A linguagem jurídica é formal e às vezes soa estranhos alguns termos usados. Para pedir licença se diz “data vênia”. Quando o juiz manda que lhe faça concluso os autos ele quer dizer que é para lhe enviar o caderno processual. Uma capa com todas as provas dentro, presas por dois colchetes. O promotor de justiça e o advogado pedem vista dos autos quando querem dar uma olhada no processo. Eu li da pagina dois usque vinte. Se você ouviu falar que o juiz despachou o seu processo não pense que ele o entregou para alguma transportadora. Despacho é uma decisão de mero expediente. Nas audiências é preciso ter cuidado por que o leigo não é obrigado a saber de termos oriundos do latim. O juiz também nem sempre conhece o linguajar do local onde ele trabalha. A tradição e os costumes de cada canto faz surgir termos que não consta de nenhum dicionário mas é amplamente usado e conhecido pelas pessoas. Na audiência que participava em uma Comarca do noroeste capixaba o juiz interrogava o réu acusado de molestar um menino quando os dois estavam no cafezal. – O Senhor pode me dizer o que foi fazer no meio da lavoura de café? – Doutor, eu tava caminhando e me bateu um aperto e eu precisei “bater um barro”. – O que mesmo o Senhor foi fazer? – “Bater um barro”. O juiz olhou para mim com cara de quem pede ajuda e eu fingi que não era comigo. O problema não é meu, que ele se entenda com o réu. –Eu não entendi o que falou Senhor. – Eu entrei no café para “baaateeeer ummmm baaarrooooo”. A nossa língua portuguesa saiu em socorro do pobre homem e o fez lembrar-se da palavra necessidade. Alembrei, falou o homem. Eu estava fazendo as minhas necessidades. Ufa, tranqüilizado ficou o magistrado. No intervalo ele me perguntou se eu sabia o que era “bater um barro”. -Sim, eu sabia. – Por que não me disse na hora. Eu queria ver até onde você e o réu iria chegar. Kkkkk.