A Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade
Publicado em 25 de março de 2013 por Lucilene Maciel de Oliveira Vidal
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
MESTRADO EM LETRAS
LUCILENE M. DE O. VIDAL
MÁRCIA GRACIANO
BENJAMIN, Walter.. In: ADORNO et al. Teoria da Cultura de massa. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 221-254.
Walter Benjamin - Em 1919 defende tese de doutorado, A Crítica de Arte no Romantismo Alemão, que foi aprovada e recomendada para publicação. Em 1925, Benjamin constatou que a porta da vida acadêmica estava fechada para si, tendo a sua tese de livre-docência Origem do Drama Barroco Alemão rejeitada pelo Departamento de Estética da Universidade de Frankfurt. Nos últimos anos da década de 1920 o filósofo judeu interessa-se pelo marxismo, por esta altura e nos anos seguintes publica resenhas e traduções que lhe trariam reconhecimento como crítico literário, entre elas as séries sobre Charles Baudelaire. Em 1940, ano da sua morte, Benjamin escreve a sua última obra, considerada por alguns como o mais importante texto revolucionário desde Marx; por outros, como um retrocesso no pensamento benjaminiano: as Teses Sobre o Conceito de História.
A Obra de Arte na Era de sua Reprodutibilidade Técnica é um ensaio do filósofo Walter Benjamin sobre a arte no século XX, na era industrial, que analisa a sua existência na era da cópia, da fotografia. É o mais conhecido e citado ensaio de Benjamin, que, neste texto, discute as novas potencialidades artísticas — essencialmente numa dimensão política — decorrentes da reprodutibilidade técnica. Foi publicado em francês na revista do Instituto de Investigação Social (Zeitschrift für Sozialforschung), em 1936, quando o autor se encontrava refugiado em Paris, devido à perseguição aos judeus na Alemanha, pelo regime nazista. O texto em questão possui duas versões: uma escrita entre 1935 e 1936 e outra que, iniciada em 1936, só veio a ser publicada em 1955. No ano de 1985 foi publicada, no Brasil, a primeira edição traduzida pela editora Brasiliense e no ano de 2012 foi publicada a segunda edição traduzida diretamente do alemão pela Editora Zouk.
Benjamin nos leva a uma reflexão sobre as mudanças que ocorreram na arte pelo crescimento dos meios de comunicação, vários fatores que levaram a uma nova interpretação sobre o belo e sobre sua autenticidade e aura. Começa sua narrativa fazendo uma observação sobre o Caráter reprodutível da obra de arte. Fazendo uma viagem sobre as primeiras formas de reprodução técnica, da xilografura para a impressão, a reprodutibilidade técnica da escrita. Depois tivemos também a litografia. Mostrando o avanço da reprodução da obra de arte. Após a litografia vieram à fotografia. Segundo o autor a fotografia é uma reprodução as imagens. A grande problemática está no fato da reprodução da obra de arte e o cinema repercutirem sobre a arte, e na sua forma tradicional.
O conceito da autenticidade se torna um ponto importante a ser considerado pelo autor que afirma “o aqui e agora do original constitui o conceito de autenticidade” mostrando como frágil é a questão quando o “domínio global da autenticidade subtrai-se à reprodutibilidade técnica”.
A fotografia pode “salientar aspectos do original, que só são acessíveis a uma lente regulável e que pode mudar de posição para escolher o seu ângulo de visão, mas não são acessíveis ao olho humano” uma arte abrangente, porém não milagrosa por mais séria que seja a sua reprodução.
Outro ponto salientado além da autenticidade na obra de arte por Benjamin é a aura. “O que murcha na era da reprodutibilidade da obra de arte é sua aura”. O autor conceitua a aura como “manifestação única de uma lonjura, por muito próxima que esteja”. Por esse prisma o autor considera a decadência da aura. Mostrando como o surgimento das primeiras artes está condicionado a um ritual, primeiro mágico e depois religioso segundo o autor que diz também “por outras palavras: o valor singular da obra de arte “autentica” tem o seu fundamento no ritual em que adquiriu o seu valor de uso original e primeiro”. O autor conclui que a autenticidade na reprodução de arte modifica-se também a sua função social da arte. Função essa que deixa de assentar no ritual e passa à práxis da política.
