Toda a moral que não se baseie na liberdade individual não pode ser considerada como tal.

Não existe outra moral que não seja a humana, por estar inscrita em todos os corações, acima de partidos, agrupamentos ou qualquer tipo de sectarismos, pois, como escreveu Voltaire, a moral vem de Deus, como a luz. As nossas superstições são apenas trevas, pois há somente uma moral, assim como há somente uma geometria e todos os dogmas são diferentes, mas a moral é a mesma em todos os homens que usam a razão.

Defender o livre pensar e uma nova cultura fortificação imortal habitada por espíritos pensantes implica defender o estudo, a arte que é uma forma de eternidade e a elevação espiritual, que permitirá discernir o que é verdadeiro do que é falso - a grande mentira que permeia toda a cultura atual apoiada num inominável e imoral ateísmo ou materialismo, travestido de fé e espiritualidade e baseada em preconceitos que imobilizam a inteligência e a sensibilidade humanas -.

Defender a liberdade de pensar significa opor-se às imposições travestidas de misericórdia e bondade e defender a moral que vem de Deus, e não da superstição que submete e acorrenta as inteligências.

Ter fé em sim mesmo e não no que se desconhece para ser livre e viver a verdadeira moral que deve se basear no respeito que se deve a si mesmo e aos demais como muito bem assinalou o pensador e escritor González Pecotche e não se submeter a uma moral de escravos como ponderou Torga e Nietsche, pois o ser humano que se respeita não deve curvar-se perante qualquer poder, pois nenhuma obra humana poderá ser realizada fora da liberdade.

Deus não pode ser reduzido, estreitado, encapsulado numa criação humana. Se existe algum pecado, ele pode ser chamado de ignorância sobre si mesmo e sobre o Deus que se desconhece.

Quando Nietsche disse que Deus estava morto, pode ter querido significar que se deveria procurar e conhecer o Deus verdadeiro, o do amor, e não o da culpa e do sofrimento, o da justiça, e não o do castigo que oprime e aterroriza.

Não há maior cárcere que a ignorância, porque Deus é liberdade e conhecimento, redenção e aprendizado, alegria e evolução.

O engenhoso sofisma de Protágoras que diz ser o homem a medida de todas as coisas nos leva a uma única moral que vem Deus e está indelevelmente inscrita em todos os corações.

Nagib Anderáos Neto
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