A música pode ser entendida como um canal que auxilia na comunicação dos sentimentos, fornecendo subsídios para a aprendizagem além da interação para com o outro, não sendo, portanto, apenas para dançar, mas também para ser sentida, através do som, da melodia e harmonia.

Ao longo da história, o conceito de música e a definição de portador de necessidades especiais, sofreram modificações. Segundo Bréscia (2003), a música é uma linguagem universal, tendo participado da história da humanidade desde as primeiras civilizações. As primeiras músicas eram usadas em rituais, como: nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Com o desenvolvimento das sociedades, a música passou a ser utilizada em louvor a líderes, como nas procissões reais do antigo Egito e na Suméria.

Entendemos que a música é captada de maneira muito similar às pessoas, entretanto, a música é sentida segundo a subjetividade de cada ser, e está é uma variável que não podemos desconsiderar.

Von Baranow (1999 apud SOUSA, 2007) diz que “A música atinge diferenciadamente áreas de nossa psique que dificilmente são atingidas por outras fontes de estímulos, manifestando sensibilidade, emoção, timbres diversos, ritmos, melodias e harmonias, numa espécie de linguagem emocional, levando-nos a reagir numa grande e variável escala, em áreas e percepções somente experienciadas através dela”.

A deficiência intelectual, termo fixado pela ONU em 2004, substituiu o termo anteriormente usado, deficiência mental, e caracteriza-se pela limitação de pelo menos duas habilidades, como a comunicação, o auto cuidado, adaptação social, o uso de recursos da comunidade, a vida no lar entre outros.

Dentre as expectativas, o objetivo maior desta pesquisa foi descrever de que forma a música pode auxiliar no desenvolvimento psicossocial de portadores de necessidades especiais, bem como elencar quais são as contribuições mais relevantes.

Como procedimento de pesquisa, foi realizada uma revisão bibliográfica, o que possibilitou uma ampliação dos conhecimentos acerca do assunto abordado e de posse desses conhecimentos, fomos a campo coletar dados através da observação, aplicação de questionário nos alunos e entrevista com a professora.

A gênese de nossa pesquisa está firmada nas experiências anteriores dos alunos com a música, no qual foram questionados sobre suas preferências musicais, e, grande parte deles, apontou suas preferências como sendo cantores nacionais que estão se destacando na atualidade, especialmente do estilo sertanejo.

No decorrer da pesquisa, trabalhamos a música nas suas diversas manifestações, tais como a variedade de estilos e instrumentos musicais, a fábula cantada, a música a partir do corpo e de materiais recicláveis.

As atividades eram programadas de maneira a explorar e estimular as potencialidades dos portadores de necessidades especiais, respeitando evidentemente todas as suas limitações cognitivas e físicas.

Os dados coletados na pesquisa nos mostram que a música não só é uma espécie de linguagem emocional, como também age promovendo uma interação afetiva com o meio social, contribuindo para o desenvolvimento psicossocial dos portadores de necessidades especiais, pois a proximidade afetiva que a música desencadeia, trás uma percepção de si e do outro.

Uricoechea (1993 apud SOUSA, 2007) afirma que “através dos estímulos sonoros, a música tem o poder de penetrar a mente e o corpo diretamente, seja qual for o nível de inteligência ou condição da pessoa com necessidades especiais, abrindo canais de comunicação que ampliarão suas possibilidades de expressão, pois, seja qual for seu comprometimento maior: mental, físico ou emocional, a pessoa com deficiência mental responde ao estímulo musical, tanto quanto os indivíduos situados na faixa de normalidade. O autor comenta que no contexto não verbal, a comunicação acontece por vários meios, como: expressões faciais, mudanças de postura, gestos ou o tom da voz”.

Quando a música é trabalhada com os portadores de necessidades especiais, ocorre uma interferência em seus comportamentos, eles cantam para se comunicar e interagir com outro e quando a música é direcionada, ajuda a desenvolver o ritmo, reforça fonemas, memória auditiva e coordenação motora.

Através da música, os alunos conseguiram assimilar novas informações, fortalecer os laços de amizade em virtude das atividades em grupo.

Pode-se concluir que a música trouxe diversos benefícios para os portadores de necessidades especiais, tais como o estímulo à criatividade, memória auditiva, coordenação motora e principalmente à afetividade, uma vez que ajuda os mesmos a desenvolverem atributos com maior facilidade, de forma prazerosa e dinâmica, motivo este que nos leva a crer que tal recurso deveria ser amplamente difundido no processo educacional de portadores de necessidades especiais.