A MÚSICA COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO PROCESSO COGNITIVO DA EDUCAÇÃO INFANTIL

 

 

LUCÍLIA  FERREIRA GONÇALVES DE FREITAS

SADRAQUE GONÇALVES FERREIRA

ELENIR MEOTTI FERREIRA

EDINA DOS SANTOS SILVA LIMA

 

 

 

Resumo

 

          A música sempre esteve presente de uma forma ou de outra na vida do Homem. Ao passo que se desenvolveu a partir das vivencias humanas ela se tornou uma forma de linguagem e de expressão de pensamento.  A partir de então vários estudiosos tem fomentado a discussão do uso da musica como ferramenta pedagógica no processo cognitivo da educação infantil. Neste sentido o que se pretende neste artigo é através da pesquisa bibliográfica evidenciar o quão eficaz é uso da música nas ações que envolvem o fazer pedagógico da educação infantil.  Pois é certo que a musica ajuda a estimular a inteligência e a desenvolver o raciocínio lógico alem de potencializar os saberes. Neste sentido o que evidencia através da pesquisa é que a musica seja de fato  um facilitador da aprendizagem infantil. Não resta dúvida que esta pode influenciar o desenvolvimento cognitivo e motor do público infantil, estimulado de forma efetiva  a criatividade e o envolvimento dos sujeitos em aprendizagem.

Palavras- chaves Música. Ferramenta Pedagógica. Educação  infantil

 

  1. 1.        Introdução

A formação de crianças pequenas tem sido pauta nos estudos e discussões pedagógicas da atualidade. É evidente que crianças pequenas aprendem de formas diferentes dos adultos e necessitam não de metodologias diferenciadas, mas também de ferramentas que lhes estimulem a criatividade e o envolvimento pedagógico.

Neste sentido o que se pretende neste artigo é mostrar que a música tem se tornado uma eficaz ferramenta para o processo cognitivo da educação infantil. É certo que este presente em todas as etapas da vida do ser humana e está intrinsecamente ligada ao homem desde sua formação no ventre materno até o fim da sua fida com cessamento dos ritmos cardíacos.

Desta forma a música tem se transformado em linguagem cultural e possui o poder de estimular o pensamento e de criar situações cognitivas importantes para educação infantil. Busca-se então a partir das idéias de diferentes pensadores como: ALMEIDA ( 1926), BARRETO( 2000), BRITO ( 2003 , BRÉSCIA( 2003), LE BOULCH( 1992), NOGUEIRA(2003) evidenciar a importância da musica  como ferramenta pedagógica na educação infantil.

2.     A música: História entre melodia

            Numa roda de conversa, numa festa clássica, numa brincadeira de criança, num palco com milhares de espectadores, numa despedida ou num reencontro, seja como for à música sempre encontrou espaço privilegiado entre os Homens, seja para marcar uma grande alegrei ou tristeza, certo é que desde a antiguidade ela tem traduzido e contado história de povos, línguas e nações de maneira peculiar.

Epistemologicamente ao vocábulo música tem sua origem na mitologia grega e significa a arte das musas. As musas eram consideradas na Grécia antiga como seres celestiais e estas estavam sob o julgo de Orfeu o deus da música. Assim música esteve presente em todos os momentos e manifestações do povo grego, desenvolvendo-se como arte e como expressão de pensamento.

Já na antiga Roma a música teve pouca manifestação até que esta subjugasse a Grécia por volta de 146 a.C quando ganha espaço e florece de maneira formidável, mesclado a arte e o amor pela guerra dos romanos com a arte e a música como forma de expressão de pensamento dos gregos. Com este pano de fundo foram compostas várias canções que ora mostravam os feitos romanos e ora evidenciavam a espiritualidade e caráter cultural.

