Este artigo buscou fazer um estudo sobre o campo da Administração Estratégica que tem sido marcado por intensos debates e controvérsias, dentre os quais se destacam as discussões entre as noções de estratégias planejadas e emergentes e entre os papéis da indústria e dos e dos recursos internos na explicação da diferença dos desempenhos das empresas. Diante desse cenário, o objetivo deste artigo é debater o poder explicativo dessas visões tradicionais, mediante apresentação e análise conjunta de uma nova vertente, que vem sendo desenvolvida desde os anos 90 por uma corrente de pesquisadores e praticantes da Administração Estratégica, denominada Visão Baseada em Competência. A análise aqui descrita utiliza-se de critérios explicativos em relação ao acúmulo de valor agregado, à sustentabilidade e às mudanças, onde ficou evidenciado o caráter integrativo que essa nova visão apresenta diante daquelas tradicionais, através da adaptação e do aperfeiçoamento de pontos importantes de ambas.

O artigo está dividido em dois debates, onde, no primeiro, a essência do conflito parece ser o gerenciamento da empresa, mais precisamente se este deve ser dirigido e racionalmente deliberado, ou se deve ser delegado, subordinado à experiência do dia-a-dia empresarial, em uma lógica de geração e uso contínuos e reiterados da aprendizagem e do conhecimento. E, no segundo debate, é a própria maneira de representação da empresa que se apresenta como ponto de discussão. Os defensores da importância da indústria enfatizam que a empresa se configura como uma cadeia de valor ou um sistema de atividades que se posiciona em um ambiente maior, enquanto os defensores da importância dos recursos valorizam a empresa como um aglomerado de elementos humanos, financeiros, físicos e de conhecimento que, se bem combinados, podem impor um destacado posicionamento no ambiente.

De forma global e conclusiva, em referência ao artigo estudado e na visão dos autores, pode-se dizer que todo o conjunto de atividades que uma empresa desempenha é responsável por sua vantagem competitiva e pela sustentabilidade desta vantagem competitiva. Os concorrentes podem até copiar uma atividade ou outra, mas terão muito mais dificuldade de descobrir, de ler e de replicar as origens desta vantagem competitiva se ela se encontrar diluída em tudo que a empresa faz. Ou seja, a interconectividade de atividades protege a empresa da imitação.

A visão baseada em competência também procura destacar a relação entre a lógica estratégica e o ambiente empresarial. Particularmente importantes são as relações dessa lógica com as mudanças do macroambiente, com as forças da indústria e com o ciclo de vida do produto. A Visão Baseada em Competência reconhece a vital importância de se utilizar a inteligência coletiva da empresa, onde os administradores estratégicos provêm liderança intelectual que esteja de acordo com conceitos básicos da cognição humana.

            Esse artigo procurou avaliar as tradicionais representações da empresa predominantes no estudo e na prática da Administração Estratégica, através da exposição e da análise conjunta de uma nova visão que vem ganhando força no cenário internacional, a baseada em competência. Tudo isso parece sugerir que acadêmicos e praticantes da área da Administração Estratégica do Brasil comecem a atribuir à visão baseada em competência o mesmo tratamento de destaque que recebem a visão baseada nos recursos e o sistema de atividades, mesmo que seja para crucificá-la ou invalidá-la. Afinal, arcabouços teóricos integrativos que permitam uma melhor apreensão da realidade da empresa e, conseqüentemente, uma efetiva intervenção prática parecem ser necessários no tão controverso campo da Administração Estratégica.

Pergunta para Análise: Fale sobre a afinidade existente entre Visão de Competência e  Administração Estratégica.