A MULHER DIANTE DO MACHISMO QUE MARCA A SOCIEDADE INDIANA
LILIAN FLAVIA MIRANDA DE OLIVEIRA
RESUMO



Este trabalho apresenta algumas constatações sobre o comportamento das mulheres da Índia frente aos abusos que sofrem em seu país. Tece considerações a respeito de como reagem quando oprimidas, indicando que suas ações ainda são pautadas segundo suas tradições. Buscando conhecer as mulheres daquele país, esta investigação teve como objetivos verificar se o comportamento dessas mulheres se alterou ao longo da vida. Trata-se de pesquisa bibliográfica exploratória focada no comportamento das indianas. Os resultados indicaram que realmente as mulheres sofrem com o machismo desde seu nascimento, quando não são mortas antes de nascer. Porém em algumas circunstâncias verificou-se que elas reagem com muita violência alguns abusos cometidos por homens visto que a lei não as protege como deveria.






Palavras-chaves: mulheres, Índia, comportamento.







1 INTRODUÇÃO



As mulheres sofrem abusos em toda parte do mundo, porém esse artigo vem falar sobre as mulheres da Índia, ali naquela nação, elas são rejeitadas já na barriga da mãe e sua vida de amargura começa logo após seu nascimento (quando conseguem nascer). Ao longo de sua vida recebem tratamentos humilhantes e ao se casar sua vida piora um pouco, precisam servir seus maridos, ir para a cama com todos os irmãos deles e quando não conseguem engravidar de menino é perigoso morrer de formas misteriosas e "acidentais".




1.1 MULHERES: REJEIÇÃO DO NASCIMENTO ATÉ SUA MORTE

"Na Índia, o nascimento de crianças do sexo feminino é um grande mal para a família incluindo para a própria mãe, para a qual, pior do que a dor do parto é o fato de saber que deu a luz á uma menina." (SANTOS, 2008).

Não se pode negar a beleza da Índia, porém o que dizer de atos tão cruéis relatados?As mulheres daquele país sofrem todo tipo de mazelas, são culpadas por tudo que acontecem de mal, inclusive com elas mesmas, e o pior é que são levadas a acreditar que realmente são culpadas.
Não é possível que se pense assim em pleno ano 2010, mas infelizmente isso ainda acontece. Quando o casal descobre que vai ter uma filha ao invés de sentirem alegria, sentem-se castigados por seus deuses, é isso mesmo, não há alegria nenhuma em se ter uma filha, porque elas não vão perpetuar o nome do pai.
Dessa forma o preconceito contra as mulheres tem inicio ainda no ventre materno, e o aborto torna-se a única solução para se livrar do "problema". Se o aborto não ocorre por alguma razão, depois que as meninas nascem são maltratadas e humilhadas durante toda a sua vida. Isto acontece porque, segundo SANTOS, 2008 "Para a sociedade indiana, a mulher representa um pesado encargo financeiro", ao se casarem, os pais da jovem precisam pagar um dote muitas vezes muito maior do que os ganhos da família.
É costume na Índia o pai e a mãe demonstrarem todo o seu infortúnio por terem tido uma filha mulher, colocando na menina um "nome frase" humilhante e pejorativo que pode ser "nossa que castigo", "espero que seja a última", "o que fiz para merecer isto" e por aí vai. Após receber este nome, elas ainda têm que aceitar um casamento arranjado que pode ser com um homem muito mais velho que elas. Sem poderem reclamar ou escolher seus parceiros, elas são obrigadas a aceitarem os maridos que seus pais escolherem.
Uma dessas mulheres está lutando para se divorciar de seu marido de 80 anos. Ela tem 12 anos e foi vendida para ele contra a sua vontade e de sua mãe. È muito comum o casamento infantil e "... casamento infantil aqui não significa somente casamento entre duas crianças, mas também entre crianças e adultos..." de acordo com (BOSE 2007).
Na índia é comum crianças se casarem entre si, porém é comum adultos se casarem com crianças com 5 e até 3 anos de idade e aos dez anos muitas delas já tem um filho,o que caracteriza pedofilia grave. No Brasil isto é inadmissível, mas na Índia isto é perfeitamente normal. Muitos pais com bom nível social, na tentativa de se livrarem de suas filhas pensam até em transformá-la em meninos através de cirurgia para implantá-las um pênis.
De acordo com a revista SUNDAY, 2005, "A Índia tem um dos menores índices de nascimento de mulheres". E por isso está cada dia mais difícil para o homem indiano encontrar uma esposa, muitos deles vão às cidades vizinhas para encontrá-las. Essas mulheres viraram umas espécies de garantia de "boa vida" para os noivos e suas mães, e quando o dinheiro delas acaba eles se desinteressam e procuram outra mulher para novamente extorqui-las. É nessa hora que ocorrem os assassinatos muitas vezes de forma cruel e devido a essas mortes, o número de mulheres da Índia é muito menor do que o dos homens por isso elas são obrigadas a fazerem todo o serviço da casa e ainda são forçadas a se relacionar com os outros homens da família.