Na idade média onde a política estava dominada pelo fanatismo religioso e a igreja exercia grande poder na sociedade surgem os cantos gregorianos. As musicas gregorianas recebem este nome em homenagem ao bispo Gregório Magno. Neste momento a musica passa a fazer parte da liturgia católica como estratégia de unificação e sistematização de rituais a fim de evitar divisões políticas. Assim as musicas passam a fazer parte de todas as cerimônias importantes da sociedade romana, cuja melodia era em uníssono, aguda e bem alta. Isso era o ritual de aproximação entre o homem e o altíssimo, o que garantia a unidade da igreja e conseqüentemente alimentava a política da época.

Com o rompimento de matinho Lutero com a igreja católica deu o surgimento do protestantismo tendo como primeira igreja a de denominação luterana que evidenciou uma liturgia fortemente marcada pela presença musical.  Esta divisão do catolicismo romano fez com a igreja católica revisse muito de sua prática o que deu origem ao movimento da contra- reforma. Este movimento de contra- reforma possibilitou a revisão de vários dogmas o que resultou na admissão de musicas que não fossem as gregorianas em ritos religiosos da igreja católica, este episódio foi registrado no concilio de Trento.  Este foi um passo importante para o desenvolvimento livre da música, pois as novas melodias traziam letras mais simples e compreensíveis. ELLMERICH (1973).

Neste sentido a musica barroca dominou a partir do século XVII, substituído o estilo renascentista dando espaço para manifestações do sentimento e da emoção em uma oratória refinadas e muito bem elaborada, onde se destacam as operas de Antônio Vivaldi. Todavia de acordo com Ellmerich (1973) é no romantismo que a musica encontra maior força de expressão, substituindo o classicismo pelos sentimentos tendo como destaque as obras de Beethoven que muita embora fosse adepto das regras afastou-se dela para dar um ar mais popular as suas músicas. Muito embora a musica tenha alcançado estes patamares e espaços  era somente usada em igrejas e cerimônias importantes longe de ser vista como ferramenta pedagógica.

Em terras brasileiras a musica é fortemente influenciada por elementos da cultura européia, africana e indígena, tendo como fontes históricas os registros dos padres jesuítas que por aqui passaram, e assim foi usada como instrumento de catequização dos povos indígenas.  Conforme França (1953, p.7):

O coral Gregoriano mágico instrumento de conversão de que se utilizou o jesuíta José de Anchieta, aquela magnífica figura de evangelizador. E com ele os jesuítas Aspicuelta Navarro e Manuel de Nóbrega. Este dizia que: „com a música e a harmonia, atrevo-me a atrair para mim todos os indígenas da América.

Este foi um momento peculiar onde a musica foi usada para estreitamento de laços entre os jesuítas e os indígenas brasileiros. Todavia embora a música tivesse esta característica e o ensino de canto fosse prática de ensino não havia intenção educativa nestas nas pratica jesuíticas e sim um caráter meramente religioso.

A partir do século XVII começam a chegar em território nacional ritmos musicais como “as valsas, polcas, tangos e outras diversas manifestações musicais estrangeiras”, ALMEIDA (1926, p.107),  que se misturando a elementos da cultura indígena e  principalmente  africana dá-se origem  a música popular brasileira sobre a qual  continua os argumentos de ALMEIDA (1926) 

Queremos dizer que, na nossa música popular, é fácil distinguir as origens rítmicas, embora não se conservem exatas e essenciais. Um mundo de influências e interferências, o clima, o caldeamento do sangue, o cultivo e as condições de vida de lugar a lugar, tudo isso, que a arte popular reflete, refrangendo no prisma de suas intenções fez com que os cantares fossem variando dia por dia, contornando-se, modificando-se, mas sem perder o caráter básico e definitivo do ritmo. ALMEIDA (1926, p.108).

 

 Mas somente nos séculos XIX e início do XX, com o fim da escravidão e a chegada dos migrantes no Brasil trazendo em sua bagagem o como a mazurca que posteriormente foi abrasileirada transformando-se em maxixe. Mas o que marca de fato a musica popular brasileira são os ritmos do carnaval carioca e a chegada o gramofone.

