva e as competências estratégicas de duas empresas brasileiras de porte médio. As escolhidas são a Muri que tem tido crescente sucesso no mercado brasileiro e, especialmente, no de exportação com produtos e serviços de significativa densidade tecnológica. e a Bettanin, opera em dois segmentos do setor de produtos de limpeza, onde mantêm uma posição de liderança e que se distinguem de modelo especial nos setores em que atuam. Para evitar dúvidas, neste trabalho, os termos competência e capacidade são utilizados com o mesmo sentido. Para Hamel (1995), citado pelos autores, a competência não pode ser comparada com um ativo físico, ela deve ser entendida como um conjunto integrado de habilidades e tecnologias que resultam em um diferencial competitivo para a empresa. Isso exige comunicação, envolvimento e comprometimento organizacional, pois envolve diversos níveis e funções. As competências devem ser desenvolvidas ao longo de muitos anos, de forma orientada, através de um arranjo que permita ampliar e integrar os recursos internos, a fim de acumular um amplo conjunto de competências que formem a competência essencial. Também não pode ser uma coisa inanimada, pois é uma atividade ou uma acumulação desordenada de aprendizagem que inclui conhecimento tácito e explícito. O processo de formulação das estratégias se assemelha em vários sentidos nas empresas pesquisadas. Ambas utilizam o planejamento estratégico formal, que é realizado com base na análise do ambiente externo e interno com realização de análises das forças e fraquezas internas e das ameaças e oportunidades ambientais de acordo com os métodos propostos por Andrews (1971). As empresas estudadas, ao longo de sua historia, investiram em instalações, máquinas, equipamentos, tecnologia de processo, tecnologia de produto, qualificação das pessoas, pesquisa e desenvolvimento e tecnologia de informação, entre outros, formando assim, a base de recursos necessária para a construção das suas competências funcionais. O artigo focalizou o estudo das competências organizacionais sob a ótica da estratégia empresarial, visando entender como elas se desenvolvem e contribuem para o alcance da vantagem competitiva. O estudo analisou e procurou demonstrar a importância dos fatores internos e sua relação com atividades, processos e decisões, as quais conduziram as empresas pesquisadas a um patamar de desempenho superior aos concorrentes. Buscou-se apresentar os aspectos relevantes que influenciaram na posição de vantagem competitiva e na formação das competências organizacionais em ambas as empresas. Pergunta para Análise: Qual a importância de fatores internos no desempenho organizacional?