PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

MESTRADO EM LETRAS

 LUCILENE M. DE O. VIDAL

MÁRCIA GRACIANO

                                  

  BENJAMIN, Walter.. In: ADORNO et al. Teoria da Cultura de massa. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 221-254.

Walter Benjamin - Em 1919 defende tese de doutorado, A Crítica de Arte no Romantismo Alemão, que foi aprovada e recomendada para publicação. Em 1925, Benjamin constatou que a porta da vida acadêmica estava fechada para si, tendo a sua tese de livre-docência Origem do Drama Barroco Alemão rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt. Nos últimos anos da década de 1920 o filósofo judeu interessa-se pelo marxismo, por esta altura e nos anos seguintes publica resenhas e traduções que lhe trariam reconhecimento como crítico literário, entre elas as séries sobre Charles Baudelaire. Em 1940, ano da sua morte, Benjamin escreve a sua última obra, considerada por alguns como o mais importante texto revolucionário desde Marx; por outros, como um retrocesso no pensamento benjaminiano: as Teses Sobre o Conceito de História.

A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica é um ensaio do filósofo Walter Benjamin sobre a arte no século XX, na era industrial, que analisa a sua existência na era da cópia, da fotografia. É o mais conhecido e citado ensaio de Benjamin, que, neste texto, discute as novas potencialidades artísticas — essencialmente numa dimensão política — decorrentes da reprodutibilidade técnica. Foi publicado em francês na revista do Instituto de Investigação Social (Zeitschrift für Sozialforschung), em 1936, quando o autor se encontrava refugiado em Paris, devido à perseguição aos judeus na Alemanha, pelo regime nazista. O texto em questão possui duas versões: uma escrita entre 1935 e 1936 e outra que, iniciada em 1936, só veio a ser publicada em 1955. No ano de 1985 foi publicada, no Brasil, a primeira edição traduzida pela editora Brasiliense e no ano de 2012 foi publicada a segunda edição traduzida diretamente do alemão pela Editora Zouk.

Benjamin nos leva a uma reflexão sobre as mudanças que ocorreram na arte pelo crescimento dos meios de comunicação, vários fatores que levaram a uma nova interpretação sobre o belo e sobre sua autenticidade e aura. Começa sua narrativa fazendo uma observação sobre o Caráter reprodutível da obra de arte. Fazendo uma viagem sobre as primeiras formas de reprodução técnica, da xilografura para a impressão, a reprodutibilidade técnica da escrita. Depois tivemos também a litografia. Mostrando o avanço da reprodução da obra de arte. Após a litografia vieram à fotografia. Segundo o autor a fotografia é uma reprodução as imagens. A grande problemática está no fato da reprodução da obra de arte e o cinema repercutirem sobre a arte, e na sua forma tradicional.

O conceito da autenticidade se torna um ponto importante a ser considerado pelo autor que afirma “o aqui e agora do original constitui o conceito de autenticidade” mostrando como frágil é a questão quando o “domínio global da autenticidade subtrai-se à reprodutibilidade técnica”.  

 A fotografia pode “salientar aspectos do original, que só são acessíveis a uma lente regulável e que pode mudar de posição para escolher o seu ângulo de visão, mas não são acessíveis ao olho humano” uma arte abrangente, porém não milagrosa por mais séria que seja a sua reprodução.

Outro ponto salientado além da autenticidade na obra de arte por Benjamin é a aura. “O que murcha na era da reprodutibilidade da obra de arte é sua aura”. O autor conceitua a aura como “manifestação única de uma lonjura, por muito próxima que esteja”.  Por esse prisma o autor considera a decadência da aura. Mostrando como o surgimento das primeiras artes está condicionado a um ritual, primeiro mágico e depois religioso segundo o autor que diz também “por outras palavras: o valor singular da obra de arte “autentica” tem o seu fundamento no ritual em que adquiriu o seu valor de uso original e primeiro”. O autor conclui que a autenticidade na reprodução de arte modifica-se também a sua função social da arte. Função essa que deixa de assentar no ritual e passa à práxis da política.

A reprodutibilidade técnica da arte levou ao desligamento do culto, extinguindo segundo o autor a aparência da sua autonomia.

O cinema vem a superar a fotografia neste aspecto de perigo a autenticidade e aura da obra de arte. “quanto mais o significado social de uma arte diminui, tanto mais se afastam no público as atitudes, críticas e de fruição”. O autor também faz algumas colocações sobre o filme e o caráter social, levando a imaginação, mas que possui um aspecto destrutivo e catártico segundo o autor e que o público é um examinador, mas distraído.  Afirma que o cinema rejeita o culto. Entender que é necessário um cuidado rigoroso e sensível á reprodução das artes, pelas artes. Porque tanto a pintura, desenho, fotografia e cinema são formas diferentes de obras de arte e de reprodução da mesma. Com cuidado e esmero e preocupação com a autenticidade e a aura da obra pode-se conseguir o aprimoramento. “A história de qualquer forma de arte apresenta épocas críticas, em que determinada forma aspira a obter efeitos que só mais tarde, perante um novo padrão da técnica, podem ser facilmente obtidos, ou seja, numa nova forma de arte.” (Benjamin).

A releitura de uma obra por outra, como o romance escrito pelo romance filmado, temos a sensação segundo Benjamin “já não posso pensar o que quero pensar”. As imagens em movimento tomaram o lugar dos meus pensamentos. Luigi Rotelli afirma que no cinema as coisas são bem mais complicadas: são 24 fotos por segundo, em movimento, feitas em diversas tomadas, diferentes ângulos e planos-sequência e todas que têm que sair boas.

Braulio Santos Rabelo de Araujo em seu artigo sobre o texto de Walter Benjamin titulado como O conceito de aura, de Benjamin, e a indústria cultural, publicado na Pós V.17 N. 28 São Paulo em Dezembro de 2010, trata da concepção benjiniana de aura “uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja; sendo seus principais elementos são a autenticidade e a unicidade”. Em seu artigo mostra também as ideias de Guy Débord e Lautréamont que compartilham das ideias de Benjamin defendendo que plágio é necessário para o avanço da cultura e para o desenvolvimento das ideias.

Todavia, percebemos que o plágio é uma imitação e que em muitos casos deve-se sim ser questionado a sua utilização para que se preserve o original, a reprodutibilidade coloca-se contra a originalidade.   

Alcmeno Bastos em seu artigo Literatura e aura – apontamentos sobre “A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica” diz que a leitura atenta do texto de Benjamin não nos leva inevitavelmente ao conceito de aura e, principalmente, o de sua perda em tempos de reprodutibilidade técnica se aplicam ao caso de texto literário. Para ele a primeira afirmação relevante de Benjamin é quanto ao fato de a reprodutibilidade ser algo inerente à natureza da obra de arte. Afirma que a autenticidade é uma qualidade privativa do original.

Araujo e Bastos trabalham em seus textos o conceito de aura feita por Benjamin mostrando a essência de uma boa leitura, a importância das tecnologias e a expansão da industrialização. Percebemos que uma obra de arte pode sim ser recriada, pode ser intertextualizada havendo assim uma contribuição para a ideia do criador do original, mas quando é apenas plagiada há uma perca na exploração da cultura. 

BIBLIOGRAFIA

BENJAMIN, Walter.. In: ADORNO et al. Teoria da Cultura de massa. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 221-254.

 http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Obra_de_Arte_na_Era_de_Sua_Reprodutibilidade_T%C3%A9cnica

 http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Benjamin