Ainda penso no livro da mulher de 30 anos. Acho que eu tinha expectativa e curiosidade demais quanto a essa leitura. Talvez criada por tanto ouvir falar da tal mulher balzachiana.


A mulher de 30 anos daquele tempo era completamente diferente da de hoje, eu achei. Aos 30 ela já estava casada, com filhos, sofrendo por amor e presa a um casamento infeliz. Coisas que eu achava razoável para quem está lá pelos 50 anos... Com 50 anos, a mulher balzachiana, adivinha: morreu!

Eu esperava que esse livro acalentasse meu coração que, quando adolescente, imaginava que aos 30 teria satisfação profissional, maturidade sentimental, e um amor novinho em folha, em chamas e pronto pra ser vivido. Talvez com filhos, se não, na iminência de tê-los.

Pela (rasa) pesquisa de campo que fiz, vi que não sou a única a pensar tais coisas. Tudo bem que hoje em dia podemos ter filhos mais tarde, com segurança e tudo que os avanços da medicina podem proporcionar. Mas acho que por aí também tem um limite.

Não sei como seria, por exemplo, aos 50 anos, ter um filho de 10! Quero ter muita energia para brincar com ele. E aos 60, ter um filho de 15? Ou 20, que seja. Quero ter disposição e paciência pra aprender e lidar com a adolescência dele. Até quando será que eu poderia acompanhar a linguagem, as gírias e as novidades para bem me comunicar, entendê-lo e protegê-lo? Se for pra ter filhos, me imagino aos 60 já contando os dias pra me aposentar e viajar pelo mundo, tranqüila e com os filhos já criados!

Será que a queda da taxa de natalidade em alguns países (e como tendência mundial) não tem um pouco a ver com isso? As pessoas vão deixando pra depois, pra depois e, quando resolvem, percebem que a hora já passou? Então, as pessoas não estariam deixando de ter filhos porque não os querem, mas porque quando decidem que querem, percebem que já não podem mais?

Não sei. Talvez um dia eu mude de opinião. Talvez enxergue diferente. Talvez não.

O que sei é que hoje acho que tudo tem limite. Eu tenho um limite... secreto.