Em linhas gerais podemos dizer que a música no cenário brasileiro foi composta em tripé de contribuições africanas, européias( jesuítas) e indígenas. Todavia embora presente desde a colonização em solo brasileiro a musica não teve o caráter formador e pedagógico, desta forma era utilizada de forma aleatória e na maioria das vezes com intenção de se aprender a tocar algum instrumento musical ou profissão religiosa. Loureiro (2003) assevera que somente a partir de 1854 é que por meio de decreto real é devidamente regulamentada, todavia sofria por falta de profissionais e por outro lado o ensino musical não estava voltada pra realidade imediata dos alunos nem perspectivava a interatividade.

3.     o que é a música?

Em linhas gerais podemos definir musica como uma sucessão de sons combinados a fim de se produzir melodia ou “arte de combinar sons, e formar com eles melodia e harmonia. A linguagem musical pode ser um meio de ampliação da percepção e da consciência, porque permite vivenciar e conscientizar fenômenos e conceitos diversos”. (BRITO, 2003, p. 26). Há pois várias formas de se conceituar a música  isso vai depender do ponto de vista e da perspectiva teórica  que se aborda.

Na opinião de  Weigel (1988, p. 10)  são quatro os elementos que compõem a música , a saber:

1-     Som: são as vibrações audíveis e regulares de corpos elásticos, que se repetem com a mesma velocidade, como as do pêndulo do relógio. As vibrações irregulares são denominadas ruído. 2- Ritmo: é o efeito que se origina da duração de diferentes sons, longos ou curtos. 3- Melodia: é a sucessão rítmica e bem ordenada dos sons. 4- Harmonia: é a combinação simultânea, melódica e harmoniosa dos sons.

De acordo com os apontamentos de Eandot (1997).    “A música é linguagem universal, mas com muitos dialetos, que variam de cultura para cultura, envolvendo a maneira de tocar, de cantar, de organizar os sons e de definir as notas básicas e seus intervalos.”

A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos ao lado da matemática e da filosofia. (BRASIL, 1998, p. 45)

Já Bréscia (2003), diria que além  linguagem universal, a um a música é instrumento da participação histórica da humanidade na produção cultural.  Segundo o autor há evidencias as primeiras  da presença  das combinações de sons, que resultariam nas musica sem, em  rituais, como: “nascimento, casamento, morte, recuperação de doenças e fertilidade. Com o desenvolvimento das sociedades, a música também passou a ser utilizada em louvor a líderes, e em procissões reais do antigo Egito e na Suméria.”

As combinações de sons dão origens ao ritmo que sobre o qual Le Bouch (1994) assevera ser  “a organização ou estruturação dos fenômenos temporais, sendo eles periódicos ou não.” Há pois estudos que indicam que o ritmo é inerente a pessoa humana mesmo ainda antes do nascimento. Desta forma a música esta intimamente ligado aos batimentos cardíacos, a respiração e outros elementos das ações motrícias.  

“O ritmo, a melodia, o timbre e a harmonia, elementos constituintes da música, são capazes de afetar todo o organismo humano, de forma física e psicológica. Através de tais elementos o receptor da música responde tanto afetiva quanto corporalmente. (FERREIRA, 2005 p. 25).

Neste sentido pode-se dizer que o ritmo constitui a coordenação motora e potencializa a percepção corporal.    Está presente em todas as manifestações da motricidade humana, é universal e o percebemos em todos os movimentos da vida. (TIBEAU, 2006).

4- A importância da música na educação infantil.