"Quando a "Fonte de dinheiro" se esgota o noivo e sua mãe passa a considerar aquela noiva indesejável. E a matam, para que o noivo possa se casar novamente e começar todo o processo de presentes de novo". (REVISTA SUNDAY-2005).

Poucas meninas estudam porque os pais não acham necessário que isso ocorra devido ao fato de que elas irão se casar cedo e ter muitos filhos. As escolas que existem são separadas, existe uma escola para meninos e outra para meninas e o número de escolas para meninos é muito maior tanto na rede pública como na rede particular.
Está cada dia mais difícil para a mulher se casar, pois a família de seu noivo está pedindo dotes cada vez mais altos, muitas famílias ficam endividadas na tentativa de casar suas filhas, já que para eles não se casar seria uma vergonha. Essa quantia pode chegar de 300.000 a 400.00 rúpias que no Brasil daria 5.400 e 7.100 em média, muito altos para uma família de classe média que ganha 2.700 por ano. Para justificar o dote, o pai de uma jovem diz que é para garantir que nos maus tempos, terão "auxílio econômico". Muitas mulheres estão se matando por não terem o dote suficiente, pois elas preferem a morte a ficar solteiras. E em outros casos quem as matam são seus maridos ou pretendentes, por elas não terem o dinheiro para o dote ou até, por na última hora, quererem aumentar o valor e elas simplesmente negarem. As formas que se matam uma mulher na índia é no mínimo cruel. Muitas morrem queimadas outras se enforcam, há relatos ainda de mulheres que são jogadas do alto dos prédios. Queimar a moça viva é tão freqüente que já existe até um nome para isso "bride-burning" que traduzido seria "queima da noiva"
SANTOS (2008) relata que na "Índia, bem como no Paquistão e na China, o infanticídio e o feticidio femininos são amplamente praticados". Infelizmente as mulheres são estimuladas a matar suas próprias filhas. Como elas são consideradas "culpadas" pelo nascimento de meninas as sogras acabam ateando fogo nas suas noras. Pressionadas, as indianas matam suas filhas antes ou depois que nascem. ROSSEINE (2007) exemplifica, utilizando a ficção como as mulheres fazem os abortos.
" Dias depois, numa tarde fria e encoberta, Laila estava deitada de costas no chão do quarto. Em suas mãos, uma vareta de metal que tinha tirado com um alicate de uma velha roda de bicicleta. Laila ficou deitada por um bom tempo, inalando por entre os dentes cerrados, com as pernas bem abertas. Mas afinal, não pode fazer o que pretendia, a sua guerra era contra Rashid. O bebê não tinha culpa. E já tinha havido mortes demais. (HOSSEINI, 2007 - pg. 250)".

