Introdução

Atualmente, em um sentido mais amplo, os meios de comunicação de massa podem ser apontados como uma das principais representações ou instâncias sociais responsáveis pela produção de sentido (Verón, 1980). O jornalista tem o papel de exercer com ética e responsabilidade um serviço social de valor inestimável, em busca da verdade, usando de métodos e estratégias no próprio processo de apuração como, por exemplo: gravadores, sigilo e/ou omissão de identidade, câmeras escondidas, etc. Para Lage (2001), o jornalismo investigativo é uma forma extremada de reportagem, em que o profissional dedica tempo e esforço no levantamento de um tema pelo qual se apaixona. Nada melhor do que primeiro entender o que vem a ser o jornalismo investigativo. Para Lage (2004) apesar de reportagem pressupor apuração e investigação, a denominação "jornalismo investigativo" se tornou constante na bibliografia recente sobre o assunto. Já com relação ao próprio conceito de notícia, ou seja, a produção de conteúdo, segundo Waisbord (2000), o que caracteriza o jornalismo investigativo é a divulgação de informações, no gênero narrativo "reportagem", sobre as ações das instituições governamentais ou de empresas privadas que sejam prejudiciais ao interesse público e afetem a sociedade. Agora, na hora de definir essa modalidade de produção jornalística torna-se uma tarefa complexa. Lopes e Proença (2003) organizaram uma coletânea de entrevistas nas quais 16 jornalistas discutem questões conceituais e práticas profissionais sobre o jornalismo investigativo.
Dessas explanações, pode-se concluir, em síntese, que o fundamento do jornalismo informativo assenta-se na investigação e que essa modalidade de atividade jornalística deve permanecer comprometida com o interesse público. Já uma definição do ponto de vista ético, assegura que o jornalismo investigativo está demarcado como um esforço político da categoria profissional dos jornalistas para evidenciar casos de corrupção e injustiças sociais, descrevendo esses acontecimentos em linguagem jornalística (Lage, 2004: 139).


A estandardização da notícia

Para uma compreensão introdutória, a noticiabilidade está estreitamente realacionada com os processos de rotinização e de estandardização das práticas produtivas. Esse procedimento ? a produção de notícias planejada como uma rotina industrial ? equivale a introduzir práticas produtivas estáveis em uma "matéria-prima" extremamente variável e impossível de ser controlada com absoluta certeza: os fatos que ocorrem cotidianamente. Frente à imprevisibilidade dos fatos, as empresas jornalísticas sobrevivem por manterem uma rotina racionalizada de trabalho (Tuchman, 1973: 160). Em regra geral, essa citação siginifica que a expectativa do foi produzido como notícia, ou definido como tal, é o produto de um processo organizado, tratando a notícia como objeto de manuseio para atrair e entreter telespectadores. Afim de manipular, saindo da perspectiva da imparcialidade. De acordo com ANGRIMANI (1995), a notícia acaba se tornando entretenimento, e perde, pois, o seu papel primordial, que é o da informação; deste modo, abstrai-se totalmente o conceito de notícia, ou seja, o que é de relevância para a opinião pública.

Conclusão

O universo profissional de um jornalista é bastante exigente com relação a seu papel social de comprometimento com a verdade dos fatos e com as normas éticas exigidas e pré-estabelecidas. Levantar dados, buscar uma história e investigar determinada situação são os trabalhos mais complexos de um jornalista, tornando-se pior no caso das fontes não colaborarem. No entanto, o mais dificil é divulgar essa determinada informação de uma forma objetiva, clara e consistente, não com uma forma explosiva e muito menos de uma forma sensacionalista. A divulgação de informações de interesse público, denunciando, alertando o cidadão de algum desagravo, deveria ser a função do jornalismo investigativo, uma contribuição da mídia à sociedade. Mas, com uma análise mais apurada percebe-se que esse não é o principal objetivo da mídia. As reais intenções no processo de apuração de uma história se dá graças ao exercício do jornalismo investigativo.

Como o foco deste artigo é na televisão, provavelmente tem confundido o objetivo do jornalismo investigativo e infelizmente atribui outras definições ou características a ele, fugindo daquilo que realmente é. A TV tem exemplos de distorção do jornalismo investigativo, a exemplo de programas como Brasil Urgente (Band), 190 (TV Jornal), etc. Exemplos de um jornalismo que se apresenta com perfil de sério, mas que por via de regra trabalha o emocionalismo, a espetacularização da notícia, tornando-se produtos do sensacionalismo e saindo do viés investigativo. O campo de estudo científico é bastante amplo para entender como funciona o sensacionalismo na comunicação. Para um melhor entendimento o conceito de sensacionalismo pode ser definido como:

"Modo de produção discursivo da informação da atualidade processado por critérios de intensificação e exagero gráfico, temático, lingüístico e semântico, contendo em si valores e elementos desproporcionais, destacados, acrescentados ou subtraídos no contexto de representação ou reprodução de real social" (Pedroso apud Angrimani, 1995: 14).

O jornalismo de rua às vezes pode ser definido ou classificado como sensacionalista, como no programa Cardinot Aqui na Clube (TV Clube), que mostra a realidade da violência da Região Metropolitana do Recife. Os comentários, as imagens são o forte do programa. O discurso da conduta ética e moral não se enquadra na maioria desses referidos casos de programas. A grande preocupação é com a audiência e não com os interesses sociais.

Referências bibliográficas

ANGRIMANI, Danilo. Espreme que sai sangue: um estudo do sensacionalismo na imprensa. São Paulo: Summus, 1995.

LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2004.

LAGE, N. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio de Janeiro: Record, 2001.

LOPES, D. F. PROENÇA, J.L. (org.) Jornalismo investigativo. São Paulo: Publisher Brasil, 2003.

WAISBORD, S. Watchdog Journalism in South América ? ews, Accountability, and Democracy. New York: Columbia University Press, 2000.

VERÓN, Eliseo. A produção de sentido. São Paulo: Cultrix, 1980.

TUCHMAN, Gaye. Making news: a study in the construction of reality. Nova York: The Free Press, 1978.

Autor:

Phelipe Alexandre Cavalcante de Almeida Soares, jornalista graduado pela Faculdade Maurício de Nassau, pós-graduado em Assessoria de Comunicação e pós-graduando em Jornalismo Investigativo, pela Escola Superior de Relações Públicas ? Esurp.
E-mail: [email protected]