Pensar a música no ambiente escolar infantil nos faz enxergar  elementos que vão alem das paredes da escola. É ver a música como elemento  cultural, que acompanha o desenvolvimento da própria humanidade e suas tradições. Os povos primitivos já viam na música uma forma de se expressarem e dialogarem com sua religiosidade. Neste sentido a dança estava atrelada como elemento coadjuvante, numa trama que somente as melodia podiam descrever. Podemos afirmar que a música esta presente nas mais diversas situações das vivencias humanas. Em cada situação com objetivos diferentes que vão desde ninar a expressar o patriotismo. “Existem músicas típicas regionais. Inclusive, vemos hoje, em diversas maternidades, som ambiental nas salas de parto.” (UNESCO, 2005). Certo é que cantar ou ouvir música já faz parte da vida dos seres humanos a muitos tempo.

A partir deste pensamento em  com a aprovação da LDBEN de 1996 temos uma nova caracterização da musica nas escolas infantis, isso graças ao disposto no Artigo 26 deste lei que diz sobre o ensino de artes: “componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma que promova desenvolvimento cultural dos alunos. Depois em 1998 com  publicação do RCNEI que oferece as orientações metodológicas e curriculares para escolas de educação infantil no país. Este documento trouxe uma visão que inovou a pratica docente onde  “o fazer musical” é compreendido como improvisação (RCNEI, 1998, p.57).

Todos estes processo foram para de fato mostrar a importância da musica na educação de crianças pequena, uma vez que esta para a ser vista como área do conhecimento. Assim Chiarelli (2005) argumenta  que a música se constitui elemento de fundamental importância para desenvolvimento infantil uma a que estimula a  inteligência e a interação social.Podemos dizer que as atividades que envolvem músicas ou que se desenvolvem através dela permite que a criança construa conhecimento sólido de si mesmo e do mundo que a rodeia.

Nogueira (2003, p.01)  argumenta que a música :

“[...] acompanha os seres humanos em praticamente todos os momentos de sua trajetória neste planeta. E, particularmente nos tempos atuais, deve ser vista como umas das mais importantes formas de comunicação [...]. A experiência musical não pode ser ignorada, mas sim compreendida, analisada e transformadas criticamente”.

 

            Para Bréscia (2003) a musicalização é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical, favorecendo o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade, também contribuindo para uma efetiva consciência corporal e de movimentação.

Neste sentido  CHIARELLI e BARRETO (2005) destacam a importância da musicalidade para o desenvolvimento cognitivo/ lingüístico na educação infantil classificando sua influencia em períodos  que assim de dispõe:

  • Desenvolvimento cognitivo/ lingüístico: a fonte de conhecimento da criança são as situações que ela tem oportunidade de experimentar em seu dia a dia. Nesse sentido, as experiências rítmico musicais que permitem uma participação ativa favorecem o desenvolvimento dos sentidos das crianças. Ao trabalhar com os sons ela desenvolve sua acuidade auditiva; ao acompanhar gestos ou dançar ela está trabalhando a coordenação motora e a atenção; ao cantar ou imitar sons ela esta descobrindo suas capacidades e estabelecendo relações com o ambiente em que vive.
  • Desenvolvimento psicomotor: as atividades musicais oferecem inúmeras oportunidades para que a criança aprimore sua habilidade motora, aprenda a controlar seus músculos e mova-se com desenvoltura. O ritmo tem um papel importante na formação e equilíbrio do sistema nervoso. Isto porque toda expressão musical ativa age sobre a mente, favorecendo a descarga emocional, a reação motora e aliviando as tensões. Atividades como cantar fazendo gestos, dançar, bater palmas, pés, são experiências importantes para a criança, pois elas permitem que se desenvolva o senso rítmico, a coordenação motora, fatores importantes também para o processo de aquisição da leitura e da escrita.
  • Desenvolvimento sócio-afetivo: a criança aos poucos vai formando sua identidade, percebendo-se diferente dos outros e ao mesmo tempo buscando integrar-se com os outros. Através do desenvolvimento da autoestima ela aprende a se aceitar como é, com suas capacidades e limitações. As atividades musicais coletivas favorecem o desenvolvimento da socialização, estimulando a compreensão, a participação e a cooperação. Dessa forma a criança vai desenvolvendo o conceito de grupo. Além disso, ao expressar-se musicalmente em atividades que lhe deem prazer, ela demonstra seus sentimentos, libera suas emoções, desenvolvendo um sentimento de segurança e auto-realização. (CHIARELLI; BARRETO, 2005)