Segundo o CENSO (2001), "nascem apenas 927 mulheres para cada 1000 homens". Com o avanço tecnológico, está cada dia mais fácil ver o sexo das crianças e isso facilitou muito para que os abortos acontecessem frequentemente. O governo tentou proibir que se revelasse o sexo do bebê, mas a realidade social fala mais alto nessas horas.
Outro fator de risco para as mulheres, é a desnutrição que ocorre devido à má alimentação que recebem mesmo na gravidez. A mulher indiana se alimenta depois de todos da família já comeram. E muitas vezes, sobra pouca coisa ou nada para elas, isso faz com que as crianças também nasçam desnutridas.
Porém, não é só na Índia que os abusos ocorrem, as mulheres sofrem agressões no mundo todo, elas são vitimas de homens brutos e insensíveis, que se julgam no direito de maltratá-las por se sentirem superior a elas. HARRIET, (2006) relata em seu livro, algumas experiências reais com mulheres do Afeganistão.
"Estamos muito tristes. As mulheres não estão indo á escola e não sabem se poderão retornar suas vidas. No início, ouvimos boatos de que os talebans eram pessoas boas. Mas não conhecimos as leis deles. Quando soubemos que teríamos que usar burkhas, choramos-todas nós. Ao cobrir meu rosto pela primeira vez, tive vergonha. Senti-me injustiçada-eu já não tinha a mesma liberdade das mulheres de outras partes do mundo." (HARRIET, 2006, pág. 13).

Quando a guerra iniciou em Cabul, algumas mulheres perderam seus maridos e precisavam trabalhar para sustentar o lar. Ao ser derrotada, a cidade de Cabul foi invadida pelos Talebans. A guerra havia acabado, porém as mulheres tiveram que lutar contra um inimigo ainda mais cruel. Os Talebans proibiram entre outras coisas o trabalho feminino, o riso, a pipa, e até batom. A mulher que fosse pega usando o cosmético teria seus lábios cortados.
Como foi narrado, não é só na Índia que a mulher sofre todo tipo de crueldade, o mundo está cheio de exemplos de como as mulheres são maltratadas.
Hoje em dia, já pode ser visto na Índia um grupo de mulheres que procuram por justiça, já que os que deveriam defendê-las não o fazem. Normalmente elas andam com saris rosas e com um bastão nas mãos, existem cerca de 200 mulheres nesse grupo. Elas dizem que fazem isso devido ao pouco caso com que às autoridades às tratam.
"Enquanto ela vende chá na sua banca à beira de uma estrada, Sampat Pal Devi ouve atentamente atrás de seu balcão, as primeiras confidencias das mulheres maltratadas. A primeira intervenção importante desta líder remonta a cerca de vinte anos, quando ela mobilizou uma comunidade de aldeões com o objetivo de forçar um homem a desistir do projeto de abandonar sua mulher." (BOUISSOU, 2008).
De acordo com BOUISSOU (2008) quando ela fundou a "gangue cor- de- rosa", dois anos atrás, Sampat pal Devi, 47 anos, não esconde ter se inspirado em Rani Laxmibai, uma rainha que, ao constituir o seu próprio exercito em 1857, conseguiram resistir ao cerco das tropas britânicas durante um ano".
A gangue "cor-de-rosa" só praticou um ato de violência uma única vez, uma das mulheres arremessou um exemplar de código civil na cabeça de um inspetor que não disse o porquê de estar prendendo um rapaz da casta dos intocáveis. O rapaz foi libertado, porém a pessoa que atirou o código foi presa.
A ação dessas mulheres já começou a repercutir entre os aldeões que muitas vezes esperam delas a justiça que deveria vir dos órgãos públicos.
Diante desse fato podemos dizer que as indianas estão começando a acordar para sua situação de injustiça, o que é bom, talvez nas gerações futuras a vida melhore para as mulheres.



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2 CONCLUSÃO

Com base nesse artigo, pode ser concluído que as mulheres da Índia são realmente maltratadas pelos seus pais, maridos e pelas suas sogras. As meninas ao nascerem (quando nascem) sofrem todo tipo de humilhação e passam a se ver como pessoas inferiores. Lá como aqui, os políticos só se lembram dos mais fracos antes das eleições, depois que se elegem não dão a assistência necessária para uma vida digna, por isso algumas mulheres resolveram fazer justiça com as próprias mãos.











































3 REFERÊNCIA

almacollins.zip. Net/arch2008-06-01_2008-06-07. Html -

Fivemins. tripod.com/Brasil... Artigo 2.htm

HOSSEINI Khaled. A cidade do sol: A Thousand Splendid Suns. Rio de Janeiro: Editora Nova fronteira, 2007.

LOGAN Harriet. Mulheres de Cabul. São Paulo: Geração Editorial, 2006.

Notícias. uol.com. Br/ultnot/.../ult1766u21803

www.midiaindependente.org/pt/blue/... 301248. shtlm