Sabemos que ser mãe é dedicar-se incondicionalmente aos filhos pela vida afora, mas nem sempre foi assim, vale recordar um pouquinho sobre as noções de maternidade ao longo da história.
Na antiguidade, principalmente nas grandes cidades como Roma e Atenas a mulher, considerada como ser inacabado e incapaz, após o período de amamentação era separada do filho ? que recebia educação longe dos cuidados maternos.
No século 17, na aristocracia européia, as mães mandavam seus filhos para amas de leite e as relações entre pais e filhos não eram conduzidas por ideais de ternura e intimidade, pelo contrário, muitos aristocratas viam os filhos como estorvos.
No século 18, a Revolução Francesa pregou a igualdade de direitos para ambos os sexos e as mulheres começaram movimentos em busca de um novo espaço ? com isso os filhos passavam a representar uma ameaça a tão sonhada liberdade feminina e as taxas de mortalidade infantil tornaram-se altíssimas ? sendo necessário um intenso trabalho social para que as mulheres passassem a dar maior atenção à maternidade.
A partir do século 20, a mulher já engajada no mundo do trabalho se depara com uma difícil situação na qual precisa optar entre a maternidade e a continuidade da vida profissional.
A opção maternidade implica em assumir todos os prazeres do acompanhamento e da educação do filho ? abandonando as atividades profissionais logo após o término da licença maternidade (em alguns casos já durante a gravidez) e assim permanecendo por um período de tempo indeterminado.
Em princípio, a mãe afirma que ficará em casa cuidando do filho até o término da amamentação. Depois, esse período é ampliado para o firmamento dos primeiros passos, sendo que depois se estende até o saber falar e expressar-se com clareza e assim vai até que o filho atinja a idade escolar ? para que então ela possa dedicar-se a um trabalho de meio período e que não prejudique a rotina diária.
Vale ressaltar que o retorno ao mundo do trabalho é sempre mais complicado para quem dele permanece afastado durante um espaço de tempo e trabalhos em curtas jornadas são mais difíceis de encontrar.
Especialistas em empregabilidade consideram que o período de três meses já é tempo suficiente para dificultar o acompanhamento das constantes mudanças existentes no mundo do trabalho ? independentemente da área profissional em que se atue.
Neste período, salvo algumas exceções, a mulher passa a depender financeiramente do marido ou dos pais (como é o caso de muitas jovens) e emocionalmente dependem do filho (que apesar de ser pequenino, conduz integralmente o tempo da mãe).
Já para a mulher que opta pela continuidade na carreira profissional e a todos os seus desafios compete deixar o filho em período integral em uma "escolinha" (para aquelas que podem arcar com as despesas de uma escola particular) ou em creches (ressaltando a tamanha dificuldade em encontrar vagas em creches públicas para atender às mães que não têm onde deixar seus filhos ? e aqui fica registrada a falha dos órgãos competentes e que não melhoram essa realidade) - ou ainda ter que recorrer a um parente próximo e de inteira confiança ? na grande maioria a avó é eleita para essa missão.
Cabe aqui um comentário especial sobre o papel da avó nesse episódio, pois ela se vê obrigada a colaborar e assumir a criação do neto ? enfrentando os grandes conflitos de gerações - pois as crianças de hoje são, em muito, diferentes das crianças de algumas décadas ? no que tange a comportamento e posturas, entre outros.
Educar um neto é um constante desafio, pois às avós só se permite acertar ? o que torna a tarefa bastante árdua uma vez que a educação dada ao filho (anos atrás) não é, muitas vezes, a mais apropriada para o neto ? considerando todas as implicações da vida moderna.
Compete às avós uma grande missão uma vez que não possuem a autoridade dos pais e mesmo assim precisam ter que impor limites ? o que hoje em dia nem mesmo os pais têm conseguido.
Nas escolinhas e creches as "tias" se desdobram em atenção para atender às necessidades dos "estudantes de fraldas" e tentar conduzir a educação de várias crianças ao mesmo tempo, com costumes e hábitos próprios e peculiares de cada família.
Assim, as mães que optaram pelo prosseguimento das carreiras profissionais convivem com os sentimentos constantes de culpa, remorso e outros que formam um coquetel emocional doloroso e são seus companheiros desde cedo quando sai de casa e antes de chegar ao trabalho tem que deixar seu filho (com uma verdadeira mudança) na casa da avó, na escolinha ou na creche e durante o dia acompanha e resolve, de longe, as questões relativas ao filho ? tendo que recorrer aos telefonemas e breves contatos para ter notícias e/ou dar instruções.
A chegada a casa, após o dia de trabalho, é apenas o início de uma nova jornada para a mulher/mãe/profissional, pois a ela compete cuidar dos afazeres domésticos bem como cuidar dos preparativos para o dia seguinte ? que consiste desde a troca de roupas na bolsa da criança (que é enorme por sinal) até a colocação de brinquedos e medicamentos básicos (já prescritos anteriormente para situações emergenciais) ? sendo que sempre falta algum item, incrivelmente!
Aos poucos, os filhos vão crescendo e enxergam suas mães como doces ilustres desconhecidas ? principalmente quando as chamam pelo nome ao invés de chamarem por "mamãe" (o que é perfeitamente normal, pois escutam as avós e demais pessoas chamando-a pelo nome), ou quando não querem ir para casa dando preferência por dormirem na casa dos avós, ou ainda comparam a comida da mãe (feita com pressa aliada a pouco dom culinário) com as inigualáveis especiarias da vovó.
E são nestes e em muitos outros difíceis momentos que a mulher/mãe precisa ter equilíbrio suficiente para superar o lado emocional e mostrar ao filho que ela concorda que possui certas limitações, mas que faz tudo com muito amor visando um futuro melhor para si e para o filho e que seria muito bom se ele pudesse admirá-la como uma vencedora.
Assim sendo, como visto na história, ainda hoje a mãe é apartada de seu filho. Muitas mulheres, contrariamente à vontade, deixam seus filhos em casa sozinhos, trancados e sujeitos aos infortúnios - por não encontrarem vagas em creches públicas ? e saem para um dia de trabalho carregando consigo uma grande carga emocional negativa e da qual o homem pouco compartilha.


"Se você quiser que algo seja dito, peça a um homem;
Se você quiser que algo seja feito, peça para uma mulher"