   Assim  pode-se afirmar que música possui forte influencia na formação humana e conseqüentemente com o desenvolvimento infantil. A partir deste argumento evidencias-se que os jogos musicais diversos pode contribuir de forma efetiva com construção cognitiva uma vez que estes correspondam a três fases diretamente ligadas ao desenvolvimento infantil, a saber:

  • Sensório-Motor: São atividades que relacionam o som e o gesto. A criança pode fazer gestos para produzir sons e expressar-se corporalmente para representar o que ouve ou canta.
  • Simbólico: Aqui se busca representar o significado da música, o sentimento, a expressão. O som tem função de ilustração, de sonoplastia.
  • Analítico ou de Regras: São jogos que envolvem a estrutura da música, onde são necessárias a socialização e organização. Ela precisa escutar a si mesma e aos outros, esperando sua vez de cantar ou tocar. (CHIARELLI; BARRETO, 2005)

A utilização de canções de ninar, fundos musicais de forma pedagógica nas instituições infantis, contribui de forma efetiva para que a criança de 0 a 06 anos comece a criar  de forma intuitiva seu processo de musicalização. “Escutando os diferentes sons de brinquedos, dos objetos, do ambiente e do próprio corpo, há observação, descoberta e reações, mesmo nos bebês.”(UNESCO, 2005). Assim fica cada vez mais evidente que a música  como elemento potencializado, movimenta, mobiliza  os elementos necessários as formações físicas e psíquicas contribuído efetivamente com o desenvolvimento cogntivo-motor da criança.

O ambiente sonoro, assim como presença da música em diferentes e variadas situações do cotidiano fazem com que os bebês, e crianças iniciem seu processo de musicalização de forma intuitiva. Adultos cantam melodias curtas, cantigas de ninar, fazem brincadeiras cantadas, com rimas parlendas, reconhecendo o fascínio que tais jogos exercem. (Brasil, 1998. p.51)

De acordo com Góes, (2009) os ritmos musicais que possibilitam movimentos, como bater palmas, levantar e sentar, caminhar, abaixar, pular e outros fazem com que os envolvidos se movimentem de forma natural alem de desenvolverem e estimularem o raciocínio lógico matemático.   

 ...trabalho com música deve considerar, portanto, que ela é um meio de expressão e forma de conhecimento acessível aos bebês e crianças, inclusive aquelas que apresentem necessidades especiais. A linguagem musical é excelente meio para o desenvolvimento da expressão, do equilíbrio, da auto-estima e autoconhecimento, além de poderoso meio de integração social. (BRASIL, 1998 pg.47).

Como se pode ver a musica tem se constituído em eficaz ferramenta no processo cognitivo de crianças pequenas e inclusive é motivadora da inteligência e potencializa saberes. Ao trabalhar com musicas na sala de aula  de educação infantil o professor deve valorizar o repertório empírico de cada criança, pois tudo que ela já sabe é de suma importância para o processo de aprendizagem. Pois para Freire (1996, p.26):

Ensinar inexiste sem aprender e vice-versa e foi aprendendo socialmente que, historicamente, mulheres e homens descobriram que era possível ensinar. Foi assim, socialmente aprendendo, que ao longo dos tempos homens e mulheres perceberam que era possível – depois, preciso – trabalhar maneira, caminhos, métodos de ensinar.

De acordo com Campbell; Campbell; Dickinson (2000, p.147) o professor de educação infantil deve valorizar a musica como ferramenta e modalidade de ensino pelos seguintes motivos:

1-Conhecer música é importante. 2- A música transmite nossa herança cultural. É tão importante conhecer Beethoven e Louis Armstrong quanto conhecer Newton e Einstein. 3- A música é uma aptidão inerente a todas as pessoas e merece ser desenvolvida. 4- A música é criativa e auto-expressiva, permitindo a expressão de nossos pensamentos e sentimentos mais nobres. 5- A música ensina os alunos sobre seus relacionamentos com os outros, tanto em sua própria cultura quanto em culturas estrangeiras.