A reprodutibilidade técnica da arte levou ao desligamento do culto, extinguindo segundo o autor a aparência da sua autonomia.
O cinema vem a superar a fotografia neste aspecto de perigo a autenticidade e aura da obra de arte. “quanto mais o significado social de uma arte diminui, tanto mais se afastam no público as atitudes, críticas e de fruição”. O autor também faz algumas colocações sobre o filme e o caráter social, levando a imaginação, mas que possui um aspecto destrutivo e catártico segundo o autor e que o público é um examinador, mas distraído. Afirma que o cinema rejeita o culto. Entender que é necessário um cuidado rigoroso e sensível á reprodução das artes, pelas artes. Porque tanto a pintura, desenho, fotografia e cinema são formas diferentes de obras de arte e de reprodução da mesma. Com cuidado e esmero e preocupação com a autenticidade e a aura da obra pode-se conseguir o aprimoramento. “A história de qualquer forma de arte apresenta épocas críticas, em que determinada forma aspira a obter efeitos que só mais tarde, perante um novo padrão da técnica, podem ser facilmente obtidos, ou seja, numa nova forma de arte.” (Benjamin).
A releitura de uma obra por outra, como o romance escrito pelo romance filmado, temos a sensação segundo Benjamin “já não posso pensar o que quero pensar”. As imagens em movimento tomaram o lugar dos meus pensamentos. Luigi Rotelli afirma que no cinema as coisas são bem mais complicadas: são 24 fotos por segundo, em movimento, feitas em diversas tomadas, diferentes ângulos e planos-sequência e todas que têm que sair boas.
Braulio Santos Rabelo de Araujo em seu artigo sobre o texto de Walter Benjamin titulado como O conceito de aura, de Benjamin, e a indústria cultural, publicado na Pós V.17 N. 28 São Paulo em Dezembro de 2010, trata da concepção benjiniana de aura “uma figura singular, composta de elementos espaciais e temporais: a aparição única de uma coisa distante, por mais perto que ela esteja; sendo seus principais elementos são a autenticidade e a unicidade”. Em seu artigo mostra também as ideias de Guy Débord e Lautréamont que compartilham das ideias de Benjamin defendendo que plágio é necessário para o avanço da cultura e para o desenvolvimento das ideias.
Todavia, percebemos que o plágio é uma imitação e que em muitos casos deve-se sim ser questionado a sua utilização para que se preserve o original, a reprodutibilidade coloca-se contra a originalidade.
Alcmeno Bastos em seu artigo Literatura e aura – apontamentos sobre “A obra de arte na era da reprodutibilidade técnica” diz que a leitura atenta do texto de Benjamin não nos leva inevitavelmente ao conceito de aura e, principalmente, o de sua perda em tempos de reprodutibilidade técnica se aplicam ao caso de texto literário. Para ele a primeira afirmação relevante de Benjamin é quanto ao fato de a reprodutibilidade ser algo inerente à natureza da obra de arte. Afirma que a autenticidade é uma qualidade privativa do original.
Araujo e Bastos trabalham em seus textos o conceito de aura feita por Benjamin mostrando a essência de uma boa leitura, a importância das tecnologias e a expansão da industrialização. Percebemos que uma obra de arte pode sim ser recriada, pode ser intertextualizada havendo assim uma contribuição para a ideia do criador do original, mas quando é apenas plagiada há uma perca na exploração da cultura.
BIBLIOGRAFIA
BENJAMIN, Walter.. In: ADORNO et al. Teoria da Cultura de massa. Trad. de Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Paz e Terra, 2000. p. 221-254.
http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Obra_de_Arte_na_Era_de_Sua_Reprodutibilidade_T%C3%A9cnica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Walter_Benjamin