É inegável a importância da música para potencialização de aprendizagens e de saberes. As crianças aprendem de forma lúdica porém compromissada colocando não somente a fala mas todo o seu corpo a serviço da ação pedagógica além de despertar a sensibilidade musical individual e coletiva. A cada atividade que envolve a música a criança amplia seu conhecimento de arte e de cultura mesmo que de forma inconsciente, pois:

[...] a música é um tipo de arte com imenso potencial educativo já que, a par de manifestações estéticas por excelência, explicitamente ela se vincula a conhecimentos científicos ligados à física e à matemática além de exigir habilidade motora e destreza que a colocam, sem dúvida, como um dos recursos mais eficazes na direção de uma educação voltada para o objetivo de se atingir o desenvolvimento integral do ser humano. (SAVIANI, 2003, p.40).

 

O que fica claro aqui é que a música se tornou não somente uma forma de expressão da cultura e dos sentimentos mas uma ferramenta que auxilia o professor na condução do processo cognitivo. Através dela o professor pode trabalhar varias conceitos em metodologia interdisciplinar sólida e prazerosa.  De acordo com CORREIA,(2003, p. 84-85):

A música auxilia na aprendizagem de várias matérias. Ela é componente histórico de qualquer época, portanto oferece condição de estudos na identificação de questões, comportamentos, fatos e contextos de determinada fase da história. Os estudantes podem apreciar várias questões sociais e políticas, escutando canções, música clássica ou comédias musicais. O professor pode utilizar a música em vários segmentos do conhecimento, sempre de forma prazerosa, bem como na expressão e comunicação, linguagem lógico-matemática, conhecimento científico, saúde e outras. Os currículos de ensino devem incentivar a interdisciplinaridade e suas várias possibilidades.

 

Por outro lado o autor afirma que música alem de ferramenta pedagógica é elemento promotor da interação e aproximação entre as pessoas. Seu argumento é de que

A utilização da música, bem como o uso de outros meios, pode incentivar a participação, a cooperação, socialização, e assim destruir as barreiras que atrasam a democratização curricular do ensino. [...] A prática interdisciplinar ainda é insípida em nossa educação (CORREIA, 2003, p. 85).

Assim pode-se afirmar que a musica propicia a criatividade, socialização auto-estima ao passo que coloca a criança em situação de efetivo aprendizado. Além de ferramenta para se trabalhar conceitos muitas vezes complexos a musica é responsável por harmonia e leveza do ambiente infantil.

5.     Conclusão

   

A partir da pesquisa ora efetuada na elaboração deste trabalho pode-se verificar a importância da musica como ferramenta pedagógica no processo cognitivo da educação infantil. É, pois inquestionável que esta seja potencializadora de valores e de harmonia no ambiente escola além de  envolver a criança em atividades de movimento físico e psicológico.

Conclui-se que a música no processo cognitivo dá à criança a oportunidade de interagir com as demais crianças de forma livre de preconceitos. Também possibilita a difusão dos conhecimentos culturais através de atividades prazerosas de interação humana. Neste contexto vários são os elementos que podem ser estimulado através da música, a saber, o raciocínio lógico, interpretação de fatos, musicalidade, movimento e outros. O professor de educação infantil deve pois usar esta eficaz ferramenta de ensino na vivencia de regras e vivencias humanas.

A utilização de musicas no processo de ensino e aprendizagem estimula pois a inteligência infantil, a capacidade de percepção do ambiente e do si mesmo. Isso por sua ludicidade e capacidade de estimular a livre expressão de pensamento através da fala e de movimentos o que implica numa relação de respeito e cooperação.

6- Referências bibliográficas

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